terça-feira, 27 de setembro de 2016

Pacientes com HIV ganham guia próprio de vacinas recomendadas


As suas vacinas estão em dia?”. Diante da pergunta do médico, quase todo mundo responde “sim”. A frase que vem a seguir é que deixa de cabelos em pé o especialista: “Minha mãe sempre me levava no postinho de saúde”.
Se você tem idade suficiente para dirigir e se identifica com essa resposta, é bem provável que seu cartão de vacina não esteja atualizado. Segundo os especialistas, há buracos na adesão à imunização em todas as faixas etárias – adultos principalmente. A situação é grave para todo mundo. Para os pacientes com HIV/aids que, por serem imunodeprimidos estão mais suscetíveis a complicações por infecções, é ainda pior.
Pensando nisso, eles ganharam um guia especial. Esta semana, durante a 18° Jornada Nacional de Imunizações, em Belo Horizonte, as Sociedades Brasileiras de Imunizações e de Infectologia lançaram juntas o primeiro guia de vacinação para pacientes soropositivos. Até então, eles seguiam o calendário comum, de acordo com a sua idade.
A ideia é que, além de orientar os pacientes, o guia sirva de estímulo também aos médicos. “A literatura médica mostra que o fator mais importante para que o paciente tome a decisão de se vacinar ou não é a prescrição médica, por isso é muito importante que o médico que o acompanha esteja ciente das vacinas necessárias”, explica Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.
A expectativa é que, com a vacina em dia, o número de internações por complicações decorrentes de doenças preveníveis com vacina, como a gripe, diminua. Para a hepatite B, por exemplo, que tem vacina gratuita disponível no SUS para todas as faixas etárias, só um terço dos soropositivos recebeu pelo menos uma dose.
De graça
As vacinas para os pacientes HIV/aids são as mesmas de qualquer adulto, com a ressalva de que uma infecção a princípio simples pode ser fatal para esses pacientes. Tanto que o Ministério da Saúde disponibiliza gratuitamente para esses pacientes vacinas que hoje só estão disponíveis na rede privada. É o caso da proteção contra o HPV que existe no SUS para meninas de 9 a 13 anos, mas está disponível para mulheres com HIV até os 26 anos.
O próximo passo é pressionar para que a vacinação seja ampliada também para os homens — eles, assim, como elas, também devem se proteger contra o papilomavírus humano. “Para o HPV, só de 30% a 40% das mulheres com HIV estão vacinadas. E ela é de graça para essas pacientes. Então está claro que a indicação da vacina não está acontecendo”, diz Ballalai.

Fique de olho:
Influenza (gripe): Pacientes soropositivos têm maior risco de quadros graves, prolongados e de morte em decorrência da infecção.
Doença pneumocócica: A bactéria Streptococcus pneumoniae, maior causadora de pneumonia na comunidade, mata cerca de 1,6 milhão de pessoas todos os anos. A incidência de doença pneumocócica invasiva é 100 vezes maior em pessoas com HIV/aids.
Hepatite B: Pessoas HIV/aids têm risco dobrado de morrer por hepatite B e até 370 vezes mais chances de contrair a forma aguda da doença, segundo dados norte-americanos.
HPV: A incidência de HPV e de lesões pré-cancerígenas nas mulheres soropositivas é maior que nas que não convivem com o vírus. Entre os homens, estudos africanos apontam que a incidência de infecção por HPV no pênis é quase duas vezes maior nos homens com HIV.
Herpes zóster: Pacientes HIV/aids têm entre 12 a 17 vezes mais riscos de desenvolver a doença, com maior chance de episódios graves.
Doença meningocócica: Segundo uma pesquisa realizada em Nova York, homens com HIV/aids que fazem sexo com outros homens têm até 10 vezes mais chances de contrair doença meningocócica invasiva.

Fonte : Metrópoles

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