segunda-feira, 27 de junho de 2016

“A questão dos banheiros transgêneros vai além dos direitos civis, porque afeta a saúde”, diz médico Drauzio Varella









Em sua coluna deste sábado (25), no jornal “Folha de S. Paulo”, o médio Drauzio Varella defende que as pessoas trans usem os banheiros públicos de acordo com sua identidade sexual real e não a que consta no registro de nascimeno. E usa  para isso, além dos argumentos em favor dos direitos civis, motivos que afetam a saúde dessa população ao interferirem em funções fisiológicas, somadas às  psicológicas. Leia o artigo na íntegra:
Banheiros transgêneros
Volta e meia surgem notícias de que uma travesti criou caso para ter acesso ao banheiro feminino, contra a revolta dos circunstantes.
Isso não acontece apenas aqui. Países em que o nível educacional da população é mais elevado convivem com o mesmo problema.
Nos Estados Unidos, estados como a Carolina do Norte aprovaram leis para exigir que os usuários de banheiros públicos se dirijam às áreas femininas ou masculinas, em obediência ao sexo que lhes foi atribuído ao nascer.
Com o argumento de que essas leis contrariam a legislação federal que rege os direitos civis, a administração Obama abriu processo contra a Carolina do Norte. O presidente foi mais longe: assinou um documento no qual ressalta a obrigação legal das escolas públicas em garantir a estudantes transgênero o direito de usar o banheiro que corresponda às identidades de gênero individuais. Onze estados entraram na Justiça contra essa medida.
Os defensores de leis restritivas argumentam que são destinadas a proteger as mulheres de eventuais ataques por parte de homens disfarçados com roupas femininas. Outros colocam as travestis entre os predadores sexuais, os pedófilos e outras categorias moralmente condenáveis.
Essa gente faz questão de esquecer que as travestis e as mulheres transgênero são abusadas desde a infância, xingadas nas ruas, alvos da violência policial, escorraçadas pela sociedade e assassinadas por psicopatas.
O ultimo número do "The New England Journal of Medicine", a revista de maior circulação entre os médicos, traz uma discussão sobre o tema.
A questão dos banheiros vai além dos direitos civis, porque afeta a saúde. Por interferir com funções fisiológicas essenciais, dificultar o acesso a eles aumenta o risco de infecções urinárias, renais, obstipação crônica, hemorroidas e impede a hidratação adequada de quem evita beber água para conter a necessidade de urinar.
Repressão social e leis restritivas exibem o lado perverso de sociedades que consideram as pessoas trans depravadas, indesejáveis nas escolas, no trabalho e no convívio social. Na prática, justificam a violência diária cometida contra elas.
Transgêneros são mulheres e homens com identidade de gênero em discordância com o sexo da certidão de nascimento, escolhido pela aparência dos genitais externos. Os autores do artigo estimam que 700 mil americanos adultos pertençam a essa categoria. Se nossos números forem semelhantes, haveria perto de 500 mil entre nós.
Discriminação, agressões verbais, sexuais e físicas e a dificuldade de acesso aos serviços de saúde causam problemas que vão muito além do direito de usar banheiros: ansiedade, estresse pós-traumático, prostituição, doenças sexualmente transmissíveis, abuso de drogas, depressão e taxas altas de suicídio.
Nós, médicos, não temos preparo para lidar com esses transtornos, nem com as questões clínicas, cirúrgicas e hormonais que afligem essas pessoas. O que entendemos da administração de hormônios femininos para quem nasceu com genitais masculinos ou vice-versa? Quantos cirurgiões estão habilitados a realizar cirurgias de readequação dos genitais?
Embora existam protocolos internacionais para o atendimento de transgêneros, quantos médicos sabem da existência deles? Quantos estão preparados para orientar familiares assustados e adolescentes confusos com a identidade sexual?
Aliados ao nosso despreparo, o preconceito, a discriminação e a má vontade dos profissionais intimidam e afastam mulheres e homens "trans" dos serviços de saúde, dificultam diagnósticos precoces e o acompanhamento de doenças crônicas.
Em pleno século 21, é ignorância inaceitável considerar distúrbios mentais, transtornos de personalidade ou falta de vergonha as expressões de gênero que não se enquadram no comportamento da maioria. Quem escolheria a transexualidade se encontrasse alternativa?
Quando formos mais civilizados, ser transgênero será considerado simples manifestação da diversidade humana, como ser destro ou canhoto. Até lá, a estupidez agressiva da sociedade causará muito sofrimento aos que não se enquadram nos modelos culturais previstos no binário masculino-feminino.


Especialistas da ONU defendem proteção de pessoas LGBTI em prisões








Às vésperas do Dia Internacional em Apoio às Vítimas de Tortura (26 de junho), especialistas de direitos humanos da ONU lembraram que lésbicas, gays, bissexuais, pessoas trans e intersexuais enfrentam múltiplas formas de violência extrema e discriminação, incluindo tortura e maus-tratos, sendo que tal situação é agravada em locais de privação de liberdade.
Em declaração conjunta, o presidente do subcomitê das Nações Unidas para a Prevenção da Tortura, o presidente da Comissão das Nações Unidas contra a Tortura, o relator especial da ONU sobre tortura e o presidente do conselho de curadores do Fundo Voluntário das Nações Unidas para as Vítimas de Tortura pediram que os estados-membros redobrem seus esforços para combater maus-tratos e tortura contra pessoas LGBTI em locais de detenção.
O presidente do Comitê contra a Tortura, Jens Modvig, disse que a entidade “está se esforçando para proteger as pessoas LGBTI de serem enviadas à força para países onde, com base na sua orientação sexual, identidade de gênero ou características sexuais, corram o risco de enfrentar tortura, criminalização, detenção, maus-tratos e até mesmo assassinato”.
“Para as mulheres e homens transexuais, por exemplo, é muitas vezes uma situação de completo abandono, resultando em algumas mulheres transexuais sendo colocadas em prisões masculinas, onde são expostas a um alto risco de estupro, muitas vezes com a cumplicidade de agentes penitenciários”, disse o presidente da subcomissão da ONU sobre a Prevenção da Tortura, Malcolm Evans. Em seu nono relatório anual, a subcomissão identificou medidas para a prevenção da tortura e maus-tratos de pessoas LGBTI em prisões.
Chamando a atenção dos países para suas obrigações em relação às leis e normas internacionais de direitos humanos, o relator especial da ONU para a tortura, Juan E. Méndez, disse que “as pessoas LGBTI são muitas vezes estigmatizadas e desumanizadas, o que as deixa particularmente vulneráveis a violência e maus-tratos, que, em muitos casos, equivalem a tortura”.
“Quebrar o silêncio sobre a tortura e os maus-tratos sofridos por pessoas LGBTI é necessário”, disse Gaby Oré Aguilar, presidente do Conselho de Curadores do Fundo das Nações Unidas para as Vítimas de Tortura, apelando a um maior apoio para a reabilitação de vítimas, incluindo pessoas LGBTI. “O Fundo das Nações Unidas para as Vítimas de Tortura apoia, assim, programas de assistência especializada às vítimas LGBTI”, acrescentou Aguilar.
“É crucial que as pessoas LGBTI sejam totalmente envolvidas nas discussões e decisões sobre como os sistemas de detenção podem responder mais eficazmente às suas necessidades e respeitar os direitos humanos.”

Portadores de HIV reclamam de suspensão de exame CD4 em Cuiabá








Portadores do vírus HIV que dependem da rede pública de saúde em Cuiabá (MT) têm reclamado de dificuldades para realizar um exame de rotina, considerado fundamental no combate ao vírus. O exame CD 4 avalia o nível de defesa do corpo do paciente e deve ser feito periodicamente. Na rede particular, o exame custa, no mínimo, R$ 700.
Por meio de nota à Globo regional, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) confirmou que houve a suspensão dos exames em abril e no fim de maio deste ano, mas afirmou que o problema já foi resolvido e o atendimento foi normalizado, mesmo durante a greve dos servidores estaduais.
Na capital, o local disponibilizado para a realização do procedimento, considerado primordial pelos infectologistas, é o Serviço de Atendimento Especializado, no Bairro Grande Terceiro, que atende cerca de 2,5 mil pessoas com o vírus.
No entanto, o procedimento está em falta desde abril, segundo um paciente que é portador do vírus há dez anos e faz o acompanhamento de seis em seis meses. Um outro paciente, que tem o vírus há menos tempo e precisa fazer a checagem das defesas do organismo de três em três meses, alega que o exame está suspenso há pelo menos três meses.

Pernambuco anuncia ampliação de acesso a serviços de saúde para trans e travestis


















Pernambuco foi o primeiro estado do nordeste a implantar uma política de atenção à saúde integral LGBT. Completando um ano de trabalho, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) celebra o momento com campanha para ampliar o acesso à testagem rápida de HIV para as travestis e transexuais e finalizando protocolo para ofertar hormônios para as transexuais transgenitalizadas. O anúncio das novidades será feito nesta terça-feira (28), às 10h, na sede da SES, no Bongi,
Intitulada “Fazer o teste para o HIV é um direito de todas as pessoas”, a campanha é uma parceria da organização não-governamental internacional AHF (AIDS Healthcare Foundation) com a SES e as ONGs locais Gestos, Amotrans, Natrape e Ibrat. A AHF trabalha pela ampliação da testagem rápida de HIV para população geral e, prioritariamente, para as populações mais vulneráveis.
 O principal objetivo da campanha, que já foi lançada pela AHF em São Paulo, é dialogar diretamente com a população de travestis e transexuais e incentivá-la a realizar a testagem para o HIV, além de reforçar sua cidadania e direitos humanos, especialmente os relacionados ao acesso à saúde.  A iniciativa conta com cartazes e vídeos a serem distribuídos às unidades de saúde, além de material eletrônico para profissional de saúde. Toda a campanha é estrelada por travestis e transexuais.
“Nosso intuito é afastar o estigma que cerca a população trans, reforçando que a proteção e a testagem devem ser feitas por todas as pessoas sexualmente ativas, independentemente da sua orientação sexual ou da sua identidade de gênero”, diz a diretora da AHF Brasil, Cristina Raposo.
“Nosso objetivo com a política é garantir o atendimento integral dessa população nos serviços de saúde e essa campanha vem reforçar a importância da prevenção das travestis e transexuais, que, historicamente, têm mais dificuldade de chegar aos serviços de saúde, principalmente por causa dos preconceitos que ainda existem”, ressalta o coordenador de Saúde Integral da População LGBT da SES, Jair Brandão.
Para fazer a testagem, a população pode procurar um dos 32 CTAs (Centros de Testagem e Aconselhamento) espalhados pelo estado ou nos postos de saúde. Os testes rápidos ainda são disponibilizados em algumas ONGs e em iniciativas itinerantes, como no ônibus da SES “Prevenção para Tod@s”.
“Hoje, não falamos mais em grupos de risco, mas em populações mais vulneráveis. Precisamos desconstruir todo o estigma, o preconceito e a discriminação. E trabalhar a saúde como um direito humano, facilitando o acesso dessas populações à prevenção, ao diagnóstico precoce e a uma assistência digna e integral”, pontua o coordenador do Programa Estadual de IST/Aids, François Figueiroa.
Números
Apesar de não existir dados específicos em Pernambuco sobre aids na população de travestis e transexuais, foram notificados à SES em homossexuais e bissexuais 1.390 casos em homens e 50  em mulheres, totalizando 1.440 casos nesse público, maiores de 13 anos de idade. No mesmo período, agrupando toda a população a partir de 13 anos, foram 8.326 casos.
O Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids) calcula que em todo o mundo 19% das transexuais femininas vivam com HIV.
Hormônios
Ainda neste ano, a Farmácia de Pernambuco, programa de medicamentos excepcionais da SES, disponibilizará hormônios para as transexuais transgenitalizadas. Até o final de 2017, a expectativa é beneficiar cerca de 50 mulheres que fizeram o processo de redesignificação no Hospital das Clínicas (HC). 
De acordo com Jair Brandão, após a cirurgia, o HC faz o acompanhamento da mulher por um ano, inclusive ofertando a medicação. Após esse período, a Farmácia de Pernambuco vai dispensar os hormônios para os serviços de referência. Atualmente,  o fluxo e o protocolo de dispensação estão sendo finalizados.
As mulheres trans que desejam passar pelo processo transexualizador devem procurar um Posto de Saúde da Família (PSF), a secretaria de Saúde do seu município ou a Gerência Regional de Saúde (Geres) da sua região, para que seja feito o agendamento para o Espaço de Acolhimento e Cuidado de Pessoas Trans (Espaço Trans) no Hospital das Clínicas/UFPE.
“Nossa meta, enquanto Política de Saúde Integral da População LGBT de Pernambuco, é que até 2019 consigamos garantir o acesso de todas as travestis e transexuais que necessitarem entrar no processo de hormonioterapia, respeitando protocolos, normas e portarias existentes”, afirma Brandão.

Coordenação-Geral de Assistência e Tratamento, do Departamento de Aids, tem novo coordenador


Implementação dos comitês de investigação de transmissão vertical para certificação da eliminação de HIV e sífilis nos municípios; implementação de novas tecnologias de prevenção; cumprimento da meta 90-90-90. Estes são os três principais objetivos da Coordenação-Geral de Assistência e Tratamento (CAT) do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais a partir do segundo semestre de 2016. A afirmação é do coordenador da CAT, João Paulo Toledo, que assumiu a área no final de maio. “Nosso desafio é fazer com que as pessoas recebam tratamento antirretroviral e fiquem retidas e vinculadas aos serviços públicos de saúde”, disse.
A CAT é a área do DDAHV responsável por coordenar as ações de assistência e tratamento voltadas a todas as pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA). Nesses termos, são formuladas políticas de saúde para o tratamento, visando a melhoria da qualidade de vida. Dentre essas políticas, citam-se a construção de diretrizes que orientam estados e municípios na organização do cuidado às PVHA. “Essa organização se traduz na linha de cuidado que insere os três níveis de atenção, incluindo a atenção básica, o que amplia o acesso do indivíduo aos serviços de saúde”, explica João Toledo.
Quanto ao tratamento, a CAT atua na elaboração de protocolos clínicos e diretrizes para manejo clínico das PVHA, desde o momento em que a pessoa inicia o tratamento com medicamentos antirretrovirais (TARV). “Cuidamos de elaborar protocolos clínicos com esquemas antirretrovirais que sejam mais eficazes e mais toleráveis, facilitando a adesão ao tratamento, além de definir os aspectos programáticos do cuidado em saúde das PVHA”, diz. “A CAT também cuida da incorporação de novos medicamentos antirretrovirais, dentro da lógica do acesso universal à saúde”, complementa.
Quanto aos desafios da área, João Toledo explica que, no caso da PrEP (profilaxia pré-exposição sexual ao HIV), o objetivo é implementar essa tecnologia de prevenção para as pessoas com maior risco de aquisição de HIV, sem, contudo, abandonar as outras estratégias de prevenção.
“Há a necessidade de capacitar os profissionais de saúde para a implementação final dessa tecnologia, além de preparar os serviços de saúde para receber adequadamente os pacientes". Já quanto à meta 90-90-90, “a partir do momento em que a pessoa tiver o diagnóstico de HIV, o objetivo é colocá-la em tratamento antirretroviral. O desafio é, também, a vinculação e retenção dessas pessoas no serviço de saúde”.
A implementação dos comitês de investigação de transmissão vertical para a certificação da eliminação de HIV e sífilis nos municípios é o desafio mais complexo, porque envolve a articulação das três esferas de governo, “para se detectar precocemente as gestantes com sífilis e HIV, iniciar o tratamento imediatamente e garantir seguimento clínico para a mãe e seu filho, alcançando as metas de eliminação desses agravos”, ressalta o coordenador.
Mais sobre o coordenador
 João Paulo Toledo é médico infectologista graduado pela Unicamp (2003), com residência médica no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo (2007) e mestrado em Saúde Pública em Londres (2013). Atuou como consultor independente, em 2008, em Angola, para ações na área de HIV/aids e prevenção da transmissão vertical a serviço do governo daquele país. Em 2009, de volta ao Brasil, trabalhou como infectologista no controle de infecção hospitalar e HIV/aids, em São Paulo. Entre outras experiências no exterior, estão as de consultor da Organização Mundial de Saúde (OMS) para epidemias no Haiti (2010) e de consultor do PNUD na gestão de dados em HIV/aids em São Tomé e Príncipe (2013) e no controle contra a epidemia do ebola em Serra Leoa (2014).
Ingressou no Ministério da Saúde em 2014, como consultor técnico no Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT). No DDAHV, está na CAT desde dezembro de 2014 como consultor para protocolos clínicos, manejo operacional das infecções sexualmente transmissíveis (IST), especificamente a sífilis, apoio à linha de cuidado para PVHA, reuniões para discussão dos protocolos clínicos e elaboração de pareceres técnicos para incorporação de novos medicamentos, além de atividades de cooperação internacional com países lusófonos.
Quanto à experiência em outros países, afirma: “O paralelo que se pode fazer é que esses países não têm acesso à saúde, dependem de ajuda externa e não são autossuficientes. O Brasil tem um sistema de saúde universal, acessível para todos e pioneiro no HIV/aids, seja no diagnóstico ou nas metas, e é exemplo no enfrentamento a essas doenças”.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Programa “Encontro Fátima Bernades”, da TV Globo, leva ao ar um bate-papo sobre HIV









Nesta segunda-feira (20), o programa “Encontro com Fátima Bernardes”, da TV Globo, levou ao ar um bate-papo, em que os convidados conversaram sobre casais sorodiscordantes, transmissão vertical (de mães para filho), tratamento, profilaxia pré e pós-exposição (PrEP e PEP), além de tirarem dúvidas com o médico Jairo Bouer.
O ator Thales Cavalcanti que interpreta Henrique, na novela “Malhação”, falou de seu personagem e aprendizado que adquiriu a respeito do vírus.  “É muito difícil à informação chegar. A gente não tá falando (de HIV) e é maravilhoso a 'Malhação' estar falando sobre isso. (...) Falta muita informação. Realmente, a questão do vírus é o preconceito”, diz Thales.
Henrique é um jovem que nasceu com o HIV e tem uma namorada soronegativa. A repercussão sobre a história de um casal sorodiscordante na novela rendeu aos personagens uma websérie, no Gshow, chamada “Eu só Quero Amar”. A trama foi muito elogiada pelo público.
Entre os convidados da apresentadora Fátima Bernardes, também estava a atriz Heloísa Périsé e o cantor Vitin, da banda Onze:20.

Rio Branco sedia encontro sobre redução de danos e direitos humanos










Na próxima semana, Rio Branco, capital do Acre, será sede do 7º Encontro Norte de Redução de Danos e do 1º Seminário de Articulação em Saúde e Direitos Humanos Regional Norte. Serão três dias de evento (29 e 30 de junho e 1ª de julho) e entre os objetivos estão: debater a atual política de drogas no Brasil e o papel do movimento social de redução de danos na construção de uma política humanitária com respeito aos direitos humanos. 
Os eventos são de iniciativa da Associação de Redução de Danos do Acre, do Fórum Norte de Redução de Danos,  da Associação Brasileira de Redução de Danos e têm apoio do governo do Acre, da Unesco e do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. 
Ainda, segundo os organizadores, participarão dos seminários representantes dos sete estados da região norte e a ideia é construir um espaço político para debater as ações e o fortalecimento da rede de redução de danos.
O encontro quer debater ainda estratégias para minimizar os danos decorrentes do uso de drogas e diminuir o índice de infecção do HIV, das hepatites virais e da tuberculose.

Medo de contrair DSTs é o que mais atinge as mulheres na vida sexual, aponta pesquisa coordenada pela psiquiatra Carmita Abdo












O que as mulheres mais temem na relação é contrair uma doença sexualmente transmissível (DST).  Já para os homens, a maior preocupação é não satisfazer a parceira. Esse é um dos destaques da pesquisa Mosaico 2.0, conduzida pela psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), com apoio da Pfizer.  O levantamento ouviu três mil pessoas com idade entre 18 e 70 anos, divididos em cinco faixas etárias.
Desse universo, 45,9% das entrevistadas apontaram que o que mais temem é a possibilidade de contrair uma DST. Do grupo masculino, 54,8% responderam que seu maior temor é não satisfazer a parceira. Mas entre os mais jovens, de 18 a 25 anos, o principal medo é, também, contrair uma DST. Essa preocupação se reflete em umoutro comportamento da faixa mais jovem: são eles os que mais se previnem durante as relações.
A porcentagem dos que sempre utilizam preservativo no ato sexual é de 36,2% na faixa etária dos 18 aos 25 anos, índice que cai gradualmente até chegar a 10,5% entre aqueles de 60 a 70 anos de idade.
Carmita Abdo conta que a pesquisa não perguntou especificamente sobre HIV/aids. “Foi feita pela internet, então não deu para entrar em certos níveis de detalhes. Depois, a finalidade era analisar o comportamento afetivo-sexual do brasileiro”, diz a psiquiatra.  “Mas notamos que os dados levantados sobre uso de preservativo, por exemplo, não são diferentes dos já apontados por outras pesquisas.”
O fato de muitos jovens iniciarem a vida sexual sem camisinha, segundo Carmita, indica o risco de eles transformarem esse comportamento em hábito. 
Viagra
A pesquisa foi encomendada pela Pfizer como parte das comemorações dos 18 anos do remédio Viagra, indicado para disfunção erétil.  E esse medicamento, volta e meia, é apontado como um dos adventos que, por permitir mais vida sexual ativa, colaborou com o aumento das infecções por HIV entre os homens mais velhos.
Justamente pelo fato de terem mais essa possibilidade é que Carmita Abdo considera ainda mais importante o uso do preservativo. “Não podemos atribuir a um remédio o aumento do HIV e de outras DSTs e sim a um conjunto de comportamentos.”
Com relação ao crescente número de infecções entre os mais jovens, Carmita atribui ao fato de hoje haver mais possibilidade de exposição, devido ao “repertório sexual mais amplo”.  Ela acredita que para mudar esse quadro é preciso, antes de tudo, investir na educação sexual. “A educação tem de vir antes da iniciação sexual. Sem educação, não damos à pessoa nem a chance de ela escolher que método preventivo é o mais adequado para ela”, continua a sexóloga.
A ausência de campanhas frequentes que falem diretamente com os mais diversos segmentos é outra causa apontada por Carmita como falha do trabalho de prevenção. “A forma como você fala com um jovem é diferente da maneira como aborda um senhor mais velho.” E que essas campanhas sejam mais claras quanto aos males que o HIV/aids e outras DSTs causam. “Porque a aids pode estar controlada, a sífilis tem cura, mas e as outras que a gente ainda não sabe como são, o que afetam, como é o caso da zika e de outras que estão por vir?”
Mais dados da pesquisa
Para a maioria dos entrevistados da Mosaico 2.0, o início da vida sexual se deu entre os 15 e os 18 anos de idade, tanto entre os homens (57,6%) como entre as mulheres (50,7%). Assim, a média de idade na primeira relação foi de 17,7 anos. Mas, na divisão por gênero, os garotos iniciam a atividade sexual em média aos 16,9 anos, ante 18,4 anos para as mulheres. São Paulo é a única região em que a idade média para o começo da vida sexual se dá após a maioridade, aos 18,1 anos.
Já no início da vida sexual é possível perceber diferenças marcantes entre os comportamentos sexuais masculinos e femininos. Entre as mulheres,  75,5% tiveram a primeira relação com o namorado. Entre os homens,  apenas 40,8%  perderam a virgindade com namorada. Nesse contexto, São Paulo é a cidade em que as pessoas, independentemente do gênero, mais citaram o namorado como parceiro na primeira relação sexual: 66,6%. Além disso, 47,8% das mulheres disseram que a primeira relação foi pior do que imaginaram ou muito ruim. Essa percepção cai para 25,5% entre os homens.
A porcentagem de iniciação sexual envolvendo profissionais do sexo é zero para a amostra feminina e  11,4% entre os homens.
Em média, o número de parceiros nos últimos 12 meses foi de dois para os homens e de um para as mulheres. E, apesar das várias diferenças comportamentais entre os gêneros, há um ponto em que a convergência é praticamente absoluta. Para 95,3% dos entrevistados o sexo é importante ou muito importante para a harmonia do casal, porcentagem que sobe para 96,2% entre os homens e fica em 94,5% para as mulheres. A  faixa etária que mais respondeu que sexo é pouco ou nada importante para a harmonia do casal foi a mais jovem, de 18 a 25 anos.
Frequência do sexo
Os universos masculino e feminino também se diferenciam em relação à frequência ideal de relações sexuais. A resposta das mulheres quando perguntadas sobre o número ideal de relações por semana foi "três vezes". Entre os homens,  foi "mais de oito vezes", assinalada por quase um terço deles (26,8%). Em geral, a expectativa média é de quatro relações por semana para as mulheres e de seis para os homens.
Em contrapartida, a vontade de fazer sexo não acompanha a realidade da vida sexual dos casais. Os homens tendem a ter três relações por semana, enquanto as mulheres costumam ter duas. Na divisão por região metropolitana, em quase todas elas a resposta "três vezes por semana" é a que apresenta as maiores porcentagens. São exceções o Rio de Janeiro e Salvador, nas quais predominam a opção "duas vezes".  Além disso, quanto mais velhos os parceiros, especialmente a partir dos 60 anos, menor é essa frequência.
Em média, os entrevistados de toda a amostra tiveram três parceiros sexuais importantes em toda a vida.
Foram avaliados indivíduos de sete regiões metropolitanas do país: São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Salvador, Belém, Porto Alegre e Distrito Federal.  A nova pesquisa é uma versão atualizada do estudo Mosaico Brasil, de 2008, que se consolidou como o primeiro e maior levantamento sobre sexualidade já realizada no país até aquele momento, também coordenada pela psiquiatra Carmita Abdo.
"Embora muita coisa tenha mudado e tenhamos a impressão de que hoje é mais natural falar sobre sexo, a sociedade ainda aborda essa temática com certa vulgaridade. Muitas mulheres temem julgamentos relacionados a certos comportamentos sexuais, o que acaba fazendo com que limitem o próprio prazer. Não é tão fácil nem tão rápido se libertar de padrões anteriormente impostos", comenta Carmita

Cauã Reymond rouba cena em clipe como travesti loira




O ator Cauã Reymond surpreendeu ao aparecer como uma travesti no clipe da música “Your Armies”, da cantora Barbara Ohana, divulgado na internet no último domingo.
De peruca, salto alto e maquiagem, o ator roubou a cena ao interpretar uma travesti que, após ser espancada, se vinga de seu agressor.  No vídeo, que foi dirigido por Allexia Galvão e Daniel Rezende, o ex-marido de Grazi Massafera contracena com o ator Julio Machado, que interpretou o jagunço Clemente, em “Velho Chico” , trama das 21 horas da TV Globo.
Nas redes sociais, ao compartilhar uma notícia sobre a repercussão do clipe de Barbara, sobrinha da atriz Cláudia Ohana, Cauã escreveu: “Mais amor, menos intolerância. Sempre”.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

"Austeridade em saúde é uma falsa economia", diz David Stuckler, professor na Oxford



Cortar despesas na saúde em tempos de recessão é um desastre tanto do ponto de vista humano quanto do financeiro, afirma David Stuckler, professor de política econômica e saúde pública na Universidade de Oxford, Reino Unido.
Autor de "A Economia Desumana - Por Que Mata a Austeridade" (ed. Bizâncio, Portugal, cerca de R$ 84), Stuckler esteve no Brasil para a 22ª Conferência Mundial de Promoção e Educação na Saúde UIPES, realizada em maio, em Curitiba (PR).
No livro, o economista e sociólogo britânico compara os efeitos da redução e do aumento de investimentos em saúde pública em diferente países, em períodos de crises econômicas.
No último dia 11 de junho, Stuckler deu uma entrevista, por telefone, ao jornal “Folha de São Paulo”. Leia abaixo os principais trechos da conversa.
"Folha": Por que o senhor afirma, em livros e palestras, que a redução de gastos em saúde é a pior catástrofe?
David Stuckler: Porque há um risco real e comprovado de mais mortes, surtos de infecções como por HIV, retorno de doenças erradicadas como malária, aumento dos índices de alcoolismo e suicídio epidêmico. É o que vimos acontecer recentemente na Grécia, por exemplo. Agora, para lidar com esses problemas, o governo grego vai ter de gastar mais do que teria gasto para prevenir doenças. Austeridade em saúde é uma falsa economia, e não é nenhum exagero dizer que austeridade mata.
Quais seriam os argumentos econômicos para convencer as autoridades a não cortar o orçamento para a saúde durante uma crise?
Há um clichê econômico que diz: "Uma onça (28 gr) em prevenção vale uma libra (450 gr) em cura". Algumas pessoas pensam que saúde é só um custo a mais a ser abatido, mas os governos fazem escolhas sobre onde gastar ou poupar em tempos difíceis. Frequentemente, este debate acaba sendo apenas ideológico, mas pode-se debater com evidências científicas.
No departamento de sociologia [de Oxford] estamos estudando um conceito chamado multiplicador fiscal. É um cálculo sobre quanto dinheiro você consegue de volta com diferentes tipos de gastos públicos. Descobrimos que os melhores índices multiplicadores vêm dos gastos com saúde e educação. Entre os piores, estão os gastos com defesa: em alguns países europeus, esses índices chegam a ser negativos. Portanto, mesmo quando é inevitável fazer cortes, é melhor proteger a área da saúde. É uma oportunidade de recuperar a economia e crescer mais rapidamente.
Além de evitar cortes, os governos deveriam investir ainda mais em saúde durante a crise?
Sim, e isso tem sido feito com sucesso na história. Para citar um exemplo clássico, o "New Deal", programa de recuperação econômica dos Estados Unidos após a Grande Depressão iniciada em 1929, investiu muito na construção de hospitais e escolas. Investir em saúde e bem-estar é uma oportunidade de retomada do crescimento, e eu espero que o governo brasileiro aprenda com essas lições da história para enfrentar a crise pela qual o país passa.

O adeus a Cláudia Oliveira, agente de prevenção que batalhou pela dignidade das travestis e pessoas com HIV/aids










Morreu neste sábado (18), em São Paulo, a agente de prevenção Cláudia Oliveira, aos 51 anos, em decorrência de um tromboembolismo pulmonar. Ativista de direitos humanos, Cláudia sempre batalhou pela inclusão e dignidade das travestis e pessoas vivendo com HIV/aids.
Cláudia nasceu e passou sua infância no Rio de Janeiro. Formada como técnica de enfermagem, trabalhou no Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids de São Paulo, em 1999. Desde 2005, era agente de prevenção, no SAE Lapa, pelo Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo.
"A Cláudia sempre teve coragem de viver com doçura e solidariedade. Nunca entrou em histórias do mal. Ela sempre semeou cidadania e promovia as pessoas", conta Nair Brito, ativista e uma das fundadoras do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas (MNCP).
Segundo Maria Clara Gianna, coordenadora do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo, antes de atuar no CRT-SP, Cláudia desempenhava um trabalho de atenção mútua na Casa de Apoio Brenda Lee, que acolhe o público GLBTT (gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros) portadores de HIV/aids.
“Meu primeiro contato com ela tem mais de 17 anos. Eu admirava muito o carinho e força que ela tinha para ajudar as pessoas. Ela era o vínculo entre a Casa de Apoio Brenda Lee, onde era voluntária e o CRT-SP. Ela se preocupava muito em melhorar as condições de vida da população de travestis e transexuais. Sempre convivemos de uma maneira bem próxima, o diálogo sempre foi muito aberto. Ela foi uma grande militante e pessoa maravilhosa. Tinha uma postura admirável. Agora, fará muita falta”, diz Maria Clara.
"Cláudia foi uma lutadora que semeou cidadania. Sempre acolhendo, auxiliando e espalhando amor. Tivemos uma relação próxima e compartilhamos bons e alegres momentos. Eu, particularmente, tenho muita gratidão e carinho por ela, que deve ter sido recebida com muito amor e respeito por Deus. Foi o que nos deixou por aqui: exemplos de amor e respeito", afirma Roseli Tardelli, diretora desta Agência 
O enterro será realizado neste domingo (19), no Cemitério de Vila Nova Cachoeirinha, localizado na Av. João Marcelino Branco, S/N, na zona norte de São Paulo. 

Comunicação pode combater ‘rótulos’, afirma Laura Schoen, presidente dos negócios globais de saúde da agência Weber Shandwick














No primeiro dia do festival Lions Health – evento de Cannes Lions que debate a comunicação para as áreas de saúde e bem-estar –, a brasileira Laura Schoen, presidente dos negócios globais de saúde da Weber Shandwick, agência especializada em comunicação integrada e marketing para serviços de saúde, mostrou que a redução da mortalidade por diversas doenças não precisa passar por grandes descobertas científicas ou pela criação de novas gerações de medicamentos. Para salvar vidas, argumentou Laura, o combate a estereótipos e preconceitos relacionados a alguns tratamentos já pode fazer muita diferença.
Para exemplificar que o efeito global de certas doenças é bem diferente do que a maior parte da sociedade acredita, a executiva usou três exemplos: as mulheres têm duas vezes mais possibilidade de morrer de ataques cardíacos do que os homens; o HIV/aids é a principal causa de óbitos entre mulheres em idade reprodutiva; e o câncer de mama causa, comparativamente, mais óbitos em homens do que em mulheres. Em todos os casos, as noções pré-concebidas previnem diagnóstico e tratamento.
Nesse sentido, as agências de comunicação voltadas ao setor de saúde têm um trabalho a fazer com os clientes: conscientizá-los de que o tratamento não pode ser pautado por conceitos que não são mais verdadeiros. Entre eles, diz a executiva, está a noção de que mulheres têm menos risco de doenças coronárias, de que o HIV está restrito a homossexuais do sexo masculino e de que homens não têm câncer de mama.
Preconceitos
As noções sociais sobre determinadas doenças não são apenas restritas a gênero, mas também a grupos sociais. Em entrevista ao “Estado de S. Paulo”, Laura contou o um caso de uma mulher de alta renda, no Brasil, que só descobriu a origem de seus problemas respiratórios, que já duravam seis anos, após se consultar com um médico com experiência no Sistema Único de Saúde (SUS). “Foi necessário que ele tivesse a ideia de testá-la para tuberculose.”
O trabalho de conscientização sobre rótulos também precisa passar pelos profissionais de saúde. “Eu já ouvi, nos Estados Unidos, médicos dizerem que não atenderiam ‘este tipo de gente’, referindo-se a pessoas com doenças sexualmente transmissíveis”, diz. “Não é vergonha nenhuma ter uma doença sexual, não quer dizer que a pessoa seja promíscua. Ela pode ter se infectado em apenas uma relação. Não cabe ao profissional esse julgamento.”
Câncer
Em relação ao câncer de mama masculino, o painel de debate que a executiva comandou no Lions Health trouxe o documentarista americano Alan Blassberg, que perdeu avó, tia e irmã para o câncer de mama e do colo de útero. Ao tomar conhecimento da alta propensão genética para câncer de sua família, Blassberg resolveu também começar tratamentos preventivos para câncer de mama, como a realização de um mamograma por ano.
Apesar de a doença também ocorrer em homens, o cineasta encontrou um sistema de saúde completamente despreparado para atender pacientes do sexo masculino. Os questionários feitos aos pacientes sequer consideravam os homens. “Era desconfortável. Várias vezes, tive de responder a perguntas sobre o meu ciclo menstrual ou sobre gravidez”, diz ele.
Para endereçar o problema – e o preconceito – relativo ao câncer de mama, Blassberg passou dois anos pesquisando e filmando um documentário sobre o tema, chamado Pink & Blue: Colors of Hereditary Cancer (Rosa e Azul: Cores do Câncer Hereditário), que mostra as situações constrangedoras que homens com câncer de mama precisam passar.
Outra doença abordada foi o câncer de pulmão. Uma pesquisa mostrou que muitos pacientes deixam de tratar a doença adequadamente porque acreditam que são culpados pelo problema, uma vez que eram fumantes. “É este tipo de noção que precisa ser combatida, a de que alguém ‘merece’ ter uma doença”, diz Laura. “Isso é inconcebível. Ninguém merece ter câncer, assim como ninguém merece ter aids.”

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Camisinha que tem Charlie Sheen como garoto propaganda promete mais resistência a rompimento


Uma empresa sueca criou um preservativo que promete ser mais resistente a rompimentos -- o segredo estaria em uma estrutura formada por 350 alvéolos, resultado de sete anos de pesquisas. O preservativo Hex "é composto por 350 hexágonos diferentes" e, para rompê-lo, seria necessário rompê-los um a um, assegura a fabricante, Lelo, em sua página na internet. A empresa recrutou para promover o lançamento do novo preservativo o ator americano Charlie Sheen, que em novembro anunciou ser soropositivo.
"Não era o material, o látex, que precisava mudar, era a estrutura", explica a empresa. Os hexágonos "são a forma perfeita da natureza para algo que seja leve, mas resistente ao mesmo tempo. Por isso, por exemplo, a estrutura de um grafeno, o material mais fino que existe, o mais sólido conhecido pela ciência, é, como já adivinharam, um hexágono", destacou a Lelo.
A nova tecnologia, porém, se reflete no preço do produto -- mais caro que outros preservativos no mercado. Antes do lançamento comercial, previsto para agosto, os consumidores interessados poderão ter que desembolsar 14 euros (US$ 15,7) por uma caixa com doze unidades.
"Algo que pode ser percebido como cinco segundos de incômodo, de interrupção ou contrariedade pode evitar uma vida repleta de arrependimentos e sofrimento", destacou Charlie Sheen numa das peças da campanha de lançamento.
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Cai o número de recém-nascidos com sífilis em 2016 no Amapá


O Amapá apresentou em 2016 redução no número de recém-nascidos que contraíram sífilis. O dado é referente aos quatro primeiros meses do ano e foi registrado no Hospital da Mulher Mãe Luzia, única maternidade pública do estado.
Os números apontam para 18 casos identificados no período. Em 2015, foram 24.
O setor de ginecologia da maternidade informou que nesses casos a bactéria causadora da doença é transmitida da mãe para o filho, mas que o acompanhamento regular da grávida e a realização do pré-natal reduzem as chances de contágio da doença.
A sífilis, nesse tipo de transmissão é chamada de congênita, e pode causar sérios danos ao bebê, como má formação de órgãos, parto prematuro, além de cegueira e surdez.
Outro
Com relação a grávidas com sífilis, o último dado divulgado mostrou que houve aumento de 62% nos primeiros meses de 2015, com 65 mulheres apresentando a infeção pela bactéria. Os casos são identificados a partir de testes sanguíneos.
De acordo com o hospital, tanto a mãe quanto os bebês registrados com a doença iniciam o tratamento à base de antibióticos, assim que descoberta a sífiles. No caso dos recém-nascidos ocorre uma internação de dez dias.

Não há esperança para direitos humanos com Congresso atual, diz secretária de Temer


A força política das bancadas conservadoras no Congresso estaria frustrando o avanço de pautas pró-direitos humanos, avalia a secretária de Direitos Humanos, Flávia Piovesan, em entrevista à BBC Brasil durante visita à Suíça.
Os deputados e senadores ruralistas, evangélicos e militares - que formam a bancada apelidada BBB (boi, Bíblia e bala) - são vistos como aliados chave do governo na Casa, e Piovesan disse que aposta suas fichas no Judiciário para tentar avançar em questões como direito a aborto em casos de microcefalia.
"Sem dúvida é um solo árido e arenoso. Vou ser muito honesta. Pelo perfil da Câmara dos Deputados (...) com o fortalecimento dessas bancadas, eu não tenho grandes esperanças de avanço da pauta de direitos humanos nesse Congresso", afirmou Piovesan.
De acordo com a secretária, por conta da falta de apoio político no Congresso, seu exercício será mais "reativo" do que proativo.
"Nossa pauta será mais no sentido de evitar retrocessos, do que propriamente protagonista", observou. "Há de ser defensiva, para evitar recuos. Digo isso sendo muito honesta, com lucidez e seriedade."
Piovesan explicou que os poucos avanços no caminho pela consagração de direitos humanos no país não vieram de iniciativas do Legislativo - e que, por isso, buscará supoirte no Judiciário.
"O que se caminhou na pauta LGBT com esse Congresso? Nada. O que se caminhou no campo dos direitos reprodutivos? Nada. Mas no Supremo tivemos ganhos (em referência à autorização do STF à união civil homossexual). Sendo franca, eu vejo o Poder Judiciário como o locus estratégico para que avanços ocorram".
Ela citou como vitórias jurídicas importantes a definição de relação homoafetiva estável e o direito à interrupção da gravidez em casos de bebês sem cérebro, ambos temas que contaram com forte oposição de grupos religiosos, e teme as consequências do fortalecimento político de deputados ligados a grupos conservadores.
"Eu acho muito arriscado o empoderamento das bancadas mais conservadoras com pautas muito contrastantes com os direitos humanos de forma explícita", ponderou.
Direito ao desenvolvimento
Piovesan, que esteve em Genebra participando de painel nas Nações Unidas sobre o Direito do Desenvolvimento, disse não acreditar na existência de articulações dentro do governo para frear as investigações de denúncias de corrupção contra membros da classe política e do próprio governo, assunto que colocou o Brasil sob holofotes internacionais e levou à queda precoce de dois ministro do gabinete de Michel Temer.
Na quarta-feira, os jornais deram grande destaque à delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado envolvendo Temer no esquema de corrupção da Operação Lava.
"Eu acredito que a voz do presidente foi muito firme em bancar os princípios anticorrupção (...) aqueles que estavam envolvidos foram convidados a sair. Eu estou tranquila. Tenho a credibilidade, a crença no nosso presidente da República que vai louvar com o apego aos valores constitucionais, probidade, lisura."
Zika e aborto
Piovesan afirmou também que a epidemia de microcefalia associada ao vírus Zika voltou a fomentar o debate sobre aborto. Ela espera que o tema chegue ao Supremo e seja apreciado com base nos mesmos argumentos que permitiram a interrupção de gestações de fetos anencéfalos.
"Há de se assegurar a voz das mulheres em dois sentidos. As que desejarem seguir com a gravidez, que tenham todo o respaldo. (...) As que optarem por interromper, que a resposta não seja a cadeia. Acho isso inadmissível."
"O Judiciário poderia aprovar (o aborto de bebês com microcefalia). Poderia, pois veja, você está impondo às mulheres um ônus (...). Se o Brasil admite a negligência das suas políticas públicas na prevenção e no combate, não é correto, tampouco justo, que as mulheres tenham que receber esse ônus".
O mesmo grupo de advogados e acadêmicos que se articulou para conquistar o direito de aborto em casos de anencefalia já se mobilizou para encaminhar ao STF pedido por decisão sobre o assunto.

  CNS discute desafios para garantir direito universal à Saúde em tempos de negacionismo, durante debate na UFRGS 14 de fevereiro de 2022 O ...