segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Após protesto, mostra com temática LGBT em Porto Alegre é cancelada



A exposição "Queermuseu - Cartografias da Diferença na Arte Brasileira", realizada desde 15 de agosto no Santander Cultural, em Porto Alegre, foi cancelada após protestos em redes sociais.
A mostra, com curadoria Gaudêncio Fidelis, ficaria em cartaz até 8 de outubro, mas o espaço cultural cedeu às pressões de internautas.
A seleção contava com 270 obras que tratavam de questões de gênero e diferença. Os trabalhos, em diferentes formatos, abordam a temática sexual de formas distintas, por vezes abstratas, noutras mais explícitas. São assinados por 85 artistas, como Adriana Varejão, Cândido Portinari, Ligia Clark, Yuri Firmesa e Leonilson.
Os protestos acusam a exposição de blasfêmia a símbolos religiosos e de, em alguns casos, pedofilia.
Em nota, o centro cultural diz: "Ouvimos as manifestações e entendemos que algumas das obras da exposição 'Queermuseu' desrespeitavam símbolos, crenças e pessoas, o que não está em linha com a nossa visão de mundo".
O Nuances - Grupo Pela Livre Expressão Sexual está organizando um protesto contra o cancelamento da mostra na próxima terça (12), no centro de Porto Alegre.
Em sua página no Facebook, o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior (PSDB), compartilhou a nota de esclarecimento do Santander Cultural e disse que a exposição "mostrava imagens de pedofilia e zoofilia".
Leia a nota do Santander Cultural:
Nos últimos dias, recebemos manifestações críticas sobre a exposição "Queermuseu - Cartografias da diferença na América Latina". Pedimos sinceras desculpas a todos os que se sentiram ofendidos por alguma obra que fazia parte da mostra.
O objetivo do Santander Cultural é incentivar as artes e promover o debate sobre as grandes questões do mundo contemporâneo, e não gerar qualquer tipo de desrespeito e discórdia.
Nosso papel, como um espaço cultural, é dar luz ao trabalho de curadores e artistas brasileiros para gerar reflexão. Sempre fazemos isso sem interferir no conteúdo para preservar a independência dos autores, e essa tem sido a maneira mais eficaz de levar ao público um trabalho inovador e de qualidade.
Desta vez, no entanto, ouvimos as manifestações e entendemos que algumas das obras da exposição "Queermuseu" desrespeitavam símbolos, crenças e pessoas, o que não está em linha com a nossa visão de mundo.
Quando a arte não é capaz de gerar inclusão e reflexão positiva, perde seu propósito maior, que é elevar a condição humana. O Santander Cultural não chancela um tipo de arte, mas sim a arte na sua pluralidade, alicerçada no profundo respeito que temos por cada indivíduo. Por essa razão, decidimos encerrar a mostra neste domingo, 10/09.
Garantimos, no entanto, que seguimos comprometidos com a promoção do debate sobre diversidade e outros grandes temas contemporâneos. 

Fonte : Folha de S. Paulo

"Meu marido tem HIV, estou grávida dele e está tudo bem"



Desde que conheceu seu marido, a fotógrafa Rita*, 30, sabe que ele tem o vírus HIV. Mas isso nunca foi um problema para ela que se sente completamente segura em transar com ele, inclusive sem camisinha. Ao UOL, eles explicaram como funciona sua relação e como a informação é a base da segurança dos dois.
"A gente se conheceu quando ele morava fora, por isso conversamos muito por mensagem. Quando voltou para o Brasil há um ano e meio, já existia uma empatia, então nos demos bem de cara. Logo no segundo encontro ele já me falou que era soropositivo e, para ser sincera, não teve nenhum drama, achei totalmente de boa.
Eu sabia que não tinha razão para ter medo
É que eu tinha informação e sabia que não existia razão para ter medo. Por coincidência, fazia poucos meses que um grande amigo havia me contado que tinha HIV e por isso eu já sabia muito sobre o vírus. Quando ele me falou que tinha carga viral indetectável, eu não tive medo. 
Carga viral indetectável é quando a quantidade de vírus no sangue está tão baixa que nem aparece nos exames. Nesse caso, a pessoa não pode contaminar outras.
Então em nenhum momento eu me senti chocada ou com medo. Na verdade, até achei ele mais interessante por já ter passado por isso. E segura também: as chances de contrair o HIV com ele é muito menor do que com alguém que não faz o teste e não se cuida. Tanto que sempre transamos sem camisinha.
Nosso filho não tem risco de ter HIV
Depois de uma semana eu esqueci do assunto e nosso relacionamento foi evoluindo. Nunca passou pela minha cabeça que eu pudesse ter a doença. E sei que não tenho, porque faço exames de rotina a cada seis meses, desde os 15 anos, os resultados seguem ótimos.
Agora demos um novo passo na relação: estou grávida de três meses. E não existe risco nenhum de a criança ter HIV.
Sei que, antes de mim, meu marido sofreu preconceito de outras mulheres. Por isso, acho importante falar: o medo nada mais é do que preconceito.
Se você conhecer um cara que é soropositivo, não precisa se assustar. Escute o que ele tem a dizer, pesquise e, se tiver dúvidas, procure um médico. O principal é confiar e se sentir segura para perguntar, mas não é preciso ter medo.
A questão não é ser irresponsável, mas sim ter informação e segurança".

"O maior mito é que as pessoas que sabem que vivem com HIV são responsáveis por espalhar a epidemia"

Depoimento do marido de Rita*, 33, autor do blog Diário de Jovem Soropositivo.
"Eu descobri que vivo com HIV em 2010. Foi no primeiro check-up geral que fiz na vida. Muito provavelmente me contaminei durante a faculdade, fazendo sexo sem camisinha, mas não sei com quem exatamente.
O primeiro impacto que tive foi o medo de morrer. Depois, entrei em contato com várias ex, avisando do diagnóstico e sugerindo que elas fizessem o teste. Algumas me responderam, contando que veio negativo.
Existe um mito de que a pessoa que vive com o HIV, que sabe e se cuida, é responsável por espalhar a epidemia. E eu achava isso também.
Foi graças a conversas com meu médico e muita pesquisa que entendi que uma pessoa que tem HIV e faz tratamento não oferece risco e, na verdade, é mais segura do que uma pessoa que não vive com o HIV ou não sabe.
Duas mulheres já se afastaram de mim por ser soropositivo
Esse pensamento me fez passar por algumas poucas situações de preconceito em relacionamentos. A vez que mais me marcou foi uma jovem que era estudante de medicina. Contei para ela no começo do nosso relacionamento e ela entrou em pânico.
A gente se via quase todos os dias e depois que contei, ela parou de me ver. Um mês depois, me disse que não conseguiria ter um relacionamento com alguém como eu.
Outra experiência que aconteceu depois foi de transar com uma menina que sabia que eu tinha HIV e no dia seguinte ela entrar em pânico. Queria ter certeza de que a gente tinha usado camisinha, queria que eu mostrasse a camisinha. Ela ficou muito nervosa e quando me dei conta eu estava debruçado no cesto de lixo, procurando a camisinha no meio dos papéis higiênicos. Quando me dei por mim, falei: "eu sei que usei camisinha e ela está aqui no lixo. Se você quiser pode procurar". Saí e depois de um mês ela veio me pedir desculpas.
O principal cuidado é eu me manter saudável
Quando conheci minha esposa, foi tudo muito rápido. A gente logo começou a namorar. No primeiro dia, ela me chamou para ir à casa dela e eu fiquei um pouco nervoso; eu sempre fico na hora de contar que tenho HIV.
Demorei uns dois dias para contar e quando contei ela falou: 'por mim não tem problema nenhum'. Então a gente namorou e depois se casou.
O cuidado dentro do nosso casamento em relação ao HIV quem toma sou eu, todas as noites antes de dormir, um pequeno comprimido de antirretroviral. Eu tenho quantidade de vírus no sangue indetectável. Isso quer dizer que mesmo nos exames mais precisos não é possível encontrar nenhum vírus circulando no meu sangue, desde que eu esteja tomando os antirretrovirais corretamente.
Faço exames trimestrais e eu sempre estive indetectável. E, por opção nossa, eu e minha mulher transamos sempre sem camisinha. E também sem medo".
*Nome fictício a pedido a entrevistada.

Fonte : Uol

Governo e sociedade civil debatem implementação da PrEP no SUS em reunião da Cnaids



Atualizações sobre a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) e do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite C e Conifecções; Processo de Certificação da Eliminação da Transmissão Vertical do HIV; e informes do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. Esses foram os temas debatidos durante a 124ª Reunião da Comissão Nacional de IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais (Cnaids) – a última de 2017 -, realizada  na semana passada, em Brasília.
"Esta diretoria tem como norte o processo de escuta. Portanto, uma reunião como esta, da Cnaids, é que nos orienta no sentido de traçar ações e estratégias efetivas. Aqui, neste encontro, que todo o nosso processo de trabalho e essa representação toma corpo”, destacou a diretora do DIAHV, Adele Benzaken.
Na abertura da reunião, Adele Benzaken apresentou as ações do departamento realizadas ao longo de 2017 e destacou que a Prevenção Combinada é o mote do Departamento. “É a prioridade em todas as nossas ações. Estamos focados na Prevenção Combinada pois esta representa alternativas que as pessoas encontram para se prevenir do HIV, das IST e das hepatites”, afirmou.
Também foram debatidas as ações de redução de danos e a proposta de ampliação dos Centros de Testagem e Atendimento (CTA) em todas as regiões do país, com a participação conjunta de estados e municípios. “Vamos realizar visitas para buscar a melhoria dos CTAs”, disse Adele Benzaken.
Adele destacou ainda a confirmação da medida, anunciada dia 4 de setembro, que garante a aquisição centralizada das penicilinas benzatina e cristalina pelo Ministério da Saúde para o tratamento da sífilis. “A compra centralizada vai resolver o problema do desabastecimento dos medicamentos que atinge vários países”, afirmou a diretora. 
O 11º Congresso de HIV/Aids e 4º Congresso de Hepatites Virais - HepAids 2017 -, que será realizado em Curitiba entre 26 e 29 de setembro, foi mencionado principalmente pelos lançamentos dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT). “Durante o evento, iremos lançar os PCDTs já aprovados e o Manual dos Cinco Passos para a Prevenção Combinada ao HIV na Atenção Básica”.

Fonte : Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais

Escola adota uniforme neutro para evitar discriminação a alunos transgêneros



Uma escola na Inglaterra decidiu adotar uniformes neutros para evitar discriminação de gênero. O colégio Priory resolveu abolir as vestimentas diferenciadas para alunos e alunas e, a partir de agora, ambos usarão o mesmo uniforme composto de calça e camisa. Antes, as meninas usavam saias.
Cerca de 80 escolas devem implementar medidaMeninos poderão usar saias em escolas do Reino Unido
"Os alunos vinham perguntando por que os meninos tinham que usar gravata e as meninas não, e por que meninos e meninas têm diferentes uniformes. Por isso, decidimos que todos terão o mesmo uniforme. Outro assunto é que temos um pequeno, mas crescente número de alunos transgêneros e usar o mesmo uniforme é importante para eles" afirmou o diretor do colégio, Tony Smith, a um jornal local.
A decisão foi celebrada por organizações de defesa dos transgêneros no Reino Unido. A "Mermaid UK", uma dessas entidades, afirmou que a inicitiva é muito importante para reduzir o sofrimento desses alunos.
"Comemoramos qualquer iniciativa dos colégios que reconheça que as crianças estão cada vez mais revelando variações de gênero. Instaurar uniformes de gênero neutro é uma das muitas medidas que as escolas podem adotar para ajudar os alunos que sofrem por seu gênero", afirmou Susie Green, responsável pela instituição, a um jornal local.
Segundo ela, ainda que haja poucos alunos transgêneros nas instituições, essa mudança deve ser colocada em prática:
"Os colégios devem tomar uma postura clara e abraçar a diversidade, não importa quão pequeno seja o número de pessoas afetadas."
Em junho de 2016, cerca de 80 instituições de ensino do Reino Unido começaram a reavaliar seus uniformes para evitar discriminação de gênero. A medida faz parte de uma política de estado para que as escolas sejam mais receptivas a crianças que questionam sua identidade de gênero. A partir da revisão desses parâmetros, colégios passaram a permitir que meninos usem saias e meninas usem calça.
Allens Croft School, em Birmingham, foi apontada como a primeira instituição a implementar a política de uniforme de gênero neutro. Já a Brighton College deu o primeiro passo permitindo que alunos escolhessem duas opções de uniforme independentemente de serem do sexo feminino ou masculino.

Fonte : O Globo

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