Mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo convivem com alguma forma de deficiência, dentre os quais cerca de 200 milhões experimentam dificuldades funcionais consideráveis. Em dezembro, mês em que se celebram as questões relacionadas à deficiência e, também, à ads, fica claro que a interface entre aids e deficiência é invisível.
Geralmente, se considera que pessoas com deficiências físicas, sensórias (surdez ou cegueira), ou intelectuais, não fazem parte das populações vulneráveis ao HIV/aids, bem como não se debate, nem se apontam, os índices de deficiência que são elevados nas pessoas que vivem com HIV e aids. As deficiências causadas: neurotoxoplasmose, neuropatia crônica e demências.
O trabalho de atenção psicossocial desenvolvido na Gestos tem catalogado a presença de pessoas que vivem com HIV e aids que apresentam vários tipos e níveis de deficiência: deficiência motora, sensorial (visão e audição) e, mais recentemente, deficiências cognitivas (demência). Pode-se entender por demência quadros que se caracterizam por deficiência cognitiva persistente e progressiva.
Dados preliminares do recente levantamento realizado com 46 pessoas que vivem com HIV e aids, que são frequentadoras assíduas nos trabalhos realizados pela ONG, constataram que 50% apresentam fatores de riscos comprometedores para o desenvolvimento de demência desencadeada pelo HIV.
Esses números reforçam a observação empírica (cotidiana) da relação entre a falta cognitiva resultado da demência e a interferência nas atividades de rotina das pessoas, o que leva à dificuldade de adesão ao tratamento, por exemplo:
a) esquecimentos de agenda de consultas, de horários de ingestão de medicamentos;
b) comportamento instável (mania e depressão);
c) desorientação de tempo e espaço (insegurança e fobia), situações que podem desencadear a perda da consciência. É sabido que existem quadros de demência que são reversíveis, ou seja, o paciente pode voltar a um funcionamento cognitivo favorável.
Por essas questões, a Gestos presume que é importante dar visibilidade e, criar, estratégias que façam com que a interface aids e deficiência saia da negligência e torne-se uma pauta viva nas políticas públicas de prevenção e assistência.
Fonte : ONG Gestos
Nenhum comentário:
Postar um comentário