quinta-feira, 12 de abril de 2018

Relatório do Unaids apresenta dados da epidemia nos países de língua portuguesa



Representantes de Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste reuniram-se em Brasília, na última quinta-feira (5) e sexta-feira (6), na II Reunião Conjunta das Redes de Investigação e Desenvolvimento em Saúde da Comunidade de Países de Língua Estrangeira (Rides-CPLP). Durante o encontro foi lançado o relatório “Epidemia de HIV nos Países de Língua Oficial Portuguesa” do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), com dados sobre a resposta e as perspectivas de cada região aos desafios da epidemia.
De acordo com o relatório, cerca de 12 mil novas infecções ocorrem entre crianças de até 14 anos, todos os anos, nos países lusófonos: no total, são cerca de 152 mil crianças vivendo com HIV.
Já a proporção de pessoas que vivem com HIV recebendo terapia antirretroviral (TARV) nos países-membros da Comunidade de Países de Língua Estrangeira (CPLP) varia de menos de 30% em Guiné-Bissau e em Angola, a mais de 60% em Portugal e 75% no Brasil.
Segundo o coordenador-geral de Ações Estratégicas em Infecções Sexualmente Transmissíveis, Aids e Hepatites Virais do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais (DIAHV) do Ministério da Saúde, Gerson Pereira, “é preciso pensar quais ações conjuntas para o HIV e a aids podem ser feitas entre os países da CPLP”. “Precisamos verificar os diagnósticos, diminuir a transmissão vertical e aprimorar o sistema de informação de rotina”, acrescentou. O representante do DIAHV destacou também a importância de qualificar as pesquisas: “Precisamos não somente de dados quantitativos, mas também de qualitativos; só assim poderemos responder melhor à epidemia”, afirmou.
Realidades
Em relação aos dados apresentados no relatório, Gerson Pereira alerta para a importância de verificar a realidade de cada país. “Não temos de comparar os casos de cada país ou como cada um se sai em relação ao outro; é preciso observar a realidade e as necessidades de cada região. São epidemias diferentes. No Brasil, por exemplo, devido aos diferentes perfis de cada estado, há quadros que se diferenciam entre uma região e outra”.
Para o diretor de cooperação da CPLP Manuel Lapão, “o reforço dos laços de solidariedade e cooperação entre os países de língua portuguesa contribuem para a troca de experiências e de propostas para controlar a epidemia do HIV nos oito países-membros”.
Segundo o organizador e coordenador do relatório “Epidemia de HIV nos Países de Língua Oficial Portuguesa”, Pedro Chequer, a contribuição dos países-membros da CPLP, independentemente dos obstáculos específicos de cada local, resultou em um material com dados precisos para a atualização do cenário da epidemia. “Houve grande mobilização dos países, mesmo com as dificuldades enfrentadas para elaborar a pesquisa”, disse.
Participaram também das mesas de abertura da II Reunião Osney Okumoto, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde; Maria de Fátima Santos, da Embaixada de Cabo Verde no Brasil; Antônio Moreira, do Ministério da Saúde de Cabo Verde; Andréa Watson, diretora-adjunta da Agência Brasileira de Cooperação; Félix Rosenberg, secretário-executivo da CPLP; Cleiton Euzébio, do Unaids; Denise Arakaki, do Programa Nacional de Controle da Tuberculose do Ministério da Saúde; Fátima Cruz, coordenadora da Rides com especialidade em malária; e Fábio Rocha Frederico, assessor do Ministério da Saúde do Brasil.
Atividades
No primeiro dia do encontro foram realizadas sessões específicas sobre malária, tuberculose, HIV/aids e infecções sexualmente transmissíveis (IST), com apresentação das atividades da rede nos últimos dois anos e da situação epidemiológica de cada estado-membro, além da identificação de metodologias de cada país.
A pesquisadora Helena Lima expôs a situação epidemiológica da Opção B+, que inicia o tratamento antirretroviral o mais cedo possível, independentemente da idade gestacional e continuada durante a gravidez e o parto. A pesquisa foi realizada em todos os países-membros dos países de língua portuguesa.
Já na sexta-feira (6) foram debatidas a identificação de pontos comuns entre os países de língua portuguesa, o manejo da resistência aos medicamentos e os avanços e desafios dos países-membros da CPLP. Ao final, foram discutidos os encaminhamentos acerca do diagnóstico situacional das doenças em cada região e o plano de ação da Rides para 2018/2019.
Fonte: Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais

BOA NOTÍCIA: Ministério da Saúde muda critérios e amplia oferta do dolutegravir no SUS



O Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, anunciou nessa quarta-feira (11) que vai ampliar a oferta do antirretroviral dolutegravir no tratamento de todos os pacientes com HIV no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a nota informativa, a nova recomendação é para que os antigos esquemas, com inibidores da transcriptase reversa não-nucleosídeos e inibidores de protease, sejam trocados pelo dolutegravir em maiores de 12 anos e com supressão viral.
“As recomendações para a substituição levam em consideração que as pessoas que estão com carga viral indetectável e bem, não precisam e não devem fazer a substituição do seu esquema atual. Entretanto, aquelas que estejam com carga viral indetectável, mas às custas de eventos adversos e toxidades indesejáveis com o seu esquema atual, podem se beneficiar da troca”, diz o documento.
“É um processo de avaliação individual, o médico vai decidir com o paciente qual é o melhor tratamento. Mas já nos programamos e compramos mais 300 mil tratamentos com dolutegravir”, explicou a diretora do Departamento, a dra. Adele Benzaken. “Ainda não temos registrado na Anvisa a versão três em um com dolutegravir, então não podemos comprar”, completou.
De acordo com o ministério, o dolutegravir é considerado um dos melhores tratamentos contra a aids no mundo. Ele apresenta alta potência e um nível muito baixo de efeitos colaterais, aspecto considerado bastante importante para a adesão e o sucesso do tratamento contra o HIV.
Ainda segundo o Departamento de Aids, “a substituição somente deverá ocorrer nas situações em que há vantagens relativas na diminuição de eventos adversos, na melhoria da adesão da pessoa, menor interações medicamentosas ou possibilidade de uso em determinadas comorbidades em relação ao seu esquema atual de tratamento.
As recomendações e os critérios necessários para a substituição:
1)    Pessoa vivendo com HIV maior de 12 anos;
2)    Avaliação individualizada e criteriosa da necessidade e dos benefícios envolvidos na substituição, uma vez que pode expor a pessoa vivendo com HIV a eventos adversos desnecessários;
3)    Pessoa vivendo com HIV em tratamento antirretroviral com supressão viral (CV indetectável) nos últimos seis meses;
4)    Pessoa vivendo com HIV em uso de esquemas com efavirenz ou nevirapina, sem falha virológica prévia;
4.1)    pessoa vivendo com HIV em uso de primeiro esquema (sem uso prévio) de tratamento antirretroviral contendo efavirenz ou nevirapina;
5)    Pessoa vivendo com HIV em uso de esquemas com atazanavir/ritonavir ou darunavir/ritonavir  ou lopinavir/ ritonavir, sem falha virológica prévia;
5.1)    pessoa vivendo com HIV em uso de primeiro esquema (sem uso prévio) de tratamento antirretroviral contendo IP/r; ou
5.2)    pessoa vivendo com HIV em uso de esquema atual com IP/r, que tenham realizado a troca do efavirenz ou nevirapina para IP/r por intolerância e/ou eventos adversos (não por falha virológica).

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