Representantes de Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste reuniram-se em Brasília, na última quinta-feira (5) e sexta-feira (6), na II Reunião Conjunta das Redes de Investigação e Desenvolvimento em Saúde da Comunidade de Países de Língua Estrangeira (Rides-CPLP). Durante o encontro foi lançado o relatório “Epidemia de HIV nos Países de Língua Oficial Portuguesa” do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids), com dados sobre a resposta e as perspectivas de cada região aos desafios da epidemia.
De acordo com o relatório, cerca de 12 mil novas infecções ocorrem entre crianças de até 14 anos, todos os anos, nos países lusófonos: no total, são cerca de 152 mil crianças vivendo com HIV.
Já a proporção de pessoas que vivem com HIV recebendo terapia antirretroviral (TARV) nos países-membros da Comunidade de Países de Língua Estrangeira (CPLP) varia de menos de 30% em Guiné-Bissau e em Angola, a mais de 60% em Portugal e 75% no Brasil.
Segundo o coordenador-geral de Ações Estratégicas em Infecções Sexualmente Transmissíveis, Aids e Hepatites Virais do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais (DIAHV) do Ministério da Saúde, Gerson Pereira, “é preciso pensar quais ações conjuntas para o HIV e a aids podem ser feitas entre os países da CPLP”. “Precisamos verificar os diagnósticos, diminuir a transmissão vertical e aprimorar o sistema de informação de rotina”, acrescentou. O representante do DIAHV destacou também a importância de qualificar as pesquisas: “Precisamos não somente de dados quantitativos, mas também de qualitativos; só assim poderemos responder melhor à epidemia”, afirmou.
Realidades
Em relação aos dados apresentados no relatório, Gerson Pereira alerta para a importância de verificar a realidade de cada país. “Não temos de comparar os casos de cada país ou como cada um se sai em relação ao outro; é preciso observar a realidade e as necessidades de cada região. São epidemias diferentes. No Brasil, por exemplo, devido aos diferentes perfis de cada estado, há quadros que se diferenciam entre uma região e outra”.
Para o diretor de cooperação da CPLP Manuel Lapão, “o reforço dos laços de solidariedade e cooperação entre os países de língua portuguesa contribuem para a troca de experiências e de propostas para controlar a epidemia do HIV nos oito países-membros”.
Segundo o organizador e coordenador do relatório “Epidemia de HIV nos Países de Língua Oficial Portuguesa”, Pedro Chequer, a contribuição dos países-membros da CPLP, independentemente dos obstáculos específicos de cada local, resultou em um material com dados precisos para a atualização do cenário da epidemia. “Houve grande mobilização dos países, mesmo com as dificuldades enfrentadas para elaborar a pesquisa”, disse.
Participaram também das mesas de abertura da II Reunião Osney Okumoto, secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde; Maria de Fátima Santos, da Embaixada de Cabo Verde no Brasil; Antônio Moreira, do Ministério da Saúde de Cabo Verde; Andréa Watson, diretora-adjunta da Agência Brasileira de Cooperação; Félix Rosenberg, secretário-executivo da CPLP; Cleiton Euzébio, do Unaids; Denise Arakaki, do Programa Nacional de Controle da Tuberculose do Ministério da Saúde; Fátima Cruz, coordenadora da Rides com especialidade em malária; e Fábio Rocha Frederico, assessor do Ministério da Saúde do Brasil.
Atividades
No primeiro dia do encontro foram realizadas sessões específicas sobre malária, tuberculose, HIV/aids e infecções sexualmente transmissíveis (IST), com apresentação das atividades da rede nos últimos dois anos e da situação epidemiológica de cada estado-membro, além da identificação de metodologias de cada país.
A pesquisadora Helena Lima expôs a situação epidemiológica da Opção B+, que inicia o tratamento antirretroviral o mais cedo possível, independentemente da idade gestacional e continuada durante a gravidez e o parto. A pesquisa foi realizada em todos os países-membros dos países de língua portuguesa.
Já na sexta-feira (6) foram debatidas a identificação de pontos comuns entre os países de língua portuguesa, o manejo da resistência aos medicamentos e os avanços e desafios dos países-membros da CPLP. Ao final, foram discutidos os encaminhamentos acerca do diagnóstico situacional das doenças em cada região e o plano de ação da Rides para 2018/2019.
Fonte: Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais