A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) está preocupada com a propagação do vírus HIV, potenciada pelos elevados níveis de prostituição no Corredor da Beira, via rodoviária que liga a cidade portuária e o Zimbabué, com circulação de muitos transportes pesados de passageiros e mercadorias.
Através do projeto Corredor, os MSF têm desenvolvido uma ação junto das prostitutas e seus clientes, procurando sensibilizá-los para a prevenção.
Segundo os MSF, não basta apenas “promover o uso do preservativo, mas também aumentar a disponibilidade dos antirretrovirais e o seu acesso a grupos vulneráveis”, pois só um “uso combinado destes métodos” poderá “reduzir drasticamente a transmissão do vírus”.
De acordo com a organização humanitária internacional, não há preservativos “prontamente disponíveis para profissionais do sexo na Beira”.
Se não forem os MSF ou qualquer outra organização humanitária a distribuir preservativos gratuitamente, estes terão de ser comprados pelas profissionais do sexo com o dinheiro dos seus clientes.
E os números estão à vista: “30% das mulheres na Beira inquiridas pelos MSF que tiveram teste HIV negativo acabaram contraindo a doença nos 12 meses seguintes“, diz o relatório.
Um estudo realizado pelo MSF, em 2012, identificou que o projeto Corredor conseguiu envolver 600. A organização estima que o potencial número de profissionais do sexo na Beira seja superior a sete mil.
“A falta de preservativos gratuitos e a falta de vontade de muitos clientes em usá-los são um obstáculo para as prostitutas se protegerem do HIV. As profissionais do sexo também não têm acesso a medicamentos profiláticos pós-exposição que podem prevenir a transmissão do vírus após relações sem proteção“, aponta o MSF.
Por essa razão, Gloria, natural do Zimbabué e com HIV há mais de 10 anos, viaja regularmente à sua terra ou pede a alguém que lhe envie os antirretrovirais para a Beira, cidade onde vive, contam os MSF.
Mas para a organização humanitária, esta não é uma solução para a maioria das mulheres estrangeiras que vivem em Moçambique, nomeadamente na Beira. Perante isto, o coordenador do MSF na Beira, Christophe Cristin, questiona se em “primeiro” lugar é necessário “tratar um sistema de saúde doente”.
Entre os grupos vulneráveis estão os homens que têm sexo com pessoas do mesmo sexo, mas este grupo “é extremamente difícil de alcançar”, tendo em conta “a intensa discriminação e criminalização”.
Estatísticas oficiais moçambicanas indicam que 1,6 milhões de pessoas estão infectadas com aids no país, mas apenas 640 mil procuram tratamento e mais de um terço o abandonam no primeiro ano.
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