O ex-Presidente português, Jorge Sampaio, defendeu que “a estruturas já existentes da CPLP” podem assegurar uma melhor coordenação das estratégias de luta contra a Sida e a Tuberculose no espaço da lusofonia.
Em intervenção que inaugurou o 4.º Congresso de Medicina Tropical, no Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT), Sampaio sublinhou que “se se quiser fazer progressos no combate à Sida, tuberculose e de outras doenças oportunistas no seio da CPLP”, é fundamental uma “coordenação” eficaz em “vários patamares” que pode ser protagonizada pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
“Neste primeiro encontro de países de língua portuguesa permito-me insistir no papel da coordenação nos vários patamares em que esta se desenrola, se se quiser fazer progressos no combate à SIDA, tuberculose e de outras doenças oportunistas no seio da CPLP. Em parte, este papel pode ser assegurado pelas estruturas já existentes da CPLP e pelo próprio secretariado da CPLP”, afirmou o antigo Enviado Especial do Secretário-geral da ONU para a Luta Contra a Tuberculose.
Sampaio recordou aos investigadores, médicos e responsáveis da área da Saúde lusófonos presentes a agenda das Nações Unidas para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, considerando-a “roteiro sólido, que deverá orientar os esforços conjugados no seio da CPLP”.
Um dos objetivos, sublinhou o antigo Presidente português, referente à saúde de qualidade, estipula que até 2030 se acabe designadamente com “as epidemias de Sida, tuberculose, malária e doenças tropicais negligenciadas”, assim como estabelece como prioritário o combate da hepatite, de doenças transmitidas pela água e de outras doenças transmissíveis.
“Parece-me que nos devíamos concentrar em trabalhar em conjunto para alcançar estes objetivos ou metas, fazendo valer uma parceria forte suscetível de concitar outros apoios e triangulações várias, alavancadas no seio dos fóruns multilaterais, como a União Europeia, o Banco Mundial, a Organização Mundial de Saúde e o sistema das Nações Unidas em geral, assim como ao setor filantrópico e privado”, defendeu Jorge Sampaio.
Para se conseguir alcançar os objetivos identificados na Estratégia da ONU “Acabar com a Tuberculose” até 2020, o índice de redução global terá de aumentar para 4% a 5% por ano, apontou ainda Sampaio.
Há que “redobrar os esforços em várias áreas”, a “partida está longe de estar ganha e sobretudo, se nos centrarmos no espaço da CPLP, sendo que Angola, Moçambique e Brasil se encontram no grupo dos chamados ‘high burden countries’ (conjunto de países problemáticos)”, sublinhou o antigo Presidente.
Finalmente, Jorge Sampaio sustentou que a anunciada reunião de Alto Nível sobre a tuberculose, que terá lugar em 2018, “pela primeira vez na história das Nações Unidas”, constituirá um “momento forte para a afirmação de uma vontade política forte de se fazer progressos na luta contra a tuberculose”, e que “urge prepará-la atempadamente para não se desperdiçar uma ocasião que poderá ser verdadeiramente única e excecional”.
Em 2015, a tuberculose matou 1,8 milhões de pessoas — ou seja, mais de três pessoas por minuto — e é a causa principal de morte das pessoas seropositivas. Dos 1,8 milhões de pessoas mortas com tuberculose, 1,5 milhões eram seropositivas. No mesmo ano, por outro lado, foram identificados 480 mil casos de tuberculose multirresistente.
Em contrapartida, desde 2000 registra-se uma diminuição da incidência da tuberculose a um ritmo de cerca de 1,5% por ano e 49 milhões de pessoas foram salvas entre 2000 e 2015 por receberem diagnóstico precoce e tratamento adequado.
Fonte : Mundo Lusíada
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