sexta-feira, 14 de abril de 2017

Novela da "Globo" terá atriz trans interpretando personagem cisgênero



Após ser criticada nas redes sociais e por parte da imprensa ao escalar uma atriz cisgênero para o papel de um transgênero na novela "A Força do Querer", a autora Glória Perez vai colocar em cena uma transgênero interpretando uma mulher cisgênero. A personagem em si, não é uma resposta às críticas, mas já estava prevista na trama, informa o site GERALDOPOST.
A personagem em questão será Mira, interpretada por Maria Clara Spinelli. A autora não deu detalhes do personagem, apenas o nome foi divulgado. O jornal Extra, diz que será uma grande vilã, mas a autora faz mistério.
A primeira atriz trans que surgiu na televisão brasileira foi Claudia Celeste, que em 1977 integrou o elenco da novela "Espelho Mágico", de Lauro César Muniz, na "Globo". Mas a atriz não ficou muito tempo na novela, a censura dos anos de chumbo proibia qualquer travesti (época que não se falava em transexual e transgênero) de aparecer na TV. A ditadura fez com que a emissora tirasse a personagem do ar. Diante do momento que assolava o país, os homossexuais não podiam aparecer na televisão nem mesmo em teledramaturgia. Claudia foi demitida, por não poder aparecer e só voltou ao ar dez anos depois, em 1988.
Em 1984, ainda sob o regime militar, na novela "Um Sonho a Mais", para fugir da polícia Volpone se vestia de Anabela, o personagem foi interpretado por Ney Latorraca. Ainda na novela outros três 'trans' apareceram, mas logo a censura mandou tirá-los de cena. Latorraca ficou por estar claro, nas cenas de humor, que ele se 'travestia' para fugir da polícia.
Na novela "Olho por Olho", de José Loureiro, em 1988, na extinta TV Manchete, a atriz teve papel de destaque e foi a primeira e única vez que uma atriz trans fazia uma novela do começo ao fim. Em 1988, na “TV Globo”, a atriz Rogéria entrou na novela Tieta, de Aguinaldo Silva, Ricardo Linhares e Ana Maria Moreztsphn, para uma participação especial. A novela será reprisada a partir do dia 1º de maio, pelo Canal Viva.
Mira
Gloria Perez vai abordar a identidade de gênero através de Ivana (Carol Duarte), já nas chamadas da novela é possível ver a discussão que a personagem irá se envolver. Joyce (Maria Fernanda Cândido), sua mãe, a criou como uma garota feminina e repleta de estereótipos de feminilidade. Já no primeiro capítulo houve um embate entre as duas personagens sobre feminilidade.
O transformismo também entrará em cena através do artista Nonato, interpretado pelo ator, produtor e diretor teatral Silvero Pereira, um personagem especialmente criado para ele. Nonato é um dos fundadores do coletivo "As Travestidas" e rodou o país com peças que discutem o universo das travestis do país, como a transfobia e as angústias em que estas pessoas, invisibilizadas do ponto de vista humanitário, sofrem.
A polêmica em torno de personagens transexuais não é de hoje, de uns anos para cá muito se questiona com relação ao fato de transexuais não serem chamadas para este tipo de personagem. Nesta logica a autora afirmou, segundo o GERALDOPOST, que “teria que ter importado um serial-killer do corredor da morte para interpretar o Edu de 'Dupla Identidade".
Mira (Maria Clara Spinelli) vai marcar história, será a primeira vez que uma transgênero irá fazer um papel de uma cisgênero na televisão brasileira. A atriz já fez papéis de mocinha em "Salve Jorge" (Anita) e "Supermax" (Janette). Questionada pelo jornalista Léo Dias, do jornal “O Dia” ela comentou: "Não tenho nenhuma informação ainda sobre a minha personagem. Há algumas especulações de bastidores, mas não posso confirmar nada. O que sei e sinto, é que esta personagem será um divisor de águas na minha carreira", disse a atriz que viverá uma vilã.

Saiba mais

Fonte : GERALDOPOST

Nenhum comentário:

Postar um comentário

  CNS discute desafios para garantir direito universal à Saúde em tempos de negacionismo, durante debate na UFRGS 14 de fevereiro de 2022 O ...