quarta-feira, 19 de abril de 2017

SP lança aplicativo para ajudar na adesão ao tratamento e autocuidado de pessoas vivendo com HIV e hepatites virais



O aplicativo (app) “Cuide-se Bem” avisa aos pacientes de HIV e hepatites virais sobre as consultas agendadas, horário dos medicamentos, armazena informações de exames, oferece dicas e funciona como um 'prontuário médico portátil'. Disponível em português para Android e IOS, o app foi lançado na manhã desta terça-feira (18), no Auditório Amarelo do Centro de Convenções Rebouças, pelo Programa Estadual de DST e Aids de São Paulo. 
“Pelo que levantamos que fizemos, esse é o primeiro app desenvolvido pela Prodesp [Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo] com o olhar do usuário e doado para o setor público”, afirmou com alegria o dr Luiz Carlos Pereira Jr, diretor Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Atualmente, o Hospital Emílio Ribas trata em nível ambulatorial 8 mil pacientes de HIV e hepatites e é um dos apoiadores do projeto.
O app é totalmente gratuito e ocupa apenas 9,7 MB (megabyte) da memória do aparelhono IOS e 5,6 MB no Android  --uma musica de 3 minutos, por exemplo, em boa qualidade, pode ocupar cerca de 5 MB. A ideia, segundo o Programa Estadual de DST e Aids de São Paulo é que ele se torne uma ferramenta universal, acessada por pacientes de Norte a Sul do país e até de fora do território brasileiro. A expectativa é de que ele possa ajudar em torno de 70% dos pacientes já diagnosticados e em tratamento para o HIV. Estima-se que hoje 830 mil pessoas vivam com vírus no país.
A confidencialidade do paciente que usa o aplicativo foi uma questão priorizada pelos profissionais durante o desenvolvimento software. “Ele funciona offline e o usuário cria uma senha para poder acessar. Ficamos tão preocupados com o sigilo que, se o paciente esquecer a senha, vai ter que reinstalar o aplicativo. Não tem um servidor que armazena as informações dele. Essas informações ficam no celular do usuário e é ele quem faz esse controle”, explicou o dr Artur Kalichman, coordenador adjunto do Programa Estadual DST/Aids de São Paulo.
A logo do  aplicativo é leve, discreta e não remete ao HIV ou as hepatites. De acordo com a dra Mariliza Henrique Silva, infectologista da Gerência de Assistência do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids-SP (CRT-SP), o app está organizado em três pilares: o usuário, o cuidado e o envolvimento da equipe. “Não é obrigatório informar e-mail, quem fornece as informações ao aplicativo é o usuário. Ele pode, inclusive, controlar o próprio estoque de medicamentos, acionar lembretes para o horário de tomar os remédios, próximas consultas e exames. Ainda, por meio do registro de resultados de exames, dá para criar uma visão comparativa entre eles”, explica a médica.

Outra funcionalidade é uma espécie de "bula eletrônica", que trará informações sobre cada medicação usada e seus eventos adversos. "O app foi pensado como uma ferramenta para ajudar os pacientes na adesão ao tratamento. Para isso, foi feito um mapeamento das dificuldades e necessidades dessas pessoas. Pensamos no que oferecer ao paciente para facilitar o autocuidado. Percebemos também que esse aplicativo pode ser usado para outras patologias", disse o dr. Luiz Carlos Pereira Jr.
Nos próximos três meses, a equipe receberá sugestões dos usuários e profissionais de saúde para melhorar as funcionalidades do software.
O app foi desenvolvido pela equipe do Programa Estadual de DST e Aids, em parceria com a farmacêutica Abbvie e com o Programa Estadual de Hepatites Virais de São Paulo, e apoio do Hospital Emílio Ribas.
Investimentos na Rede de Cuidados
Além do aplicativo, a Coordenação Estadual DST e Aids de São Paulo lançou a série "Diretrizes para apoiar a implementação da Rede de Cuidados em IST/HIV". O objetivo é qualificar a atenção ofertada às pessoas com vulnerabilidade para infecção pelo HIV e outras ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), assim como as pessoas que vivem com HIV e outras ISTs. A série é composta por três publicações: “Manual de Prevenção”, “Assistência” e “Gestão da Rede e Serviços de Saúde”. 
“Esses são produtos de orientação da linha de cuidado. Esperamos que eles ajudem a reforçar a organização da Rede como um salto para ações programáticas. Essa é uma das formas que buscamos para integrar e ampliar os serviços”, disse o infectologista Arthur Kalichman.
A Rede de Cuidados em DST, HIV, Aids e Hepatites Virais  foi instituída em fevereiro de 2015. De acordo com a dra. Carmen Lavras, do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas da Unicamp, as publicações inovam por trazer orientações aos gestores e médicos: “São documentos que organizam o conhecimento e essa integração com objetividade”.
As publicações foram organizadas por Rosa de Alencar Souza (coordenadora adjunta do Programa Estadual DST/Aids-SP),  Mariliza Henrique Silva (Infectologista da Gerência de Assistência Integral à Saúde do CRT-DST/Aids),  Ivone de Paula (Gerente da Área de Prevenção do CRT DST/Aids-SP) e Carmen Lavras do Núcleo de Estudos de Políticas Pública da Universidade de Campinas (Unicamp). Clique aqui para baixar.
Falta de apoio
O ativista Matheus Emílio, do Foaesp (Fórum de Ongs Aids do Estado de São Paulo), aproveitou o tema para pedir a atenção dos gestores presentes para a situação dos CTAs (Centro de Testagem e Aconselhamento em DST/Aids) na cidade de São Paulo: “Em uma reunião junto ao Foaesp, em 2015, fomos informados que o Estado tinha aprovado o repasse de R$ 20 milhões para o fortalecimento dos serviços especializados dos municípios, mas não temos visto isso. Me preocupa o processo burocrático de repasse de verbas para as ONGs. Isso afeta o planejamento das organizações e a resposta do Estado no enfrentamento da epidemia.”
De acordo com o dr. Luiz Carlos, a proposta não foi esquecida: “Depois de um debate que aconteceu em 2014, o dr. David Uip [secretário estadual da Saúde] nos chamou para organizar essa estrutura de DST e hepatites virais. Mas, em seguida, fomos atropelados pela crise.” 

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