A chanceler alemã, Angela Merkel, pediu ao presidente russo, Vladimir Putin, que ajude a proteger os direitos dos homossexuais na Chechênia. Ativistas locais dizem que a polícia matou ao menos três pessoas, além de prender e torturar dezenas em uma ofensiva antigay. Merkel levantou a questão durante sua primeira visita à Rússia desde 2015.
O presidente da Chechênia, Ramzan Kadyrov, conta com apoio do Kremlin e tem um amplo histórico de violações de direitos humanos. Ali Karimov, porta-voz do presidente, afirmou que não existem homossexuais na região, que é de maioria islâmica, e por isso é impossível perseguir aqueles que não existem.
Na segunda-feira, cerca de 18 militantes da comunidade LGBT (lésbicas, gays, transsexuais e bissexuais) foram presos em São Petersburgo enquanto protestavam contra a perseguição de homossexuais na Chechênia.
As relações entre a Alemanha e a Rússia têm sido tensas desde a crise na Ucrânia. A chanceler alemã aproveitou sua visita para abordar com Putin a garantia de um cessar-fogo no país vizinho, mas o chefe do governo russo culpou Kiev pelo fracasso dos acordos de paz entre as tropas ucranianas e os separatistas pró-russos do Leste do país.
O encontro entre os dois líderes mostra o indício de uma tentativa de reativar o diálogo entre Berlim e Moscou. Durante a entrevista coletiva, os líderes também tocaram em assuntos como o uso de armas químicas na Síria, a crise na Ucrânia e a intervenção russa em outros países.
Ao ser questionada sobre a possível influência russa nas eleições na Alemanha, a chanceler afirmou não estar preocupada. Já Putin negou que a Rússia interfere na política de outros países. Segundo o chefe de Estado russo, as acusações de intromissão nas eleições presidenciais americanas são rumores.
"Nós nunca interferimos na vida e nos processos políticos de outros países e não queremos que ninguém interfira na nossa vida política e nos nossos processos de política externa", disse.
Putin, por sua vez, condenou o uso de armas químicas e afirmou que quer uma investigação completa e imparcial sobre o ataque na Síria do último mês.
"Os culpados devem ser encontrados e punidos. Mas isso só pode ser feito após uma investigação imparcial", afirmou Putin. "Uma solução na Síria só pode ser encontrada de maneira pacífica e sob a égide das Nações Unidas."
Após o encontro com Merkel, Putin vai receber na mesma cidade o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, cujas relações com a Alemanha também se deterioraram nos últimos meses.
A visita de Merkel à Sochi tem como objetivo preparar o próximo G20, que acontecerá nos dias 7 e 8 de julho em Hamburgo, disse uma fonte do governo à AFP.
Na reunião do G20, Putin tem programado seu primeiro encontro com o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Nesta terça-feira, Trump e Putin conversarão por telefone pela terceira vez desde que o chefe da Casa Branca começou o seu mandato.
Na sua campanha eleitoral, Trump advogou por uma aproximação dos EUA com a Rússia, que ainda não aconteceu. Além disso, a tensão persiste após o recente bombardeio dos EUA contra uma base militar do regime de Bashar al-Assad, aliado de Moscou, em retaliação ao ataque químico.
Fonte : O Globo
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