O levantamento da agência da ONU aponta ainda que pessoas com HIV que já vivem estigmatizadas têm duas vezes mais chances de atrasar a procura por cuidados médicos, em comparação com indivíduos que não se sentem vítimas de preconceito.
Também a partir das estatísticas dos 19 países avaliados, a pesquisa estima que uma em cada três mulheres vivendo com HIV já passou por pelo menos uma forma de discriminação em locais de atendimento voltados para a saúde sexual e reprodutiva.
Alertando para a necessidade de reverter esse cenário, o diretor-executivo do Unaids, Michel Sidibé, afirmou que “quando as pessoas vivendo, ou em risco de viver, com HIV, são discriminadas em contextos de saúde, elas ficam invisíveis”.
“Isso fragiliza seriamente nossa habilidade de alcançar as pessoas com serviços de testagem, tratamento e prevenção”, explicou o dirigente. “O estigma e a discriminação são uma afronta aos direitos humanos e colocam as vidas das pessoas vivendo com HIV e das populações-chave em perigo.”
O relatório do Unaids é enfático — o temor quanto à discriminação associada ao HIV e o medo de ter seu estado sorológico divulgado indevidamente excluem as pessoas das redes de saúde.
A publicação elenca boas práticas que podem ser adotadas por gestores e Estados-membros da ONU para contornar e eliminar o preconceito da prestação de cuidados. Entre as recomendações, estão a formalização legal de obrigações dos profissionais de saúde, que devem ser responsabilizados e penalizados por atos discriminatórios, e a conscientização e capacitação das equipes médicas.
Outras indicações do Unaids incluem a descriminalização da prostituição, da homossexualidade (em países onde relações consentidas entre adultos do mesmo sexo são consideradas ilegais) e do uso de drogas. A ilegalidade, aponta o relatório, afasta profissionais do sexo, gays, lésbicas, pessoas trans e usuários de drogas dos sistemas de cuidados, agravando as chances de infecções sexualmente transmissíveis e retardando o início das terapias necessárias.
Portugal é um dos casos exemplares citados pela pesquisa. No país, a flexibilização de legislações antidrogas em 2000 levou, posteriormente, a um aumento no número de pessoas buscando tratamento para a dependência. Mudanças na lei foram acompanhadas pela implementação de programas de redução de danos. De 2000 a 2013, as novas infecções por HIV entre usuários caiu de 1575 por ano para 78.
A nação europeia não registrou aumentos no uso regular de drogas desde as reformas legais — e, em algumas populações, o consumo, na verdade, diminuiu.
Os 19 países que tiveram sua conjuntura nacional avaliada foram Belize, Burundi, Camarões, Costa Rica, República Democrática do Congo, Alemanha, Honduras, Malauí, Malásia, Maurício, Nepal, Nicarágua, Nigéria, Portugal, Moldávia, Senegal, Suazilândia, Uganda e Zimbábue. Juntos, eles representam 23% da população global vivendo com HIV.
Acesse o relatório clicando aqui.
Fonte : ONU
Nenhum comentário:
Postar um comentário