sábado, 28 de setembro de 2019

Especialista em PrEP fala sobre este método eficaz na prevenção do HIV



Comprovadamente, a profilaxia pré-exposição (mais conhecida como “PrEP”) é altamente eficaz na prevenção da aids para pessoas que não vivem com o HIV.
A PrEP pode ser muito útil para populações-chave e é administrada por meio de uma pílula feita de uma combinação de medicamentos.
Atualmente, ela está sendo implementada ou experimentada em diversos países, incluindo o Brasil. Rosalind Coleman, especialista em PrEP, conversou com o UNAIDS sobre o método.
UNAIDS: Como a implantação da PrEP no Reino Unido se compara à de outros países de alta renda?
Ronalind Coleman: O programa de PrEP do Reino Unido é o maior da Europa, em termos de número de pessoas que iniciaram a profilaxia pré-exposição. Mas as diferentes maneiras através das quais a PrEP é disponibilizada no país ilustra claramente que uma mesma estratégia de oferta de PrEP não se aplica a todos os países.
Na Escócia, a PrEP está disponível gratuitamente em clínicas de saúde sexual, para os residentes do país. Os compradores de nível nacional negociaram, com sucesso, um preço acessível para adquirir a PrEP.
Na Inglaterra, a PrEP não está disponível rotineiramente e os defensores deste direito, os fornecedores progressistas e outros que apoiam a disponibilização da PrEP, tiveram que ser engenhosos. Isso demonstra a importância dos defensores desses direitos e do papel fundamental da colaboração entre todas as partes interessadas na questão da PrEP.
Os medicamentos genéricos foram adquiridos a preços competitivos, por meio da realização de um grande estudo de pesquisa que disponibilizou a PrEP em clínicas de saúde sexual. Mas o estudo não tem sido capaz de fornecer PrEP a todas as pessoas que a solicitam, por isso a compra online no exterior também é um grande canal de entrada da PrEP no país.
As pessoas que compram online também devem ter acesso a suporte clínico, testagem e acompanhamento, que, juntos, integram um serviço de PrEP de qualidade.
UNAIDS: Você pode nos contar um pouco mais sobre a implantação da PrEP em países de baixa e média renda?
Ronalind Coleman: Para a implantação da PrEP em países de baixa e média renda temos um cenário misto. Houve um grande progresso no fornecimento de PrEP no sul e leste da África e em algumas outras regiões, como na Ásia (Tailândia e Vietnã) e na América Latina (Brasil).
Em outros países, particularmente naqueles com uma epidemia crescente de HIV, o acesso à PrEP é extremamente difícil.
Existe uma combinação de motivos para a baixa disponibilização da PrEP: o custo do programa juntamente à baixa atenção geral à prevenção primária do HIV certamente desempenham um papel nisso, assim como o estigma e a discriminação em relação à prestação de serviços apropriados para muitas das principais populações que poderiam se beneficiar.
O conhecimento insuficiente sobre a PrEP e até a desinformação entre potenciais usuários e fornecedores de PrEP também impedem a promoção deste método de prevenção.
Um planejamento muito claro e focado para o aumento da PrEP como parte de um programa integral de prevenção ao HIV é fundamental para a redução de novas infecções pelo vírus.
UNAIDS: O uso da PrEP é frequentemente associado a populações-chave, como profissionais do sexo, gays e outros homens que fazem sexo com homens, mas pode ser útil em outros contextos?
Ronalind Coleman: Para que um programa de PrEP seja eficaz, a profilaxia deve ser adotada por pessoas com uma probabilidade real de contrair o HIV e que desejam assumir o controle de reduzir essa possibilidade — geralmente membros de populações-chave.
Mas qualquer pessoa com uma grande perspectiva de exposição ao HIV deve poder discutir e ter acesso ao uso da PrEP. Isso pode incluir uma pessoa que não vive com HIV e seja parte de um casal sorodiferente – ela pode se beneficiar da PrEP antes que a pessoa vivendo com HIV alcance a supressão viral; ou alguém com um diagnóstico prévio de uma infecção sexualmente transmissível (IST) que testemunhe uma alta taxa de HIV não tratado entre seus parceiros sexuais.
Além disso, permanecer na PrEP durante um período potencialmente alto de exposição ao HIV é vital mas, ao mesmo tempo, depende da convicção pessoal de tomar a PrEP, de um bom entendimento sobre como usá-la, ou de como interromper seu uso, além da facilidade de acesso.
A transmissão da mensagem da PrEP deve ser feita de maneira não estigmatizante e empoderadora, desde a divulgação pública até a atitude dos profissionais de saúde – isso fará toda a diferença para uma adoção eficaz e uma continuidade na profilaxia.
UNAIDS: Houve alguns questionamentos sobre a PrEP contribuir para o aumento de IST, como sífilis e gonorréia. Existe alguma evidência para isso?
Ronalind Coleman: O elo entre o uso da PrEP e o aumento de outras IST que não o HIV é um tópico importante. Essa discussão não deve se tornar um motivo para reduzir o acesso à PrEP. Em vez disso, deve-se identificar e incentivar melhores serviços de saúde sexual integrais para prevenção, identificação e tratamento de todas as IST. Deve fazer parte da oferta da PrEP também uma discussão acolhedora sobre prevenção e risco de IST.
A revisão sistemática mais recente confirmou que a taxa de IST já era alta entre as pessoas que solicitam a PrEP, o que é esperado, e confirma que as pessoas que solicitam a PrEP estão fazendo sexo sem preservativo.
A incidência de IST também é alta para pessoas que já fazem uso da PrEP. Se essa alta incidência se deve a alterações no comportamento sexual ou a uma melhor detecção de ISTs (porque as pessoas estão passando por testes de IST com mais frequência como parte de um programa de PrEP), ainda não está claro.
De qualquer forma, a mensagem final é que as altas taxas de ISTs encontradas entre as pessoas que usam a PrEP apontam uma necessidade não atendida de prevenção, diagnóstico e tratamento de ISTs.
Dessa forma, a oferta de PrEP é um caminho para o desenvolvimento de uma assistência médica mais ampla, e uma oportunidade para reduzir a incidência de ISTs. Isso é um fato entre todas as populações que usam PrEP.
UNAIDS: Então a PrEP é um divisor de águas na resposta ao HIV?
Ronalind Coleman: Atualmente há muita atenção, recursos financeiros, intelectuais e esforço físico direcionados à PrEP em muitos contextos, incluindo pesquisas sobre futuros métodos de entrega (injeções ou anel vaginal, por exemplo) que podem aumentar a escolha, a captação e a continuidade do uso da PrEP.
Se esses esforços estiverem ligados a uma melhoria em toda a oferta de serviços de HIV (prevenção primária, testes e tratamento) e sua integração com outros serviços de saúde, como saúde sexual e assistência à saúde mental, a PrEP poderá ter um impacto maior, para além da prevenção individual da infecção pelo HIV.
No entanto, é imprudente relaxar e pensar que a PrEP, sozinha, mudará o jogo.
Fonte: ONU Brasil

domingo, 1 de setembro de 2019

NOTA DO COLETIVO LGBT+ LEILANE ASSUNÇÃO SOBRE O VETO DO HEMOCENTRO À CAMPANHA #DOAÇÃOSEMDISCRIMINAÇÃO

A imagem pode conter: 16 pessoas, pessoas sorrindo, texto


Hoje, dia 31 de agosto de 2019, o Coletivo LGBT+ Leilane Assunção organizou o Dia D, uma campanha de doação coletiva de sangue de pessoas LGBT no Hemocentro Dalton Cunha, em Natal/RN. A campanha #DoaçãoSemDiscriminação teve repercussão midiática nacional e seria a primeira iniciativa do tipo em todo o Brasil. A ação foi inspirada pela decisão histórica do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJ-RN) que, por unanimidade de votos, declarou inconstitucional impedir o recebimento de sangue em virtude da orientação sexual do doador.

Dezenas de pessoas, incentivadas pelo Leilane Assunção e motivadas pela solidariedade e pela luta contra LGBTfobia, compareceram ao Hemocentro. No entanto, lamentavelmente, não conseguimos realizar as doações. O Hemocentro não autorizou a coleta de sangue utilizando como justificativa a portaria administrativa do Ministério da Saúde que impede a doação de sangue de homens que tiveram relações sexuais com outros homens, além de um parecer da Procuradoria Geral do Estado do Rio Grande do Norte, expedido em 29/08/2019, e uma Nota Técnica do Ministério da Saúde, assinada em 27/08/2019. Além de proibir a coleta de homens gays e bissexuais, o veto foi estendido a uma companheira trans presente na ação.

A campanha #DoaçãoSemDiscriminação havia sido marcada há semanas e, antes de sua publicização, a intenção de realizá-la foi comunicada ao Hemocentro Dalton Cunha. Em nenhum momento, a direção do órgão, vinculado ao Governo do Estado do RN, sinalizou que haveria impeditivo quanto à sua realização. Estranha-nos o Hemocentro ter buscado, às vésperas da ação, amparo legal para respaldar a manutenção de uma normativa administrativa federal que se embasa em explícita LGBTfobia institucional, quando deveria ter buscado reunir esforços para encontrar caminhos legais que ampliassem o número de doadores aptos em seu banco de sangue. Estranha-nos, ainda, não termos sido procurados previamente com qualquer sinalização de que não conseguiríamos realizar as doações da campanha, que ganhou manchetes em todo o país.

Uma bolsa de sangue salva quatro vidas e, enquanto isso, as pessoas LGBT continuam sendo impedidas de exercer este ato de amor e solidariedade. O que deveria ser óbvio precisa ser reafirmado: o nosso sangue também salva vidas!

Repudiamos qualquer ato que reforce preconceito e discriminação em relação à comunidade LGBT. É inaceitável, em pleno ano de 2019, que pessoas não consigam doar sangue em virtude da sua orientação sexual e/ou identidade de gênero. A LGBTfobia institucional vivenciada no Hemocentro no dia 31.08 frustrou uma manhã de mobilização pela vida, causando tristeza e indignação para muitas e muitos que tinham o sonho de doar.

Nos dias que se seguem, o Coletivo LGBT+ Leilane Assunção transformará esse pesadelo LGBTfóbico em luta, não só por meio de uma ação judicial contra o estado do Rio Grande do Norte, mas ocupando as instituições, as redes e as ruas, reunindo toda força coletiva e organizada para que isso não mais se repita e para que sigamos inspirados a lutar por um mundo livre de LGBTfobia!

Mulheres lésbicas falam sobre mobilização por direitos e desafios para cidadania

Durante o mês de agosto são realizadas atividades que buscam reconhecimento e valorização de mulheres lésbicas em diversas esferas da sociedade. Ilustração: Ani Ganzala

O Dia Nacional da Visibilidade Lésbica foi destacado como data de referência há mais de duas décadas, em 1996, durante o I Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE). O evento foi o primeiro encontro de mulheres homossexuais de todo o país em uma organização oficial.
Já o Dia do Orgulho Lésbico faz referência a episódio ocorrido em 1983, quando mulheres do grupo GALF ocuparam um bar em São Paulo. O ato aconteceu semanas após ativistas terem sido convidadas a se retirar do local pelo proprietário por divulgar uma revista sobre ativismo lésbico.
De acordo com ativistas lésbicas entrevistadas pela ONU Mulheres, os últimos dois anos têm sido marcados pela intensificação da mobilização por direitos. Elas avaliam que, desde 2017, há uma organização maior e agenda ainda mais unificada para a realização de atividades políticas e culturais durante todo o mês.
Esse passo se deu a partir do Projeto de Lei (PL) da Visibilidade Lésbica, de autoria de Marielle Franco, que naquele período era vereadora do Rio de Janeiro. O PL foi rejeitado por dois votos na Câmara Municipal do Rio, mas, ainda assim, a partir daquele momento houve maior fortalecimento das redes envolvidas.
Segundo Yone Lindgren, fotógrafa aposentada e membra da Coordenação de Política Nacional da Articulação Brasileira de Lésbicas (ABL), a criação desta celebração foi um ato importante para visibilizar o movimento de mulheres lésbicas. “Antes, era como se fosse uma luta gay focada nos homens, as mulheres ficavam apagadas.”
As especificidades das mulheres lésbicas e a resposta do poder público são questões que mobilizam as ativistas lésbicas. “Esses eventos pontuais mostram a necessidade de criação de políticas para fazer com que as pessoas vejam que somos sujeitas de direitos”, disse Claudia Holanda, cantora e integrante da ABL.
Para ela, ser visível é essencial para que as mulheres lésbicas sejam vistas sem estigmas e estereótipos. Além disso, ainda permite que meninas entendam sua sexualidade. “A visibilidade não faz com que ninguém vire lésbica, mas vai ajudar aquelas que são a encontrarem apoio e ver que não há nada errado na forma com a qual seus desejos se manifestam.”
A cantora, que pesquisa sobre lésbicas na música, ressaltou a importância de ocupar esse espaço cultural, que tem efeito comovente. Citando nomes de artistas como Leci Brandão, Sandra de Sá, Simone, Maria Bethânia e Cássia Eller, ela lembrou que as lésbicas fortaleceram o papel das mulheres como compositoras na música popular brasileira, já que, até então, “o único papel da mulher era o da cantora, o papel mais intelectualizado era dos homens”.

Ausência de políticas públicas

Apesar dos avanços em termos de representatividade, mobilização e união, as ativistas ressaltam o atraso em políticas públicas direcionadas a este grupo, principalmente em questão de saúde e segurança. “Tudo que se conquista neste campo são direitos muito frágeis e ainda estamos lutando para nos manter vivas”, disse Claudia Holanda.
Entre os desafios para o exercício pleno da cidadania está a impossibilidade de fazer avançar respostas às demandas das mulheres lésbicas. “Ainda estamos na mesma pauta de dez anos atrás. Em comparação com outros movimentos LGBT, avançamos muito pouco. Pautas de 1996 do primeiro SENALE ainda não foram atendidas”, declarou Michele Seixas, assistente social e integrante do Grupo Assessor da Sociedade Civil Brasil (GASC) da ONU Mulheres.
Michele chamou a atenção para a falta de dados e pesquisas sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) que contemplem mulheres que se relacionam com mulheres. Ela alertou sobre a invisibilidade da população lésbica neste contexto. “Existem lésbicas com HIV, sífilis e outras ISTs, mas somos ignoradas nas pesquisas como se não existíssemos. Não há estudos para a prevenção e nem de métodos de barreiras sexuais, nós temos que fazer tudo na gambiarra”.
Outro ponto destacado pelo movimento é a questão da necessidade do empoderamento econômico. Há diversos casos de pessoas LGBT, que não são aceitas pelas suas famílias ao assumirem sua orientação sexual ou identidade de gênero. A partir disso, elas, muitas vezes, entram em estado de vulnerabilidade econômica por não terem mais apoio financeiro familiar.
O mercado de trabalho apresenta outros obstáculos, tais como como dificuldade em conseguir emprego devido à sexualidade. Todas essas questões que ainda podem ser somadas às discriminações de raça e classe de cada indivíduo.
De acordo com o manual “Construindo a igualdade de oportunidades no mundo do trabalho: combatendo a homo-lesbo-transfobia“, das Nações Unidas, o direito ao trabalho decente precisa ser garantido às pessoas LGBT. Não se trata apenas do acesso ao emprego e à estabilidade, mas direito a um ambiente inclusivo onde todos possam desenvolver plenamente seu potencial, sem barreiras ou entraves à carreira, com tratamento respeitoso, equidade e liberdade para se expressar sem constrangimentos ou violências.
Ani Ganzala é lésbica, negra, mãe e trabalha com arte profissionalmente em Salvador (BA) desde 2011. Seu trabalho nasceu da esperança de se criar uma arte lésbica, pois sentia uma ausência de representação de mulheres lésbicas e negras nas artes. “Ser sapatão para mim está muito ligado ao afeto, desde o amor próprio no processo de aceitação até o amor por outra pessoa. Todas essas coisas foram ponto de partida para a minha arte”, declarou Ani.
A artista iniciou-se no grafite com a elaboração de imagens femininas, mas após sofrer ameaças por causa de suas criações, passou a trabalhar mais com ilustração e aquarela. Apesar do choque, ela relatou se sentir feliz em ver hoje uma representação maior de mulheres compartilhando esta mesma identidade. “Quando a gente busca na Internet sobre lésbicas aparece muita pornografia, muita violência, muito assassinato. Mas a gente também precisa de imagens positivas sobre nós, para que a gente não viva um eterno trauma.”
A escritora e poeta Roza Bahia disse compartilhar da mesma sensação. Ela contou que as mulheres lésbicas já estiveram bem mais invisíveis, mas que vê mudanças no cenário de autoras lésbicas. “Há livros de 20 anos atrás de autoras que eu não conhecia, as pessoas estão tendo mais acesso agora, a visibilidade é bem maior.”
Além disso, Roza frisou que não há aumento somente de escritoras, mas também de público. De acordo com a poeta, além de haver uma busca maior por esta literatura, atualmente existem mais meios online para encontrar autoras como ela.
Lívia Ferreira, atriz, administradora e participante da Rede Nacional de Lésbicas e Bissexuais Negras para Promoção em Saúde e Controle Social de Políticas Públicas Sapatá, tenta trazer informações por meio da escolha dos textos criados e interpretados em suas apresentações. Ela trabalha com o viés do teatro do oprimido, vertente artística que aborda realidades em forma de arte.
A atriz salientou a importância da valorização de presença de mulheres lésbicas, na retomada do afeto, em representações positivas e na ocupação de espaços de poder. “A gente precisa acreditar mais nas nossas potencialidades. Acreditar que existe afeto entre nós e podemos ocupar espaços de poder para decidir sobre nossos corpos. Precisamos colocar outras pessoas com outros olhares no poder. Nada de nós sem nós”, disse Lívia.

Livres e Iguais

Partindo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que afirma que todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidades e direitos, a campanha Livres & Iguais é uma iniciativa global das Nações Unidas cujo objetivo é promover a igualdade e os direitos humanos de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis (LGBT).
O projeto é uma iniciativa do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), implementado em parceria com a Fundação Purpose. A campanha tem o objetivo de aumentar a conscientização sobre a violência e a discriminação homo-lesbo-transfóbica, além de promover maior respeito pelos direitos das pessoas LGBT por todo o mundo.
No Brasil, a inciativa sob a responsabilidade do Escritório de Coordenação do Sistema ONU no Brasil é fruto de uma ação conjunta de diversos organismos da ONU — Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), ACNUDH, Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Organização Internacional do Trabalho (OIT), ONU Mulheres e Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC Rio) — e de diferentes parceiros como governos, empresas, artistas e sociedade civil organizada.

Grupo LGBT promove doação coletiva de sangue em Natal



O Coletivo LGBT+ Leilane Assunção vai realizou, neste sábado, uma doação de sangue coletiva no Hemocentro Dalton Cunha, o Hemonorte, localizado na avenida Almirante Alexandrino de Alencar, no Tirol. A campanha foi denominada de “Doação sem discriminação”.
A ação do grupo visa conscientizar a população LGBT da Grande Natal da importância de doar sangue e ampliar a divulgação sobre a decisão de julho do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN), que proibiu o Estado de se negar a aceitar doações de sangue devido à orientação sexual do doador.
Antes dessa decisão, o Coletivo lembra que o doador que informasse, durante a triagem, ter mantido relações sexuais com pessoas do mesmo sexo era impedido de realizar a doação. A recusa se baseava na Portaria nº 158/2016 do Ministério da Saúde e na Resolução da Diretoria Colegiada RDC nº 34/2014 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que consideram inaptos homens que tivessem mantido relações sexuais com homens nos 12 meses anteriores à doação.
Segundo o Coletivo, isso tem justificado o veto de outros segmentos da população LGBT para doação de sangue. Para o Coletivo LGTB+ Leilane Assunção, a restrição era discriminatória. O grupo cita ainda que, enquanto a comunidade LGBT era proibida de doar, os hemocentros ficaram em vários momentos em situações críticas, com baixas quantidades de sangue em estoque.Integrante do Coletivo e um dos idealizadores da campanha, Victor Varela acredita que a decisão do TJRN é uma vitória. “É, ao mesmo tempo, fruto de uma ação judicial de alguém que passou por LGBTfobia e não pôde doar o seu sangue, como das lutas que fazemos nas instituições, nas redes e nas ruas, todos os dias. Por isso, não podemos ficar só esperando decisões dos poderes judiciário, executivo ou legislativo de braços cruzados”, diz.
Qualquer pessoa, LGBT ou não, pode participar da campanha neste sábado (31) no Hemonorte.
Para doar é preciso:
  • Estar em boas condições de saúde;
  • Ter entre 16 e 69 anos, desde que a primeira doação tenha sido feita até 60 anos (menores de 18 anos precisam apresentar documentos e formulário de autorização);
  • Pesar no mínimo 50 quilos;
  • Ter dormido pelo menos 6 horas;
  • Estar alimentado e apresentar documento original com foto recente, que permita a identificação do candidato, emitido por órgão oficial.
  • É recomendado ainda que o doador não tenha ingerido bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores à doação e que não esteja em jejum. Estão impedidos aqueles que tenham feito piercing, tatuagem ou maquiagem definitiva, sem condições de avaliação quanto à segurança do procedimento, nos 12 meses anteriores, que tenham tido hepatite depois dos 11 anos ou sido diagnosticado com HIV.

  CNS discute desafios para garantir direito universal à Saúde em tempos de negacionismo, durante debate na UFRGS 14 de fevereiro de 2022 O ...