domingo, 6 de março de 2016

Ativistas defendem a criminalização da homolesbotransfobia em Conferência LGBT de São Paulo


A comunidade LGBT da cidade de São Paulo, especialistas, gestores e estudantes estão reunidos neste sábado (5), no movimentado centro paulistano, para a 3ª Conferência Municipal LGBT da cidade. São mais de 300 pessoas pensando em novas políticas públicas e novos caminhos para garantir os direitos humanos desta população. "Não há mais dúvidas de que existe violência e crimes bárbaros contra os LGBTs no Brasil. O governo (Federal, Estadual e Municipal) precisa nos dar uma resposta", disse Carlos Magno, presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), arrancando aplausos da plateia. "Este país tem uma dívida com a nossa população, é o que mais mata travestis e transexuais. Então, é necessário que a haja a criminalização da homolesbotransfobia", completou.
Carlos considera ainda que a realização de conferências LGBT é uma conquista do movimento social. "Este é um patrimônio da democracia e nós LGBTs estamos ocupando os nossos espaços. Somos nós, falando de nós e por nós. Aqui, a voz da travesti tem o mesmo peso do que a voz de um gay, é a juventude falando."
O ativista lembrou que é no município que a política acontece. "Lutamos pelos nossos direitos de forma nacional, mas o controle social é feito na base. Só lá podemos saber se está sendo garantido o uso do nome social e se as escolas estão respeitando nossos direitos como cidadãos, por exemplo", finalizou.
Representando a Rede Trans Brasil, a ativista Rafaeli West lembrou que São Paulo é a cidade que mais investe em políticas públicas para os LGBTs. "O Rio de Janeiro tinha uma boa política, mas com a troca de secretário acompanhamos o desmonte do programa Rio sem Homofobia. O fundamentalismo religioso tem dominado o parlamento brasileiro."
Rafaeli considera que o nome social não é bom para a população trans. "Não temos o nome social em documentos oficiais e isso não nos dá o direito a nada, essa política é uma farsa, temos que lutar pela mudança do prenome."
Também da Rede Trans, a ativista Bruna Valin, pediu que o movimento se empenhe na luta para garantir o acesso a saúde integral da população LGBT. "Sem saúde não estaríamos aqui. Precisamos que todos os nossos direitos sejam respeitados. A aids tem crescido entre os LGBTs e é possível mudar essa realidade."
A Conferência Municipal de Políticas LGBT teve abertura oficial na noite dessa sexta-feira (4) com a presença de autoridades, como o do secretário de Direitos Humanos da Presidência da República, Rogério Sotilli e do atual secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, Eduardo Suplicy. “A conferência está acontecendo em um momento muito importante de participação social no Brasil. Não existe direitos humanos sem democracia”, comemorou Sotilli.
O coordenador de Políticas para LGBT na cidade de São Paulo, Alessandro Melchior, considera que a conferência é imprescindível para traçar os desafios e propor melhorias e avanços nas políticas públicas desenvolvidas no município. “Ser uma pessoa LGBT em São Paulo tem uma diferença, especialmente em 2016, pois somos a cidade que mais tem investido em política LGBT do Brasil”, afirma Melchior. São Paulo vai investir R$ 8 milhões este ano em políticas públicas para os LGBTs.  

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