quarta-feira, 25 de maio de 2016

Diretor do Departamento de Aids fala sobre cooperação Brasil-França, em seminário no Recife



No encerramento do 23º Seminário Técnico-Científico Brasil-França, realizado em Recife (PE), nestas  terça e quinta (24 e 25), o diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Fábio Mesquita, enalteceu a cooperação e destacou a importância da continuidade dos trabalhos dos pesquisadores dos dois países nos estudos em HIV, aids e hepatites virais. “Nos debates, pudemos conhecer novas tecnologias de diagnóstico, de tratamento e, sobretudo, de prevenção. Foram intensas trocas de experiências sobre profilaxia pré-exposição (PrEP), incluindo as iniciativas francesas na área e o que se discute no Brasil até o momento acerca dessa forma de prevenção. Também debatemos a perspectiva de implantação de uma política pública de PrEP no Brasil ainda este ano”, afirmou Mesquita.
No segundo e último dia do Seminário, discutiu-se a cooperação fronteiriça entre Brasil e Guiana Francesa, com as participações da epidemiologista do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica da França (Inserm) France Lert; da consultora do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais Joséli Maria Araújo; do conselheiro de Assuntos Sociais da Embaixada da França no Brasil, Patrick Risselin; e do infectologista do Centre Hospitalier Andrée Rosemon, de Caiena, Guiana Francesa, Bastien Bidaud.
 Os pesquisadores expuseram os problemas mais comuns nas áreas de fronteira do Brasil, no estado do Amapá, e da Guiana Francesa, em Saint Georges de l’Oyapock: a distância entre as cidades da região e a situação socioeconômica restrita da maioria da população. A epidemia de HIV na fronteira encontra diferenças em relação ao restante do Brasil por ter população flutuante (garimpeiros), além de pescadores, indígenas e ribeirinhos. “Existe uma vulnerabilidade por causa da distância. É comum o abandono do tratamento pelas populações que não têm locais determinados para moradia e trabalho, na maioria dos casos”, observou Joséli Araújo.  “Nosso desafio é garantir o tratamento antirretroviral a essas populações. Na região do Oiapoque, temos que aumentar o vínculo e a adesão ao tratamento”, afirmou a pesquisadora.
Também foram apresentadas as pesquisas realizadas no âmbito da cooperação pelo consultor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais João Paulo Toledo, que mostrou a experiência com o Ipergay, na França, considerado um dos maiores projetos sobre PrEP no mundo. Outro estudo apresentado foi o trabalho sobre coinfecção com o HTLV em Salvador (BA), pela pesquisadora titular da Fiocruz Maria Fernanda Grassi. O Seminário teve encerramento com um debate sobre as prioridades da ANRS para futuras pesquisas, com Nathalie de Castro, da Agência Nacional Francesa de Pesquisa em HIV, Aids e Hepatites Virais (ANRS); Paula Garcia, da Gerência Política da ANRS; e Cristina Pimenta, chefe do Núcleo de Pesquisa do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais.
Segundo Fábio Mesquita, a perspectiva é de que o que foi relatado em Recife resulte em benefícios à população. “Pudemos aprofundar a cooperação já existente há mais de vinte anos. Esperamos que este trabalho possa evoluir e que Brasil e França continuem se beneficiando mutuamente, incluindo as ações realizadas na Guiana Francesa. É necessário organizar mais capacitações e levar à sociedade aquilo que a gente aprendeu por aqui”, completou.

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