quarta-feira, 25 de maio de 2016

Países defendem ampliar acesso de mulheres a serviços de saúde para acabar com epidemia de HIV, informa ONU



Garantir o acesso de mulheres e adolescentes aos serviços de saúde para prevenção e tratamento será importante para atingir a meta de acabar com a epidemia de HIV até 2030, afirmaram representantes de diversos países que participaram de evento paralelo à 69ª Assembleia Mundial de Saúde.
A reunião sobre o tema foi organizada pela primeira-dama do Panamá e embaixadora especial do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) para a América Latina, Lorena Castillo de Varela.
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), em 2014, havia 17,4 milhões de mulheres com HIV em todo o mundo, e 870 mil foram infectadas com o vírus. Entre os novos casos de infecção entre adolescentes, 62% aconteceram com mulheres. Além disso, 420 mil mulheres morreram por causas relacionadas ao HIV naquele ano, sendo a África Subsariana a área mais afetada.
“Para reduzir o número de novas infecções e mortes relacionadas ao HIV, devemos aumentar a equidade de gênero e o empoderamento das mulheres para que possam tomar decisões autônomas sobre sua própria saúde e para que vivam livres de toda violência”, afirmou Castillo, que também falou em envolver mulheres e adolescentes “no desenho e implementação de programas essenciais que atendam às suas necessidades de saúde”.
O ministro da Saúde do Panamá, Javier Terrientes, declarou que “as mulheres são essenciais para pôr fim à epidemia de HIV”, e disse que as ações desenvolvidas por seu país para avançar nesse caminho estão alinhadas às estratégias da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Unaids.
“Por mais de 15 anos, o Panamá entrega gratuitamente medicamentos para tratar a infecção e os testes de HIV alcançam 90% das mulheres grávidas”, destacou. “A prevenção e o tratamento precoces são os pilares fundamentais para acabar com a epidemia”, reiterou.
“Existem 1,8 bilhão de adolescentes e jovens no mundo. Se não olharmos para eles, não vamos poder alcançar nosso objetivo de acabar com a epidemia de HIV em 2030”, disse a diretora-geral da OMS, Margaret Chan. “As mulheres e meninas devem aproveitar as oportunidades para alcançar o máximo de seu potencial e é preciso combater a discriminação e a violência contra elas. Para isso, é necessário trabalhar com os homens.”
Flavia Bustreo, diretora-geral adjunta da OMS para a Saúde da Família, da Mulher e da Criança, declarou que em muitos países as mulheres, jovens e meninas têm um maior risco de contrair o HIV e são as que mais sofrem com a epidemia.
“O HIV segue como a segunda causa de morte entre adolescentes no mundo”, declarou, lembrando que a prevenção e o tratamento devem ser incorporados ao longo do ciclo de vida das pessoas, com abordagem que começa com uma criança que nasce livre da infecção. “Podemos deter a epidemia adotando uma abordagem integral para mulheres e jovens, inclusive alcançando seus companheiros, vinculando a prevenção do HIV à saúde reprodutiva”, afirmou.
Segundo Michel Sidibé, diretor executivo do Unaids, abordar a saúde das mulheres e o HIV “é uma questão de direitos humanos, igualdade de gênero e justiça social”.
Ele ressaltou que no ano 2000, apenas 1% das mulheres grávidas no mundo receberam tratamento contra o HIV para continuar vivendo. Já em 2010, esse percentual subiu para 73%. Além disso, o número de novas infecções em crianças caiu quase 60% desde 2000.
“Com vontade política é possível evitar a transmissão de mãe para filho. Cuba é um excelente exemplo disso”, afirmou Sidibé, convocando todos a “acelerar o ritmo e garantir que todas as mulheres e crianças estejam incluídas e que ninguém seja deixado para trás”.
Além do Paraná, patrocinaram o encontro Equador, El Salvador, Estados Unidos e República Dominicana, junto com Austrália, Costa do Marfim, Portugal, África do Sul, Suíça e Zâmbia; os países apoiaram o Fundo Global de Luta contra a Aids, Tuberculose e Malária; o Secretariado da OMS; e Unaids.
Situação regional
De acordo com a ONU, estima-se que, na América Latina, 1,7 milhão de pessoas, incluindo 33 mil crianças, viviam com HIV em 2014 e que, do total de pessoas infectadas com 15 anos ou mais, 31% são mulheres.
O número estimado de novas infecções se manteve em 87 mil desde 2011. O estigma, a discriminação e a violência são barreiras significativas para a prestação e o uso de serviços de prevenção e tratamento na região.
A ministra da Saúde de El Salvador, Violeta Menjivar, disse que em seu país o número de novos casos e de mortalidade associada ao HIV, assim como a transmissão de mãe para filho, está diminuindo devido a uma estratégia combinada de esforços intersetoriais.
No entanto, reconheceu que, em El Salvador, como em outros países das Américas, ainda prevalecem padrões culturais de desigualdade que afetam a situação das mulheres, meninas e adolescentes frente ao HIV.
“Uma entre cada cinco mulheres com HIV em El Salvador são donas de casa”, disse. Por questões culturais essas mulheres “não podem negociar com seus parceiros o uso de preservativo”, declarou a ministra.
Menjivar observou que seu país garante o acesso universal à terapia antirretroviral gratuita e que o Congresso salvadorenho está debatendo uma nova lei sobre a resposta global aos HIV, Segundo ela, 77% do financiamento para a resposta à epidemia vêm de fundos públicos, o que assegura sua sustentabilidade.
Já o ministro da Saúde brasileiro, Ricardo Barros, afirmou que no país a epidemia tem maior incidência em alguns grupos populacionais (como pessoas trans e homens que fazem sexo com homens), mas reconheceu a necessidade de se dar maior prioridade às mulheres e meninas.
Segundo ele, a questão de gênero é importante na questão do HIV, sendo que o Brasil é um dos maiores compradores de preservativos femininos do mundo. “Foram distribuídas, no ano passado, 22 milhões de unidades”, disse.
Pamela Hamamoto, representante permanente dos Estados Unidos nas Nações Unidas, chamou atenção para “cuidar da saúde das mulheres durante todas suas vidas”, melhorando sua saúde e prevenindo o HIV.
Ela disse também que o Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para Alívio da Aids (PEPFAR) está comprometido em reduzir o HIV nos 10 países africanos mais afetados. Neste sentido, estão levando educação às escolas do continente, porque “investir na educação das meninas é fundamental para lhes permitir viver a vida que merecem e romper com o ciclo de pobreza e violência”.



Fonte : ONU Brasil

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