Todas as pessoas que têm tatuagem, hábito de fazer as unhas e são usuários de drogas injetáveis e inaláveis devem ficar atentos a possibilidade de infecção pelo vírus da hepatite C, uma vez que a doença não apresenta sintomas na maioria dos pacientes.
O exame de sorologia para hepatite é o primeiro passo para confirmar a suspeita. O segundo teste tem a ver com a carga viral, considerada alta a partir de 6 milhões ui/ml de sangue. Mesmo os infectados que apresentarem uma carga viral baixa devem passar por toda a bateria de exames e tratamentos específicos para tratar a doença, que apresenta índice de cura de 90%.
Fernando Vieira de Souza, hepatologista e coordenador do ambulatório de doenças do fígado do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, explica que uma série de elementos é responsável por definir o tipo de tratamento a ser utilizado e o tipo de resposta do paciente à intervenção.
“Se o paciente não tem cirrose, o índice de cura pode superar os 90%, caso tenha, as chances chegam a cair em até 25%. Homens tendem a responder pior ao tratamento do que as mulheres. A idade também tem que ser considerada. São muitos fatores variáveis que devem ser levados em conta na hora de fazer um prognóstico, disse Souza.
Depois de medir a carga viral, o infectado precisa fazer outro exame, para detectar o genótipo. O tipo mais comum de hepatite C no Brasil é o do genótipo A.
O próximo passo é medir o nível de fibrose no fígado. Entre as escolhas de exame estão: a biópsia hepática, considerada invasiva, ou elastografia hepática, um procedimento não-invasivo. Os dois são responsáveis por medir a quantidade de cicatrizes que o órgão apresenta. Essas marcas são divididas em quatro níveis, que vão de zero a quatro. O pior quadro é o estágio quatro, quando o tecido normal do fígado é substituído por nódulos e tecido fibroso, configurando a cirrose.
Para montar o tratamento correto ainda é preciso considerar características do paciente, como o uso de bebidas alcoólicas, e outras particularidades que ele possa apresentar, como diabetes e sobrepeso, por exemplo. O conjunto desse diagnóstico é que vai determinar o tipo e o tempo do tratamento, que pode ser de 12 a 24 semanas, fazendo o uso de dois a oito comprimidos por dia.
O tempo de tratamento e a quantidade de medicação são considerados pela medicina uma vitória, uma vez que, até 2013, o tempo de tratamento era mais prolongado, de 48 a 62 semanas, com chance de cura que variava de 30% a 40%. Com a inovação dos medicamentos, os efeitos colaterais atualmente são imperceptíveis, quando há cerca de três anos era necessário fazer uso de outras substâncias injetáveis para amenizar os efeitos colaterais.
“Com a chegada dos medicamentos de ação direta contra o vírus (DAA), no máximo que o paciente tem, na primeira semana, é cefaleia, vertigem e alteração de paladar, que com o tempo somem. Ele pode levar uma vida normal, sem privações, a não ser aquelas determinadas pelo médico como forma de tratamento como, por exemplo, não fazer uso de bebidas alcoólicas”, afirma Souza.
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