A mãe de uma menina transsexual de 5 anos de idade luta com todas as forças para que sua filha possa usar o banheiro feminino do jardim de infância onde estuda no Texas, Sul dos Estados Unidos. Já o diretor do distrito escolar considera a questão dos direitos transgêneros uma fuga da "base bíblica na qual as leis deste país foram fundadas".
Kimberly Shappley, mãe de Kai, conta que sua luta contra as autoridades do distrito de Pearland começaram em maio deste ano. As autoridades escolares permitem que os alunos usem banheiros neutros para gênero, que estão em algumas áreas da escola, mas ela diz que isso não é o bastante.
"Eu fui no campus e falei com a direção, tentei trabalhar com eles. Queria garantir que Kai não seria discriminada, poderia usar o banheiro das meninas, mas logo ficou muito aparente que o superintende tem um preconceito muito forte contra a comunidade LGBTQ", disse ela em entrevista à rede de televisão americana ABC News.
No fim de maio, o governo federal emitiu uma ordem para as escolas públicas de todo o país dizendo que alunos trans deveriam usar os banheiros do gênero com que se identificassem. Muitos estados, inclusive o Texas, protestaran, e entraram na Justiça contra o governo. A briga judicial ainda está longe de acabar.
O superintendente criticado por Shappley, John Kelly, publicou um artigo em um jornal local em maio afirmando que considerava a ordem apenas "mais um exemplo de interferência inconstitucional e engenharia social do governo federal".
"O que vem depois? Legalizar a pedofilia e a poligamia? A menos que voltemos para a base bíblica na qual as leis deste país foram criadas, teremos problemas sérios, e não poderemos mais esperar a ajuda de Deus", escreveu ele no Pearland Journal.
Kelly diz ainda que "a posição a administração do distrito é que as crianças cujos pais as declararem 'transsexuais' devem usar os banheiros do gênero indicado em sua certidão de nascimento. Esses alunos podem também usar um banheiro privado, com o da enfermeira da escola, se preferirem". Em uma declaração à ABC News, a escola disse que essa política permanece.
Embora Kimberly diga que as ações da escola machuquem, ela é a primeira admitir que "já foi como eles".
"Sou uma cristã devota e conservadora, ordenada como pastora da minha igreja", conta ela, que tentou forçar Kai a se comportar como um menino quando ele era um bebê.
"Eu sabia que ele era diferente antes de ter 2 anos. Era muito feminino, dramático. Não adiantava tentar puni-lo ou discipliná-lo, continuava do jeito que era", diz ela. Aos 3 anos, Kai começou a "dizer o tempo todo que era uma menina, não parava de verbalizar isso".
Kimberly diz que o que a fez mudar foi quando a filha, que ainda chamava de Joseph, "começou a rezar para que 'Joseph' morresse e ficasse com Jesus".
"Ela estava rezando para ir embora, para morrer, ir para o Céu. Meu bebê queria ir embora", diz ela. Kimberly começou a pesquisar sobre crianças trans e descobriu que as que não recebem apoio da família têm um risco significativamente mais alto de suicídio.
"Isso mudou tudo. Eu escolhi ficar com as palavras de Jesus na Bíblia. Eu me prendi a essas palavras, rezei e o Senhor me ajudou a só ser a mãe da minha filha", afirma ela.
Fonte : O Globo
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