sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Jean-Claude Bernardet faz autobiografia “encenada” abordando o HIV e outras vivências do crítico e ator


Aos 80 anos, Jean-Claude Bernardet é o grande personagem do 49º Festival de Brasília. Não por acaso, retorna à capital em duas frentes. Ergue sua própria biografia em “A Destruição de Bernardet”, com exibição no Cine Brasília. Uma segunda exibição acontece nesta sexta-feira (23), as 17h30. No encerramento da mostra, na terça-feira (27), o autor recebe a inédita medalha Paulo Emílio Salles Gomes.
Mesmo debilitado pelo vírus HIV e convivendo com problemas de visão, o belga radicado no Brasil deu um tempo na carreira de crítico, professor e escritor para se tornar ator. Era o que faltava para completar um artista já múltiplo, que trafegou entre roteiro e pesquisa por décadas.
Dirigido pela dupla Claudia Priscilla e Pedro Marques, “A Destruição” é uma tentativa de biografar diversas personas. Entre momentos encenados e documentais, Bernardet mistura conversas, cultiva memórias e fala sobre velhice. Um intelectual diante do espelho.
As atuações de Bernardet
Qualquer homenagem a Bernardet nunca vem por acaso. Ao longo dos anos, o escritor acumulou prêmios Candango pelos roteiros de “O Caso dos Irmãos Naves” (1967), “Um Céu de Estrelas” (1996) e “Hoje” (2011), ambos de Tata Amaral.
Na posição de ensaísta e pensador, publicou livros como “Cinema Brasileiro – Propostas para uma História”, “Brasil em Tempo de Cinema”, espécie de balanço sobre o Cinema Novo, e a ficção autobiográfica “Aquele Rapaz”.
Desde que decidiu atuar, enumera passagens pelo festival. Venceu o prêmio de melhor ator pelo trabalho em “FilmeFobia” (2008), de Kiko Goifman, diretor com o qual voltaria a trabalhar em “Periscópio” (2013).
Daí em diante, apareceu sob tantos outros papéis: ele próprio em “Filme B” (2013), documentário sobre “Brasília, Contradições de uma Cidade Nova” (1968), que teve roteiro escrito por Bernardet; um par romântico com Everaldo Pontes em “Pingo d’Água” (2014); um andarilho que caminha por São Paulo em “Fome” (2015). Um artista em eterno processo de descoberta.
Próximas exibições das Sessões Especiais, com entrada franca:
Cine Brasília
Segunda-feira (26)
19h – “Beduíno” (RJ, 75min, 12 anos), de Júlio Bressane
Cine Cultura Liberty Mall
Quinta-feira (22)
17h – “Precisamos Falar do Assédio” (SP, 80min, 18 anos), de Paula Sacchetta
19h – “Câmara de Espelhos” (PE, 76min, livre), de Dea Ferraz
Sexta-feira (23)
17h30 – “A Destruição de Bernardet” (SP, 72min, 12 anos), de Claudia Priscilla e Pedro Marques
Sábado (24)
21h – “Estive em Lisboa e Lembrei de Você” (RJ, 94min, 16 anos), de José Barahona
Terça-feira (27)
17h – “Beduíno” (RJ, 75min, 12 anos), de Júlio Bressane

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