sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Estudo avalia progresso nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, da ONU, ligados à saúde


O mundo fez importantes progressos no cumprimento das metas ligadas à saúde dentro dos chamados Objetivos do Milênio (OM), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2000 e que expiraram em 2015, mas pouco avançou, ou mesmo regrediu, quando se levam em conta as metas de saúde nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), que sucederam os OM no ano passado, ampliando seu escopo e tendo como prazo o ano de 2030. A conclusão é de levantamento apresentado na noite de quarta-feira (21) em evento na Assembleia Geral da ONU em Nova York e publicado na revista médica “The Lancet”, que fez a primeira avaliação anual dos indicadores de saúde relacionados aos ODS.
No relatório, elaborado com base na série de estudos “Fardo Global das Doenças” - que usa uma metodologia desenvolvida por cientistas do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME) da Universidade de Washington, EUA, para contabilizar diversos aspectos da saúde mundial desde 1990 -, os pesquisadores calcularam o estado atual de 33 dos 47 indicadores relacionados à saúde nos ODS, que somam 17 objetivos em diversos setores, com um total de 169 metas e 230 indicadores. As metas e indicadores relativos à saúde nos ODS estão concentrados no terceiro destes objetivos, que preconiza “assegurar vidas saudáveis e promover o bem-estar de todas pessoas de todas as idades”, mas também presentes em 11 dos outros 16, que incluem temas como segurança alimentar e hídrica, pobreza e mudanças climáticas.
Com isso, os cientistas verificaram que enquanto houve importantes progressos desde 2000 nas metas de saúde presentes nos Objetivos do Milênio, em particular na redução da mortalidade infantil e neonatal, planejamento familiar e acesso universal a sistemas de saúde, nos indicadores incluídos pelos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável as melhorias em geral foram mínimas, como na incidência de hepatite B, ou houve mesmo retrocessos, como na obesidade infantil, violência doméstica e consumo exagerado de álcool. Exemplos disso estão no fato de que mais de 60% dos países já cumpriram os alvos para 2030 relativos à redução da mortalidade materna (70 a cada 100 mil nascimentos vivos) e infantil (25 por mil nascimentos vivos), mas nenhum, nem os mais ricos, atingiu as metas de erradicar doenças como tuberculose e Aids ou reduzir a prevalência de obesidade e dos crimes passionais.
Além disso, o levantamento identificou grandes disparidades regionais no desempenho dos países no esforço para cumprirem as metas dos ODS. Em ranking que acompanha o estudo, o Brasil ficou no 90º lugar entre os 188 países avaliados. Como se esperaria, a lista é liderada por nações desenvolvidas – na ordem, Islândia, Cingapura, Suécia, Andorra e Reino Unido – e nos últimos lugares estão países pobres da África Subsaariana – do pior para o melhor, República Centro-Africana, Somália, Sudão do Sul, Níger e Chade.´Apesar disso, o relatório também aponta países que estão com desempenho melhor que o esperado graças a iniciativas e medidas que podem ser replicadas ou servirem de lição para outras nações.
"Nosso estudo é um ponto de partida para investigações mais profundas sobre como e porquê alguns países estão tendo um desempenho pior ou melhor do que a média", considera Stephen Lim, professor do IHME e líder da colaboração de mais de 1,8 mil cientistas responsável pelo estudo. - Este será um esforço anual para assegurar que os progressos serão mantidos e que as lições de sucesso sejam aprendidas e rapidamente transferidas para outros países onde o avanço é menos destacado.

Fonte : O Globo

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