quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Falta de penicilina benzatina no Brasil causa preocupação



O Fórum das ONG/Aids do Estado de São Paulo, colegiado que congrega mais de uma centena de organizações que trabalham na área de prevenção e assistência das pessoas vivendo com HIV/aids ou acometidas de alguma infecção sexualmente transmissível (IST), emitiu, hoje, nota pública sobre sua cobrança e preocupação com a continuidade da falta da penicilina benzatina no Brasil. Informações que circularam na semana passada, durante o 11º Congresso de HIV/Aids, em Curitiba, revelam um quadro preocupante que tem se estendido junto aos profissionais de saúde, pessoas com imunidade comprometida e toda a sociedade.
Segundo a publicação, a ausência do medicamento na rede pública é uma das maiores causas do crescimento de casos de sífilis e outras infecções facilmente tratadas com penicilina. “A falta de sensibilidade governamental na solução rápida deste problema poderá reverberar em um grande aumento de casos e, com a ausência do devido tratamento, poderá se estender atingindo mais pessoas e levando a internação ou a morte dos afetados.”
Atualmente o Brasil é dependente de outros países na elaboração do sal para o medicamento, sendo necessária a ampliação de estudos para fabricação local que colocaria fim neste cenário. “O baixo preço do medicamento tem desestimulado os laboratórios privados a investir na sua fabricação, o que indica a falta de compromisso social destas empresas com a saúde pública”, diz a publicação.
O Fórum também afirma que existem condições de fornecimento do sal com produção 100% nacional, desde que se pense estrategicamente e com vontade política para resolver esta questão. “Laboratórios públicos como a Fundação Para o Remédio Popular (furp) já manifestarem condições de desenvolvimento da matéria prima, em até três anos, se houver real investimento para isto.”
A penicilina, em suas várias formas, faz parte de um grupo de medicamentos vulneráveis a crises de abastecimento, segundo a Organização Mundial da Saúde. São medicamentos antigos, e suas patentes já expiraram. Como são baratos, poucas empresas têm interesse em produzi-los. Nesse rol, entram antibióticos, anestésicos e drogas oncológicas antigas.
O Fórum reforça em nota que vão acompanhar este desdobramento “cobrando das diversas instâncias do Ministério da Saúde ações urgentes na solução deste grave problema. Da mesma forma continuaremos na cobrança da responsabilidade da iniciativa privada. Porque, ávidos pelo lucro e pela ampliação de suas ofertas, desmontando o SUS, tais empresas se encolhem quando seus níveis de retorno financeiro não atingem os pretendidos”.

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