quinta-feira, 31 de março de 2016

Departamento debate com gestores tratamento e prevenção das hepatites virais


O diretor do Departamento e DST, Aids e Hepatites Virais, Fábio Mesquita, apresentou na terça-feira (29), na abertura da Reunião de Coordenadores Estaduais e Municipais (capitais) de Hepatites Virais, em Brasília, as ações e perspectivas do Ministério da Saúde sobre tratamento e prevenção das cinco formas do agravo - vírus A, B, C, D e E.
Dentre os dados apresentados, estão os números de medicamentos distribuídos. No ano passado, entre outubro e dezembro, 7.459 pacientes receberam o novo tratamento da hepatite C. Entre janeiro e março de 2016, já são mais 7.609 pacientes atendidos. “Em menos de um ano, estamos com uma média de atendimento superior à de toda a história da hepatite C”, afirmou Mesquita.
Ainda segundo o diretor, a taxa de cura, que antes era inferior a 50% nos pacientes em tratamento, agora é superior a 90%. “A expectativa é que seja cumprida a meta de 30 mil atendimentos em um ano, entre os meses de outubro de 2015 e de 2016”, disse.
O coordenador de Hepatites Virais do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Marcelo Naveira, avalia que a reunião fortalece a integralidade do SUS (Sistema Único de Saúde), em uma ação que envolve municípios, estados e o governo federal no atendimento aos pacientes.
 “O evento é uma oportunidade para expor soluções em conjunto, em que o exemplo de um estado ou município pode servir para outro”, explicou. “Estamos dentro do cronograma da proposta de oferecer 30 mil tratamentos em um ano e já conseguimos em seis meses, entre outubro de 2015 e março de 2016, distribuir pouco mais da metade disso (15.068 unidades).”
Para a Coordenadora Estadual de Hepatites Virais da Secretaria Pública de Saúde do Pará, Cisalpina Cantão, o apoio do Ministério da Saúde na distribuição dos medicamentos colaborou para o trabalho desenvolvido nas 13 regionais de saúde que atendem seu estado. “A parceria permitiu diminuir as dificuldades locais no combate e no tratamento às hepatites virais. O nosso planejamento, aliado à ajuda do Ministério da Saúde, permitiu que tivéssemos retorno no atendimento aos pacientes”. Antes de receber os novos medicamentos, foi realizado trabalho de monitoramento e capacitação com profissionais de saúde e com as comunidades da capital e das cidades do interior do Pará. “Muitas pessoas nem sabiam o que era hepatite ou que estavam com a doença.”
Atualmente, são 400 pacientes que realizam o tratamento com o novo medicamento em seus municípios (antes, precisavam se deslocar até a capital).
O coordenador geral de IST, Aids e Hepatites Virais do Acre, Nelson Roberto de Araújo Guedes, disse que não houve dificuldades para realizar o cadastro e atendimento aos pacientes em seu estado, uma vez que, antes do recebimento dos medicamentos, já havia um trabalho de apoio com os pacientes. “Já fazíamos o monitoramento. Assim, a partir do uso dos novos medicamentos, obtivemos êxito, pois nenhum paciente abandonou o tratamento e não houve nenhum caso de reação adversa.” No Acre, são atendidos 248 pacientes com os novos medicamentos e há uma fila de espera de outras 90 pessoas com hepatite C.
Para Fábio Mesquita, o relato dos gestores revela que as experiências apresentadas demonstram a realidade de cada região. “Assim, aperfeiçoamos o acesso do paciente, que é nosso objetivo final”, acrescentou.
Outras hepatites
 O Departamento prepara, com a ajuda de especialistas, um novo protocolo de tratamento da hepatite B e suas coinfecções, em especial a infecção conjunta com a hepatite Delta.
Nos últimos anos, o Brasil também investiu na ampliação das vacinações para hepatites A e B. O país investe também em estudos para o enfrentamento da hepatite D, reunindo especialistas de países vizinhos da região amazônica, na qual se concentram os casos da doença. Em Rondônia, foi iniciado um estudo sobre a hepatite E.
Dica de entrevista

Soropositiva morre em pronto-socorro de São Paulo após esperar mais de 48 horas por vaga numa UTI


A ONG Bem-Me-Quer entrou em luto na manhã desta quinta-feira (31), com a morte de uma de suas mais assíduas usuárias, Joana Souza*, de 52 anos. Joana frequentava a ONG desde 2001 e foi internada no último domingo (27), no Pronto-Socorro (PS) Municipal de Perus, zona norte de São Paulo. Ela morreu na noite de quarta-feira (30) à espera de um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e com grave quadro de insuficiência respiratória.
Joana era soropositiva e sofria de problemas renais. Ela decidiu ir ao hospital depois de uma indisposição, segundo Margarete Preto, do Bem-Me-Quer e do Foaesp (Fórum de Ongs/Aids do Estado de São Paulo). Já estava na unidade de saúde quando sofreu duas paradas cardiorrespiratórias e o quadro se agravou. "Os médicos solicitaram com urgência uma vaga na UTI, mas fomos informados, pela Central Reguladora de Vaga Municipal, que não havia vaga. Na segunda-feira (28) ela ainda estava na enfermaria do PS", conta a ativista.
Ainda, segundo Margarete, dois voluntários da ONG foram até o hospital ver de perto o caso relatado pelos familiares de Joana. "Eles procuraram o assistente social da unidade e o mesmo entrou em contato com a central de vagas e constatou que ainda não havia lugar nas UTIs."
Margarete decidiu, então, buscar ajuda no CRT (Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids). "Liguei no serviço e conversei com uma pessoa de nome Mara. Ela me explicou que, como a paciente estava num serviço municipal, a vaga teria de ser regulada pelo serviço do município."
Margarete segue contando que ela e os colegas do Bem-Me-Quer entraram em contato com o Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo e com uma funcionária chamada Adalgiza, da Central de Regulação de Vagas Municipal. “Fui informada de que ainda não havia vaga.”
Na terça e na quarta-feira, a paciente continuou na emergência do PS de Perus, sem previsão de conseguir vagas. “Na noite de quarta, ela sofreu outras duas paradas cardíacas e não resistiu”, lamenta Margarete.
 "Minha mãe estava muito inchada. Ela precisava fazer hemodiálise, mas os médicos disseram que ela não ia aguentar. Ela sofreu muito”, conta Suzana*, filha de Joana.
"O que me disseram é que ela não conseguiu vagas porque os hospitais estão lotados por conta da gripe H1N1e da dengue. Mas nós, pessoas com HIV, não podemos aceitar essa situação. Nossa amiga morreu pelo descaso público, por falta de assistência na cidade de São Paulo. Não temos leitos no estado e no município", protesta Margarete.
A ativista ressalta que não é a primeira vez que acontece um caso desse e que a falta de leitos já dura a muito tempo "Muitas pessoas com HIV estão morrendo por isso. Já registramos mortes por falta de leitos em Araraquara, em Dracena e agora no quintal da nossa casa. O surto de dengue e gripe não é desculpa por falta de leitos, temos uma deficiência no sistema. Não adianta testar 90% da população sem ter estrutura para atender a todos. Estamos indignados com os serviços públicos de saúde."
Manifestação do Foaesp
O Foaesp emitiu a seguinte nota de repúdio pela morte de Joana:
O Foaesp vem, por meio desta nota,  manifestar sua revolta e repúdio à falta de gerenciamento de leitos para internação, sob a administração da secretarias Estadual  e Municipal de Saúde de São Paulo.
Temos assistido a constantes problemas relacionados com pacientes crônicos, que recorrem às estas instituições em busca de cuidado e enfrentam a limitação causada pela burocracia e a falta de políticas públicas claras e sintonizadas.
A destinação de leitos a doenças crescentes como H1N1, dengue e outras, tem gerado dificuldades de internação, acomodação inadequada em enfermarias e, não raro, risco grave de óbito frente a esta realidade. 
Constantemente temos visto casos deste tipo e, por intermédio de relatos e acompanhamentos de usuários das ONGs afiliadas ao Foaesp, presenciado esta triste realidade ainda sem solução, apesar das frequentes denúncias feitas aos órgãos de fiscalização e controle social.
Sendo "a saúde um direito de todos e um dever do Estado" causa repúdio a inoperância da gestão estadual e municipal que ameaça vidas na medida que faz " escolhas" entre pacientes, se deixando levar por modismos de modelo de atenção, sobretudo os mais propagados pela mídia com interesses nem sempre claros.
O Foaesp acompanha atento esta grave situação e estuda fazer denúncias ao Ministério Público, aos órgãos de fiscalização e à sociedade em geral, cobrando ações coerentes com a carga de responsabilidade que os governantes assumiram.
Outro lado
A Agência de Notícias da Aids entrou em contato com as secretarias de Saúde do estado e do município.
A assessoria do Estado explicou que o município de São Paulo tem gestão plena em saúde e uma regulação de vagas própria. Disse também que não houve pedido de vaga para a paciente na Central de Regulação de Vagas do Estado.
Também por meio de sua assessoria, a Secretaria Municipal de Saúde nos enviou a seguinte resposta:
“A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informa que a sra. Joana deu entrada no PSM Perus em 27/3. A paciente foi prontamente atendida e avaliada pela equipe médica, que diagnosticou um quadro de septicemia e problemas renais. No dia 28, houve piora do quadro clínico. A Central de Regulação do Município solicitou vaga de UTI com diálise para alguns hospitais estaduais e Santa Casa, sem retorno positivo. Os pedidos foram renovados nos dias 29 e 30. A paciente seguia com cuidados médicos intensivos, mas evoluiu a óbito às 18h12 do dia 30. Em nenhum momento a sra. Joana deixou de ser assistida.”

Artur Kalichman refaz trajetória do CRT-SP em tese de doutorado

Coordenador adjunto do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo, Artur Kalichman defende nesta sexta-feira (1º de abril) sua tese de doutorado, no anfiteatro do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP (Faculdade de Medicina da USP). Com o tema  “A integralidade no cuidado das pessoas vivendo com HIV e aids: a experiência do CRT (Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids-SP)”, Kalichman pretende recuperar parte da história do enfrentamento da epidemia no estado.
Como não se pode falar de combate à aids sem  falar do CRT, o centro ocupa o seu lugar de destaque no trabalho, com sua colaboração efetiva para levar o Brasil à vanguarda do tratamento e da prevenção, baseados no princípio da integralidade.
A tese refaz a trajetória do CRT de 1988 a 2015, interpretando-a sob a perspectiva dos aspectos facilitadores e limitadores da incorporação prática do princípio da integralidade às ações de saúde. A análise foi organizada em torno de dois grandes eixos temáticos:  a criação e a estruturação do CRT e a relação entre o CRT, os Programas Municipais de DST/Aids e a rede de serviços assistenciais no estado de São Paulo.


Empresas americanas trabalham na criação de camisinha com propriedade antiviral e anticoncepcional


Com o objetivo de desenvolver um preservativo revestido com um gel espermicida que possui, além de propriedades contraceptivas, ação lubrificante e anti-infecciosa, a DKT International e a Evofem Holdings firmaram um acordo que foi divulgado recentemente em São Diego (EUA). Segundo o protoloco de intenção, o protótipo tem a finalidade de estender os benefícios da camisinha para uma maior proteção contraceptiva.
O preservativo, quando usado da maneira correta, é um método eficaz e acessível de contracepção, evitando também a transmissão do HIV e outras DSTs, como sífilis, gonorreia, HPV, herpes genital, entre outras. Já os revestidos com gel espermicida contariam com uma ação extra, uma vez que possuem propriedades que reduzem ainda mais esses riscos.
"Acreditamos que, atualmente, há uma lacuna no mercado para um preservativo que forneça proteção adicional, além da barreira criada pelo látex ou outros materiais. Se for bem-sucedido, este produto poderá oferecer ainda mais opções para proteção contra a gravidez e doenças sexualmente transmissíveis, tornando-se um produto revolucionário e necessário no mercado de camisinhas”, declara Christopher Purdy, presidente e CEO da DKT.
De acordo com a carta de intenção do acordo, a Evofem fica responsável pela viabilidade de aplicação do gel espermicida e sua potencial utilização para o revestimento de preservativos, enquanto a DKT assume o desenvolvimento dessa nova camisinha, desde a aprovação do item pelos órgãos competentes até a oferta ao público.
O protótipo ainda está sob análise da FDA (Food and Drug Administration), dos Estados Unidos, responsável pela validação do produto para comercialização no mercado.
“Trabalhar neste projeto, em parceria com a DKT, é a oportunidade para o desenvolvimento de uma oferta inovadora, que pode aumentar as opções de homens e mulheres, mundialmente, para a contracepção e a proteção contra infecções sexualmente transmissíveis”, finaliza John Fair, presidente e COO da Evofem.

Conselho LGBT de Teresina pede veto ao projeto de lei que proíbe debate de gênero na escola




O Conselho Municipal dos direitos da população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (CMDLGBT) encaminhou ao prefeito de Teresina (PI), Firmino Filho, um ofício solicitando veto ao projeto PL 20/2016 que proíbe o debate sobre as questões de gênero nas escolas de educação básica da rede municipal da capital.
Para a entidade, o projeto de lei é inconstitucional e uma afronta à Lei Orgânica do Município nos artigos 7º, 9º, 13º e 20º. O CMDLGBT justifica seu pedido informando que se aprovado, a proposta prejudicará a formação de cidadãos e cidadãs que vivem em uma sociedade atualmente “contaminada com ideais machistas, sexistas, LGBTIfóbicos” e acrescenta que a discussão das diferentes sociais é um importante para acabar com o preconceito.
Além disso, segundo o G1, o Conselho acrescenta que caso o projeto seja sancionado a discussão da violência contra a mulher e enfrentamento do feminicídio nas escolas de Teresina ficará comprometido, pois foi aprovado a Lei Municipal 4514/2014 que trata da Lei Maria da Penha nas escolas. Esta lei prevê a distribuição de cartilhas elaboradas pelo Ministério Público do Estado e pela Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas para Mulheres.
O Conselho criado em 2010, é vinculado à Secretaria Municipal do Trabalho, Cidadania e de Assistência Social (SEMTCAS) e tem como uma de suas atribuições: assessorar e acompanhar a implementação de políticas públicas de interesse das pessoas LGBT.
Segundo a lei que tem causado polêmica, fica proibida a distribuição, utilização, exposição, apresentação, recomendação, indicação e divulgação de livros, publicações, projetos, palestras, folders, cartazes, filmes, vídeos, faixas ou qualquer tipo de material, lúdico, didático ou paradidático, físico ou digital contendo manifestação da ideologia de gênero nos estabelecimentos de ensino público municipal da cidade de Teresina.
O projeto é de autoria da vereadora Cida Santiago (PHS) e subscrito por Ananias Carvalho (PDT), Antônio Aguiar (PROS), Celene Fernandes (SDD), Joninha (PSDB), Pastor Levino (PRB), Ricardo Brandeira (PSL), Teresa Britto (PV) e Tiago Vasconcelos (PRB).
Na justificativa apresentada, os autores relatam que "a educação moral, principalmente a moral sexual, é de competência exclusiva da família e não do estado. Os pais têm direito de conduzir a educação dos filhos. Depois que eles crescerem, podem fazer suas escolhas com consciência e responsabilidade".
"Não somos contrários à homossexualidade. Defendemos que os pais tenham o direito de escolher o querem para seus filhos, já que por serem crianças, não possuem o senso crítico para dizer o que é certo e errado. Logo, cabe à família e não à escola a construção desse senso", disse a autora do projeto, Cida Santiago.
De acordo com o G1, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Teresina informou que o prefeito Firmino Filho ainda não recebeu a proposta e não há data para a chegada do PL ao Palácio da Cidade.
Projeto gera polêmica
A advogada Ana Carolina, da Comissão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e membro do Grupo de Estudos Sexualidade, corpo e gênero (SexGen), diz que os vereadores pretendem recolher livros que ilustrem diferentes tipos de família.
Segunda ela, um dos títulos que está sendo questionado é um livro de Ciências Humanas e Natureza para estudantes do 1º ano do ensino fundamental. Na publicação há uma questão em que a criança deve marcar com "x" a foto que ilustra sua família. A imagem mostra famílias formadas por negros, por dois pais, por apenas uma mãe, entre outros exemplos.

Câmara de Porto Alegre rejeita PL que previa distribuição de preservativos em casas noturnas


Por 14 votos a 8, a Câmara de Vereadores de Porto Alegre rejeitou, nesta segunda-feira (31), um projeto de lei que previa obrigar casas noturnas a oferecerem preservativos aos frequentadores e a fixarem cartazes educativos sobre doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), informa o jornal "Correio do Povo". O vereador Márcio Bins Ely (PDT) chegou a protocolar um substitutivo permitindo a venda de camisinhas, já que o projeto previa distribuição gratuita, mas também teve a proposição negada. Dos 35 vereadores aptos a votar, 11 não participaram da sessão, um justificou ausência e um se absteve.
Porto Alegre é a cidade brasileira com maior número de casos de aids detectados a cada ano, desde 2009. Segundo Bins Ely, o objetivo era difundir a conscientização da população e o estímulo ao uso dos meios protetivos, visando à prevenção em grande escala. De acordo com o Correio do Povo, o vereador lembrou que as DSTs são um problema grave na saúde pública.
Em dezembro de 2015, a Prefeitura de Porto Alegre revelou que a média é de 1.250 pacientes diagnosticados com HIV a cada ano na cidade. Em 2014, foram registrados 90,3 casos a cada 100 mil habitantes — o que corresponde a 0,09% da população. Em todo o país, os testes exames para DSTs são oferecidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

quarta-feira, 30 de março de 2016

28 QUESTÕES COMUNS SOBRE HIV QUE AS PESSOAS TÊM MEDO DE PERGUNTAR

Red ink dispersing in water

  1. Eu acabei de receber o resultado positivo para HIV. É possível que tenha acontecido algum engano? Resultados com falsos positivos não são comuns, mas é bom fazer um exame para confirmar o diagnóstico. A probabilidade de se receber dois resultados com falsos positivos é extremamente baixa. Se você fez um teste rápido, é uma boa ideia pedir um segundo teste mais elaborado para seu médico.
  2. Os exames do meu parceiro vieram negativos. Ele pode ficar tranquilo? Infelizmente, resultados de falso negativo também podem acontecer, então se você recebeu um exame positivo e o do seu parceiro veio negativo, é sábio não se empolgar e pedir para ele fazer mais um teste. De acordo com o site Aids.gov, a probabilidade de se obter um resultado com falso negativo depende do tempo que passou entre quando você pode ter sido exposto ao HIV e quando você fez o teste: “leva algum tempo até acontecer a soroconversão. Isso acontece quando seu corpo come;a a produzir os anticorpos que são detectados pelos exames de HIV – um período que varia de duas a seis semanas depois da infecção. Portanto, se você obtiver um resultado negativo no teste de HIV em até três meses depois da última possível exposição ao HIV, os profissionais de saúde recomendam que você realize um novo teste três meses depois desse primeiro exame. Um resultado negativo só é preciso se você não teve risco de exposição para o HIV nos últimos seis meses – e um resultado negativo só vale para exposições passadas.”
  3. Como eu peguei HIV? Essa é uma pergunta que você vai fazer a si mesmo, e que outros vão lhe fazer, até cansar. No fim das contas, você provavelmente adquiriu o vírus HIV  ao entrar em contato com o sangue ou o sêmen de alguém que já é soropositivo. As formas mais comuns de transmissão incluem o sexo anal ou vaginal sem proteção e compartilhar seringas (não importa se foram utilizadas para injetar drogas ou para injetar medicamentos, como hormônios para transição).
  4. É culpa minha? Não. O HIV não é uma forma de punição cármica. Ele é um vírus que é transmissível, e portanto passa de pessoa para pessoa. Certos tipos de atividades podem aumentar o risco, mas isso ainda não torna você “responsável” por ter contraído o vírus. Ninguém culpa um diabético por sua diabete, apesar da diabete tipo 2 ser previnível.
  5. Mas não é verdade que “ativos” não contraem HIV? É verdade que o “ativo”, ou parceiro que insere o pênis, tanto no sexo anal como no sexo vaginal, tem menos chance de contrair o HIV. De acordo com um estudo feito em 2012, no caso do sexo anal, os ativos têm o risco de contrair HIV reduzido em 86 por cento. Isso ainda significa, no entanto, que ativos correm o risco de contrair HIV ao fazerem sexo sem proteção – e muitos já contraíram.
  6. É verdade que muitas pessoas com HIV também têm hepatite C? Sim. Entre 25 e 30% das pessoas com HIV nos EUA também têm hepatite C (ou HCV). Isso é algo preocupante, pois o HIV faz com que o HCV mova-se mais rápido pelo corpo, o que resulta num desenvolvimento mais veloz de cirrose e doenças hepáticas terminais. De acordo com o Departamento de Programas e Medidas contra a Aids de Los Angeles, é possível contrair o HCV ao compartilhar seringas infectadas, compartilhar itens pessoais que podem ter entrado em contato com o sangue (por exemplo, lâminas de barbear, cortadores de unha, escovas de dente, ou monitores de glicose); por meio de equipamentos para fazer tatuagens ou piercings não esterilizados; ou por sexo sem preservativo com alguém que tem HCV. Sexo mais agressivo, sexo com vários parceiros, ou ter outras doenças sexualmente transmissíveis ou HIV parecem aumentar os riscos de alguém de ter hepatite C. A boa notícia: apesar de não haver vacina contra hepatite C, há agora novos tratamentos bem-sucedidos para o HCV, então mesmo que você já tenha feito algum tipo de tratamento que não deu certo, há novas opções que podem funcionar. Converse o quanto antes com seu médico.
  7. Ser soropositivo também quer dizer que eu tenho Aids? De forma alguma. Confundir HIV com Aids ou usar os termos sem fazer qualquer distinção é um dos erros mais comuns que as pessoas, e até veículos de mídia, fazem. Em países como o Brasil e os Estados Unidos, a maioria das pessoas que vivem com HIV jamais desenvolverão Aids, um dos estágios mais avançados da doença do HIV. HIV é o vírus que causa a Aids, mas, para a maioria das pessoas, o tratamento adequado e cuidados médicos regulares manterão seu sistema imunológico forte o suficiente para impedir que jamais se desenvolva Aids. Um teste positivo para o HIV significa apenas isso: você tem HIV. Aids depende de um diagnóstico separado, e muitos clínicos estão deixando de usar esse termo e adotando o termo “HIV em estágio 3”, mais descritivo.
  8. Eu vou morrer? Sim, mas provavelmente não tão cedo, e não por causa do HIV. A verdade é que, com tratamento, as pessoas podem viver uma vida tão longa e tão saudável quanto as pessoas sem HIV. É mais fácil morrer num acidente de carro do que de HIV. Sempre é possível que hajam complicações, assim como com qualquer outra doença crônica (como diabetes, por exemplo), e você estará sujeito às mesmas condições médicas que afetam todas as pessoas. Há indícios de que condições associadas ao envelhecimento (como osteoporose) podem se tornar um problema mais cedo para pessoas com HIV, por causa do impacto a longo prazo dos medicamentos antirretrovirais que você precisa tomar. Mas, de novo, desde que você continue a se tratar, você vai continuar a viver uma vida longa e saudável, com HIV.
  9. Quando devo começar o tratamento? Já. Idealmente você deveria começar o tratamento o quanto antes, de preferência no dia em que você receber o resultado positivo. Já foi demonstrado que o tratamento precoce oferece vantagens a longo prazo. Mesmo se você não apresentar sintomas, se sua infecção não for contida ela pode afetar seu sistema imunológico. Os cientistas consideram que, quanto mais tempo você seguir sem tratamento antirretroviral, maior se torna o reservatório de HIV oculto em seu corpo. Quanto antes você iniciar o tratamento, mais cedo você vai reduzir sua carga viral e vai alcançar uma carga viral indetectável, quando é praticamente impossível se transmitir HIV para um parceiro. Então trate de obter sua receita médica e começar a tomar seus medicamentos o quanto antes.
  10. Eu tenho que tomar os remédios antirretrovirais todos os dias? Para sempre? Sim, e não. Tomar seus remédios religiosamente é da maior importância, e um estudo de 2015 demonstra que é apenas começando o tratamento o quanto antes e tomando o medicamento continuamente que se tem as melhores esperanças de se alcançar níveis quase normais de células CD4 e CD8. Quanto mais próximo do normal, mais células que combatem o HIV você terá para mantê-lo bem e lhe dar a mesma saúde e longevidade de alguém que não tem HIV. Esses benefícios para a saúde não devem ser ignorados. No entanto, médicos e companhias farmacêuticas estão cientes de que tomar um remédio todos os dias não é fácil, e novas opções estão por vir. No início desse ano, comprovou-se que uma injeção quinzenal de antirretrovirais é tão eficaz quanto um comprimido diário (essa opção ainda deve demorar um ano ou dois para estar disponível para o público em geral). Então, sim, você tem que tomar seus remédios todos os dias (faça de conta que é como ir para a academia ou tomar vitaminas), mas seu tratamento provavelmente não será tomar um comprimido todos os dias o resto da vida.
  11. Tornar-me soropositivo quer dizer que eu tenho que parar de fazer sexo? De jeito nenhum. Pelo contrário, a maioria dos médicos vão recomendar que você continue mantendo uma vida sexual saudável. Os orgasmos podem ser drogas maravilhosas por si só: eles melhoram o sono, aumentam seus níveis de imunoglobulina (que combate infecções), e reduzem o estresse, a solidão e a depressão. Ser soropositivo, no entanto, quer dizer sim que você tem que proteger a si mesmo e seus parceiros.
  12. Como eu protejo meus parceiros sexuais? Há várias maneiras de se proteger e proteger seu parceiro, incluindo comunicar honestamente seu status e os riscos, usar preservativos o tempo todo, ter um parceiro que faz PrEP (quando ela estiver disponível no Brasil), manter sua carga viral indetectável, e até escolher o lubrificante correto (evite dois ingredientes: o poliquaternium e poliquaternium-15, polímeros que aumentam o risco de transmissão do HIV).
  13. O que é “tratamento como prevenção”? Os medicamentos para o HIV reduzem a quantidade de vírus no sangue de uma pessoa soropositiva. O objetivo é reduzir sua carga viral a níveis tão baixos que ela é consideradaindetectável. Estudos em grande escala feitos com casais sorodiscordantes homossexuais e heterossexuais já demonstraram repetidas vezes que, quando a carga viral da pessoa soropositiva é indetectável, o risco de transmissão cai para menos de 5% (mesmo sem o uso de preservativos). Quando você se torna mais saudável você reduz a possibilidade de transmitir HIV. Se todos que têm HIV estivessem em tratamento, nós poderíamos evitar uma porcentagem grande dos novos casos.
  14. O que é PrEP? PrEP é a sigla para profilaxia pré-exposição. Se você já parou para ler a embalagem do preservativo, você provavelmente já está familiarizado com o termo profilaxia, que significa um tipo de ação para evitar uma doença. No momento o Truvada é a única droga que foi aprovada para que se faça PrEP – basicamente, um comprimido diário para evitar o HIV – mas outros remédios estão para serem lançados.
  15. Eu vou ter que usar preservativo para o resto da vida? Não. Há maneiras de se fazer sexo sem preservativo com baixo risco de infecção, especialmente se a sua carga viral estiver indetectável e se seu parceiro estiver fazendo PrEP. Jeremiah Johnson, coordenador de políticas e pesquisas de prevenção do HIV para o Treatment Action Group, aponta dois estudos, o HPTN 052 e o estudo PARTNER. Nenhum dos dois descobriu quaisquer novas infecções quando a carga viral do parceiro soropositivo estava indetectável. Outro estudo pioneiro, o Kaiser em San Francisco, acompanhou casais sorodiscordantes por vários anos e não encontrou um único caso de transmissão de HIV quando o parceiro soronegativo estava fazendo PrEP.
  16. Quer dizer que eu posso me livrar das camisinhas? Provavelmente não (a não ser que elas estejam vencidas). Mesmo se você e seus parceiros sexuais estiverem convencidos de que a proteção extra é desnecessária para evitar a transmissão do HIV, há meia dúzia de outras doenças sexualmente transmissíveis que você pode evitar se utilizar preservativo. Lembre-se, o mundo está cheio de gente que tem DSTs e nem sabe. Pegar gonorreia ou sífilis pode causar problemas sérios de saúde. Em 2015 houve um surto de sífilis ocular nos EUA entre homens na maioria soropositivos, deixando vários deles cegos. Ter HIV não impede que você pegue outras doenças (ou mesmo uma outra linhagem de HIV). Pelo contrário, ele pode torná-lo mais suscetível a essas doenças.
  17. E o sexo oral? Depois que Danny Pintauro, ex-astro de TV, veio a público dizendo que foi infectado com HIV por sexo oral, muitos alarmistas soltaram o verbo sobre os riscos dessa prática. O que a mídia deixou de mencionar é que o corpo de Pintauro já estava destruído pelo uso de drogas, e ele tinha feridas abertas em sua boca na época. Jeremiah Johnson explica, “Em 2014, o Centers for Desease Control and Prevention, o departamento de saúde pública dos EUA, conduziu uma avaliação sistemática da pesquisa existente para estimar o risco de se contrair HIV de cada ato sexual em particular. Eles chegaram à conclusão de que o risco de se contrair HIV ao se fazer sexo oral é baixo, referindo-se a um estudo espanhol realizado com casais heterossexuais sorodiscordantes ao longo de 10 anos, em que nenhuma nova infecção aconteceu depois de 9 mil atos de sexo oral”. (Em comparação, o CDC estimou que ser o passivo no sexo anal sem preservativo apresenta um risco de 138 para cada dez mil exposições). Se o HIV não foi transmitido depois de 9 mil boquetes, considera-se que o ato é muito seguro. Quando a ejaculação acontece durante a felação, o risco de transmitir HIV aumenta; o risco baixa para quase zero se você tirar o pau da boca antes de gozar. Chupar buceta de uma mulher soropositiva apresenta um risco baixíssimo de transmissão, desde que ela não esteja menstruando.
  18. Eu ainda posso ter filhos? Sim. Há medicações que reduzem o risco de transmissão de mãe para filho durante a gravidez e o parto para menos de 1%. No caso de doação de esperma, o HIV é retirado do material coletado antes da inseminação. A principal diferença para os casais é que será necessário encontrar um especialista que sabe lidar com HIV, fertilidade e inseminação. A PrEP também vem sendo recomendada nos países em que ela está disponível para a população em geral para evitar a contaminação entre casais que estão tentando gerar filhos. Se você deseja adotar crianças, há medidas que garantem que não haverá discriminação contra soropositivos no processo de adoção.
  19. O que eu preciso revelar para profissionais de saúde que vão realizar serviços não-cirúrgicos? Todos os profissionais de saúde seguem “precauções universais” para evitar a transmissão de doenças pelo sangue, como o HIV e a hepatite C, explica o dr. Robert J. Frascino, fundador da Robert James Frascino AIDS Foundation e consultor do site TheBody.com. Frascino recomenda revelar seu status sorológico para seu dentista, no entanto, para que ele ou ela possa ficar alerta para problemas em sua boca decorrentes do HIV. “Os profissionais de saúde, dentre eles os dentistas, são treinados para prestar mais atenção em certos problemas se eles sabem que você tem certas questões de saúde, sejam elas diabetes, câncer, HIV etc”, afirma. “Por que não contar para seu dentista? Se você acha que seria discriminado por seu dentista porque é soropositivo, você não deveria sequer frequentar esse consultório, certo? Ser soropositivo não é razão para se ter vergonha. É doença como tantas outras, transmitida por vírus.” O mesmo vale para outros profissionais de saúde: você não é obrigado a contar, mas é do seu interesse, e da sua saúde, abrir o jogo.
  20. Ser soropositivo pode afetar a possibilidade de eu fazer a cirurgia de adequação de sexo, cirurgias plásticas, ou cirurgia bariátrica? Não. Havia temores de que essas cirurgias apresentavam riscos maiores para soropositivos, mas um estudo publicado em 2006 pelo The Journal of the American Medical Association comparou os dados para cirurgias de pacientes soropositivos e pacientes soronegativos, e descobriu que os dois grupos apresentavam os mesmos níveis de complicações decorrentes de cirurgias. Além disso, hoje os profissionais de saúde têm mais conhecimento sobre o HIV que no passado, e o medo dos pacientes soropositivos praticamente desapareceu. Pode dar mais trabalho, no entanto, encontrar um cirurgião que já tenha trabalhado com pacientes soropositivos, ou, se você for transgênero, um médico que possa trabalhar em conjunto com seu especialista para HIV e seu cirurgião para a adequação de sexo.
  21. E quanto aos tratamentos hormonais para pessoas transgênero (ou mulheres depois da menopausa)? A medicação para o HIV interfere com os níveis de estrogênio ou testosterona? De acordo com o Well Project, alguns estudos demonstraram que tanto o próprio vírus HIV como as medicações para tratá-lo afetam os níveis hormonais. Dito isso, há tratamentos contra o HIV que não vão interferir com seu tratamento hormonal. Busque encontrar juntamente com seu médico o tratamento médico adequado para controlar seu HIV, manter seus hormônios, e permitir que você viva com seu gênero autêntico.
  22. Eu preciso encontrar um médico especial para meus problemas relacionados ao HIV? Sim. É importante que você encontre um profissional de saúde especializado em atender pacientes com HIV o quanto antes. Muitas vezes o próprio local onde você recebeu seu diagnóstico vai recomendar alguém, ou você pode pedir uma indicação para seu médico de confiança. Encontrar um especialista em HIV que se encaixe as suas necessidades é um passo importantíssimo depois que se recebe o diagnóstico. Essa pessoa, literalmente, pode salvar sua vida.
  23. Como posso encontrar os centros de apoio mais próximos? O site para o Departamento de DSTs, Aids e Hepatites Virais oferece uma lista com centros de atendimento para todo o Brasil (clique aqui). Há vários grupos de apoio espalhados pelo país, como o grupo Pela Vidda e o grupo VHIVER.
  24. Se eu estiver sangrando por alguma razão, eu preciso me preocupar pelas pessoas que vão me ajudar? Isso depende muito da situação, mas em geral a resposta é não. É muito raro que o HIV seja transmitido entre os membros de uma família (excluindo-se pelo sexo e pelo compartilhamento de seringas, claro). Se, por exemplo, você se machucar praticando esportes, é “extremamente improvável que aconteça a transmissão de HIV”, de acordo com o Centro Médico da Universidade de Rochester. “O contato externo com o sangue que pode ocorrer por causa de um ferimento durante a prática de esportes é muito diferente da injeção direta de sangue na corrente sanguínea que ocorre quando se compartilha seringas”. O mesmo vale para um band-aid ensanguentado ou um nariz sangrando ou um dedo cortado, afirma Lisa B. Hightow Weidman, médica e professora associada no Departamente de Doenças Infecciosas da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, e consultora para o site TheBody.com. “Não há risco de se contrair HIV por meio de sangue que está fora do corpo humano. Mesmo se [a pessoa que está sangrando] estiver infectada, o vírus começa a morrer assim que ele deixa o corpo, e torna-se incapaz de infeccionar pessoas.” Uma ressalva: se você se envolver num acidente grave, os paramédicos que vão socorrê-lo provavelmente já estarão utilizando precauções, mas é sempre bom avisá-los que você é soropositivo.
  25. O que eu respondo quando as pessoas me perguntarem “Fazer tal coisa passa HIV?” Comece dizendo como não se transmite HIV, pois há mitos que são difíceis de destruir. Como o vírus não sobrevive fora do corpo, não é possível adquiri-lo pelos assentos das privadas, ou por talheres ou copos compartilhados. Não se pega HIV pelo beijando ou cuspindo, já que ele não está presente na saliva. Ele também não é transmitido pelo suor ou pela urina. Não dá pra pegar HIV na piscina, na jacuzzi, na sauna, nem por mordidas de mosquitos ou outros animais, nem por meio de tatuagens ou piercings. Há apenas quatro secreções que têm o vírus HIV em concentração alta o suficiente  para infectar outra pessoa: o sangue, o sêmen, fluidos vaginais, e leite materno. De acordo com o CDC, a transmissão pelo HIV só acontece se uma mucosa ou um tecido danificado de uma pessoa entrar em contato com um desses fluídos, ou se eles forem injetados diretamente na corrente sanguínea.
  26. Há uma cura para o HIV? Não. Até hoje houve apenas um paciente “curado” do HIV que continuou a viver sem o vírus por mais de dez anos:Timothy Brown, também conhecido como o “paciente de Berlim”. Ele foi curado graças a um transplante de medula óssea que recebeu como parte de um tratamento contra o câncer. Desde esse caso, várias outras pessoas afirmaram terem-se curado, mas esses casos não sobreviveram a análises mais cuidadosas ou ao passar do tempo, pois o vírus reapareceu em pacientes que consideravam-se curados. Como explica David Margolis, chefe do Colaboratório de Pesquisadores da Aids para a Erradicação, “Timothy Brown provavelmente foi curado, e isso é maravilhoso. Mas há quase 80 milhões de outras pessoas que foram infectadas em todo o mundo no último século. Ou seja, um em 80 milhões é uma probabilidade bem ruim. Esse caso significa que, sim, a cura é possível. Mas eu tenho que gerenciar as expectativas e transmitir a realidade a respeito de toda essa expedição pela cura, que é: ela não vai acontecer logo.”
  27. Já faz mais de 30 anos, por que é que não existe cura ainda? A dra. Rowena Johnston, vice-presidente e diretora de pesquisa da amfAR, explica que há vários obstáculos no caminho da cura do HIV, e quase todos eles envolvem “reservatórios”, concentrações do vírus que persistem em tecidos e órgãos mesmo depois que a carga viral de uma pessoa soropositiva tornou-se indetectável. A terapia antirretroviral ajuda a conter os novos vírus que essas células infectadas podem vir a produzir, mas as instruções para se produzir cópias do HIV permanecem no DNA da célula infectada. Se o tratamento for interrompido, nada vai impedir que essas novas cópias sejam produzidas, e elas se multiplicarão rapidamente. Portanto, para curar o HIV, devemos primeiro encontrar esses reservatórios. “Encontrar todos os lugares no corpo onde o HIV se esconde é como procurar uma agulha num palheiro. Certas partes do corpo – como o cérebro ou o tronco – podem abrigar reservatórios do HIV. Certos tipos de célular, dentre elas células do sistema imunológico que podem ser encontradas em todo o corpo e não se limitam a uma só parte, também podem ser reservatórios. Nós não vamos conseguir erradicar ou neutralizar esses vírus latentes a não ser que nós consigamos descobrir exatamente onde todas suas cópias estão”.
  28. O que falta para se conseguir uma cura? Jerry Zach, médico da Escola de Medicina David Geffen da UCLA, explica que o HIV parece ser capaz de “hibernar” nesses reservatórios, e, como ele não está se reproduzindo, os médicos não têm como detectá-lo ou tratá-lo. Para eliminar o vírus, os médicos precisam encontrar maneiras de ativar esses reservatórios e torná-los visíveis para os tratamentos com terapias antirretrovirais. Seja o que for que venha a ser usado para “ativar” esses reservatórios, não pode deixar doentes os pacientes com carga viral indetectável. Quando for possível “enxergar” o vírus, Zach acredita que o próximo passo será desenvolver tratamentos que eliminem essas célular infectadas e remova as fontes de HIV do corpo. Ele acredita que isso levará à “erradicação da infecção”, mas exemplos da vida real, como o bebê de Mississippi, sugerem que mesmo níveis baixos do vírus podem ganhar força posteriormente e recomeçar a infecção. O bebê de Mississippi é uma menina que nasceu soropositiva, mas começou o tratamento com antirretrovirais imediatamente depois do parto. Depois de 18 meses sua mãe deixou de levá-la nas consultas. Quando ela retornou, vários meses depois, a garota continuava com a carga viral indetectável, levando muitos a acreditar que ela estava curada. Quando ela completou quatro anos, no entanto, o vírus voltou a aparecer em seu organismo. Qualquer cura para o HIV, explica Zach, precisa, portanto, oferecer algum tipo de “proteção extra”, algo que permaneça no organismo para eliminar os vírus caso ainda haja algum reservatório escondido no corpo, esperando para atacar. Vários pesquisadores estão trabalhando em diversos aspectos do tratamento, e a cada ano novas descobertas nos aproximam mais um pouco da cura.

APPS: 5 COISAS QUE NENHUM GAY DEVE POR EM SEU PERFIL SE NÃO QUISER SER BABACA

gay-app

Quando os aplicativos de pegação (ok, “de paquera”) surgiram, anos atrás, eles eram vistos como algo meio clandestino que todo mundo usava, mas ninguém admitia. Ser reconhecido na galeria de thumbnails era uma vergonha – colocar a foto de rosto no perfil era apenas para os mais valentes. Hoje os apps já se tornaram parte de nossa cultura, tanto que até os héteros conversam abertamente sobre suas experiências na “paquera” no mobile. Já contamos com a sabedoria de anos para destilar maneiras de declarar o que buscamos quando buscamos alguém sem fazer uso da babaquice que até há pouco era considerada “normal”. Confira a seguir como manter seu perfil livre de preconceitos. Seu carma vai melhorar – e, certamente, sua cama também.

1. Qualquer referência sobre estar “limpo”

Aqui, é claro, não se trata do fato de que você tomou banho e está cheirosinho, mas que você considera que o fato de ser soronegativo significa que você está “limpo”.
Mandar a mensagem de que você considera que pessoas soropositivas são “sujas”, pra começar, é uma das piores maneiras de estigmatizar quem tem HIV. Além disso, você vai irritar desnecessariamente quaisquer soropositivos que leiam o seu perfil, e vai deixar bem claro que você é um idiota desinformado.
Se você realmente não quer entrar em qualquer tipo de relacionamento com alguém que tem HIV – apesar do fato de que você tem mais chances de contrair o vírus de alguém que não conhece seu status sorológico do que de alguém que sabe que é soropositivo, toma seus medicamentos e tem uma carga viral indetectável – você pode descobrir uma maneira de expressar isso sem usar a palavra “limpo”.

2. Uma foto de rosto que esconde o rosto

Certo, todo mundo quer ver uma foto de rosto, mas você não quer se expor. Então você coloca uma foto de boné e óculos escuros enormes e fica se achando o espertão.
“Ninguém vai poder reclamar que eu não tenho uma foto de rosto no perfil, certo?”
Errado. Há uma razão por que as pessoas querem ver uma foto de rosto: elas querem saber como você é. Fazer esse esforço todo para disfarçar a própria aparência frustra os outros usuários.
Se você realmente não quer colocar uma foto de rosto no perfil, é de bom tom mandar uma em sua primeira mensagem para alguém.

3. “Não curto negros/asiáticos/etc”

“Mas é só questão de gosto!”, já estou ouvindo você gritar.
Tá, então você tem uma preferência e você não quer que pessoas que estão fora dessa caixinha entrem em contato com você. Agora, se prepare para descobrir uma coisa sobre “preferências”: elas podem mudar.
Sério mesmo.
Só porque você nunca encontrou alguém de uma certa raça/etnia que tenha te dado tesão, não quer dizer que isso nunca vai acontecer. Você está se limitando. E se você está em busca do amor – ou de sexo – você não quer limitar suas opções. Acredite em mim.
Além disso, se você nunca foi o alvo de uma dessas frases que dizem “nem entre em contato por causa da cor da sua pele” (que é o que você está dizendo, na real), você talvez não perceba como esse tipo de declaração pode ser devastadora. O que nos leva ao próximo item…

4. “Não curto gordos, nem afeminados”

De novo, você pode dizer que é só uma questão de gosto, mas isso pode ser um golpe forte na autoestima de quem lê esse tipo de frase.
Primeiro, assim você está reforçando estereótipos binários de gênero (quem você pensa que é para dizer como um homem deveria se comportar?). Depois, você está tentando envergonhar outros caras por causa de seu corpo, como se eles já não estivessem conscientes de seu peso. Por último, você está projetando todo um carão virtual. Meu caro, ser a bicha que faz carão não é algo a se almejar.
E já que estamos falando sobre isso, se você não sabe bem como expressar sua falta de interesse de maneira educada, você pode se interessar em uma pesquisa que o site Gay Star News realizou. Eles perguntaram como as pessoas gostariam que alguém respondesse ao receber um elogio de alguém por quem não têm interesse.
O resultado? 55% das pessoas que responderam afirmaram que um simples “obrigado”, sem nenhuma resposta extra, é o suficiente para se compreender que o outro não está afim.
Quase 18% das pessoas que responderam à pesquisa disseram que até preferem não receber resposta nenhuma ou serem bloqueados, pois assim não desperdiçam tempo com conversa à toa. O resto afirmou que esperavam que esse elogio virtual talvez ainda levasse a algum tipo de conversa, na esperança de se desenvolver uma amizade.
Resumindo, não há como agradar a todos, mas responder apenas um “obrigado” e deixar quieto é reconhecido pela maioria dos caras como “ele não está afim de você”.

5. Idade falsa

Não minta sobre sua idade. Na real, não minta, ponto final. Se você está com medo de ser rejeitado por causa da sua idade, é melhor omiti-la do seu perfil. Decidir mentir sobre a idade pode a) acabar sendo um tiro no pé, se o homem dos seus sonhos curtir homens mais velhos, e b) levar a uma conversa bastante constrangedora mais pra frente, se você conhecer alguém, as coisas engrenarem, e daí você tiver que contar num encontro posterior que você mentiu.
P.s.: Omitir sua idade em seu perfil e usar uma foto que foi tirada anos atrás também conta como fraude virtual.

Bônus: “Tenha noção”

Um cara que escreve em seu perfil “tenha noção” é escroto. Ponto. Jura que você se acha tão a última bolacha do pacote que ninguém que é tão sarado/lindo/maravilhoso/esplendoroso/divino quanto você deveria sequer se atrever a dizer um oi?

E o que eu escrevo no meu perfil, então?

Seja sincero; projete uma personalidade positiva, ao invés de ser negativo ou homofóbico contra outros gays; e esteja preparado para se revelar.

Prefeitura de São Paulo publica edital de seleção para projetos de HIV/aids


O Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo lançou, nessa quarta-feira (30), edital para seleção de projetos a serem desenvolvidos por OSC (Organizações da Sociedade Civil), sem fins lucrativos e de interesse público. O objetivo é a realização de ações de prevenção às DST/HIV/aids, de ampliação do diagnóstico do HIV e da disponibilização de preservativos para populações-chave.



Médicos realizam o primeiro transplante de fígado entre soropositivos, nos EUA


Uma equipe multidisciplinar da Universidade Johns Hopkins traz nova esperança para pacientes portadores do vírus HIV que aguardam em filas de transplantes. Pela primeira vez no mundo, eles realizaram um transplante de fígado entre soropositivos e, pela primeira vez nos Estados Unidos,  um transplante de rim no mesmo cenário.
“Esse é um dia inacreditavelmente excitante para nosso hospital e nossa equipe, mas ainda mais importante para pacientes que vivem com HIV e doenças terminais em órgãos”,  disse Dorry L. Segev, professor de cirurgia na Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins.  "Para esses indivíduos, isso pode significar uma nova chance na vida"
O transplante entre doadores e receptores com HIV só foi possível após alteração na legislação americana que proibia o uso de órgãos de doadores soropositivos, mesmo para receptores portadores do vírus que precisavam urgentemente de transplante. A mudança só aconteceu em 2013, após resultados positivos de receptores portadores do HIV que receberam órgãos de doadores não portadores e do sucesso de um transplante de rim entre soropositivos realizado na África do Sul.
Estimativas apontam que 122 mil pessoas esperam por doações de órgãos nos EUA. Milhares morrem todos os anos, sendo que muitos poderiam ser salvos se conseguissem os órgãos que precisavam. E segundo estimativas de Segev, morrem a cada ano entre 500 e 600 soropositivos que poderiam ser doadores. Esses órgãos poderiam salvar mais de mil pessoas se a comunidade médica os aceitasse para transplantes.
“O transplante de órgãos é crítico para pacientes com HIV, que morrem na fila de espera ainda mais rapidamente que os pacientes não portadores do vírus”,  disse Segev. “Nós agradecemos ao Congresso, ao presidente e à toda comunidade de transplantes por nos permitir usar órgãos de pacientes soropositivos para salvar vidas em vez de jogá-los fora, o que fizemos por tantos anos.”

Saiba mais

Casa na Tailândia acolhe crianças com aids e tenta eliminar estigmas


Na pequena cidade de Lopburi, no sul da Tailândia, o Baan Dek Thammarak, que significa literalmente Lar das Crianças, acolhe meninos e meninas com HIV/aids e tem uma missão muito clara: acabar com o estigma social e oferecer a eles um futuro melhor.
A história começou em 1992, quando a Thammarak Foundation - liderada pelo monge Phra Alongkot Dikkapanyo - ergueu esta casa como alternativa de vida para crianças que contraíam HIV ou que perdiam os pais para a doença e ficaram órfãs.
O enorme complexo branco, situado no meio do nada, é limpo e organizado. Lá, o vozerio das crianças é logo ouvido. Elas disputam uma partida de 'takraw', algo parecido com futevôlei, que é jogado com uma pequena bola de vime trançado.
Em um banco de madeira, embaixo do sol, está Bell, uma menina de 11 anos que desenha em seu caderno um enorme coração com chifres, mãos, pernas e rabo. "Eu quero ser artista", disse determinada.
Fora do campo de takraw o silêncio reina, enquanto algumas crianças varrem cuidadosamente o chão repleto de folhas secas e outros entram e saem dos quartos comuns, divididos por sexo e faixa etária.
"Este é um lugar confortável", comentou o pequeno Nam, de nove anos, que mais parece um senhor no corpo de um menino.
O Baan Dek Thammarak se sustenta com doações privadas, administradas através do templo Wat Phra Baht Nam Phu, vinculado à Thammarak Foundation, e recebe do governo os medicamentos para tratar às crianças, gratuitos para os portadores do vírus em todo o país, exceto para os estrangeiros.
De segunda a sexta, 54 crianças seguem uma rotina muito regrada, marcada pelo exercício físico, a ingestão - duas vezes ao dia - da medicação correta e a divisão de tarefas domésticas. A formação acadêmica é outro dos pilares fundamentais sobre o qual se baseia este projeto, que inclui a disciplina de educação sexual para todas as crianças a partir dos 12 anos.
"É fundamental dar consciência a elas sobre a importância da prevenção no sexo. Isso é importante para qualquer adolescente e mais importante ainda se você é portador do vírus", explicou o responsável pelo local, Chalard Supa, em entrevista à Agência Efe no jardim do orfanato.
Ele é um dos jovens de origem humilde que teve os estudos financiados pela fundação e que depois ganhou a oportunidade de trabalhar na casa.
"No começo, tinha muito medo de me contagiar também, mas aos poucos me dei conta de que tratávamos de crianças normais e senti a necessidade de ajudar. Então aceitei o cargo", relatou.
Supa contou que depois que a criança entra no Baan Dek Thammarak ela não costuma voltar a ver seus parentes.
"Para estas crianças, nós (os voluntários) somos sua família. Geralmente, quando chegam aqui - trazidas por ONGs, ou por algum funcionário do governo - não voltam a saber nada de seus familiares", declarou.
Já se passaram 31 anos desde a descoberta do primeiro caso de aids na Tailândia, em 1984. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a Tailândia é um dos países da região que mais conquistas atingiu na luta contra o vírus desde então, onde apenas 2,5% dos 400 mil infectados em 2015 foram crianças menores de 15 anos.
No entanto, dos mais de quatro milhões de pacientes com aids no continente durante 2012, a Tailândia ocupava o terceiro lugar, com 450 mil afetados, atrás apenas de China (780 mil) e Indonésia (610 mil), segundo os últimos dados oficiais da Organização das Nações Unidas para a Aids (Unaids) em 2013.
O mesmo relatório assegura que mais de 90% das pessoas com aids no mundo todo estão em 12 países da região Ásia-Pacífico: Camboja, China, Índia, Indonésia, Malásia, Mianmar, Nepal, Paquistão, Papua Nova Guiné, Filipinas, Tailândia e Vietnã.

GIV encerra o Mês da Mulher com exposição sobre automaquiagem


Voluntariamente, os maquiadores Lennon Oliver e Caroline Mendes, junto com os assistentes Alex Souza e Adriana Kanashiro, dedicaram uma noite para ensinar as mulheres a se maquiarem, conhecerem novos produtos e ressaltarem sua beleza. “Pensamos na oficina de maquiagem para elas se sentirem bonitas e valorizadas. Todas ficaram muito empolgadas com a ideia de se olharem nas fotos,” contou Andrea, coordenadora do grupo de jovens do GIV.
Ter esse momento de beleza e de se olhar por todos os ângulos, para Silvia Almeida [foto à esquerda], que coordena o Toque de Mulher, está diretamente ligado ao empoderamento da mulher. “Especialmente para a mulher soropositiva, se amar, se embelezar, se curtir e se entender ajuda a descaracterizar que sexo é feio, que ela se infectou por uma doença moral, julgável”, disse.

Da medicação à lipodistrofia

Segundo Silvia, o Toque de Mulher é uma das atividades mais antigas do GIV. Para ela, ter um momento para pensar na beleza é um ganho que merece ser celebrado: “Agora, a gente está vivendo um momento muito especial, pois já enfrentamos a falta de remédio [no inicio da epidemia]. Lutamos e conquistamos o nosso espaço dentro do próprio movimento de aids. Brigamos muito, passamos por várias fases difíceis, da medicação à lipodistrofia. Agora, podemos ter esses momentos de autoestima e empoderamento”, observou.
“Eu vou além,” continuou Andrea [foto à esquerda]. “Essas ações também servem para tirar a mulher do papel de vítima. É ela se sentido mulher e bonita, podendo ter filhos sem ser julgada. Antes, a mulher com HIV engravidava e todo mundo julgava. Hoje, graças às medicações, é possível ter um filho sem passar para ele o vírus.”
A advogada Fernanda Nigro [foto à esquerdamais abaixo] viu, em cada uma delas, uma nova mulher. “A gente percebe nas fotos que aquela vulnerabilidade que elas apresentam nas reuniões se desfaz pelo simples fato de passarem um batom, olhar no espelho e se gostarem. Isso não quer dizer que precisamos maquiar os nossos problemas, mas, às vezes, um batonzinho faz diferença. Elas começam a se olhar com a possibilidade de continuarem sendo bonitas, sensuais e donas de suas vidas”,  disse Fernanda.
Todas essas possibilidades motivaram o fotógrafo Diego Barrante a participar da ação. “Por conta dos estigmas voltados às pessoas que vivem com HIV, sei que isso mexe muito com a autoestima. Então, registrar o dia em que, dentro da concepção delas, elas ficariam ainda mais bonitas me motivou. Eu gosto muito da espontaneidade. Não pedi para elas posarem. Enquanto elas faziam a oficina, era muito legal vê-las se olhando e rindo ao tentarem usar o pincel, a reação delas era muito bonita.”

Feliz e única

Uma das mulheres que participou da oficina, Marcia Valentin  [foto à direita, abaixo], frequentadora do Toque de Mulher há cerca de 15 anos, adorou a experiência. Ao se olhar no espelho, ela diz ter visto ali toda a vida que levou. “Me senti feliz e realizada. Ao sair na rua, a sensação era de que  todo o mundo estava me olhando e me admirando. Eu me senti única,” disse Marcia. 
Marcia descobriu sua sorologia durante o pré-natal de sua segunda filha, em 1996. Desesperada, com medo da morte, de infectar o bebê e deixá-la sem mãe, precisou ainda lidar com o fato de como contar para o marido. “Quando eu contei, ele sumiu por dois meses, depois voltou e ficamos bem. Eu fiquei dias sem saber o que fazer, até que conheci minha médica e comecei a aprender sobre a doença,” lembrou.
Pouco depois do diagnóstico, Marcia conheceu o GIV. A necessidade de saber mais sobre a aids para ensinar as filhas a levou até a ONG. Hoje, 18 anos após a infecção, ela começou a falar abertamente de seu estado sorológico. “A minha maior preocupação sempre foi com as minhas filhas, com a forma com que seriam tratadas. Então, para mim, esse é o momento certo, pois tenho o controle da minha vida. Me separei, aprendi a ser mais forte, confiante e a arregaçar as mangas. Aos 48 anos, eu comecei a viver,” disse Marcia.
Fotos: DI/ (Diego Barrante)

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