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quarta-feira, 31 de agosto de 2016
OMS apresenta novas diretrizes para tratamento da clamídia, gonorreia e sífilis
A Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentou nesta terça-feira (30) novas diretrizes para tratar clamídia, gonorreia e sífilis, perante o aumento dos casos de resistência dessas doenças aos antibióticos.
Estima-se que anualmente, 131 milhões de pessoas se infectem com clamídia, 78 milhões com gonorreia, e 5,6 milhões com a sífilis. As três são causadas por uma bactéria e, normalmente, deveriam ser tratadas com antibióticos.
No entanto, segundo a agência EFE, o mau uso e o abuso de antibióticos, fez o corpo criar resistência a estes medicamentos e agora estas doenças não podem mais ser curadas corretamente apenas com isso.
Nos últimos anos, pesquisadores detectaram resistência aos fármacos em casos envolvendo as três doenças, mas especialmente a gonorreia.
Quando não são tratadas, essas doenças podem gerar complicações graves para as mulheres, como gravidez ectópica (nas trompas de falópio), abortos e bebês natimortos.
Segundo estimativas da ONU, a transmissão da sífilis de mãe para filho provocou em 2012 143 mil abortos ou nascimentos de crianças mortas, 44 mil nascimentos de prematuros; e 62 mil mortes prematuras de bebês.
A gonorreia e a clamídia podem causar infertilidade tanto em homens quanto em mulheres se não for curada. As três infecções aumentam de duas a três vezes o risco de contrair o HIV e pode ter inclusive consequências mais graves como a infecção chegar ao cérebro ou ao coração e causar a morte.
"O mais importante é tentar parar o crescimento das resistências e isso é feito prescrevendo o tratamento correto e usando como o prescrito, por isso a responsabilidade é dupla, do médico e do paciente", disse em entrevista coletiva a médica Teodora Elvira Wi, especialista da OMS no tema.
Perante esta situação, a OMS recomenda que, no caso da gonorreia, os países façam um estudo nacional para saber qual é a taxa de resistência de cada antibiótico e prescrevam o que menor tenha.
A respeito da sífilis, a OMS sugere apenas uma dose de penicilina benzatina, um antibiótico injetável. A clamídia, a menos resistente aos antibióticos por enquanto, a orientação é de que continue sendo usado a azitromicina.
Em meio a todo o debate, a OMS destacou que o método mais seguro e efetivo para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis ainda é o uso do preservativo de forma regular.
Fonte : EFE
"Folha de S. Paulo" traz editorial sobre equidade na saúde
O jornal "Folha de S.Paulo" traz nesta quarta-feira (31), editorial sobre equidade na saúde e ressarcimento do SUS (Sistema Único de Saúde) pelos planos privados. O jornal destaca que o governo encontrar dificuldades para efetivar o ressarcimento. Segundo a Folha, "cerca de 30% dos planos de saúde, mesmo quando cobrados a ressarcir o SUS por atendimentos prestados a segurados, como determina a legislação, devolveram valores irrisórios, inferiores a 1% da dívida." Leia a seguir:
Cerca de 30% dos planos de saúde, mesmo quando cobrados a ressarcir o SUS por atendimentos prestados a segurados, como determina a legislação,devolveram valores irrisórios, inferiores a 1% da dívida. A proporção das operadoras que cumpriram integralmente com suas obrigações é menor: 24%.
Permanece imensa a dificuldade que o Estado encontra para efetivar o ressarcimento. Um dos motivos é que o tema ainda está envolto em controvérsias jurídicas. As empresas entendem que várias das cobranças são ilegais e recorrem tanto na esfera administrativa como na judicial para não pagar.
Pelos cálculos da ANS, agência reguladora de saúde suplementar encarregada da cobrança, o total de reembolsos identificados desde 2001 chega a R$ 5,5 bilhões, dos quais 80% sofreram algum tipo de contestação pelas empresas. Do total de impugnações, 28% foram aceitas pela própria ANS no âmbito administrativo.
Se os valores parecem modestos, é porque as cobranças mais antigas estavam restritas a procedimentos simples. Foi só a partir de 2015 que a ANS passou a cobrar por tratamentos mais custosos como hemodiálises e quimioterapias.
Aqui começam a surgir alguns efeitos difíceis de administrar. Quanto mais eficiente for a ANS na cobrança, mais o ressarcimento passará a ser um custo significativo para as operadoras. Isso significa que elas os repassarão aos usuários através de aumentos na mensalidade dos planos.
Do ponto de vista do segurado, ele estará pagando mais pela incorporação de procedimentos aos quais já tinha direito, uma vez que o SUS é universal. Do ponto de vista da saúde pública, entretanto, esse pode ser um arranjo necessário para uma distribuição mais equitativa dos recursos.
Como proporção do PIB, o Brasil não gasta pouco em saúde. Em 2013, os dispêndios (públicos e privados) chegaram a 9,7% do produto interno, praticamente o mesmo que nações campeãs do "welfare state" como Noruega e Suécia, que ainda têm população bem mais idosa.
O problema no Brasil é a repartição desses recursos. Enquanto o sistema público, que atende a três quartos da população, fica com mais ou menos a metade da verba, os 25% de usuários de planos consomem a outra metade.
O ressarcimento pelas operadoras, se um dia efetivamente sair do papel, pode ser descrito como um subsídio que os titulares de planos pagarão aos usuários do SUS.
Fonte : "Folha de S. Paulo"
Proteste lançará petição para cobrar atendimento de qualidade na saúde
A Proteste Associação de Consumidores lançará, nesta quinta-feira
(1), uma petição para cobrar atendimento de qualidade e um modelo
eficiente de saúde pública e privada no Brasil. A decisão foi tomada
durante o 14º Seminário Internacional Proteste de Defesa do Consumidor,
realizado nessa terça-feira, em São Paulo.
No encontro, do qual participaram especilistas do Brasil e do exterior, a associação concluiu que a sociedade não pode ficar imobilizada diante da crítica situação que o setor de saúde vive, e que tanto o Sistema Único de Saúde (SUS) quanto o mercado de saúde suplementar precisam urgentemente de mudanças.
Os interessados em assinar a petição para cobrar atendimento de qualidade e um modelo eficiente de saúde pública podem acessar o site da Proteste.
Além da petição, a Proteste informou que pretende se mobilizar na Câmara dos Deputados contra os cortes substanciais no financiamento do SUS, para garantir um percentual de investimento mínimo e melhor eficiência do sistema de saúde pública.
Outro objetivo da associação de consumidores é incentivar a população a conhecer seus direitos e cobrar maior eficiência da saúde pública. Para isso, uma das ações planejadas é, durante as campanhas eleitorais, orientar a população, por meio de cartilhas virtuais, a cobrar dos candidatos melhorias nos serviços de saúde, tendo diferentes abordagens para os níveis municipal, estadual e federal.
Já no âmbito do grupo de trabalho criado pelo Ministério da Saúde para debater a proposta de plano ‘acessível’ — o plano popular defendido pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros —, a Proteste promete defender a manutenção do plano de referência, sem redução de cobertura.
Durante o seminário promovido pela Proteste, o presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), José Carlos de Souza Abrahão disse que foi convidado para participar da primeira reunião do grupo de trabalho para discutir os planos acessíveis, que acontece nesta quarta-feira, em Brasilia. Ele reforçou que o plano foi trazido pelo Ministério da Saúde, mas ainda não tem conhecimento do que será proposto. Abrahão acha, no entanto, que qualquer mudança deve ser amplamente discutida com consumidores, prestadores e operadoras.
"Só se promove mudança no marco regulatório com embasamento técnico. Precisamos ver o que a sociedade quer e dar a ela o mínimo de garantias", afirmou o presidente da ANS.
Consumidor não sabe a diferença entre as modalidades
Durante o evento, a Proteste apresentou os resultados de pesquisa com usuários de planos privados, que mostra, entre outros fatores, como o consumidor dribla a falta do plano de saúde quando é demitido, ou por não conseguir arcar com os custos. Foram realizadas duas pesquisas quantitativas, uma com 199 entrevistados que alegaram ter plano de saúde e outra com 331 entrevistados que disseram não ter plano, na semana de 08 a 29 de julho. A conclusão foi que mais de 70% dos consumidores com plano de saúde não sabem as diferenças entre plano coletivo e individual, o que acaba distorcendo a visão do momento atual de redução na oferta de planos individuais. Eles confundem o plano coletivo com o familiar.
Há uma tendência dos consumidores contratarem planos coletivos sem conhecimento prévio dessa modalidade. As operadoras estão desrespeitando a legislação que obriga a comprovar a legitimidade do interessado num plano coletivo antes de firmar o contrato.
Apesar de os testes comparativos da Proteste demonstrarem que reduziu em mais de 40% a oferta de planos individuais para os consumidores, impactando diretamente na abrangência dos planos ofertados com a saída de grandes operadoras do ramo, essa realidade não é percebida pelo consumidor. Isso, diz a Proteste, se deve em parte ao fato de, normalmente, os corretores não explicarem as diferenças entre as modalidades. Os resultados da pesquisa apontam que 64% dos corretores não explicaram as diferenças entre os contratos, e o consumidor pode acabar contratando o plano coletivo sem saber do risco de ter um reajuste elevado, já que não são regulados pela Agência Nacional de Saúde (ANS) e poder ser rescindido pela empresa de forma unilateral.
Dos entrevistados sem planos, 49,6% pensam em contratar um novo, mas hoje o preço é um dos fatores proibitivos: desempregado ou aposentadoria insuficiente são alguns dos motivos que pesam nessa decisão. Aposentados e portadores de doenças pré-existentes mostraram uma maior preocupação com as coberturas do plano.
Entre os 331 que alegam não possuir plano, 61% disseram ter tentado contratar, mas a maioria desses (84%) não conseguiu em função do preço. Metade dos entrevistados disse já ter tido plano anteriormente, sendo que 80 deles por meio da empresa onde trabalhou, e 52, correspondente a 36,9%, por conta própria.
Entre os 80 consumidores que tinham plano coletivo pela empresa, 57% contribuíam com parte da mensalidade e muitos não conseguiram absorver o custo coberto pelo empregador depois que deixaram o trabalho.
Dos entrevistados que tinham plano anteriormente e deixaram de ter, 80,9% precisaram de atendimento médico e desses, 85,8% tiveram que recorrer ao SUS. E outros 31% recorreram a médico particular em consultório médico.
Quando questionados sobre adquirir novamente um plano, 49,6% informaram ter a intenção de recontratar, mas atualmente com o que ganham não têm como pagar, pois o orçamento familiar não comporta.
Entre as pessoas que pensaram em cancelar o plano, 40% disseram ser difícil conseguir pagar com o orçamento familiar apertado.
Aposentados e demitidos
Já a pesquisa qualitativa foi feita com dois grupos de nove pessoas cada, no Rio de Janeiro, com pessoas sem planos de saúde. Um grupo de demitidos e outro de aposentados. Eles contaram como têm feito para driblar a falta do plano de saúde por terem perdido o emprego, ou por não conseguir arcar com os custos para manter o benefício. A Proteste constatou que, apesar de acharem importante ter um convênio privado, só pretendem contratar futuramente ao melhorarem as condições financeiras, se a operadora tiver uma boa rede de médicos e hospitais, bom atendimento, agilidade para autorização de procedimentos e ampla cobertura. Isto mostra que planos "populares" com atendimento restrito, como estuda o Ministério da Saúde, não interessa aos usuários. Temem não ter cobertura e ter de recorrer ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Os demitidos mais jovens têm expectativa de ter um novo plano ao conseguir recolocação no mercado de trabalho e obter o benefício por meio da empresa onde vierem a trabalhar. Já os aposentados relatam que os preços elevados para sua faixa etária tornam mais difícil voltar a ter um plano.
Na pesquisa qualitativa, os aposentados contaram que têm driblado a falta de plano com atitudes de prevenção, mantendo alimentação balanceada, exercícios físicos e recorrido a check-up esporadicamente. Os medicamentos têm sido obtidos de forma gratuita em programas nas farmácias populares, ou com preço menor recorrendo aos genéricos. Para atendimento médico, relatam que têm recorrido às Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e clínicas da família, hospitais públicos e esporadicamente, consultas em médicos particulares.
O que também pode ser constatado na pesquisa quantitativa, já que 86% dos entrevistados que alegaram não ter plano na época da entrevista, recorrem ao SUS quando necessitam de atendimento médico apesar de considerar o sistema deficitário e mostrar insatisfação com a demora e super lotação.
A Proteste aponta ainda que 43% dos consumidores entrevistados (sem plano de saúde) não contribuíram para o plano enquanto ativos. Ou seja, não puderam optar em permanecer com o benefício após a aposentadoria ou demissão. Diante disso, a associação de consumidores questiona se caberai uma portabilidade especial para os aposentados e demitidos que não contribuíram para o plano da empresa.
Fonte : O Globo
No encontro, do qual participaram especilistas do Brasil e do exterior, a associação concluiu que a sociedade não pode ficar imobilizada diante da crítica situação que o setor de saúde vive, e que tanto o Sistema Único de Saúde (SUS) quanto o mercado de saúde suplementar precisam urgentemente de mudanças.
Os interessados em assinar a petição para cobrar atendimento de qualidade e um modelo eficiente de saúde pública podem acessar o site da Proteste.
Além da petição, a Proteste informou que pretende se mobilizar na Câmara dos Deputados contra os cortes substanciais no financiamento do SUS, para garantir um percentual de investimento mínimo e melhor eficiência do sistema de saúde pública.
Outro objetivo da associação de consumidores é incentivar a população a conhecer seus direitos e cobrar maior eficiência da saúde pública. Para isso, uma das ações planejadas é, durante as campanhas eleitorais, orientar a população, por meio de cartilhas virtuais, a cobrar dos candidatos melhorias nos serviços de saúde, tendo diferentes abordagens para os níveis municipal, estadual e federal.
Já no âmbito do grupo de trabalho criado pelo Ministério da Saúde para debater a proposta de plano ‘acessível’ — o plano popular defendido pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros —, a Proteste promete defender a manutenção do plano de referência, sem redução de cobertura.
Durante o seminário promovido pela Proteste, o presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), José Carlos de Souza Abrahão disse que foi convidado para participar da primeira reunião do grupo de trabalho para discutir os planos acessíveis, que acontece nesta quarta-feira, em Brasilia. Ele reforçou que o plano foi trazido pelo Ministério da Saúde, mas ainda não tem conhecimento do que será proposto. Abrahão acha, no entanto, que qualquer mudança deve ser amplamente discutida com consumidores, prestadores e operadoras.
"Só se promove mudança no marco regulatório com embasamento técnico. Precisamos ver o que a sociedade quer e dar a ela o mínimo de garantias", afirmou o presidente da ANS.
Consumidor não sabe a diferença entre as modalidades
Durante o evento, a Proteste apresentou os resultados de pesquisa com usuários de planos privados, que mostra, entre outros fatores, como o consumidor dribla a falta do plano de saúde quando é demitido, ou por não conseguir arcar com os custos. Foram realizadas duas pesquisas quantitativas, uma com 199 entrevistados que alegaram ter plano de saúde e outra com 331 entrevistados que disseram não ter plano, na semana de 08 a 29 de julho. A conclusão foi que mais de 70% dos consumidores com plano de saúde não sabem as diferenças entre plano coletivo e individual, o que acaba distorcendo a visão do momento atual de redução na oferta de planos individuais. Eles confundem o plano coletivo com o familiar.
Há uma tendência dos consumidores contratarem planos coletivos sem conhecimento prévio dessa modalidade. As operadoras estão desrespeitando a legislação que obriga a comprovar a legitimidade do interessado num plano coletivo antes de firmar o contrato.
Apesar de os testes comparativos da Proteste demonstrarem que reduziu em mais de 40% a oferta de planos individuais para os consumidores, impactando diretamente na abrangência dos planos ofertados com a saída de grandes operadoras do ramo, essa realidade não é percebida pelo consumidor. Isso, diz a Proteste, se deve em parte ao fato de, normalmente, os corretores não explicarem as diferenças entre as modalidades. Os resultados da pesquisa apontam que 64% dos corretores não explicaram as diferenças entre os contratos, e o consumidor pode acabar contratando o plano coletivo sem saber do risco de ter um reajuste elevado, já que não são regulados pela Agência Nacional de Saúde (ANS) e poder ser rescindido pela empresa de forma unilateral.
Dos entrevistados sem planos, 49,6% pensam em contratar um novo, mas hoje o preço é um dos fatores proibitivos: desempregado ou aposentadoria insuficiente são alguns dos motivos que pesam nessa decisão. Aposentados e portadores de doenças pré-existentes mostraram uma maior preocupação com as coberturas do plano.
Entre os 331 que alegam não possuir plano, 61% disseram ter tentado contratar, mas a maioria desses (84%) não conseguiu em função do preço. Metade dos entrevistados disse já ter tido plano anteriormente, sendo que 80 deles por meio da empresa onde trabalhou, e 52, correspondente a 36,9%, por conta própria.
Entre os 80 consumidores que tinham plano coletivo pela empresa, 57% contribuíam com parte da mensalidade e muitos não conseguiram absorver o custo coberto pelo empregador depois que deixaram o trabalho.
Dos entrevistados que tinham plano anteriormente e deixaram de ter, 80,9% precisaram de atendimento médico e desses, 85,8% tiveram que recorrer ao SUS. E outros 31% recorreram a médico particular em consultório médico.
Quando questionados sobre adquirir novamente um plano, 49,6% informaram ter a intenção de recontratar, mas atualmente com o que ganham não têm como pagar, pois o orçamento familiar não comporta.
Entre as pessoas que pensaram em cancelar o plano, 40% disseram ser difícil conseguir pagar com o orçamento familiar apertado.
Aposentados e demitidos
Já a pesquisa qualitativa foi feita com dois grupos de nove pessoas cada, no Rio de Janeiro, com pessoas sem planos de saúde. Um grupo de demitidos e outro de aposentados. Eles contaram como têm feito para driblar a falta do plano de saúde por terem perdido o emprego, ou por não conseguir arcar com os custos para manter o benefício. A Proteste constatou que, apesar de acharem importante ter um convênio privado, só pretendem contratar futuramente ao melhorarem as condições financeiras, se a operadora tiver uma boa rede de médicos e hospitais, bom atendimento, agilidade para autorização de procedimentos e ampla cobertura. Isto mostra que planos "populares" com atendimento restrito, como estuda o Ministério da Saúde, não interessa aos usuários. Temem não ter cobertura e ter de recorrer ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Os demitidos mais jovens têm expectativa de ter um novo plano ao conseguir recolocação no mercado de trabalho e obter o benefício por meio da empresa onde vierem a trabalhar. Já os aposentados relatam que os preços elevados para sua faixa etária tornam mais difícil voltar a ter um plano.
Na pesquisa qualitativa, os aposentados contaram que têm driblado a falta de plano com atitudes de prevenção, mantendo alimentação balanceada, exercícios físicos e recorrido a check-up esporadicamente. Os medicamentos têm sido obtidos de forma gratuita em programas nas farmácias populares, ou com preço menor recorrendo aos genéricos. Para atendimento médico, relatam que têm recorrido às Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e clínicas da família, hospitais públicos e esporadicamente, consultas em médicos particulares.
O que também pode ser constatado na pesquisa quantitativa, já que 86% dos entrevistados que alegaram não ter plano na época da entrevista, recorrem ao SUS quando necessitam de atendimento médico apesar de considerar o sistema deficitário e mostrar insatisfação com a demora e super lotação.
A Proteste aponta ainda que 43% dos consumidores entrevistados (sem plano de saúde) não contribuíram para o plano enquanto ativos. Ou seja, não puderam optar em permanecer com o benefício após a aposentadoria ou demissão. Diante disso, a associação de consumidores questiona se caberai uma portabilidade especial para os aposentados e demitidos que não contribuíram para o plano da empresa.
Fonte : O Globo
terça-feira, 30 de agosto de 2016
Não ao preconceito! ONU celebra Dia da Visibilidade de Mulheres Lésbicas e Bissexuais
Com o propósito de dar visibilidade às contribuições de lésbicas e bissexuais para a sociedade, a ONU (Organização das Nações Unidas) lança nesta segunda-feira (29) a campanha “Livres & Iguais”. A data foi escolhida por ser o Dia da Visibilidade de Mulheres Lésbicas e Bissexuais.
As Nações Unidas veicularão, nas redes sociais, três vídeos de conscientização e ilustrações da designer Carolina Rosseti com histórias de algumas de mulheres.
A morte de Luana Barbosa dos Reis em abril deste ano vítima de espancamentos por oficiais da Polícia Militar foi um caso destacado pelo organismo internacional. Ela era negra, lésbica e moradora da periferia de Ribeirão Preto, em São Paulo.
A campanha ressalta também a importância do apoio familiar. “Quando os direitos LGBTI são afetados, todos nós somos afetados”, afirmou o coordenador residente do Sistema ONU no Brasil, Niky Fabiancic. Segundo ele, a luta por uma sociedade mais justa para gays, lésbicas, bissexuais, pessoas trans e intersex é um compromisso da ONU.
Jaime Nadal, representante nacional do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), lembrou que, em outubro do ano passado, a ONU expressou preocupação com a tramitação do Estatuto da Família (PL 6583/2013) no Congresso. O organismo internacional fez uma pelo para que o governo reconhecesse todos os arranjos familiares existentes no Brasil, não apenas aqueles formados por casais heterossexuais.
“É muito importante que uma nova legislação garanta os direitos dos casais LGBT que a jurisprudência hoje já permite”, reiterou Nadal.
Autarquia Hospitalar pune médica acusada de violência obstétrica contra jovem com HIV, em hospital do Campo Limpo
A médica acusada de praticar violência obstétrica contra uma jovem soropositiva no Hospital Municipal do Campo Limpo, em julho do ano passado, finalmente foi penalizada e repreendida pela Autarquia Hospitalar Municipal de São Paulo. Em nota divulgada nesta segunda-feira (29), a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo informou que o desfecho do caso está registrado no prontuário funcional da obstetra, identificada pelas iniciais A.C.H.M, e a pena foi aplicada conforme previsto no Estatuto dos Servidores. A Agência Aids e o movimento social aguardaram 341 dias por resposta definitiva da Prefeitura de São Paulo.
Denunciamos em 24 de setembro de 2015 o pesadelo que uma jovem de 18 anos viveu no hospital do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo. A garota contou que sofreu várias formas de violência física e verbal na sala de parto da instituição, onde deu à luz o filho, hoje com um ano.
Na época, a jovem também denunciou um procedimento errado relacionado ao filho recém-nascido. A médica residente Synthia Souza (identificada na nota como S.S.S.) prescreveu 10,1 ml de AZT para o bebê a cada 12 horas. Segundo infectologistas ouvidos pela Agência Aids, o certo são 4 mg por quilo/dose. No caso desta criança, que nasceu com 2 quilos e 700 gramas, o recomendado é 3,6 ml, segundo calculou a infectologista Mariliza Henrique, do CRT (Centro de Referência e Tratamento – SP), a pedido da reportagem.
Assim como a obstetra, Synthia foi penalizada. A nota diz que ela recebeu advertência já aplicada pela Comissão de Residência Médica (COREME).
A assessoria de imprensa informou ainda que foram feitas mudanças nos processos de trabalho da equipe hospitalar. Agora, o local conta com uma sala de prescrição para neonatologia. Além disso, a ficha de ginecologia ganhou novos campos que deverão ser preenchidos obrigatoriamente. As prescrições feitas pelos residentes também serão verificadas e rubricadas pelo médico preceptor, além da revisão de todos os protocolos assistenciais, incluindo aqueles para pacientes soropositivos.
Outra medida tomada pela Autarquia Hospitalar Municipal na tentativa de evitar casos como esse foi a capacitação e a sensibilização dos profissionais de saúde sobre as melhores práticas assistenciais.
A resposta da Secretaria também é uma devolutiva a uma carta enviada pelo Mopaids (Movimento Paulistano de Luta Contra a Aids) no dia 4 de agosto. Nela, o Mopaids exigiu uma resposta do secretário Alexandre Padilha. "Queremos saber qual é a conclusão da auditoria", diz o documento.
John Legend estrela campanha contra a aids
John Legend lançou com a vodka Belvedere e em parceria com a Ong (RED) e com o cantor e ativista Bono, do U2, uma campanha contra a aids, divulgada pela hashtag #MakeTheDifference, no evento social One night for Life no Apollo Theater, no Harlem, em Nova York. A noite contou com as presenças da atriz Lupita Nyong'o e da modelo Ashley Graham.
O cantor, que veio ao Brasil na última edição do Rock in Rio, foi escolhido como embaixador da ação por seu histórico filantropo desde o inicio da carreira, olhar visionário e valores que correspondem ao da marca e fundação, entre eles, união, segurança, apoio e mudança.
A artista africana Esther Mahlangu, que criou à mão o design das garrafas da campanha, também marcou presença no evento.
Legend, que cantou o novo single "Love me Now" falou da importância da campanha. "Eu sempre gostei de trabalhar com a (RED), antes mesmo da campanha de Belvedere. Quando fui convidado a apoiar a causa, sendo embaixador de um produto que eu compraria justamente com essa intenção de salvar vidas, achei que seria uma excelente ideia", explica Legend. "Fiquei muito animado quando vi o projeto de Esther com as garrafas. Achei bonito e perfeito para a estética da ação, conectando cultura e filantropia."
Legend, que cantou o novo single "Love me Now" falou da importância da campanha. "Eu sempre gostei de trabalhar com a (RED), antes mesmo da campanha de Belvedere. Quando fui convidado a apoiar a causa, sendo embaixador de um produto que eu compraria justamente com essa intenção de salvar vidas, achei que seria uma excelente ideia", explica Legend. "Fiquei muito animado quando vi o projeto de Esther com as garrafas. Achei bonito e perfeito para a estética da ação, conectando cultura e filantropia."
Causa
Nos últimos cinco anos, a Belvedere levantou fundos para o tratamento de mais de 30 mil mulheres soropositivas, evitando, assim, que a doença fosse transmitida para seus bebês. Charles Gibb, presidente de Belvedere, afirmou que a marca tem o prazer de continuar a campanha de (RED) com a ajuda de "artistas apaixonados, que são dedicados a espalhar a importância da causa e ser uma parte da mudança para acabar com a transmissão do HIV de mãe para filho".
Nos últimos cinco anos, a Belvedere levantou fundos para o tratamento de mais de 30 mil mulheres soropositivas, evitando, assim, que a doença fosse transmitida para seus bebês. Charles Gibb, presidente de Belvedere, afirmou que a marca tem o prazer de continuar a campanha de (RED) com a ajuda de "artistas apaixonados, que são dedicados a espalhar a importância da causa e ser uma parte da mudança para acabar com a transmissão do HIV de mãe para filho".
Deborah Dugan, CEO da RED, ressaltou que esta colaboração entre John Legend e Esther Mahlangu ajuda a trazer talento e energia para a luta contra a doença, confiando que a nova garrafa será marcante e criará curiosidade no público. A nova garrafa, que estará disponível a partir de setembro no mundo todo, será uma edição limitada e além da arte de Esther, terá um autógrafo de John Legend. 50% de todo o lucro de sua venda será revertido para o Fundo Mundial de Luta com o HIV/Aids na África.
domingo, 28 de agosto de 2016
ABIA denuncia em carta que Ministério da Saúde não repassou R$ 5 milhões às ONGs. Governo responde que recurso deve ser entregue no próximo mês
A demora no repasse de R$ 5 milhões do Ministério da Saúde (MS) as organizações da sociedade civil - a maioria atua no enfrentamento do HIV e da aids nas cinco regiões do país - está sendo motivo de crítica por parte de seus representantes. A ABIA (Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids) emitiu, na noite dessa sexta-feira (26), carta denunciando a situação. "O não repasse dos recursos – avaliados e aprovados desde o ano passado pelo próprio Ministério e oriundos de convênios já assinados – tem impacto negativo nos campos da prevenção, assistência e promoção de direitos junto à população mais estigmatizada e vulnerável ao HIV e à aids e também às Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs)", diz o documento. Ainda, segundo a ABIA, desde 1º de agosto as organizações esperam uma resposta do órgão. A Agência Aids procurou o MS. Por meio de sua assessoria de imprensa, a pasta informou que vai priorizar os pagamentos para todas as instituições da sociedade civil aprovadas no edital 001/2014. A previsão é de que o repasse seja realizada no próximo mês. Reproduzimos, na íntegra, a carta da ABIA e, em seguida, a resposta do governo. Leia:
Documento da ABIA
A Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA), fundada há quase 30 anos pelo sociólogo Herbert de Souza (Betinho), vem a público denunciar o Ministério da Saúde por não repassar cerca de cinco milhões de reais a serem distribuídos entre 30 organizações da sociedade civil. A maioria atua no enfrentamento do HIV e da aids nas cinco regiões do país.
O não repasse dos recursos – avaliados e aprovados desde o ano passado pelo próprio Ministério e oriundos de convênios já assinados – tem impacto negativo nos campos da prevenção, assistência e promoção de direitos junto à população mais estigmatizada e vulnerável ao HIV e à aids e também às Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs).
A ABIA, por exemplo, teve que reduzir as ações previstas no Observatório Nacional de Políticas de Aids (www.abiaids.org.br) que beneficia diretamente, via monitoramento da rede de assistência e ações de advocacy, cerca de 800 mil pessoas vivendo com HIV no país.
Além disso, o Observatório Nacional de Política de Aids da ABIA tem fortalecido atuação do movimento social com análises críticas profundas acerca do cenário de enfrentamento ao HIV.
Em 1 de agosto, a Articulação Nacional de Aids (Anaids) – cuja Secretaria Política é ocupada pela ABIA – encaminhou uma carta endereçada ao Ministro da Saúde, Ricardo Barros, solicitando a liberação destes recursos.
O silêncio do ministro só reforça a situação de descaso da saúde pública. Reflete também o descaso com a resposta da sociedade civil organizada à epidemia de HIV e aids.
Alertamos que quando a sociedade civil, atuante no enfrentamento à aids, é ignorada e desmantelada por omissão do poder público, o controle da epidemia fica ainda mais difícil. O direito ao acesso à saúde de forma plena, garantido pela constituição, é colocado em cheque. É a população quem paga pelas consequências dessa omissão.
Um dos resultados principais da última Conferência Internacional de Aids, realizada este ano na África do Sul, demonstrou que as ações das comunidades são fundamentais para o enfrentamento da epidemia e devem ser prioritariamente apoiadas pelos governos nacionais. O Brasil, outrora um modelo de enfrentamento ao HIV, está ignorando este resultado, o que só reforça retrocessos e atrasos.
Registramos, por fim, nossa indignação com o tratamento dado ao acesso aos recursos públicos por parte da sociedade civil brasileira, em especial do setor comunitário.
Tal tratamento coloca em risco a própria existência dos fundos públicos, pois, neste caso, se não forem liberados até dezembro, não só inviabilizam os projetos e ações, como reforçam a não transparência, pois não sabemos como e por quem serão utilizados.
Queremos que o nosso direito ao acesso aos fundos públicos seja respeitado. Salientamos que nossa luta é por uma relação democrática entre a sociedade civil e o Estado brasileiro.
Rio de Janeiro, 26 de agosto de 2016
Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids
Resposta do Ministério da Saúde via assessoria de imprensa
O Ministério da Saúde reconhece a importância histórica do trabalho conjunto desenvolvido com as organizações sociais envolvidas com o combate ao HIV e aids no país. Para isso tem realizado convênios e editais de forma a financiar ações conjuntas com essas organizações para o fortalecimento das medidas de prevenção, tratamento e de promoção de direitos humanos relacionados ao HIV e aids.
Em relação ao repasse de recurso para as organizações, cabe ressaltar que, após levantamento realizado sobre os compromissos não quitados com as organizações, o Ministério da Saúde informou, em reunião realizada no dia 4 de agosto com a presença de representantes do Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids) no Brasil, que vai priorizar os pagamentos para todas as instituições da sociedade civil aprovadas no edital 001/2014. A previsão é que o repasse de cerca de R$ 5 milhões seja realizada no próximo mês.
É importante destacar, ainda, que o combate à aids e ao HIV sempre foi uma prioridade do Ministério da Saúde. Somente para este ano o orçamento da aids é de R$ 1,1 bilhão.
Grupo Pela Vidda/SP celebra 27 anos com tribuna sobre os Ecos de Durban
O Grupo Pela Vidda/SP (Valorização, Integração e Dignidade do Doente de aids) chegou aos 27 anos. A ONG, que nasceu em agosto de 1989, reuniu, neste sábado (27), na sede do Centro de Referência da Diversidade (CRD) – principal projeto da instituição, amigos, ativistas, gestores, usuários e voluntários para festejar mais um ano de luta. A comemoração também foi marcada por uma tribuna sobre os Ecos de Durban. A ideia, segundo o professor Mário Scheffer, ex-presidente do Pela Vidda e mediador do debate, era compartilhar as impressões e conhecimentos dos técnicos, ativistas e jornalistas que estiveram em julho, na 21ª Conferência Internacional de Aids, em Durban, na África do Sul. "Queremos saber quais são as novidades, perspectivas e desafios na luta contra a aids no cenário mundial", disse Mário.
A conversa durou mais de três horas e não faltou assunto. A psicóloga Vera Paiva, do Nepaids (Núcleo de Estudos para a Prevenção da Aids), contou que a epidemia de aids está descontrolada, principalmente em populações-chave, como: homens que fazem sexo com homens (HSH), jovens gays, usuários de drogas, profissionais do sexo e mulheres transexuais. "Essa Conferência foi realista, voltamos a falar sobre aids com os pés no chão, a partir da complexidade que essa doença merece ser discutida", disse Vera, acrescentando que "a população-chave na maior parte dos países africanos são as meninas. No Brasil e em outros países temos observado uma epidemia descontrolada entre os jovens gays e HSH."
Do ponto de vista do ativismo, Américo Nunes, coordenador do Mopaids (Movimento Paulistano de Luta Contra a Aids), destacou o fortalecimento do ativismo na África do Sul. "Eles estão empoderados e engajados na luta contra a aids. Vi também que cresceu o número de ativistas independentes. Mas o que mais me chamou atenção foi a oportunidade de intercâmbio entre as ONGs no Global Village, espaço destinado a sociedade civil em conferências de aids."
Outra observação de Américo está relacionada ao Brasil. "Mesmo com os retrocessos na luta contra a aids no nosso país, estamos um passo à frente. Acho que o momento é de reflexão, temos que melhorar as nossas fragilidades e propor mudanças", concluiu Américo.
As coordenadoras dos Programas Estadual e Municipal de DST/Aids de São Paulo, Maria Clara Gianna e Eliana Gutierrez, respectivamente, também contaram quais foram suas impressões sobre o maior evento de aids do mundo. "Vi na África que apenas testar e tratar não é legal, temos que atuar na redução das vulnerabilidades. Acompanhei debates sobre PrEP (profilaxia pré-exposição ao HIV) e se alguém tinha dúvidas sobre a importância desta tecnologia, não tem mais. Aprendemos que o mundo tem focado cada vez mais suas ações em populações específicas, sempre levando em conta os direitos humanos", contou Maria Clara.
As manifestações organizadas pelas profissionais do sexo, em Durban, sensibilizou a gestora. "Elas estavam pedindo para serem nomeadas como vulneráveis. Não só elas, mais outros grupos. Pela primeira vez eu vi os gays africanos se posicionando como gays e pessoas vivendo com HIV e aids, foi emocionante", contou Maria Clara, que não participava de conferências internacionais desde 2004.
Clara reconheceu ainda que o Brasil tem bons medicamentos contra a aids, mas que é preciso ter melhores. "O nosso efavirenz é bom, mas há drogas superiores, então, queremos o melhor tratamento a um preço justo."
Ausência da camisinha
Eliana Gutierrez, do Programa Municipal, disse ter ficado chocada com a ausência de debates sobre camisinha e prevenção primária. "Volto com muitas inquietações e confiante de que estarei na ativa quando a gente tiver mecanismos de cura da aids para todos. Me chamou atenção o fato de o mundo estar tratando a PrEP como prevenção primária, ninguém fala mais de camisinha, que continua sendo uma alternativa simples, eficaz e barata na prevenção das DSTs/aids. Também não vi debates sobre PEP (profilaxia pós-exposição)."
Assim como Américo, a gestora reconheceu que o Brasil está um passo à frente em várias estratégias. "Foram apresentados uma série de experiências e insights que no Brasil já é política pública. Como, por exemplo, o acesso universal ao tratamento. Hoje, a África distribui medicamentos para todos, no Brasil isso é realidade desde 1996."
Representando a médica Adele Benzaken, diretora do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, o assessor de ações estratégica do Departamento, Ivo Brito, contou que não esteve em Durban, mas que pode observar que nos últimos 10 anos as pessoas não têm discutido sexualidade. "Como trabalhar prevenção sem falar de sexualidade. Até em documentos da OMS (Organização Mundial da Saúde) temos observado que o tema não é citado." Outra crítica de Ivo está relacionada as discussões sobre sistemas de saúde. "As conferências não discutem sistemas de saúde de forma macro. E muitos sistemas públicos estão sofrendo ataques, o conservadorismo é global."
Questionado sobre a chegada da PrEP no Brasil, Ivo garantiu que o Departamento tem trabalhado para disponibilizar essa estratégia de prevenção no SUS ainda este ano. "O medicamento usado na PrEP está registrado no Brasil para tratamento e não prevenção, há ainda outro laboratório que pretende registrar no país a droga genérica. Queremos solucionar os problemas o mais rápido possível", finalizou Ivo Brito.
Outras experiências
O representante da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids, Paulo Giacomini, destacou que uma das boas estratégias de prevenção que viu na África do Sul foi a experiência da Tailândia com o ambulatório de travestis e transexuais. "O ambulatório faz parte da política de aids daquele país. No Brasil, temos ambulatórios, mas de forma regionalizada", criticou Paulo. Ele contou que as metas 90-90-90 foram questionadas em diversos momentos por pesquisadores e ativistas. "As pessoas estavam criticando o conceito. Um líder comunitário da Costa do Marfim pediu à plenária que se levantasse a medida em que ele nominava as populações-chave. Ao fim, toda plateia se levantou. Ou seja, todos somos populações-chave. "
Ainda, segundo Paulo, "a falta do passe livre nos transportes públicos é um dos problemas de acesso ao diagnóstico e ao tratamento em diferentes lugares do mundo, inclusive no Brasil." Outro destaque do ativista é que na Tailândia, toda pessoa que recebe o diagnóstico positivo para o HIV faz exame de CD4 automaticamente. "Essa não é a realidade do Brasil."
Rodrigo Pinheiro, presidente do Fórum de ONG/Aids de São Paulo, contou que a resposta brasileira foi bastante criticada no evento. "Que bom que a Adele [Benzaken] esteve lá e participou dos debates. Voltamos para casa com vários desafios e outras propostas de parcerias." Rodrigo aproveitou para parabenizar o Pela Vidda: “Nós, de ONGs, sabemos como é duro manter um trabalho como esse, parabéns pelo esforço.”
A diretora da Agência Aids, Roseli Tardelli, também esteve no CRD para prestigiar os 27 anos do Pela Vidda. Ela contou como foi a cobertura desta agência em Durban. "Neste ano, a verba estava bem limitada, fomos eu e o Henrique Contreiras [médico colaborador]. Publicamos 44 reportagens, além de vídeos e galerias de fotos no Facebook e no Twitter. A equipe no Brasil também ajudou com traduções de notícias de agências internacionais."
Mas, segundo Roseli, nesta conferência a pauta concorreu com outros importantes acontecimentos no Brasil e no mundo. "Quando vamos a um evento internacional sempre enviamos boletins para rádios, TVs, sites. Neste ano, só conseguimos parceria com o portal UOL. As editorias internacionais estavam focadas em Olímpiadas. E há três meses o impeachment tem ocupado o noticiário brasileiro."
Estigma e discriminação
Um dos temas que rendeu opinião de praticamente todos os participantes da tribuna foi o estigma e a discriminação como peça chave na luta contra a aids. Segundo o ativista Paulo Giacomini, as pessoas vivendo com HIV/aids continuam sendo isoladas por estes dois fatores tanto na África do Sul, como no Brasil.
O militante do Projeto Bem-Me-Quer, Roberto Pereira, quis saber: "o que podemos fazer para avançar e não mais reproduzir o estigma e a discriminação contra soropositivos depois de 35 anos de epidemia?"
Maria Clara, do Programa Estadual de Aids, convocou os ativistas, os gestores e a mídia para um grupo de discussão sobre este assunto. "Temos que pensar em soluções."
Acesso aos exames de CD4, qualidade da assistência, fundamentalismo, campanhas, entre outros assuntos também foram abordados no debate.
27 anos de luta e ativismo
Antes do grande debate, o pesquisador e fundador da instituição, Jorge Beloqui, contou como nasceu o grupo que tem como grande marca, desde a fundação, a integração de pessoas convivendo, e não apenas vivendo, com HIV. Jorge estava na primeira reunião, do primeiro núcleo.
Era maio de 1989 e o Pela Vidda/Rio de Janeiro acabara de ser fundado pelo sociólogo e escritor Herbert Daniel. “Eu conhecia o Herbert do movimento gay e fiquei lá no Rio uns tempos, participando das atividades da fundação. ”
De volta a São Paulo, num evento no Centro Cultural São Paulo, que contou com a presença de Herbert Daniel, eles tiveram a ideia de pedir a então secretária de Cultura da Prefeitura, Marilena Chauí, uma sala para abrigar um núcleo paulista do Pela Vidda.
De um espaço dentro de uma biblioteca no Centro Cultural até chegar como pessoa jurídica à atual sede na Rua General Jardim, no centro, a ONG funcionou na casa dos fundadores, numa sala comercial da Avenida Paulista e em outra do Grupo de Apoio à Prevenção da Aids (Gapa). "Que bom que estamos comemorando 27 anos de solidariedade e luta contra a aids", declarou o hoje ativista do Grupo de Incentivo à Vida (GIV).
O ativista Eduardo Barbosa, coordenador do CRD, contou que hoje o objetivo da ONG é o mesmo de 27 anos atrás. "Conheci o Pela Vidda em 1994, mas só de uns anos pra cá comecei a identificar que este é o meu lugar. Agora, sou unha e carne da instituição."
Outro ex-presidente da ONG que marcou presença no evento foi o militante Rogério de Jesus. Ele lembrou que todos são bem-vindos na luta contra a aids, basta querer somar. "Aqui, encontrei amigos de verdade, são pessoas que levo para a vida. Aprendi valores preciosos. Não estou mais na equipe, mas tem muita gente que trabalha diariamente para manter o Grupo de portas abertas."
O jovem Matheus Emilio, uma das lideranças do Encontro Jovem Posithivo, projeto do Pela Vidda, disse que a nova geração de ativistas da ONG quer somar. "Temos a difícil tarefa de dar continuidade ao que muitos vem fazendo ao longo dos anos. Descobri nesta ONG a família Pela Vidda."
Homenagem, música e festa
A atual presidente da instituição, Maria Hiroko, foi a homenageada do evento. Ela recebeu de Eduardo Barbosa uma placa de agradecimento pelo seu trabalho e dedicação na ONG. "Estou muito feliz de integrar este grupo, sempre aprendo com vocês", disse Hiroko.
Do Rio de Janeiro, o ativista Cazu Barros agitou os convidados cantando Cazuza. Ao final, todos entraram no ritmo e cantaram o tradicional parabéns.
Mais de 700 pessoas com HIV no RJ deixaram de ser atendidas no Hospital São Francisco, denuncia ABIA
Mais de 700 pessoas portadoras do HIV, que recebem assistência no Hospital São Francisco (antigo Hospital Venerável Ordem Terceira da Penitência), na Tijuca (RJ), estão sem nenhum acompanhamento. O fechamento do ambulatório aconteceu no mês de agosto.
Para piorar, o hospital também fechou os oito últimos leitos disponíveis para a internação de pacientes graves que sofrem com a aids. A direção do hospital informa que não prestará mais o serviço porque o Estado não tem recursos para manter os custos operacionais. Por enquanto, apenas o acesso aos medicamentos antirretrovirais continua sendo oferecido na farmácia do hospital.
Segundo informações, uma das soluções será encaminhar os pacientes para serem atendidos em outros locais. “O Estado está sem nenhum recurso para sustentar nada. E quem vai receber esses pacientes? Ninguém sabe. A agenda das eleições já começou. Existem possibilidades de soluções, mas nada de concreto”, avaliou Juan Carlos Raxach, assistente de projetos da ABIA.
A crise do antigo Hospital Ordem Terceira acontece quatro anos depois de ser reaberto ao público com a promessa de 200 leitos exclusivos para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo os pacientes de aids.
“A situação é bastante crítica para as pessoas que vivem com o HIV e a aids e se agrava no Rio de Janeiro com o fechamento desse serviço. Isso piora ainda mais a crise na saúde e deixa a assistência às pessoas portadoras do HIV e aids numa espiral descendente”, afirmou Raxach.
Fonte : ABIA
"A Crítica": Diretora do Departamento de Aids, Adele Benzaken, fala dos altos índices de HIV no Amazonas
O Amazonas aparece entre os estados com as maiores taxas de detecção do vírus HIV e mortalidade por aids em todo o país. Em abril de 2016, cerca de 475 mil pessoas estavam em terapia antirretroviral no Brasil (um aumento de 80% na comparação 2012-2015). Esses dados preocupantes foram repassados pela nova diretora do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, a médica sanitarista amazonense, Adele Benzaken. Nessa entrevista ao jornal "A Crítica", a conhecida militante no combate às DSTs e Aids no Estado do Amazonas traça um panorama atual da doença.
Qual é a situação real da doença no mundo, na América Latina e no Brasil?
Na África, a epidemia de aids atinge hoje entre 20% e 30% da população, principalmente mulheres gestantes e idosos. Mas, o Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids) mostrou uma queda significativa da transmissão vertical (mãe para o filho). Na América Latina, principalmente, pelo tamanho do Brasil, temos o maior número de casos. Pelo indicador composto (taxa de detecção, transmissão de mãe-filho e mortalidade). Em abril de 2016, cerca de 475 mil pessoas estavam em terapia antirretroviral no Brasil (um aumento de 80% na comparação 2012-2015). Apenas em 2015, quase 80 mil novos tratamentos foram iniciados.
Qual a situação no Amazonas?
Em 2014, o ranking das unidades da federação com as maiores taxas de detecção de aids mostrou que os estados do Amazonas e do Rio Grande do Sul apresentaram as maiores taxas, com valores de 39,2 e 38,3 casos para cada 100 mil habitantes.
Por que o Amazonas está entre os estados com as maiores taxas de detecção de aids no Brasil?
Os números do Amazonas – tanto a taxa de detecção (39,2) quanto à mortalidade (8,7) esta última a terceira maior do País, atrás apenas do Rio Grande do Sul (10,6) e Rio de janeiro (9,5 por 100 mil habitantes) estão ligados pelas dificuldades geográficas, o acesso ao serviço de saúde. O vírus HIV já chegou a todos os municípios do Amazonas; quem está lá em Pauni, Benjamin Constant, por exemplo, adoece e nem sabe aquilo é aids e quando chega, encaminhada à Fundação de Medicina Tropical de Manaus, já vem muito mal e acaba falecendo. Um das maiores causas da mortalidade por aids é o diagnóstico tardio.
Particularmente no Amazonas, o que o Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, está fazendo para que esses números diminuam?
Estamos com uma iniciativa chamada Interfederativa do Amazonas (Interfam), com investimentos financeiros no valor de R$ 3 milhões, na tentativa de reverter esses dados. Por meio do programa “Viva Melhor Sabendo”, estamos fazendo testagem, com fluido oral, nas populações-chave (pessoas trans, usuários de drogas, homens que fazem sexo com homem e profissionais do sexo) em Manaus, Parintins e Benjamin Constant. Estamos fazendo um trabalho junto a 10 mil pacientes que estão sendo acompanhados na Fundação de Medicina Tropical. Há ainda uma iniciativa de descentralização das ações para melhorar a assistência em outras unidades de saúde do Estado; cursos e pesquisas também estão sendo realizados.
A senhora acaba de participar da Reunião de Alto Nível da ONU sobre o fim da Aids. Quais foram os resultados da High-Level Meeting?
O fim da Aids foi uma meta estipulada pelo Unaids para o ano de 2030, baseado no 90-90-90 em que 90% das pessoas com HIV seriam diagnosticadas; 90% delas tratadas e 90% com carga viral indetectável. Essa iniciativa foi chamada de tratamento para todos. O Brasil reiterou o seu compromisso com a eliminação dos níveis epidêmicos de aids até 2030 e com os objetivos estabelecidos pelos países, em conjunto com Unais, de conseguir, até o ano de 2020, que 90% das pessoas que vivem com HIV estejam diagnosticadas; que 90% destas pessoas diagnosticadas tenham acesso ao tratamento; e que 90% destas pessoas em tratamento estejam com a carga viral suprimida.
Quais as providências o governo brasileiro se comprometeu a realizar para atingir a meta 90-90-90?
O Brasil implementou as recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde), indicando o tratamento antirretroviral a todas as pessoas que vivem com o HIV, independentemente da contagem de células CD4 desde 2013. O Brasil atingiu a meta de carga viral suprimida em 2015, quando 90% das pessoas que vivem com HIV em tratamento antirretroviral tiveram sua carga viral suprimida. A resposta brasileira é integralmente financiada por recursos nacionais e isto constitui um desafio neste novo contexto de “tratamento para todos”.
Quanto de recurso tem no orçamento para a prevenção e tratamento?
Temos um orçamento de R$ 1,1 bilhão para a compra de medicamentos da terapia antirretroviral, os quais fornecemos para o Brasil inteiro (CD4 e carga viral), assim como os testes rápidos de sífilis, HIV, hepatites B e C. Essa é a contrapartida do governo federal. Já os Estados têm a obrigação de fazer a compra de medicamentos para as chamadas infecções oportunidades que aparecem com a aids, como pneumonia, herpes e outras doenças. Os municípios, por sua vez, precisam comprar os medicamentos para combater as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Mas, às vezes, essas contrapartidas não funcionam a contento, os entes federados não cumprem a sua parte aí o sistema de prevenção e tratamento fica deficiente.
A senhora acredita que essa atuação do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde, serão suficientes para reduzir os casos da doença no País?
Entendemos que a resposta à epidemia precisa adotar uma abordagem abrangente para a saúde, com políticas específicas para populações-chave. No Brasil, os grupos que são chave para a nossa epidemia são pessoas que usam drogas principalmente crack e outras drogas estimulantes, profissionais do sexo, pessoas transexuais, gays e outros homens que fazem sexo com homens e nestes grupos, especialmente os mais jovens, e as pessoas privadas de liberdade. Estamos trabalhando duro para tê-los incluídos nas políticas públicas de saúde que atendam às suas necessidades, como uma demonstração de nosso respeito e preocupação.
Os mais vulneráveis ainda são os mesmos dos anos de 1980, no início da epidemia de aids?
Nós cometemos um erro epidemiológico, no início da epidemia, em não acessar diretamente esses grupos porque eles sofrem muito estigma e muita discriminação. No início da epidemia a gente não quis nominar os grupos para não estigmatizar ainda mais. Na época, a própria sociedade civil que lidava com esses grupos não queria, sob hipótese nenhuma, que a gente ficasse dizendo que eram os gays, os homens que faziam sexo com homens que tinham maior incidência da doença. Mas, hoje, a gente não pode mais negar. Por exemplo, entre travestis, a taxa é de quase 15%. A gente precisa encarar de frente essa situação. Só que agora, estamos mais maduros nessa abordagem, a tecnologia melhorou muito.
Que tipo de contribuição a senhora poderá dar no Departamento a partir da sua experiência de 33 anos trabalhando com DSTs e aids no Amazonas?
O Amazonas foi um grande professor. Lá eu fiz as primeiras atividades dentro da área de DST e aids. Comecei como médica (ginecologista), antes de aparecer a aids. Fiz a minha formação fora do Estado (Rio de Janeiro) e quando retornei me convidaram para criar um ambulatório de DST e lá inicie esse trabalho na Fundação Alfredo da Mata, onde lá fui diretora, uma unidade de grande referência para a cidade; quando apareceu a epidemia de aids, fui chamada para coordenar o programa e, na seqüência, criei a ONG Amavida – Movimento de Luta contra a Aids no Amazonas; trabalhei sete anos na prevenção com os profissionais do sexo, depois fui fazer teste rápido de HIV com as populações indígenas em todo o Amazonas e Roraima. Testamos 46 mil indígenas e esse trabalho me deu a oportunidade de conhecer bem a ponta do problema. Em 2011, por meio de um concurso, vim para o Unaids e depois fui chamada para este departamento do Ministério da Saúde, onde me sinto em casa porque fui consultora dele toda uma vida.
Fonte : A Crítica
Banco Mundial e fundo contra aids investirão US$ 24 bilhões na África
O Banco Mundial e o Fundo Mundial de Luta contra a Aids, a Tuberculose e a Malária anunciaram investimentos estimados em US$ 24 bilhões na África nos próximos três a cinco anos, para ajudar na reestruturação dos sistemas de saúde do continente.
"Para ajudar os países a colocar em prática suas reformas na área de saúde, o Banco Mundial e o Fundo se comprometem a investir US$ 24 bilhões na África nos próximos três a cinco anos, informaram os dois órgãos em um comunicado comum divulgado na noite de sexta-feira (26).
O anúncio coincidiu com a Conferência Internacional de Tóquio para o Desenvolvimento da África (Ticad), que aconteceu neste fim de semana em Nairóbi.
Um dos principais objetivos da conferência era melhorar os serviços de saúde na África, além da industrialização e estabilização do continente.
"Os países africanos podem se tornar mais competitivos no mercado mundial realizando investimentos estratégicos e, principalmente, investindo em seu recurso mais importante: sua população", assinalou o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim.
O banco prometeu um pacote de investimentos de US$ 15 bilhões nos próximos cinco anos para ajudar a implementar uma cobertura de saúde universal.
Já o Fundo Mundial de Luta contra a Aids, Tuberculose e Malária irá investir US$ 9 bilhões entre 2017 e 2019 em programas de luta contra estas doenças, que afetam milhões de africanos, e na melhoria do sistema de saúde, especialmente as redes de fornecimento de remédios e gestão de dados.
Fonte : G1
sexta-feira, 26 de agosto de 2016
Ativista Beto Volpe lança autobiografia em São Paulo
Depois de São Vicente e de Santos, no litoral de São Paulo, chegou a vez do lançamento de “Morte e vida posithiva” , de Beto Volpe, em São Paulo. O evento será na segunda-feira (29), no Bar Balcão. No livro, o ativista, com a irreverência e o bom humor que são suas marcas, fala de sua história com o HIV – ele vive com o vírus há 27 anos. A publicação busca demonstrar que é possível viver com aids, mesmo com todas as dificuldades, propagar a esperança e levar mais informação sobre o assunto.
Beto foi infectado no auge da doença no Brasil, na década de 80. Os episódios, como as aventuras na adolescência, a descoberta da doença, a situação de contar à família, a relação com as drogas e amigos, entre outros, são contados com diversos sentimentos -- como paixão, decepção, dor, tesão, felicidade. Sobre a disseminação da notícia, ele escreve:
“Em menos de uma semana toda a cidade [Santos, onde mora até hoje] sabia que o Betinho do Itararé, ou o filho do Geraldo e Aída era um ‘aidético’. CREDO!!! Que palavra ridícula! Como é agressiva e como diminui a pessoa, valorizando o mal que ela carrega. Mas, ao mesmo tempo, virei uma espécie de ícone fashion no meu pedaço. Eu era exibido às escondidas como num zoológico humano de Star Treck: - Eu tenho um amigo aidético, você quer conhecer? Ele é tão legal... Coitado”.
Hoje, aos 55 anos, soma inúmeras visitas ao médico, teve morte óssea em ambas as pernas, dois cânceres, três acidentes cerebrais, entre outros problemas, todos descritos de maneira detalhada, entre uma ou outra casualidade pelo qual passava, o que garante a leveza da leitura.
Na publicação, da Editora Realejo, Beto ainda fala sobre a criação da ONG Grupo Hipupiara Integração e Vida – Grupo HIV, que apoia portadores da doença, oferece assistência jurídica gratuita, distribui cestas básicas, entre outras ações.
A ideia de fazer o livro surgiu em 2002, inspirada em outro, o “Histórias de Coragem”, da Editora Madras, que reúne 14 textos autobiográficos sobre superação da aids e, entre eles, o texto de Beto. Contudo, devido à carga de trabalho da ONG e os problemas de saúde, deu um tempo e retomou em 2013, finalizando neste ano.
Serviço
Lançamento “Morte e vida posithiva”
Dia 29 de agosto, 18h30
Bar Balcão (Rua Melo Alves, 150 - Cerqueira César, São Paulo).
Pesquisa do IBGE aponta redução no uso de preservativos por jovens do 9º ano
Dos cerca de 2,6 milhões de estudantes que cursavam o 9º ano do ensino fundamental em 2015, 27,5% já haviam tido relação sexual (cerca de 723,5 mil). Em média, um aluno do 9º ano tem 14 anos de idade. Deste total, 39% (280,7 mil) não usaram preservativo na primeira vez e 33,8% (219,2 mil) não utilizaram na última relação sexual. As informações fazem parte da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar - Pense 2015 - e foram divulgadas hoje (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Das meninas do 9º ano que haviam tido relação sexual, 9% disseram já ter engravidado. Essa realidade era mais comum entre estudantes de escolas públicas (9,4%) do que entre as da rede privada (3,5%). Pouco mais de 1% das meninas do 9º ano do ensino fundamental declararam já ter engravidado alguma vez (23 mil meninas), sendo o maior percentual registrado na região Norte, (2,1%) e o menor na região Sudeste (0,7%).
Cerca de 105,2 mil (4%) estudantes do 9º ano relataram já ter sido forçados a ter alguma relação sexual. O percentual para meninos foi de 3,7% e para as meninas de 4,3%. Destes, um a cada três estudantes disse que o ato foi cometido por algum membro da família (pai, mãe, padrasto, madrasta ou outros familiares). A região Norte (5,3%), Roraima (7,3%) e Mato Grosso (6,2%) apresentaram os maiores percentuais.
Quanto à promoção de ações de prevenção e assistência em saúde, promovida pelas escolas, informando quanto à saúde sexual, os resultados revelaram que 87,3% dos alunos do 9º ano do ensino fundamental receberam informações, na escola, sobre doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e aids.
“Não basta informar e dizer use camisinha, use pílula. Esse adolescente deve ser atendido em programas que trabalhem a percepção corporal, de identidade sexual, de valor como pessoa, dos riscos de uma gravidez. Você só vai usar camisinha se você tiver respeito a si próprio e ao outro”, comentou ela.
Há 40 anos trabalhando com adolescentes, a pediatra Evelyn Eisenstein, do Departamento de Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), afirmou que o principal gargalo - no que tange à saúde dessa faixa-etária - é falta de um programa nacional de saúde.
“O Brasil precisa de campanhas de prevenção e programas nas escolas. Os adolescentes têm direito não apenas à informação, como também a programas de protagonismo juvenil”, disse e pediatra.”
Segundo Evelyn, o percentual de meninas entre 15 e 19 anos que engravidam no Brasil é muito mais alto que o relatado nas escolas, entre 20% a 23%, chegando a 30% em alguns estados. Entre 10% a 15% dessas meninas que engravidam são vítimas de violência e abuso sexual, ressaltou ela.
Cigarro, álcool e drogas ilícitas
Mais da metade dos estudantes do nono ano (55,5% ou 1,5 milhão) já havia consumido uma dose de bebida alcoólica alguma vez, percentual superior ao observado em 2012 (50,3% ou 1,6 milhão). No conjunto de estados e municípios das capitais, com maior e menor percentual de escolares do 9º ano que já experimentaram uma dose de bebida alcoólica, estão Rio Grande do Sul (68,0%) e Amapá (43,8%), Porto Alegre (74,9%) e Macapá (43,5%).
A proporção dos estudantes do 9º ano que já experimentou drogas ilícitas também subiu em relação a 2012, ao passar de 7,3% (230,2 mil) para 9% (236,8 mil ). Ainda segundo a pesquisa, em relação ao consumo atual de álcool e drogas ilícitas, respectivamente, 23,8% (626,1 mil) e 4,2% (110,5 mil) dos estudantes do 9º ano tinham feito uso dessas substâncias nos últimos 30 dias antes da pesquisa.
No que se refere à experimentação do cigarro, ela tem um crescimento relativo de aproximadamente 53,0% entre as duas faixas de idade analisadas. No grupo etário de 13 a 15 anos, a experimentação é de 19,0%, chegando a pouco mais de 29,0% entre os escolares na faixa etária de 16 a 17 anos.
No grupo de idades de 16 a 17 anos, 10% dos escolares experimentaram cigarros antes dos 14 anos de idade, aproximadamente 8% consumiram cigarros pelo menos uma vez nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa, 53% estiveram em presença de pessoas que faziam uso de cigarros e em torno de 24% possuíam pais fumantes.
Quanto ao consumo de outros produtos do tabaco, pouco mais de 8% dos escolares de 16 a 17 anos de idade declararam fazer uso.
Na faixa etária de 16 a 17 anos, 73% dos escolares já experimentaram uma dose de bebida alcoólica. Pouco mais de 21% tomaram a primeira dose de bebida alcoólica com menos de 14 anos de idade e cerca de 60% possuíam amigos que consomem bebidas alcoólicas.
O indicador de consumo atual de bebida alcoólica, considerando as duas faixas de idade analisadas, cresceu 56,5%, passando de pouco mais de 24,0% entre os escolares de 13 a 15 anos de idade para quase 38,0% no grupo etário de 16 a 17 anos.
Bebidas
Em torno de 37% dos escolares de 16 a 17 anos de idade já sofreram com episódios de embriaguez e aproximadamente 12% deles tiveram problemas com família ou amigos porque haviam bebido.
Evelyn ressaltou que o uso de substâncias psicoativas na fase de crescimento e desenvolvimento do cérebro prejudica o desenvolvimento do adolescente.
“A pior droga do Brasil é o álcool. Esse uso é um fenômeno cultural e de marketing. Para você ser homem tem que ficar bêbado, como se fosse um ritual de passagem. Fora os patrocínios de bebidas alcoólicas em festas para jovens”, comentou ela.
“O Brasil precisa realmente de programas de educação em saúde com metodologias apropriadas para o adolescente. Além de vigilância, pois qualquer botequim ou posto de gasolina vende cerveja para adolescentes”.
Anvisa proíbe divulgação de produto que anuncia a cura da aids
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu, nesta sexta-feira (26), a divulgação de produto feito à base da planta mutamba, com a promessa falsa de cura do HIV/aids. A decisão foi publicada na edição de hoje do Diário Oficial da União.
O produto tem sido divulgado na internet, mas, segundo a Anvisa, a medida é preventiva, porque não foram encontrados indícios da comercialização do mutamba contra aids, como é chamado.
A Anvisa destacou que o produto não tem registro na agência e é, portanto, um produto clandestino, de origem e composição desconhecida.
“O produto feito à base da planta mutamba, não possui registro na agência, nem apresenta ensaios clínicos que comprovem suas características medicinais. Os produtos irregulare que estejam fora das exigências da agência não oferecem garantia de eficácia, segurança e qualidade que são necessárias para saber se funcionam e são seguros”, acrescentou a Anvisa.
A Anvisa alertou ainda que produtos e medicamentos irregulares ou falsificados podem não fazer efeito, prejudicar tratamentos médicos ou, em casos mais graves, comprometer a saúde do cidadão.
A agência orienta que antes de comprar ou divulgar itens de origem suspeita ou não registrados, os cidadãos podem entrar em contato com a Anvisa através do canal (0800-642-9782).
Fonte : JC on-line
quinta-feira, 25 de agosto de 2016
Pastoral da Aids firma parceria com Departamento para campanha com foco em 1º de Dezembro e visita do papa
Representantes da Pastoral de DST/Aids da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) reuniram-se nesta terça-feira (23) com a diretora do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Adele Benzaken, para oficializar uma nova parceria entre as duas instituições: ainda neste ano, será lançada uma grande campanha para a testagem e o tratamento do HIV em todo o Brasil. A campanha dará continuidade à iniciativa “Cuide bem de você e de todos os que você ama/Faça o teste de HIV”, lançada pela Pastoral com o Departamento em 1º de dezembro de 2014 – Dia Mundial de Luta contra a Aids –, com grande sucesso. E contará novamente com o protagonismo do padre Fábio de Melo – e, dessa vez, de uma cantora ou atriz de projeção nacional ainda a ser definida.
O escopo é mais uma vez vasto: com foco na população em geral e incluindo a adesão e o tratamento que seguem a testagem e o diagnóstico, a nova campanha será realizada entre 1º de dezembro de 2016 e 12 de outubro de 2017, data em que o Papa Francisco virá ao Brasil como parte das celebrações da padroeira Nossa Senhora Aparecida. “Queremos colocar essa pauta na agenda do Papa e envolver a Igreja em outros países”, diz o Frei Luiz Carlos Lunardi, assessor nacional da Pastoral. Da campanha de mídia em grande escala resultarão atividades práticas em bases comunitárias espalhadas por todo o país.
Frei Lunardi explica que a inclusão da adesão e do tratamento à antiga campanha de testagem seguem o novo momento de enfrentamento da epidemia no Brasil e no mundo – em que o conceito "tratamento para todos", adotado pelo governo em 2013, é "absoluta vanguarda".
"A ideia é reforçar o cuidado compartilhado, para que o paciente compreenda todo o leque à sua disposição – sentindo-se amparado desde o teste e o possível diagnóstico até os exames de rotina; do vínculo com os serviços de saúde e da adesão, ao longo do tempo, até o tratamento e a ligação a grupos de apoio da Pastoral e de outras organizações da sociedade civil, ” explica Lunardi.
"Consciente, a pessoa poderá, por fim, caminhar sozinha. Mas, se fraquejar, saberá que estaremos lá”, acrescenta o frei José Bernardi, secretário executivo da Pastoral.
Cartas
Os representantes da Pastoral de DST/Aids da CNBB também entregaram à diretora Adele Benzaken três importantes cartas tiradas do 6º Seminário Nacional de Incidência Política da Pastoral, realizado neste mês em Porto Alegre (RS). A primeira – a “Carta de Porto Alegre” – apresenta a posição da Pastoral diante do atual momento político do país, com foco no HIV/aids; a segunda, repudia a PL 198/2015, que trata como crime hediondo a transmissão intencional do HIV; e a terceira expressa preocupação quanto à possível aprovação da PEC 241, que estabelece um novo regime fiscal para os poderes da União e os órgãos federais.
Dica de entrevista
Pastoral da Aids de Porto Alegre
Tel.: (051) 3346-6405
Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais
Tel.: (61) 3315-7665
Senado aprova prorrogar programa Mais Médicos por três anos
O Senado aprovou nesta quarta-feira (24) uma medida provisória que prorroga por mais três anos o programa Mais Médicos. O texto já havia passado pela Câmara e segue agora para sanção presidencial.
Para que não perdesse a validade, a matéria precisava ser aprovada até a próxima segunda-feira (29). Essa possibilidade preocupava prefeitos de todo o país, que temiam a descontinuidade do serviço. Além disso, os gestores temiam o impacto negativo do esvaziamento dos centros de saúde a poucos meses das eleições de outubro.
O programa, criado em 2013 para aumentar o número de médicos no interior do país, previa que o prazo de atuação dos médicos estrangeiros fosse renovado somente depois que eles tivessem passado por um exame para revalidar o seu diploma.
Pela medida provisória, que havia sido editada em abril pela presidente afastada Dilma Rousseff, os profissionais terão o visto provisório prorrogado por mais três anos e poderão continuar participando como intercambistas do programa mesmo sem ter o diploma revalidado.
A medida entrou em vigor assim que foi editada, mas, para virar lei, precisava passar pela aprovação do Congresso Nacional em até 120 dias, prazo que expirava na próxima semana.
A votação no Senado foi simbólica, sem o registro de votos no painel eletrônico.
Na justificativa enviada ao Legislativo para que seja aprovada a MP, o governo destaca a importância do programa para melhorar o atendimento à saúde da população brasileira em 4.058 municípios do país, atingindo uma cobertura de 63 milhões de pessoas, o que equivalente a cerca de 30% da população. Ainda segundo o governo, 18.240 profissionais participam do programa.
Relator na comissão que analisou a medida, o senador Humberto Costa (PT-PE) defendeu em seu relatório a aprovação da prorrogação do prazo de visto temporário com o objetivo de "garantir estabilidade e promover a consolidação do projeto nos municípios onde está em atividade" para evitar descontinuidade na prestação dos serviços.
Fonte : Bem-Estar
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