quarta-feira, 26 de abril de 2017

Governo pede mais empenho dos profissionais de saúde na luta contra a sífilis no estado de São Paulo



Juntos podemos mudar esta realidade". O slogan é uma tentativa do governo de mobilizar os profissionais de saúde do estado de São Paulo para que todos se unam na luta contra a sífilis adquirida, a sífilis em gestante e a congênita. Os dados comprovam que a doença está aumentando em São Paulo e no Brasil. Para falar da realidade epidemiológica, da importância da assistência no pré-natal e sobre o planejamento estadual de combate à sífilis, o Programa Estadual de DST/Aids em parceria com a Atenção Básica reuniu, nesta quarta-feira (26), no espaço Hakka, médicos, gestores, enfermeiros, técnicos, entre outros, para a 2ª Semana Paulista de Mobilização Contra a Sífilis.
"Por que a sífilis não acabou? Essa é uma doença milenar, o que falta para eliminá-la? Acredito que juntos e com uma mobilização política podemos mudar essa realidade. Neste momento, precisamos enfrentar a situação com a garra necessária, os profissionais de saúde devem saber que a sífilis existe e que os casos estão aumentando", disse Marcos Boulos, coordenador do Centro de Controle de Doenças do estado.
O presidente do Cosems/SP e secretário Municipal de Saúde de Campinas, Carmino de Souza, marcou presença no evento e elogiou a iniciativa. Assim como Boulos, ele também pediu empenho dos profissionais de saúde contra a sífilis. "A doença é de fácil diagnóstico e tratamento, temos que vencer. Hoje, os indicadores de saúde são bons, mas se olharmos detalhadamente os dados vamos perceber que estamos perdendo o jogo para as DSTs. Por exemplo: o tratamento e prevenção contra o HIV avançaram, mas, em Campinas, foram registrados 450 novos casos de HIV só no ano passado e uma criança foi infectada via transmissão vertical."
A sífilis é uma doença infecciosa sistêmica, crônica. Ela se manifesta em diferentes estágios. Sem tratamento, pode causar várias complicações, afetando praticamente todo o organismo humano e podendo provocar até a morte. A causadora da doença é a Treponema pallidum, uma bactéria altamente patogênica.
A principal forma de transmissão é o contato sexual. A gestante também transmite para o bebê a bactéria em qualquer fase da gravidez ou em qualquer estágio da doença. A transmissão via transfusão de sangue pode ocorrer, mas é rara, em função do controle do sangue doado.
Atenção básica
O médico Arnaldo Sala, coordenador da Atenção Básica na Secretária Estadual de Saúde de São Paulo, disse que o problema é complexo. "O aumento de casos de sífilis congênita em São Paulo não quer dizer que a assistência à gestante piorou, talvez o nosso pré-natal sempre foi ruim”.
De acordo com Arnaldo, os testes para sífilis devem ser obrigatoriamente solicitados no primeiro atendimento da gestante na atenção básica e repetidos obrigatoriamente entre 28-30 semanas de gestação. “Também recomendamos a solicitação do exame no segundo trimestre da gestação, mas é opcional.”
Arnaldo chamou atenção para o papel da unidade básica de saúde na eliminação da sífilis. No estado, há 124 municípios que não aplicam penicilina benzatina na atenção básica. “77% das equipes da saúde aplicam, mas queremos 100%.”
No Brasil, entre 2010 e 2016, foram registrados 227.663 casos de sífilis adquirida, deste total, 45% no estado de São Paulo.  Entre 2007 e 2015, o boletim epidemiológico do estado registrou 27.079 casos em gestantes. A taxa de detecção aumentou cinco vezes, passou de 1,9, em 2009, para 9,9 casos, em 2015. Do total de casos, 21% eram em adolescentes.
Os casos de sífilis congênita também continuam crescendo no país. Em 2015, o Brasil notificou 19.228 casos em menores de 1 ano de idade. No estado de São Paulo,  a taxa de incidência de sífilis em bebês com menos de um ano era que 1,4 casos para cada mil nascidos vivos em 2009. Em 2015, passou para 5,4 - foram 3.437 casos. 75% dessas mães realizaram o pré-natal.
A pediatra Carmen Domingues, do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo, explicou que a sífilis congênita pode resultar em aborto, natimorto ou óbito neonatal. A doença também pode ficar disfarçada e causar o nascimento prematuro de bebês com baixo peso.
Em 2015, segundo Carmen, do total de casos de sífilis congênita no estado, 10% (354) foram abortos, natimortos e óbitos.
Como evitar
A pediatra, que é responsável pelas ações para eliminação da transmissão vertical do HIV e da sífilis em São Paulo, afirmou ainda que é possível evitar os danos da sífilis no bebê com pré-natal adequado e o tratamento correto. “O tratamento da sífilis na gestação deve ser iniciado o mais rápido possível e normalmente é feito com penicilina benzatina. O parceiro também deve ser tratado para evitar uma nova infecção na gestante.”
Mas a pediatra alerta: “o tratamento com penicilina somente é considerado eficaz, para evitar sífilis congênita, se administrado com mais de 30 dias antes do parto.”
Para a especialista, o maior desafio do combate à sífilis hoje é tratar o parceiro. “Os homens geralmente não vão aos serviços de saúde. O ideal é que eles aderissem ao pré-natal também. Temos que falar em pré-natal da família. O acompanhamento do parceiro pode contribuir para reduzir a transmissão vertical da sífilis e do HIV. A realização de testes rápidos para detecção destas doenças e a consequente adesão ao tratamento por parte do parceiro infectado pode diminuir consideravelmente o risco de contágio da mãe para a criança. Mesmo com a devida atenção ao longo da gravidez, se a mulher mantiver relações sexuais com o parceiro infectado pode ser reinfectada pela sífilis, por exemplo.”
Segundo o Ministério da Saúde, a principal forma de prevenção é o uso de preservativos no ato sexual. O tratamento correto e completo também é considerado uma forma eficaz de controle, pois interrompe a cadeia de transmissão.
Plano de ação
Os coordenador-adjunto do Programa Estadual de DST/Aids, Artur Kalichman, contou que “o enfrentamento da sífilis congênita poderá ser incluído nos Planos Municipais de Saúde. As diretrizes e os objetivos do enfrentamento da sífilis na gestante e sífilis congênita podem ser explicados no plano, com a metas a seguir. Vale indicar atividades de educação permanente necessárias para qualificação no cuidado das gestantes e recém-nascidos.”
Participaram do evento profissionais de saúde da atenção básica, gestores, funcionários de serviços de HIV/aids, representantes das GVE (Grupo de Vigilância Epidemiológica), equipes de saúde da família e saúde da mulher.
Dica de entrevista
Assessoria de Imprensa do Programa de Aids

terça-feira, 25 de abril de 2017

No teatro, “Lembro Todo Dia de Você” debate o HIV no século 21



Sucessor de “Urinal, O Musical”, o espetáculo “Lembro Todo Dia de Você” surge na trajetória do diretor Zé Henrique de Paula e do Núcleo Experimental como uma nova investigação em torno do comportamento e da sexualidade. No palco, sete atores interpretam doze personagens para tratar de uma questão polêmica a que muita gente faz vistas grossas: o número alarmante de jovens com menos de 30 anos infectados pelo HIV.
O espetáculo estreia no Centro Cultural Banco do Brasil, em 19 de maio, para uma temporada de segundas, sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 19h, até 26 de junho.
Na trama, Tiago (interpretado por Davi Tápias) tenta entrar em contato com o ex-namorado Júlio (papel de Gabriel Malo) para discutir uma questão do passado dos dois. Júlio contraiu HIV por meio de uma relação sexual com Tiago e se recusa a conversar sobre ao assunto. No elenco, ainda estão os atores Anna Toledo, Bruna Guerin, Fábio Barreto e Fabio Barreto e Fabio Redkowicz, além do próprio Zé Henrique. “Lembro Todo Dia de Você” tem direção musical e canções inéditas criadas por Fernanda Maia.
Serviço
Lembro Todo Dia de Você
Centro Cultural Banco do Brasil, Rua Álvares Penteado, 112 - Centro, São Paulo - SP
A partir de 19 de maio, para uma temporada de segundas, sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 19h, até 26 de junho

Contra o preconceito ao HIV/aids, cantor Silvino lança nesta terça (25) clipe da música Olhos Amarelos



Com o objetivo de desconstruir o preconceito vivenciado pelas pessoas soropositivas, o cantor e compositor Silvino lançou nesta terça-feira (25) o clipe da música "Olhos Amarelos". Neste trabalho, o jovem de 25 anos defende o diálogo aberto sobre a vida das pessoas que vivem com HIV/aids. A iniciativa é fruto de uma parceria entre Silvino e Theo Cancello, produtor musical e maestro.
Para o cantor, não falar sobre HIV/aids é alimentar o preconceito. Ele escolheu abordar o assunto no clipe com leveza, delicadeza e sensualidade. "Neste velho armário novo eu não vou entrar parcelado em dias de aflição", canta Silvino. "Olhos Amarelos é um canto de afirmação e liberdade. Em que armário te colocaram? O clipe é um convite pra sair dele e ter posse sobre o seu próprio corpo. Este corpo é meu, é com ele que eu to passando!"
Silvino é soropositivo e conta que a sua vida artística começou no momento em que recebeu o diagnóstico positivo para o HIV. "Foram semanas de angústia e recolhimento até saber como estava realmente a minha saúde. E neste momento eu só conseguia pensar: e minha carreira, e os meus projetos, palavras, vontades artísticas engavetadas. Sem arte eu não sobrevivo. Eu não saberia fazer outra coisa", diz o cantor.
"Olhos Amarelos fala sobre a vivência com o HIV, o repensar da vida, sobre a estrutura social que nos ignora e mata. Fala da vivência de uma bicha afeminada que aprendeu a se amar assim. Fala sobre o amor mais profundo e ignorado por nós que é o amor por si, pelo seu corpo, cicatrizes, escolhas... É sobre seguir em frente com tudo aquilo que nos forma", definiu Silvino. 
Em um cenário cheio de diversidade, o clipe de Silvino tem no elenco uma figura que é referência no cenário teatral nacional, a atriz Renata Carvalho, que também é da Baixada Santista, e atualmente roda o país com o espetáculo "O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu". 
Para o homem trans Vitor Lourenço, atuar no filme é extremamente empoderador. "A energia dos corpos dos 'apagados' ali interagindo, coexistindo e fortalecendo um ao outro. Saí da gravação revigorado, com mais forças para encarrar minhas batalhas e com os olhos ainda mais abertos para as que não me pertencem diretamente", afirmou.

sábado, 22 de abril de 2017

'Estadão': Aumento de ações coloca em risco Mais Médicos, diz conselho de secretários



O Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) decidiu agir para tentar conter a expansão de ações na Justiça movidas por profissionais cubanos interessados em permanecer no Mais Médicos. Em um comunicado divulgado nesta segunda, o conselho afirma que o aumento de ações coloca em risco a continuidade do programa e recomenda que gestores evitem fazer qualquer tipo de documento apoiando a permanência dos profissionais em suas cidades. 
"Entre as ações judiciais ajuizadas contra o Ministério da Saúde, várias delas trazem em seu teor um documento do próprio gestor apoiando a demanda do profissional", afirma o comunicado.
Documentos que, na avaliação da entidade, podem dificultar a defesa feita pela União.
Em entrevista ao Estado, o presidente do Conasems, Mauro Guimarães Junqueira, confirmou a preocupação. "São cartas feitas de boa-fé. Mas podem prejudicar. É ruim para Cuba. É ruim para o Brasil", resumiu. 
No comunicado, o Conasems também procura afastar qualquer tentativa de prefeitos para contratar de forma direta os profissionais recrutados por meio do convênio firmado com o governo cubano e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). "É absolutamente claro que nenhuma entidade dos governos brasileiros (...) pode contratar diretamente qualquer médico cubano fora do escopo do programa de cooperação técnica da Opas", diz o texto.
O alerta do Conasems tenta evitar ainda que gestores opinem sobre o sistema de pagamento dos profissionais cubanos, que é diferente do ofertado para brasileiros. "A remuneração do médico cubano observa as regras do seu país e daquilo que o governo de Cuba pactua com a Opas, sobre as quais não cabe ao governo brasileiro ingerir".
Guimarães Junqueira afirmou ter recebido nos últimos dias vários telefonemas de secretários de saúde receosos de que o programa acabe. "Tenho dito que não é assim. Há um crescente interesse de profissionais brasileiros", afirmou. 
O governo de Cuba comunicou semana passada ao governo brasileiro que suspenderia o envio de 710 profissionais para participar do programa Mais Médicos. A decisão é reflexo do grande número de ações na Justiça interpostas por cubanos que querem garantir o direito de permanecer no Brasil, embora Cuba tenha determinado o retorno. Até semana passada, conforme o Estado informou, havia 88 liminares assegurando aos profissionais o direito de permanecer no Brasil. 
Muitos têm ainda o direito de permanecer trabalhando no Mais Médicos.
Diante da suspensão do envio de profissionais, o governo brasileiro decidiu, em um primeiro momento, preencher as vagas com médicos brasileiros formados no Brasil ou no exterior. O Estado apurou, no entanto, que o próprio governo reconhece que tal arranjo não vai resolver o problema. Médicos brasileiros resistem em ir para locais considerados mais distantes e em distritos sanitários indígenas, por exemplo. A rotatividade de profissionais brasileiros também é muito superior da que é registrada entre médicos recrutados no programa da Opas.
Nas próximas semanas, um encontro deverá ser realizado entre Brasil, Opas e representantes do governo de Cuba. Embora o Brasil e a Opas tenham interesse em manter o acordo, não há, neste momento, nenhuma grande oferta que o governo brasileiro possa fazer a Cuba para evitar que novas ações na Justiça sejam interpostas. Está descartada, por enquanto, qualquer possibilidade de mudança no contrato com Cuba, renovado por mais três anos no ano passado.

"O Globo": Anvisa vai consultar público se farmácias devem vender vacinas



A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai abrir uma consulta pública antes de decidir se vacinas podem ser vendidas e aplicadas em farmácias e drogarias do país. O objetivo seria reforçar a prevenção a doenças e epidemias imunológicas, como a dengue e a febre amarela, a partir da ação desses estabelecimentos particulares. Mas calma: trata-se, segundo a agência, do início do processo de regulamentação.
Ainda não há data marcada para a publicação da consulta, mas a agência estima que ela já esteja liberada na semana que vem. Na plataforma, qualquer cidadão poderá opinar sobre os artigos sugeridos à elaboração da norma e se registrar como favorável ou não à regulamentação.
As consultas públicas costumam vigir por 30 ou 60 dias, a depender também de feriados neste prazo. A Anvisa ainda pode promover uma audiência pública sobre o tema, se as contribuições de internautas justificarem o encontro.
Caso ao fim desse processo proposta seja aprovada, a Anvisa ajusta o texto conforme as críticas e sugestões. Depois, envia à diretoria colegiada para publicá-lo como norma.

Fonte : O Globo

Jorge Sampaio defende maior envolvimento da CPLP contra Aids e tuberculose



O ex-Presidente português, Jorge Sampaio, defendeu que “a estruturas já existentes da CPLP” podem assegurar uma melhor coordenação das estratégias de luta contra a Sida e a Tuberculose no espaço da lusofonia.

Em  intervenção que inaugurou o 4.º Congresso de Medicina Tropical, no Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT), Sampaio sublinhou que “se se quiser fazer progressos no combate à Sida, tuberculose e de outras doenças oportunistas no seio da CPLP”, é fundamental uma “coordenação” eficaz em “vários patamares” que pode ser protagonizada pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
“Neste primeiro encontro de países de língua portuguesa permito-me insistir no papel da coordenação nos vários patamares em que esta se desenrola, se se quiser fazer progressos no combate à SIDA, tuberculose e de outras doenças oportunistas no seio da CPLP. Em parte, este papel pode ser assegurado pelas estruturas já existentes da CPLP e pelo próprio secretariado da CPLP”, afirmou o antigo Enviado Especial do Secretário-geral da ONU para a Luta Contra a Tuberculose.
Sampaio recordou aos investigadores, médicos e responsáveis da área da Saúde lusófonos presentes a agenda das Nações Unidas para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, considerando-a “roteiro sólido, que deverá orientar os esforços conjugados no seio da CPLP”.
Um dos objetivos, sublinhou o antigo Presidente português, referente à saúde de qualidade, estipula que até 2030 se acabe designadamente com “as epidemias de Sida, tuberculose, malária e doenças tropicais negligenciadas”, assim como estabelece como prioritário o combate da hepatite, de doenças transmitidas pela água e de outras doenças transmissíveis.
“Parece-me que nos devíamos concentrar em trabalhar em conjunto para alcançar estes objetivos ou metas, fazendo valer uma parceria forte suscetível de concitar outros apoios e triangulações várias, alavancadas no seio dos fóruns multilaterais, como a União Europeia, o Banco Mundial, a Organização Mundial de Saúde e o sistema das Nações Unidas em geral, assim como ao setor filantrópico e privado”, defendeu Jorge Sampaio.
Para se conseguir alcançar os objetivos identificados na Estratégia da ONU “Acabar com a Tuberculose” até 2020, o índice de redução global terá de aumentar para 4% a 5% por ano, apontou ainda Sampaio.
Há que “redobrar os esforços em várias áreas”, a “partida está longe de estar ganha e sobretudo, se nos centrarmos no espaço da CPLP, sendo que Angola, Moçambique e Brasil se encontram no grupo dos chamados ‘high burden countries’ (conjunto de países problemáticos)”, sublinhou o antigo Presidente.
Finalmente, Jorge Sampaio sustentou que a anunciada reunião de Alto Nível sobre a tuberculose, que terá lugar em 2018, “pela primeira vez na história das Nações Unidas”, constituirá um “momento forte para a afirmação de uma vontade política forte de se fazer progressos na luta contra a tuberculose”, e que “urge prepará-la atempadamente para não se desperdiçar uma ocasião que poderá ser verdadeiramente única e excecional”.
Em 2015, a tuberculose matou 1,8 milhões de pessoas — ou seja, mais de três pessoas por minuto — e é a causa principal de morte das pessoas seropositivas. Dos 1,8 milhões de pessoas mortas com tuberculose, 1,5 milhões eram seropositivas. No mesmo ano, por outro lado, foram identificados 480 mil casos de tuberculose multirresistente.
Em contrapartida, desde 2000 registra-se uma diminuição da incidência da tuberculose a um ritmo de cerca de 1,5% por ano e 49 milhões de pessoas foram salvas entre 2000 e 2015 por receberem diagnóstico precoce e tratamento adequado.



Fonte : Mundo Lusíada

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Mato Grosso registrou quase 400 casos de sífilis em 2016, informa governo local



Trezentos e noventa casos de sífilis foram registrados no ano passado em Mato Grosso, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES). Nesse período, também foram registrados 228 casos de sífilis congênita, transmitida da mãe para o bebê. O tratamento da doença é feito com penicilina.
Durante a gestação, a doença pode causar abortos espontâneos, malformação do feto e também pode ser transmitida para o bebê. A sífilis pode ser curada desde que tratada corretamente.
O médico Ivens Scaff explica que a doença é contagiosa e tem três estágios. Sem o tratamento adequado, pode causar problemas neurológicos. “Ela ataca o sistema nervoso central e pode levar até a demência do portador da doença”, afirmou.
Segundo o Ministério da Saúde, houve aumento de 5.000% nos casos da doença, entre 2010 e 2015, no país. De 1,2 mil casos subiu para 65 mil.
A coordenadora de Vigilância Epidemiológica de Mato Grosso, Flávia Guimarães, afirma que a proliferação da doença se deve à falta do uso de preservativos. “As pessoas banalizam o uso da camisinha e acabam se expondo mais, aumentando os casos da doença”, contou.
“Quando a gestante está fazendo o pré-natal, o tratamento é feito no primeiro trimestre e no último trimestre da gestação para não haver risco da criança ter malformação”, disse a coordenadora.
A doença pode ser identificada pelo teste rápido, oferecido em toda a rede pública de saúde. O resultado sai em menos de 15 minutos.

Fonte : G1

Estadão': Aumento de ações coloca em risco Mais Médicos, diz conselho de secretários



O Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) decidiu agir para tentar conter a expansão de ações na Justiça movidas por profissionais cubanos interessados em permanecer no Mais Médicos. Em um comunicado divulgado nesta segunda, o conselho afirma que o aumento de ações coloca em risco a continuidade do programa e recomenda que gestores evitem fazer qualquer tipo de documento apoiando a permanência dos profissionais em suas cidades. 
"Entre as ações judiciais ajuizadas contra o Ministério da Saúde, várias delas trazem em seu teor um documento do próprio gestor apoiando a demanda do profissional", afirma o comunicado.
Documentos que, na avaliação da entidade, podem dificultar a defesa feita pela União.
Em entrevista ao Estado, o presidente do Conasems, Mauro Guimarães Junqueira, confirmou a preocupação. "São cartas feitas de boa-fé. Mas podem prejudicar. É ruim para Cuba. É ruim para o Brasil", resumiu. 
No comunicado, o Conasems também procura afastar qualquer tentativa de prefeitos para contratar de forma direta os profissionais recrutados por meio do convênio firmado com o governo cubano e a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). "É absolutamente claro que nenhuma entidade dos governos brasileiros (...) pode contratar diretamente qualquer médico cubano fora do escopo do programa de cooperação técnica da Opas", diz o texto.
O alerta do Conasems tenta evitar ainda que gestores opinem sobre o sistema de pagamento dos profissionais cubanos, que é diferente do ofertado para brasileiros. "A remuneração do médico cubano observa as regras do seu país e daquilo que o governo de Cuba pactua com a Opas, sobre as quais não cabe ao governo brasileiro ingerir".
Guimarães Junqueira afirmou ter recebido nos últimos dias vários telefonemas de secretários de saúde receosos de que o programa acabe. "Tenho dito que não é assim. Há um crescente interesse de profissionais brasileiros", afirmou. 
O governo de Cuba comunicou semana passada ao governo brasileiro que suspenderia o envio de 710 profissionais para participar do programa Mais Médicos. A decisão é reflexo do grande número de ações na Justiça interpostas por cubanos que querem garantir o direito de permanecer no Brasil, embora Cuba tenha determinado o retorno. Até semana passada, conforme o Estado informou, havia 88 liminares assegurando aos profissionais o direito de permanecer no Brasil. 
Muitos têm ainda o direito de permanecer trabalhando no Mais Médicos.
Diante da suspensão do envio de profissionais, o governo brasileiro decidiu, em um primeiro momento, preencher as vagas com médicos brasileiros formados no Brasil ou no exterior. O Estado apurou, no entanto, que o próprio governo reconhece que tal arranjo não vai resolver o problema. Médicos brasileiros resistem em ir para locais considerados mais distantes e em distritos sanitários indígenas, por exemplo. A rotatividade de profissionais brasileiros também é muito superior da que é registrada entre médicos recrutados no programa da Opas.
Nas próximas semanas, um encontro deverá ser realizado entre Brasil, Opas e representantes do governo de Cuba. Embora o Brasil e a Opas tenham interesse em manter o acordo, não há, neste momento, nenhuma grande oferta que o governo brasileiro possa fazer a Cuba para evitar que novas ações na Justiça sejam interpostas. Está descartada, por enquanto, qualquer possibilidade de mudança no contrato com Cuba, renovado por mais três anos no ano passado.


SP lança aplicativo para ajudar na adesão ao tratamento e autocuidado de pessoas vivendo com HIV e hepatites virais



O aplicativo (app) “Cuide-se Bem” avisa aos pacientes de HIV e hepatites virais sobre as consultas agendadas, horário dos medicamentos, armazena informações de exames, oferece dicas e funciona como um 'prontuário médico portátil'. Disponível em português para Android e IOS, o app foi lançado na manhã desta terça-feira (18), no Auditório Amarelo do Centro de Convenções Rebouças, pelo Programa Estadual de DST e Aids de São Paulo. 
“Pelo que levantamos que fizemos, esse é o primeiro app desenvolvido pela Prodesp [Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo] com o olhar do usuário e doado para o setor público”, afirmou com alegria o dr Luiz Carlos Pereira Jr, diretor Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Atualmente, o Hospital Emílio Ribas trata em nível ambulatorial 8 mil pacientes de HIV e hepatites e é um dos apoiadores do projeto.
O app é totalmente gratuito e ocupa apenas 9,7 MB (megabyte) da memória do aparelhono IOS e 5,6 MB no Android  --uma musica de 3 minutos, por exemplo, em boa qualidade, pode ocupar cerca de 5 MB. A ideia, segundo o Programa Estadual de DST e Aids de São Paulo é que ele se torne uma ferramenta universal, acessada por pacientes de Norte a Sul do país e até de fora do território brasileiro. A expectativa é de que ele possa ajudar em torno de 70% dos pacientes já diagnosticados e em tratamento para o HIV. Estima-se que hoje 830 mil pessoas vivam com vírus no país.
A confidencialidade do paciente que usa o aplicativo foi uma questão priorizada pelos profissionais durante o desenvolvimento software. “Ele funciona offline e o usuário cria uma senha para poder acessar. Ficamos tão preocupados com o sigilo que, se o paciente esquecer a senha, vai ter que reinstalar o aplicativo. Não tem um servidor que armazena as informações dele. Essas informações ficam no celular do usuário e é ele quem faz esse controle”, explicou o dr Artur Kalichman, coordenador adjunto do Programa Estadual DST/Aids de São Paulo.
A logo do  aplicativo é leve, discreta e não remete ao HIV ou as hepatites. De acordo com a dra Mariliza Henrique Silva, infectologista da Gerência de Assistência do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids-SP (CRT-SP), o app está organizado em três pilares: o usuário, o cuidado e o envolvimento da equipe. “Não é obrigatório informar e-mail, quem fornece as informações ao aplicativo é o usuário. Ele pode, inclusive, controlar o próprio estoque de medicamentos, acionar lembretes para o horário de tomar os remédios, próximas consultas e exames. Ainda, por meio do registro de resultados de exames, dá para criar uma visão comparativa entre eles”, explica a médica.

Outra funcionalidade é uma espécie de "bula eletrônica", que trará informações sobre cada medicação usada e seus eventos adversos. "O app foi pensado como uma ferramenta para ajudar os pacientes na adesão ao tratamento. Para isso, foi feito um mapeamento das dificuldades e necessidades dessas pessoas. Pensamos no que oferecer ao paciente para facilitar o autocuidado. Percebemos também que esse aplicativo pode ser usado para outras patologias", disse o dr. Luiz Carlos Pereira Jr.
Nos próximos três meses, a equipe receberá sugestões dos usuários e profissionais de saúde para melhorar as funcionalidades do software.
O app foi desenvolvido pela equipe do Programa Estadual de DST e Aids, em parceria com a farmacêutica Abbvie e com o Programa Estadual de Hepatites Virais de São Paulo, e apoio do Hospital Emílio Ribas.
Investimentos na Rede de Cuidados
Além do aplicativo, a Coordenação Estadual DST e Aids de São Paulo lançou a série "Diretrizes para apoiar a implementação da Rede de Cuidados em IST/HIV". O objetivo é qualificar a atenção ofertada às pessoas com vulnerabilidade para infecção pelo HIV e outras ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), assim como as pessoas que vivem com HIV e outras ISTs. A série é composta por três publicações: “Manual de Prevenção”, “Assistência” e “Gestão da Rede e Serviços de Saúde”. 
“Esses são produtos de orientação da linha de cuidado. Esperamos que eles ajudem a reforçar a organização da Rede como um salto para ações programáticas. Essa é uma das formas que buscamos para integrar e ampliar os serviços”, disse o infectologista Arthur Kalichman.
A Rede de Cuidados em DST, HIV, Aids e Hepatites Virais  foi instituída em fevereiro de 2015. De acordo com a dra. Carmen Lavras, do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas da Unicamp, as publicações inovam por trazer orientações aos gestores e médicos: “São documentos que organizam o conhecimento e essa integração com objetividade”.
As publicações foram organizadas por Rosa de Alencar Souza (coordenadora adjunta do Programa Estadual DST/Aids-SP),  Mariliza Henrique Silva (Infectologista da Gerência de Assistência Integral à Saúde do CRT-DST/Aids),  Ivone de Paula (Gerente da Área de Prevenção do CRT DST/Aids-SP) e Carmen Lavras do Núcleo de Estudos de Políticas Pública da Universidade de Campinas (Unicamp). Clique aqui para baixar.
Falta de apoio
O ativista Matheus Emílio, do Foaesp (Fórum de Ongs Aids do Estado de São Paulo), aproveitou o tema para pedir a atenção dos gestores presentes para a situação dos CTAs (Centro de Testagem e Aconselhamento em DST/Aids) na cidade de São Paulo: “Em uma reunião junto ao Foaesp, em 2015, fomos informados que o Estado tinha aprovado o repasse de R$ 20 milhões para o fortalecimento dos serviços especializados dos municípios, mas não temos visto isso. Me preocupa o processo burocrático de repasse de verbas para as ONGs. Isso afeta o planejamento das organizações e a resposta do Estado no enfrentamento da epidemia.”
De acordo com o dr. Luiz Carlos, a proposta não foi esquecida: “Depois de um debate que aconteceu em 2014, o dr. David Uip [secretário estadual da Saúde] nos chamou para organizar essa estrutura de DST e hepatites virais. Mas, em seguida, fomos atropelados pela crise.” 

Envio de médicos cubanos ao Brasil, previsto para este mês, está suspenso, informa O Globo


O governo de Cuba suspendeu o envio de 710 médicos cubanos ao Brasil, previsto para este mês, conforme divulgado no portal do Ministério da Saúde (MS). O número corresponde a 600 novos bolsistas e 110 para reposições pelo Programa Mais Médicos.

O órgão brasileiro informa que recebeu, na terça-feira passada (13), uma solicitação da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) de promover um encontro entre de representantes do Brasil e de Cuba para tratar do programa.
A ideia é analisar o aumento de ações judiciais pleiteadas por médicos cubanos vinculados ao Mais Médicos e sua contratação direta pelo MS, determinada por liminares. O processo, segundo o texto do ofício, não estaria em conformidade com o acordo de cooperação firmado entre os parceiros.
Diante do impasse, o MS informou à Opas, nesta quinta-feira, sobre a disponibilidade de enviar uma delegação brasileira para esclarecer tais questionamentos.
Pelo Mais Médicos, a cada três meses, o Ministério da Saúde realiza editais para preencher os postos de trabalho eventualmente vagos do programa. No último, segundo o órgão, para cerca de 1.600 vagas, mais de 8 mil candidatos brasileiros se inscreveram para a seleção.

Fonte : O Globo

segunda-feira, 17 de abril de 2017

Levantamento revela que 42 travestis e transsexuais foram mortas no Brasil, três foram no RJ



Segundo um levantamento realizado pela Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), 42 pessoas transexuais e travestis foram assassinadas no Brasil somente neste ano. No Rio de Janeiro, três pessoas morreram vítimas do preconceito. Uma das vítimas foi assassinada dentro de sua própria residência no distrito de São Sebastião, em Campos do Goytacazes, no norte fluminense. Na região metropolitana, uma travesti foi baleada dentro de seu carro em Realengo, zona oeste do Rio, e outra foi espancada por traficantes em São Gonçalo.

De acordo com dados do TGEU (Transgender Europe), mais da metade das mortes registradas de travestis e transexuais no mundo aconteceram no Brasil, no último ano foram 144. É a sexta vez que o país registra o maior número de homicídios motivados por transfobia. O levantamento diz ainda que a população de travestis e transexuais são 14 vezes mais expostas à violência letal do que homens gays.
Segundo informações do GGB (Grupo Gay da Bahia), 27% dos casos de homicídios com vítimas pertencentes a essa parcela da população é provocado com o esfaqueamento das vítimas. Estimativas do GGB apontam que a cada 29 horas uma pessoa LGBT é morta no país.
Para a secretaria de articulação política da Antra, Bruna Benevides, esses casos são tratados muitas vezes como homicídios por motivo torpe e não se leva em consideração o seu caráter de crime de ódio. Ela diz que há uma grande dificuldade de abordagem desses crimes até pela própria imprensa, que muitas vezes não respeita as identidades das vítimas e trata os casos como de homofobia.
“Quando a própria mídia não respeita a nossa identidade de gênero ou nome social ao expor o nome de registro, que é responsabilidade apenas da polícia e familiares, ou mesmo a nos tratar no masculino, causa um segundo assassinato de quem somos na hora das notificações ou publicações dos casos”, esclareceu Bruna, que disse ainda que no Brasil, existe um grande problema de invisibilização e desconhecimento a respeito da população de travestis e transexuais, que provoca a subnotificação dos casos.
A ativista declarou que dados como esses a deixa preocupada, ela disse que teme sair na rua em alguns horários. Segundo Bruna, ela tem evitado lugares que haja aglomeração de pessoas, onde ela possa ser vítima de alguma agressão. Em Niterói, cidade em que vive, ela informou que as travestis e transexuais conseguiram que fossem atendidas na Deam (Delegacia Especial de Atendimento à Mulher), o que minimizaria as humilhações na hora de registrar as violações e violências sofridas pelas vítimas, mas de acordo com Bruna, essa não é uma prática que acontece em todo país.
“O Estado não tem feito nada contra isso, nenhuma ação ou campanha. Só conseguimos que fôssemos atendidas na Deam esse ano porque foi um trabalho de conscientização feito através do conselho LGBT de Niterói”, afirmou.

domingo, 16 de abril de 2017

“Diário de Pernambuco”: Para buscar cura, cientistas tentam entender como o HIV se esconde no corpo



Um dos principais enigmas no desafio de encontrar a cura para o HIV é entender como o vírus se esconde no corpo humano. Hoje, já se sabe que o micro-organismo cria reservatórios virais, sobretudo na região do intestino, dificultando, assim, a ação dos medicamentos. Extinguir esses depósitos de HIV, portanto, é ação-chave para combater a doença. Uma das alternativas estudadas por cientistas foca na ativação do sistema imunológico do paciente, em um processo que funciona como os anticorpos de uma vacina. Na próxima semana, o pesquisador escocês Mario Stevenson, chefe da Divisão de Doenças Infecciosas da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, divulgará resultados promissores nesse sentido, em uma revista especializada.
"As pesquisas com técnicas imunológicas estão com ótimos resultados. Temos evidências seguras de que o vírus AAV é capaz de expulsar o HIV das células de modo que o tratamento antirretroviral o mate", disse ao Correio. Mario Stevenson, que esteve em São Paulo, no último mês, para participar do congresso promovido pela Fundação para Pesquisa da Aids (amfAR), na Escola da Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Ele contou que o procedimento já será testado em humanos. "Conseguimos curar um macaco utilizando uma 'vacina' com o vírus AAV, em uma pesquisa que está sendo conduzida na Universidade de Miami. A próxima etapa será o estudo em humanos."
Segundo o cientista, que acompanha há mais de 25 anos as causas da aids, para se chegar à cura da doença, será preciso identificar um meio de eliminar os reservatórios virais. Quando um soropositivo toma os medicamentos antirretrovirais, o HIV não é eliminado. Ele chega a taxas, em alguns casos, indetectáveis, mas pode se esconder em algumas células. Se um tratamento conseguir fazer com que o vírus saia do esconderijo, há a possibilidade de ele ser eliminado completamente do corpo.
O caso de Timothy Ray Brown, conhecido como paciente de Berlim, é um dos pilares da pesquisa. Vítima de leucemia, ele se livrou do HIV depois de receber um transplante de medula óssea, há oito anos, como tratamento contra o câncer. O doador tinha uma rara mutação no gene CCR5, que impedia o seu corpo de produzir uma proteína usada pelo vírus HIV para infectar humanos. Pessoas com essa característica genética são imunes ao HIV. "A técnica (usada no paciente de Berlim) é eficaz, mas não é seguro promover esse tipo de tratamento em larga escala. A taxa de mortalidade chega a 25% e os custos são muito altos. Além disso, é trabalhoso conseguir um doador compatível com o paciente que tenha também a mutação no gene CCR5", pondera Stevenson.
Retorno perigoso
Neste momento, centenas de estudiosos estão debruçados sobre as bancadas de seus laboratórios desenvolvendo pesquisas para ceifar o HIV do corpo de quem é acometido pelo vírus. Um grupo de cientistas dos Estados Unidos, da Dinamarca e da Alemanha desenvolve um medicamento que funciona como os anticorpos. A droga tem efeitos colaterais, como fadiga, diarreia, hiperglicemia e anemia. Em casos raros, pode levar à formação de coágulos no sangue.
Mas o que mais causa receio entre os estudiosos é o que pode acontecer quando se tira o vírus da latência — condição imposta pela ingestão de antirretrovirais — e o obriga a sair de seu esconderijo. Oito soropositivos receberam a medicação e tiveram a produção do micro-organismo multiplicada por quatro, resultado divulgado em 2012. Agora, é realizada uma nova experiência na qual os pacientes recebem mais doses de medicamento, durante mais tempo. O resultado deve ser apresentado nos próximos meses.
Corretor genético
O adenoassociado vírus (AAV) está presente em 70% dos adultos, mas não provoca sintomas, nem agravos. O vírus do resfriado pode despertá-lo, daí a origem de seu nome. Pesquisadores suíços descobriram, em 2001, que ele pode entrar no organismo e substituir os genes defeituosos por bons. Inicialmente, foi usado para matar células cancerígenas. Desde então, é aliado em outras formas de terapia genética.
No começo deste ano, cientistas da Universidade de Harvard utilizaram o AAV em ratos que tinham disfunção auditiva genética, conhecida como síndrome de Usher, e tiveram resultados promissores — as cobaias passaram a ouvir "sussurros" depois do tratamento. Em 2014, nos Estados Unidos, mais de 20 pessoas que perderam a visão em decorrência de um defeito genético conhecido como amaurose congênita de Leber (ACL) voltaram a enxergar graças a um tratamento desenvolvido com o micro-organismo.


sábado, 15 de abril de 2017

Morre Mark Wainberg, cientista pioneiro na pesquisa sobre HIV/aids



Mark Wainberg, precursor na pesquisa sobre o HIV/aids, morreu aos 71 anos, na última terça-feira (11), na Flórida, Estados Unidos. De acordo com o site da “CTV News”, o pesquisador, de nacionalidade canadense, afogou-se nas águas agitadas do Bal Harbour, enquanto nadava com o filho.
Durante o funeral, que aconteceu nesta sexta-feira (13), o dr. Mark Wainberg foi lembrado como um pesquisador pioneiro, defensor do paciente e igualmente dedicado a sua família, à comunidade de Montreal e a seus amigos.
O caixão de madeira simples de Wainberg ficou na frente da Congregação Tifereth Beth David Jerusalém, sinagoga que ele frequentou por muitos anos.
O filho de Wainberg, Zev Wainberg, disse que a perda de seu pai era uma perda para o mundo inteiro. "Quantas pessoas neste mundo podem dizer que seu trabalho salvou milhões de vidas?", questionou Zev Wainberg, durante o funeral.
Em um comunicado, o Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids) declarou estar “profundamente entristecido” pela morte do pesquisador. “Este cientista de renome internacional, desde o inicio da epidemia de aids,  era um pesquisador de ponta,” indicou o Programa.
Mark é internacionalmente conhecido por fazer parte da equipe médica que descobriu a eficácia da droga 3TC para tratar a infecção pelo HIV, em 1989.
Nos últimos anos, o cientista mudou o foco principal de seu trabalho para pesquisar uma cura para o HIV/aids. Ele era chefe de pesquisa no Instituto Lady Davis (LDI) para a investigação médica, diretor do Centro Universitário McGill e professor de medicina, microbiologia e imunologia na Universidade de McGill, em Montreal, no Canadá.
Além de sua presidência na Sociedade Internacional de Aids (IAS), entre 1998 e 2000, uma das maiores contribuições de Mark para a IAS foi fundar o Jornal da Sociedade Internacional de Aids (JIAS), em 2004, que ele ainda estava apoiando como um dos editores-chefes. "Mark era um eterno otimista de coração. Iluminava os espíritos daqueles que estavam em torno dele e sempre lutou com afinco pelos direitos humanos", afirmou o diretor executivo da IAS, Owen Ryan.
“Mark Wainberg era um gigante da ciência e da aids, seu trabalho salvou milhões de vidas”, disse Michel Sidibé, diretor executivo da Unaids.
A IAS afirmou estar “comovida” com o falecimento de “um líder, mentor e amigo próximo”. “Perdemos um dos mais determinados”, declarou a presidente da Sociedade, Linda Gail Bekker.
Redação da Agência de Notícias da Aids (imprensa@agenciaaids.com.br) com informações do IAS, AFP, CTV News e Blasting News

Vacina de zika desenvolvida em parceria entre EUA e Brasil é eficaz em roedor



Uma candidata a vacina de zika feita com vírus vivo atenuado foi eficaz em proteger camundongos contra a infecção associada recentemente ao nascimento de bebês com microcefalia. Os resultados, publicados na revista especializada “Nature Medicine” na última segunda-feira (10), indicam que a vacina é promissora e testes em humanos podem começar ainda este ano.
O produto foi desenvolvido em uma parceria que envolve o Instituto Evandro Chagas do Pará, órgão ligado ao Ministério da Saúde, a Universidade do Texas e os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH).
Na vacina de vírus vivo atenuado, altera-se o vírus sem matá-lo para que ele continue sendo capaz de gerar uma resposta do sistema imunológico, porém sem levar à doença. É o que ocorre na vacina de febre amarela, por exemplo. No caso desta candidata a vacina de zika, os pesquisadores retiraram parte do material genético do vírus, uma região que não codifica proteínas, mas é muito importante para a replicação do vírus.
“Subtraímos 10 nucleotídeos dessa região, o que foi suficiente para atenuar o vírus. O candidato vacinal ficou com 10 nucleotídeos a menos do que o vírus selvagem”, explica o médico virologista Pedro Fernando da Costa Vasconcelos, diretor do Instituto Evandro Chagas.
Como foram os testes?
Os camundongos testados no estudo eram deficientes em uma proteína chamada interferon, que atua na proteção do organismo contra infecções virais. Eles eram, portanto, especialmente suscetíveis à infecção do vírus da zika.
Em um dos testes realizados, os animais foram divididos em dois grupos: um dos grupos recebeu o vírus selvagem da zika e o outro recebeu o vírus vivo atenuado que constitui o candidato vacinal. Os animais do primeiro grupo apresentaram alta carga viral e cerca de metade morreu. Já no segundo grupo nenhum animal morreu.
Depois de 30 dias, os animais vacinados foram expostos ao vírus selvagem e não apresentaram viremia, ou seja, a presença do vírus no sangue. Isso indica que a vacina cumpriu sua missão de imunizar os animais.
Os testes também demonstraram que mosquitos aedes aegypti que se alimentaram de sangue infectado com o vírus vivo atenuado da vacina não desenvolveram a infecção e mesmo a inoculação direta do vírus vacinal no mosquito não foi capaz de infectá-lo.
Vantagens e desvantagens
Já existem outras candidatas a vacina de zika em fases mais avançadas de pesquisa, como a vacina de DNA do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID), parte do NIH, que está na segunda fase de testes em humanos.
Porém, segundo Vasconcelos, a vantagem da vacina de vírus vivo atenuado é o fato de ela ser eficaz com apenas uma dose, enquanto outras necessitam de até três doses para completarem a imunização. “Vacinas que têm mais de uma dose são difíceis por causa da falta de adesão. É o que ocorre com a vacinação contra HPV em adolescentes, por exemplo. Por isso, neste caso, se optou pelo vírus vivo atenuado”, diz o diretor.
A desvantagem da vacina é que ela não poderá ser usada em gestantes. O púbico-alvo deve incluir mulheres em idade fértil e crianças entre 8 e 10 anos, segundo Vasconcelos
Próximos passos
Atualmente, a vacina está sendo testada em macacos e os experimentos devem ser concluídos até o início de maio. Os testes estão sendo feitos simultaneamente no Instituto Evandro Chagas, no Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Manguinhos, no Rio de Janeiro e em um laboratório do NIH, nos Estados Unidos. "A gente espera que os resultados sejam similares aos observados em camundongos", diz Vasconcelos.
Os macacos estão recebendo tanto a vacina feita com o vírus que teve os 10 nucleotídeos removidos de seu material genético quanto um segundo candidato vacinal que, além de ter os 10 nucleotídeos removidos, ainda tem uma mutação em uma proteína chamada NS1, importante para a patogenia do vírus.
A transmissão sexual do vírus zika
A transmissão principal do vírus ainda é pelo mosquito aedes, mas a participação do sexo no contágio preocupa as autoridades sanitárias internacionais pela associação entre o vírus da zika e os resultados adversos da infecção pelo patógeno na gravidez. “A transmissão do vírus da zika pela atividade sexual não só é possível como é mais frequente do que supõe”, alerta a OMS (Organização Mundial da Saúde).
Pesquisadores comprovaram, no último ano, a transmissão do vírus da zika por homem ou mulher infectados, mas assintomáticos. No homem, foi confirmada a presença do vírus no sêmen; na mulher, foi detectada nos fluidos vaginais e mucosa cervical (do colo do útero). Entre os vários cuidados recomendados para a prevenção, nesses casos, está o sexo seguro por meio do uso da camisinha pelo homem ou o equivalente feminino pela mulher. 

Fonte : G1 / Folha de S. Paulo

  CNS discute desafios para garantir direito universal à Saúde em tempos de negacionismo, durante debate na UFRGS 14 de fevereiro de 2022 O ...