sexta-feira, 29 de abril de 2016

Governo prorroga por mais 3 anos permanência de estrangeiros no Mais Médicos



A permanência de médicos brasileiros formados no exterior e de estrangeiros no Programa Mais Médicos foi prorrogada por mais três anos. A presidenta Dilma Rousseff assinou nesta sexta-feira (29), em cerimônia no Palácio do Planalto, medida provisória que permite eles continuem atuando no programa sem que o diploma tenha que ser revalidado no Brasil. A lei que criou o Mais Médicos em 2013 previa a dispensa da revalidação do diploma nos três primeiros anos de atuação.
De acordo com o Ministério da Saúde, a medida assinada hoje permite que 7 mil profissionais que sairiam do Mais Médicos neste ano continuem atuando. A MP foi proposta ao governo federal pela Frente Nacional de Prefeitos, pela Associação Brasileira de Municípios e pelo Conselho Nacional de Saúde. As entidades argumentaram que muitas cidades dependem desses profissionais para manter os serviços básicos de saúde.
Ao discursar na cerimônia, o presidente da Associação Brasileira de Municípios, Eduardo Tadeu Pereira, comemorou a permanência dos médicos no programa sem a necessidade de revalidar o diploma. Segundo ele, os prefeitos se sentiram aliviados com a notícia, uma vez que os médicos já conhecem a situação dos municípios.
"Eu, como fui prefeito, sei das dificuldades que era contratar médicos para atenção básica. O programa, além de ter sido salvação para os prefeitos e para a população brasileira, eu tenho dito que é o Bolsa Família da saúde. É a possibilidade de garantir saúde para as pessoas que mais precisam e representou para a população a possibilidade de muitos lugares desse país terem o seu primeiro acesso à saúde", afirmou.
O ministro interino da Saúde, Agenor Álvares, citou os desafios e polêmicas enfrentadas à época do lançamento do programa e disse que só um governo legitimado pela população teria condição de implementá-lo. “Foram enfrentadas indisposições tanto do ponto de vista político como dos órgãos de classe. Só um governo legitimado pela população teria coragem para enfrentar todas essas questões e dizer que o compromisso do governo é com o povo brasileiro, que o compromisso do governo é com a saúde”, disse no discurso. Agenor disse ainda que considera o Mais Médicos uma atividade perene do sistema de saúde e não apenas um programa.
Críticas
Entidades de classe, como o Conselho Federal de Medicina e a Associação Médica Brasileira, criticaram o Mais Médicos. Uma das críticas foi a contratação de médicos cubanos, que participam do programa por meio de cooperação firmada entre o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana de Saúde.
O programa foi criado com o objetivo de ampliar a assistência à atenção básica de saúde levando médicos para atuarem em cidades com ausência de profissionais como no interior do país e em distritos indígenas. Atualmente, o programa tem 18.240 médicos em 4.058 municípios e 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas. O programa também tem ações de expansão da formação médica no país.

Caminhão cheio de bolsas sangue é usado em campanha para criticar o "desperdício por preconceito"



Um caminhão com centenas de bolsas de sangue foi colocado nas ruas da cidade de São Paulo para criticar a determinação que proíbe que homens gays e bissexuais sejam doadores de sangue no país.
A ação foi criada pela agência Africa para uma campanha internacional da All Out, movimento global de defesa dos direitos da comunidade LGBT, e traz a mensagem: "O Brasil desperdiça mais de um caminhão cheio de sangue todo dia por puro preconceito".
"A campanha busca mostrar que, ao não reconsiderar essa proibição, o Brasil impede o diálogo, reforça estereótipos e joga fora litros de sangue que poderiam salvar vidas", diz Leandro Ramos, diretor da All Out. Ele lembra que todo o sangue colhido em bancos públicos e privados do Brasil deve obrigatoriamente passar por testes que permitem a identificação de vírus como o HIV e HCV, que causa a Hepatite tipo C.
“Se uma pessoa não usa drogas, mantém um único parceiro sexual e usa preservativo sempre, ela pode doar sangue. A menos que seja um homem que se relaciona com outro homem. Mas, se todo sangue doado, seja de quem for, passa por uma série de testes, por que homens gays e bissexuais são proibidos de doar?", questiona Álvaro Rodrigues, vice presidente de criação da Africa.
A campanha conta ainda com um site, na qual homens gays e bissexuais podem entrar em uma "fila de doadores" virtual. A ideia é mostrar o número de novos doadores e a quantidade de sangue desperdiçada pela proibição. Veja abaixo o vídeo da campanha.
A proibição vem da Portaria 2712, de 12/11/2013, do Ministério da Saúde. Embora não faça referência à orientação sexual de possíveis doadores, a portaria determina que homens que se relacionaram sexualmente com outros homens nos últimos 12 meses são inaptos a doar.

Unaids debate estratégias de combate ao HIV com governo e sociedade civil do Brasil

No início da semana, o Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids) conduziu em Brasília um encontro entre representantes da sociedade civil, do governo, da academia e de organismos da ONU para debater o “rascunho zero” da Declaração Política de 2016 sobre a epidemia da doença.
Atualmente em fase de elaboração participativa, o documento terá sua versão final aprovada durante uma reunião de alto nível na Assembleia Geral da ONU sobre a erradicação da aids, que acontece em Nova York, entre 8 e 10 de junho.

O encontro de segunda-feira (25) aconteceu no Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais (DDHAV) do Ministério da Saúde e contou com a coordenação do diretor do organismo, Fábio Mesquita, do chefe da Divisão de Temas Sociais do Ministério das Relações Exteriores, Carlos Cuenca, da chefe adjunta da Assessoria de Assuntos Internacionais do Ministério da Saúde, Thaísa Lima e da diretora do Unaids no Brasil, Georgiana Braga-Orillard.
“Nós queremos ouvir as sugestões da sociedade civil para levar à reunião em junho o que a população tem a dizer, juntamente com as propostas do governo brasileiro”, afirmou Mesquita.
O diretor do DDAHV propôs ainda que a delegação brasileira apresente sugestões de estratégias existentes e bem-sucedidas para as sessões durante o evento na Assembleia Geral.
“Queremos levar à reunião de alto nível não somente sugestões de texto para a Declaração Política, mas também exemplos concretos dos êxitos que temos conseguido alcançar como, por exemplo, o trabalho com a juventude”, disse.
O “rascunho zero” da Declaração Política apresenta 74 itens que traçam os caminhos para a execução da Aceleração da Resposta à aids e para acabar com a epidemia da doença até 2030 – conforme previsto pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O documento inicial está passando por uma série de avaliações e debates junto às populações e governos de cada país.
“O retorno que tivemos dos participantes é de que o documento está bastante forte e representativo e que agora o desafio será manter a linguagem de alto nível e a inclusão de todos os temas prioritários, mesmo em um momento em que vemos uma onda de conservadorismo ganhar força ao redor do mundo”, explicou Braga-Orillard.
O Unaids tem estimulado consultas e discussões em todo o mundo com participação efetiva da sociedade civil para que o documento final possa refletir o compromisso do planeta em alcançar as metas da Agenda 2030.
Para a assessora de Projetos Internacionais da organização não governamental Gestos – que também liderou o encontro –, Juliana Cesar, é fundamental convocar os atores-chaves para discutir a declaração que será publicada pela comunidade internacional.
“Esperamos que seja mantida a sua prática de incorporar as considerações da sociedade civil em seus posicionamentos e de incluir – desde já – integrantes da sociedade civil na delegação oficial, um diferencial global brasileiro.”

Profissionais de saúde de São Paulo se unem para acabar com sífilis congênita no estado



"A sífilis congênita é absolutamente inadmissível. Não podemos aceitar que crianças nasçam com má formação por conta desta doença. Precisamos assumir o compromisso de acabar com a transmissão vertical da sífilis e do HIV e já sabemos qual é o caminho para isso." A fala é do secretário de Estado da Saúde de São Paulo, David Uip. Ele participou na manhã desta  quinta-feira (28), no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo, do seminário Sífilis congênita: Um problema de todos nós.
O evento, organizado pelo CRT (Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids de São Paulo),  reuniu  mais de 600 profissionais da Saúde de todo o estado de São Paulo para discutir novos caminhos para erradicar a doença. "A doença tem crescido muito em São Paulo e no Brasil, mas é nos momentos de dificuldades que surgem as oportunidades para avançarmos e mudar a realidade. Entendo este evento como uma oportunidade", disse David. O evento é parte das ações que São Paulo organizou para a Semana Paulista de Mobilização contra a Sífilis, comemorado a partir de agora sempre em abril.
Assim como David, Maria Clara Gianna, coordenadora do Programa Estadual de DST/Aids de São Paulo, e Odete Gialdi, vice-presidente do Cosems/SP (Conselho de Secretarias Municipais de Saúde) e Secretária de Saúde de São Bernardo do Campo, comemoraram a oportunidade de discutir o tema com mais profundidade. "A sífilis pode até ser uma doença antiga, mas está se tornando novamente atual", lembrou Maria Clara. "Temos recursos e tecnologias no SUS para erradicar a sífilis", concluiu Odete.
"Estamos começando as discussões por um tema que nos preocupa muito, a sífilis congênita. Neste evento conseguimos unir as secretarias de Saúde e os profissionais da atenção básica para trocar experiências dos municípios de São Paulo. Temos vários desafios na luta contra a sífilis congênita no estado. O primeiro deles é aumentar a cobertura de testagem de sífilis no pré-natal -- os números já são bons, mas podem ser melhores. Precisamos também tratar a sífilis na Atenção Básica (AB), os profissionais da UBSs precisam aplicar a penicilina benzatina (medicamento usado no tratamento da sífilis) nas unidades básicas. Nosso terceiro desafios é ter um olhar especial para as mulheres com maior vulnerabilidade, como as usuárias de drogas. Elas precisam ter um pré-natal diferenciado. A doença tem aumentado de forma significativa.", explicou Maria Clara.
A doença
Ao longo desta terça-feira diferentes profissionais de saúde explicaram que além da transmissão vertical, a sífilis pode ser transmitida durante o sexo sem camisinha com alguém infectado e por transfusão de sangue contaminado. "O uso da camisinha em todas as relações sexuais e o correto acompanhamento durante a gravidez são meios simples, confiáveis e baratos de prevenção", alertou a infectologista Mariliza Henrique, do CRT e também responsável pelo combate às DST/aids em São Bernardo do Campo, na grande São Paulo.
"É uma doença de fácil prevenção, mas que exige muita atenção dos profissionais de saúde. O acesso precoce à testagem é essencial ao tratamento, não só para o recém-nascido, mas também para a gestante durante o pré-natal”, contou. Ainda segundo a especialista, o ideal é que todas as mulheres grávidas façam o exame durante as consultas do pré-natal e ao longo da gravidez.
A sífilis na gravidez pode causar aborto do feto e má-formações ósseas, por exemplo, um cenário que pode ser evitado se houver tratamento correto. Se os bebês não forem tratados antes de um mês de vida, podem sofrer danos como cegueira, surdez e retardo mental.
Dados
O infectologista Valdir Pinto, também do CRT, apresentou os dados da doença no estado. Só em 2014, São Paulo notificou 25.807 casos de sífilis adquirida, sendo 38,5% do sexo feminino. Entre as mulheres com sífilis, 35% estavam com menos de 30 anos de idade. Ainda, foram notificadas no estado 6.190 gestantes com sífilis, com uma taxa de detecção de 9,9 gestantes por mil nascidos vivos, e 2.989 casos de sífilis congênita, com uma taxa de incidência de 4,8 casos por mil nascidos vivos.
Entre as gestantes notificadas, 22% tiveram o diagnóstico de sífilis no terceiro trimestre do pré-natal, 9,7% estavam com o tratamento inadequado ou não realizado, 23,5% eram adolescentes e 51%  dos parceiros sexuais não foram tratados, evidenciando a dificuldade da rede em acessar e tratar os parceiros destas mulheres.
Em 2014, na análise dos casos de sífilis congênita (2.989), observou-se que 25% (745) das mães não fizeram o pré-natal e o diagnóstico de sífilis foi realizado na maternidade.  Entretanto, em 75% (2.244) dos recém-nascidos com sífilis, as mães tinham realizado o pré-natal e, em 71% (1.597) destes casos, a sífilis materna foi diagnosticada durante a gestação.
"Apesar de a maioria das mães de crianças com sífilis congênita terem tido acesso ao pré-natal e recebido o diagnóstico de sífilis durante a gravidez, a cadeia de transmissão vertical da sífilis não foi interrompida", comentou Valdir.
Atenção Básica
O coordenador da Atenção Básica do estado, Arnaldo Sala, também marcou presença no evento e falou sobre o papel das UBS no pré-natal. Segundo Arnaldo, "95% das Unidades Básicas de São Paulo ofertam pré-natal - um grande facilitador para o controle da sífilis congênita; e 77% aplicam penicilina benzatina. Por outro lado, 62,6% dos serviços não oferecem o teste rápido de sífilis. " Temos que ficar atentos aos números, só assim vamos conseguir criar um plano de ação para o controle da sífilis. “As equipes precisam discutir em seus territórios quais são as dificuldades para o tratamento adequado da sífilis e também o tratamento dos parceiros. "O principal tratamento da sífilis é feito com penicilina benzatina, para as gestantes, e penicilina cristalina, para os bebês. Mas os parceiros também devem ser tratados, para evitar que a situação se agrave e haja risco de novas infecções.”
No final, diferentes profissionais puderam contar suas experiências exitosas nos municípios.

Um ano do Lá Em Casa: Nova usuária chega para integrar time que enfrenta o HIV malhando e fazendo amigos



“Entra, pode ir à cozinha, a Kiszka acabou de fazer um café.” Assim são recebidas as pessoas que chegam pela manhã no Lá Em Casa, um centro de reabilitação física e de convivência para pessoas vivendo com HIV/aids, na Casa Verde, zona norte de São Paulo. Nesta segunda (25), o projeto, idealizado por Roseli Tardelli, diretora da Agência de Notícias da Aids,  fez um ano e estamos fazendo uma série de reportagens em comemoração.
“Sente-se e fique à vontade, porque é na cozinha que acontecem as melhores conversas”, disse Maria Cristina Kiszka, a Kiszka da primeira frase. Ela é uma das facilitadoras do projeto, ao lado de Silvia Almeida.  E quem estava chegando ali, na manhã de terça-feira (27),  para uma visita ao projeto, era Maya, acompanhada de sua filha.
Foi a primeira vez que Maya entrou no Lá Em Casa. Segundo ela, após 22 anos vivendo com HIV, essa é a primeira vez que procura ajuda. 
“Eu acompanho a história desse projeto desde o início. Eu já vim aqui antes, mas fiquei olhando de longe. Aí decidi que viria no dia seguinte, mas adiei e fui adiando, sem coragem. Nisso, já passou um ano”, contou Maya, que pediu para ser identificada com este nome na matéria, como uma homenagem à neta que espera ter um dia. “Hoje, achei que era o momento de vir. Nunca fui de pedir ajuda, mas senti que esse era o momento.”
 Maya se orgulha de ter criado dois filhos, de nunca ter ficado doente, ter carga viral indetectável e CD4 acima de mil. Tudo isso é, segundo ela,  resultado de uma luta que começou em 1992, quando soube que seu marido estava doente em decorrência da aids e morreu dois anos depois. “Eu perdi tudo. Perdi meu marido e os meus amigos. Os vizinhos ficaram sabendo o motivo da morte dele e eu, que morava na casa havia dez anos, tive de sair por causa do preconceito. Diziam que eu ia morrer. Fui tratada da pior maneira possível. Não tive ajuda. Peguei meus filhos [um de sete e uma de nove], minhas coisas e fui morar na casa da minha sogra”, disse,  emocionada, enxugando as lágrimas.
Hoje, aos 50 anos, Maya afirma que venceu. Suas preocupações não são mais as de 22 anos atrás. Naquela época, o medo de morrer e a vontade de ver os filhos crescerem eram a única coisa que passava em sua mente. Agora, ela tem novos sonhos e quer cuidar da autoestima. “Por causa da idade e do peso que estou, eu sinto dores. Os remédios me fazem engordar e eu quero emagrecer. Sempre fui magra, fininha, elegante. Hoje, não gosto da aparência que adquiri. Isso mexeu muito com minha autoestima. Eu não tenho mais vontade de sair de casa”, explicou enquanto conhecia todo o espaço do projeto. “Assim que eu entrei aqui, eu me senti em casa, me senti bem recebida, acolhida, maravilhosa.”
Ao fim da visita, após receber todas as orientações da Kiszka, sorrindo e acompanhada da filha que a incentiva em tudo, Maya despediu-se de todos e marcou para o dia seguinte uma avaliação física com os educadores Reinado Sobrinho e André Soares. 
Assim, Maya passa a fazer parte de um time de pessoas que frequenta o Lá Em Casa para malhar e melhorar a saúde. Mas também para fazer amigos e se divertir com eles, assim como mostramos na reportagem de ontem: “Um ano do Lá Em Casa: Duas festas de aniversário adoçam rotina do espaço de reabilitação física e convivência para pessoas com HIV”.
O projeto Lá Em Casa -- Saúde, Arte, Bem-Estar e Cidadania foi viabilizado com os seguintes apoios:  Sesc e Senac SP,  Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo e Instituto Vida Nova.
Funciona na casa onde Roseli Tardelli passou a infância com os pais e o irmão, Sérgio Tardelli, que morreu em consequência de complicações do HIV em 1994.

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Dilma assina decreto que permite transexuais usarem nome social em órgãos federais


28/04/2016 - 18h36
A presidente Dilma Rousseff assinou nesta quinta-feira (28) decreto que permite transexuais e travestis usarem seu nome social em todos os órgãos públicos, autarquias e empresas estatais federais. Essa medida vale para funcionários e também usuários.
O nome social é o nome escolhido por essas pessoas de acordo com o gênero que se identificam, independentemente do nome com que foram registrados no nascimento.
Segundo a Secretaria de Direitos Humanos, o decreto permite que as pessoas coloquem o nome social em todo o sistema, como, por exemplo, ao preencher formulários, nos crachás e em atos.

Rogério Sottili, secretário especial de Direitos Humanos, afirma que a mudança não vale para o registro oficial, como o RG, por exemplo, porque para isso é necessário um projeto de lei, mas ele considera que o decreto abre as portas para "o movimento importante de mudança do registro".
"Uma pessoa que nasce João, e hoje ela tem a sua identidade como Maria, ela não vai ter, no seu documento social, o nome Maria. Ela vai ser conhecida como João. Portanto essa falta de possibilidade constrange, promove preconceito, promove violência", disse Sottili.
“Este é um instrumento de cidadania, de reconhecimento do outro. É tirar da invisibilidade pessoas que querem ser reconhecidas com a identidade que ela escolheu para viver o resto da vida. Isso não existia no Poder Público federal. Não é ainda o sonho nosso. O sonho é que tenha uma lei que, de fato, possibilite de forma ágil, barata, para todo mundo a mudança de nome”, afirmou o secretário
O decreto passa a valer após a publicação no “Diário Oficial”, mas ainda terá um prazo de seis meses para que a mudança seja implementada em formulários, e de até um ano para o sistema todo.
Para a assinatura, Dilma recebeu no Palácio do Planalto, além de Sottili, a ministra Nilma Lino Gomes, o deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) e representantes do Conselho Nacional LGBT.


Estudo descobre alvo para inibir o vírus da aids, hepatite C e Febre do Nilo Ocidental


A ideia de que uma única pílula possa combater várias doenças infecciosas ao mesmo tempo começa a tomar forma. Ainda falta muito para que um medicamento desse tipo chegue às farmácias, mas, nos laboratórios, começa a ser desenvolvida a semente do que poderia ser uma nova família de drogas panvirais, informa o site do jornal “El País”. A pedra angular desse projeto acaba de ser colocada por um grupo de pesquisadores do Instituto de Pesquisa da Aids (IrsiCaixa) e da Universidade Pompeu Fabra (UPF), de Barcelona, que criaram uma molécula capaz de combater, simultaneamente, o vírus da aids, da hepatite C, da dengue e da Febre do Nilo Ocidental.
Os pesquisadores conseguiram modelar um elemento da célula que hospeda o vírus para inibir uma proteína que ajuda o organismo a se replicar. Especificamente, a molécula foi concebida para neutralizar a proteína DDX3, cuja presença era necessária para replicar o HIV e a hepatite C (HCV). "Tínhamos identificado o alvo molecular deste composto, e químicos especializados foram responsáveis por modelá-lo para infiltrar essa estrutura química dentro da proteína", diz José Esté, chefe do grupo de Patogênese do HIV do IrsiCaixa.
Os resultados dos ensaios em culturas celulares da molécula demonstraram sua eficácia para inibir o vírus da hepatite C e alguns tipos de HIV resistentes aos antivirais comuns. Além disso, quando os pesquisadores viram a potência dessas moléculas contra o HCV, decidiram dar um passo adiante e procurar outros vírus cujos mecanismos de reprodução fossem semelhantes aos do causador da hepatite C. Os cientistas fizeram o teste com o vírus da dengue e o da Febre do Nilo Ocidental, que compartilham a estratégia de replicação e genoma com o HCV, e descobriram que a molécula também funcionava contra eles.
Além deste projeto abrir a porta para simplificar o tratamento de pessoas infectadas com os diversos vírus e também buscar alternativas de tratamento para doenças que não tinham cura (não há nenhuma droga aprovada contra o vírus do Nilo Ocidental ou contra a dengue), os pesquisadores destacaram que a molécula age contra uma parte da célula, e não contra o vírus, dificultando que este desenvolva resistência contra o fármaco. "Um vírus é um parasita intracelular, precisa de alguns elementos da célula para funcionar. A maioria dos tratamentos ataca os vírus diretamente, e estes, por sua vez, desenvolvem estratégias para se esquivar dos ataques. No entanto, o que estamos fazendo é inibir um desses elementos da célula que são necessários ao vírus, e é mais difícil que se proteja e se torne resistente contra isso", disse Esté.
Embora ainda haja um longo caminho a percorrer no laboratório e a eficácia do medicamento tenha de ser confirmada em outros estudos in vitro e em modelos animais, os pesquisadores dizem que esta descoberta é a porta de entrada "para desenvolver uma nova família de drogas panvirais, com capacidade para inibir vários vírus ao mesmo tempo". O estudo foi publicado na revista “PNAS”. "Esta molécula será de grande utilidade porque os pacientes imunodeprimidos, por exemplo, sofrem muitas doenças", destaca Esté, que não descarta que esta molécula também possa ser eficaz contra outros vírus, como o zika ou o chikungunya. "Muitas dessas infecções ocorrem onde já existem outras doenças endêmicas, que, embora não representem um perigo, tampouco atraem as farmacêuticas para pesquisá-las, e não há tratamento", acrescenta o pesquisador.
No entanto, Esté recomenda paciência e prudência. "Encontramos o alvo, o primeiro composto", diz, mas o caminho a percorrer para que uma droga panviral chegue ao mercado ainda é muito longo. O importante, afirma, é que "o interesse no desenvolvimento de panvirais é alto", e isso é "promissor" para a pesquisa.

Marcelo Castro deixa Ministério da Saúde nesta quarta, informa "O Estado de S. Paulo"


O Ministério da Saúde confirmou que o ministro Marcelo Castro (PMDB-PI) deve deixar o comando da pasta nesta quarta-feira (27). Segundo a assessoria de Castro, o ministro pretende entregar sua carta de demissão ainda nesta quarta à presidente Dilma Rousseff.
Mais cedo, o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani (RJ) havia afirmado ao "O Estado" que Castro entregaria o cargo antes da votação da admissibilidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff pelo Senado, prevista para 11 de maio.
Procurado pela reportagem de "O Estado", Marcelo Castro havia se mostrado surpreso com a divulgação da informação por Picciani. O ministro evitou confirmar diretamente quando vai deixar o posto. "Vou conversar com Picciani e com o governo nos próximos dias  para ver como faço", afirmou ao Broadcast Político.
Marcelo Castro chegou ao comando do Ministério da Saúde em outubro do ano passado por indicação do líder do PMDB. Na época, Picciani também indicou o deputado Celso Pansera (RJ) para o Ministério da Ciência e Tecnologia. Com sua saída, Castro deve retomar seu mandato de deputado federal. 
Castro será o sexto ministro do PMDB a deixar o governo Dilma após o partido deixar a base aliada. Já tinham deixado os cargos os peemedebistas Henrique Eduardo Alves (Turismo), Helder Barbalho (Portos), Mauro Lopes (Aviação Civil), Eduardo Braga (Minas e Energia) e Pansera. Apenas Kátia Abreu (Agricultura) segue no cargo.
O secretário-executivo do Ministério da Saúde, José Agenor Alvares, assumirá a pasta após a saída de Castro. 

Um ano do Lá Em Casa: Duas festas de aniversário adoçam rotina do espaço de reabilitação física e convivência para pessoas com HIV















“Aqui encontrei mais força e vigor para viver. Minha autoestima está nas alturas, até parei de beber.” A frase é de José Marcos, de 59 anos,  um dos cerca de 50 alunos do Lá Em Casa -- centro de reabilitação física e de convivência para pessoas vivendo com HIV/aids, localizado na Casa Verde, zona norte de São Paulo. Nesta segunda (25), o projeto, idealizado por Roseli Tardelli, diretora da Agência de Notícias da Aids,  fez um ano e estamos fazendo uma série de reportagens em comemoração à data.
Na academia especializada em combate à lipodistrofia (acúmulo ou perda de gordura no corpo) desde setembro de 2015, José chegou ali pesando 135 quilos. Sete meses depois, já conseguiu emagrecer 14. "Identifiquei-me com este espaço. Fui bem acolhido desde o primeiro instante e venho todo dia de Pirituba no maior pique", contou. José vive com HIV desde 1998, mas essa é a primeira vez que seus exames clínicos apresentaram bons resultados.
"A atividade física tem melhorado muito minha qualidade de vida. Não paro de receber os parabéns dos meus médicos", comemorou. E não é por acaso que ele tem atingido a meta, é um aluno dedicado e um dos primeiros a chegar cedinho no Lá Em Casa.  "No começo eu treinava três vezes por semana, agora, peguei gosto e estou aqui praticamente todos os dias. Faço vários exercícios, mas gosto mesmo é de caminhar na esteira, aguento 60 minutos de caminhada."
Festa de aniversário
A terça-feira (26) foi um dia atípico do projeto. A casa estava lotada de gente querendo, além de malhar, comemorar o aniversário de duas usuárias. Entre um parabéns e outro, eles se exercitavam e escutavam atentamente as instruções dos educadores físicos André Soares e Reinaldo Sobrinho.  "Hoje eu não vou malhar, estou com dor nos pés, mas vim parabenizar a minha amiga aniversariante", disse uma das frequentadoras.
O café já é uma das marcas registradas da casa. Quem chega ali vai direto à cozinha tomar um. Aliás, a cozinha é um dos cômodos mais frequentados e aconchegantes do Lá Em Casa. Antes de malhar, geralmente eles comem batata doce ou um lanchinho que trazem de suas casas. Mas o cardápio de ontem também foi atípico, dois bolos, um de brigadeiro e outro de chocolate com morango. O primeiro parabéns foi às 11 horas.  Uma das usuárias do Lá Em Casa fez questão de surpreender o grupo com o bolo surpresa para a amiga Gabriela Luz. "Sei que ela adora bolo de brigadeiro, fiz para  presenteá-la". E, claro, a aniversariante adorou a surpresa.
 "Estou feliz em comemorar meu aniversário neste espaço. Hoje nem é o meu dia de malhar, mas soube que minhas amigas estavam preparando um bolo e fiz questão de comparecer. Já somos uma família", disse Gabriela, de 53 anos, mãe de três garotos e avó de um menino e uma menina.
Gabriela chegou à academia em agosto de 2015. "Estava cheia de gordura localizada e insatisfeita com o meu corpo, tudo efeito dos antirretrovirais. Em 20 de agosto, fiz minha primeira avaliação com o André e comecei a malhar às terças e quintas-feiras. Hoje, além de ter disposição e ter conseguido reverter o efeito da lipodistrofia, quase moro aqui. Este não é um espaço de doença. Aqui, até esquecemos que temos HIV."
Uma das alunas mais recentes do Lá Em Casa, Alice Mendonça, de 68 anos, chegou ali em março deste ano. "Faço tratamento no CRT (Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids) e fui indicada por eles para o projeto. Moro no Tucuruvi e venho para Casa Verde pelo menos três vezes por semana. É um prazer estar aqui, sou bem acolhida  e sempre divulgo o Lá Em Casa para outras pessoas."
O segundo parabéns foi às 3 da tarde. “Que dia incrível”, comemorou a segunda aniversariante. O dia foi tão movimentado nesta terça-feira e quase 20 pessoas passaram pelo Lá Em Casa.
Números
Desde abril de 2015 o projeto já atendeu cerca de 50 pessoas, destas, 80% são mulheres. A idade média dos usuários é entre 40 e 60 anos. E, geralmente, a cada semana, chega à casa um aluno novo. “Vinte e cinco  alunos treinam regularmente três vezes por semana e este é um bom número. Neste primeiro ano, conseguimos resultados incríveis. Por exemplo, já reabilitamos sete pessoas com toxoplasmose, muitos alunos já conseguiram melhorar os índices de triglicérides, colesterol, CD4 e HDL", comemorou o treinador Reinaldo Sobrinho.
 Reinaldo conta que o Lá Em Casa é muito mais do que atividade física, pois se tornou um espaço de convivência e ajuda mútua.
“Uns ajudam os outros aqui. Quando alguém está sem emprego o outro indica para uma vaga. Os alunos fazem questão de tomar café da manhã juntos: um traz o pão, o outro o leite e assim vai... Os que estão sem trabalho ficam na casa o dia todo, às vezes até almoçam por aqui. O mais legal é que os próprios alunos é que acabam fazendo o controle de faltas. Quando alguém falta, pelo motivo que for, eles é que entram em contato com o colega e, assim, sabemos o que aconteceu. Ou seja, conseguimos criar um espaço efetivo de inclusão social", explicou Reinaldo.
O treinador também contou que quando um aluno foi internado os outros foram visitá-lo. “Acredito que todos entenderam a importância do cuidado com o outro. Não temos uma academia tradicional, os exercícios físicos são elaborados a partir da capacidade funcional de cada paciente. São treinos diferenciados. E nem sempre eles vêm ao projeto para treinar. Às vezes,  aparecem só para conversar, rever o amigo, ver televisão. "
O treinador revelou também que, nas sextas-feiras, acontecem almoços comunitários no Lá Em Casa. "É um momento incrível de troca. São os próprios alunos que cozinham. Sou muito agradecido por este trabalho, um sonho profissional que se tornou realidade. A inclusão social talvez seja o maior ganho do projeto neste primeiro ano. Temos gente obesa que participa de tudo. Temos pessoas com lipodistrofia que está ganhando massa magra. Temos pessoas que tomavam remédio para depressão e não tomam mais."
Sobre o futuro, Reinaldo diz que a ideia é ampliar o trabalho e aumentar o número de alunos. “Com a equipe que temos, conseguimos atender com boa qualidade 50 alunos.”
O projeto Lá Em Casa -- Saúde, Arte, Bem-Estar e Cidadania foi viabilizado com os seguintes apoios:  Sesc e Senac SP,  Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo e Instituto Vida Nova.
Funciona na casa onde Roseli Tardelli passou a infância com os pais e o irmão, Sérgio Tardelli, que morreu em consequência de complicações do HIV em 1994.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Anticorpos protegem macacos do HIV por vários meses


Uma única injeção de um anticorpo produzido em laboratório protegeu macacos contra um vírus da aids por quase seis meses - de acordo com um estudo divulgado nesta quarta-feira e publicado no site do jornal "Zero Hora".
Expostos ao SHIV (HIV Simian) uma vez por semana, os macacos não tratados contraíram o vírus ao fim de três semanas em média, enquanto os macacos tratados permaneceram até 23 semanas livres de infecção por esse vírus.
Em populações humanas, de risco elevado de contrair o vírus da aids, essa proteção "poderia ter um profundo impacto sobre a transmissão do HIV", afirma uma equipe de pesquisadores sediada na Alemanha e nos Estados Unidos, cujos trabalhos foram publicados na revista "Nature".
Eles testaram a imunização passiva como uma solução de proteção, uma alternativa às vacinas experimentais que até agora têm sido infrutíferas.
Uma vacina empurra o corpo a produzir anticorpos contra um ou mais agentes infecciosos, vírus, ou bactérias. Sua ação é de longa duração e, às vezes, por toda a vida.
A imunização passiva consiste em injetar anticorpos protetores contra um patógeno, ou contra sua toxina. Sua proteção é imediata, mas de curta duração.
A imunização passiva foi usada para proteger viajantes contra a hepatite A, até que uma vacina se tornou disponível. Alguns esperam que ela possa ser usada para prevenir milhões de infecções por HIV até a chegada de uma vacina no mercado.
Em todo o mundo, 34 milhões de pessoas morreram por causa da Aids desde o início da epidemia global, e cerca de 37 milhões viviam com o vírus em 2014, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Não há tratamento que leve à cura, mas poderosos coquetéis permitem controlar a multiplicação do vírus.
As tentativas de usar anticorpos anti-HIV tiveram sucesso limitado, porque cada anticorpo neutraliza, geralmente, apenas um estreito espectro de cepas de vírus.
Mas a descoberta de anticorpos capazes de neutralizar um amplo leque de estirpes de HIV, chamado "bNAb", e que estaria presente em 10% a 30% das pessoas soropositivas, impulsionou a investigação por vacinas.
Três destes anticorpos foram testados no estudo. Cada um retardou a infecção em macacos em diferentes intervalos: o primeiro, em até 12 semanas; o segundo, em até 20 semanas; e o terceiro, em até 23 semanas.
Ainda são necessárias mais pesquisas, porém, para determinar se essa abordagem representa uma alternativa válida para a vacinação em humanos.

Mulheres em relacionamentos desiguais têm mais chance de contrair HIV, destaca portal Saúde!Brasileiros


Cerca 16 milhões de mulheres vivem hoje com HIV no mundo. Na faixa mais jovem (com idades entre 15-24 anos), segundo dados de 2013 da Organização Mundial de Saúde, elas são maioria e representam quase 60% do total de infecções.  Com esse panorama, ONGs têm tentado entender quais seriam as causas desse aumento. Uma suspeita é a possível correlação entre desigualdade de gênero e um avanço da infecção entre mulheres.
Alguns dados apontam para isso, mas não necessariamente o comprovam. Em países onde a desigualdade é mais acentuada, por exemplo, o número de mulheres infectadas é superior ao de homens – como é o caso da África subsaariana, onde o índice chega a 58%.
Para ir além dos dados, assim, pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, decidiram testar essa hipótese e avaliar se relacionamentos desiguais (em que a mulher sofre algum tipo de violência ou não tem voz) poderiam levá-las mais facilmente a comportamentos sexuais de risco. Os resultados serão publicados na revista “Health Psychology”.
A pesquisa foi realizada na África do Sul, onde a prevalência de HIV e de violência contra a mulher são altas. Financiado pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, o levantamento avaliou dados de mais de 700 adolescentes sexualmente ativos por períodos regulares em um prazo de 54 meses. 
No geral, 83% das participantes tinham experimentado algum tipo de violência no período de um ano. Meninas que relataram sofrer mais casos de violência por parceiro íntimo também se mostraram menos propensas a usar preservativo. Também adolescentes com mais voz e força dentro do relacionamento eram menos propensos a terem mais parceiros nos últimos 3 meses.
“A violência e o menor poder dentro da relação afetam a dinâmica interpessoal que, por sua vez, aumenta o comportamento de risco e a não utilização do preservativo”, explica  Anne M. Teitelman, autora principal do estudo.
Efeito diferente em homens
Segundo o estudo, que também avaliou meninos, embora um alto índice de violência dentro do relacionamento contribua para que o homem tenha mais parceiros – o mesmo não acontece com o preservativo. Ao contrário das meninas, meninos que relataram ter pouco poder na relação se mostravam mais suscetíveis ao uso da camisinha que elas. 
Os resultados indicam que o impacto da violência em comportamento sexual de risco difere significativamente por sexo e, portanto, essa diferença precisa ser levada em consideração em políticas públicas.
“Nossos resultados sugerem que intervenções de prevenção do HIV devem incorporar componentes específicos de gênero”, diz Teltelman. “Também é preciso abordar questões de relações existentes em toda a comunidade – e não só levantar questionamentos sobre atitudes individuais. O foco deve ser também em tentar conter a desigualdade nas relações como um todo.”

Governo lança campanha voltada à saúde de homens gays e bissexuais


O Ministério da Saúde lançou nesta terça (26), durante a 3ª Conferência de Políticas Públicas de Direitos Humanos de LGBT, em Brasília, a campanha “Cuidar bem da saúde de cada um. Faz bem para todos. Faz bem para o Brasil”, com foco na saúde integral, atendimento humanizado e respeito para homens gays e bissexuais.
O objetivo é informar e conscientizar toda a sociedade, bem como profissionais de saúde, trabalhadores e gestores do SUS sobre garantias ao atendimento, sem discriminação, considerando as especificidades de saúde dessa população. A campanha foi desenvolvida em parceria com o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos.
Essa é a quinta etapa de uma série de campanhas realizadas pelo governo federal pela valorização do direito à saúde. Entre os grupos já contemplados estão: população de rua, população negra, mulheres lésbicas e bissexuais e saúde trans.
Serão distribuídos cem mil cartazes para unidades de saúde, secretarias estaduais, conselhos de saúde, Comitês de Saúde LGBT e para os serviços de assistência social e direitos humanos que atendem a essa população nos Estados. Também serão veiculadas nas redes sociais mensagens e vídeos de sensibilização e informações sobre as necessidades de saúde e os direitos de homens gays e bissexuais.
Ao lançar a campanha, o secretário substituto de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, André Bonifácio, destacou a importância da promoção de ações que incluam públicos específicos. "Só há um caminho para o Brasil crescer: o do respeito à pluralidade, à diversidade. Sem isso, não há desenvolvimento possível. Nesse sentido, esta campanha é fundamental para não deixar que os sentimentos e desejos de cidadania plena em nosso país sejam apagados em momento algum da história."
A ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Nilma Gomes, reforçou que a campanha espelha a intersetorialidade possível entre as políticas públicas e é resultado do esforço conjunto do governo e sociedade civil. "A luta LGBT transcende a militância, é preciso contemplar e incluí-los nas práticas, ações e políticas públicas em todas as áreas”, enfatizou.
A campanha contará ainda com uma cartilha contendo informações sobre a atenção integral à saúde dessa população, voltada para trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo, recepcionistas e responsáveis por marcar consultas, atendentes, entre outros. A cartilha destaca o direito de todos à saúde com respeito e sem discriminação e aborda orientações aos profissionais no acolhimento a essa população.
Saúde do Homem
Dados do Ministério da Saúde apontam que, no Brasil, os homens vivem 7,3 anos a menos que as mulheres. Eles também apresentam maior vulnerabilidade às doenças, sobretudo as crônicas, sendo as doenças do aparelho respiratório e do aparelho circulatório a segunda e terceira causas de internações entre os homens, ficando atrás apenas de lesões e outras causas externas, como acidentes de trânsito.
A população masculina ainda acessa os serviços de saúde com menor frequência do que as mulheres, gerando impactos negativos em sua saúde. “A campanha busca também lembrar que a população de gays e bissexuais se insere nessas estatísticas de adoecimento e mortalidade masculina, reforçando que os cuidados de saúde estão além das questões de HIV/aids, hepatites virais e outras infecções sexualmente transmissíveis”, completa.
Política Nacional de Saúde LGBT
Desde 2011, com a Política Nacional de Saúde Integral LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), o Ministério da Saúde vem expandindo o acesso da população LGBT ao SUS, qualificando o atendimento a gays e homens bissexuais, com o respeito à orientação sexual e atenção às especificidades em saúde dessa população nos serviços de atenção básica, média e alta complexidade, bem como a inserção de gays e bissexuais nas ações de atenção à saúde do homem.
Para qualificar os indicadores de saúde e melhor planejar as ações de prevenção e promoção da saúde dessa população, foi feita a inclusão dos campos orientação sexual e identidade de gênero na Ficha de Notificação de Violência no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do SUS. Nessa mesma ficha foi ainda incluído outro campo para preenchimento de violência motivada por homofobia/lesfobofia/transfobia para dar visibilidade à violência sofrida pela população LGBT.
Além disso, o Ministério vem investindo na educação permanente dos profissionais, com curso sobre a Política de Saúde LGBT. Oferecido de forma gratuita e em plataforma de Ensino a Distância, o curso já envolveu mais de 18 mil pessoas inscritas. A previsão é que haja a abertura de uma nova turma em maio deste ano.
HIV/aids
Os homens gays e bissexuais estão inseridos entre os grupos considerados “populações-chave” para o controle da epidemia de HIV/aids, no Brasil. Eles fazem parte do grupo de homens que fazem sexo com outros homens (HSH), que apresentam taxas de prevalência de HIV/aids da ordem  de 10,5%; juntamente com as pessoas que usam drogas, com prevalência de 5,9%; e as profissionais do sexo, com prevalência de 4,9%.
Por isso, o Ministério da Saúde tem desenvolvido diversas estratégias que visam à prevenção de HIV/aids e outras infecções sexualmente transmissíveis, bem como reduzir o diagnóstico tardio do HIV/aids, ampliando a testagem e incentivando o tratamento precoce, em especial para as populações-chave. Entre essas ações destacam-se: testes rápidos (TR) para a detecção do HIV/aids realizados nas unidades básicas de saúde (UBS), nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) e em locais diversificados para além dos serviços de saúde.
Além da distribuição gratuita de preservativos, outra medida de prevenção é a PEP sexual (profilaxia pós-exposição), que consiste no uso de medicamentos até 72 horas após a relação sexual, a distribuição gratuita do coquetel antiaids para todos que necessitam do tratamento e o Serviço de Assistência Especializada para tratamento e acompanhamento de pacientes com diagnóstico de HIV.

terça-feira, 26 de abril de 2016

Canadá confirma primeiro caso de Zika transmitido sexualmente



A Organização Mundial da Saúde (OMS)  identificou casos de Zika na Argentina, Chile, França, Itália e Nova Zelândia causados provavelmente por transmissão sexual. Agora, autoridades de saúde do Canadá confirmaram, neste segunda-feira (25), o primeiro caso do país, informou a Reuters. 
Acredita-se um morador de Ontário, cuja identidade não foi revelada, tenha contraído o vírus de um parceiro sexual que contraiu Zika depois de viajar para um país afetado pelo vírus, de acordo com um comunicado da Agência de Saúde Pública do Canadá e o Ministério da Saúde de Ontário.
O Zika é transmitido para as pessoas principalmente através da picada do mosquito Aedes aegypti fêmea, e um surto que começou no Brasil no ano passado se espalhou para muitos países das Américas.
Além dos países citados pela OMS o Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA também está investigando casos de possível transmissão sexual.
Além do novo caso transmitido localmente através de relações sexuais, o Canadá confirmou 55 infecções por Zika, todas relacionadas com viagens a outros países. O mosquito conhecido por transmitir o vírus não se estabelece no Canadá.

Paciente do 1º transplante de fígado entre portadores de HIV passa bem, após 6 meses de acompanhamento



Médicos suíços realizaram em outubro de 2015 o primeiro transplante de fígado do mundo entre duas pessoas portadoras do vírus HIV, informa um comunicado publicado em Genebra, após seis meses de observação do paciente.
O anúncio, também publicado em um artigo no “American Journal of Transplantation”, foi feito após uma operação idêntica realizada por médicos dos Estados Unidos em 15 de março de 2016, também apresentada como uma novidade mundial.
Os Hospitais Universitários de Genebra (HUG) informam que os seis meses de observação mostraram que não há rejeição do órgão, nem perda de controle do vírus no receptor.
"Este primeiro transplante praticado na Suíça, que acaba de ser seguido por outro transplante análogo nos Estados Unidos, abre perspectivas inéditas para as pessoas que vivem com o HIV", destacam os HUG.
Isto significa que os portadores de HIV podem se declarar possíveis doadores de órgãos, e, ao mesmo tempo, os que estão à espera de um órgão têm melhores perspectivas de ser operados.
A lei suíça sobre os doadores de órgãos autoriza desde 2007 o transplante de órgãos entre doadores e receptores soropositivos, mas foram necessários oito anos para a primeira operação.
"Há duas razões: de um lado o desconhecimento por parte de médicos e pacientes soropositivos deste dispositivo da lei e, de outro, o problema da compatibilidade necessária entre doador e receptor", explicou à AFP Nicolas de Saussure, porta-voz dos HUG.
Neste caso, o doador era um homem de 75 anos, que faleceu após uma hemorragia cerebral. Era soropositivo desde 1989 e havia autorizado a doação de seus órgãos.
O receptor foi diagnosticado soropositivo em 1987 e foi informado antes da operação dos possíveis riscos adicionais. Ele aceitou os riscos.
Em uma entrevista, o receptor, que sofria uma doença grave do fígado, disse que estava na lista de espera há dois anos e meio.
O transplante foi realizado por uma equipe integrada pela professora Alexandra Valmy, diretora da unidade HIV, o professor Thierry Berney, médico chefe do serviço de transplantes, o professor Christian van Mendel, diretor da unidade de infectologia de transplantes, e o professor Emiliano Giostra, especialista em doenças do fígado.

Cerca de 2 mil jovens são infectados por HIV a cada dia, aponta levantamento da ONU


Por dia, cerca de 2 mil jovens são infectados por HIV. Estimativas indicam que indivíduos de 15 a 24 anos somam mais de um terço de todas as novas infecções pelo vírus entre os adultos. Nessa mesma faixa etária, apenas 36% dos rapazes e 28% das jovens possuem informações precisas e claras sobre o HIV.
Embora vulneráveis, em muitas nações, a população mais nova não é contemplada por políticas de combate ao vírus que incluem educação sexual e serviços de saúde reprodutiva.
A situação se agrava em países de média e baixa renda, onde 22 milhões de pessoas vivendo com HIV – e que deveriam receber terapia antirretroviral segundo padrões da Organização Mundial da Saúde – continuam sem acesso ao tratamento adequado.
Os números são do primeiro rascunho da Declaração Política sobre a epidemia de aids. Apresentado na semana passada (18), o documento vai ser revisado e aprimorado através de consultas junto à sociedade civil e ao setor privado que começam na segunda-feira (25). Um desses encontros acontece na terça-feira (26) e poderá ser acompanhado ao vivo na TV da ONU.
Uma versão final da Declaração Política será apresentada em junho, durante reunião de alto nível da Assembleia Geral sobre o combate à doença.
Elaborado pelas representações permanentes da Zâmbia e da Suíça na ONU – países facilitadores do encontro previsto para junho –, o “rascunho zero” faz um balanço dos progressos já obtidos e alerta para os desafios que ainda precisam ser enfrentados para que o mundo consiga acabar com a epidemia até 2030.
No documento, as nações facilitadoras expressam preocupação com o fato de que, entre as 36,9 milhões de pessoas vivendo com HIV, 19 milhões não sabem seu status. Segundo o levantamento, cerca de 6 mil novas infecções por HIV ocorrem por dia. A maioria delas é verificada em países de média e baixa renda.
Indivíduos em situações de vulnerabilidade continuam enfrentando riscos ainda muito altos se comparados ao restante da população. Pessoas que utilizam drogas injetáveis têm chances 24 vezes maiores de contrair HIV. Esse é o mesmo risco registrado entre homens que fazem sexo com homens. Quando consideradas as pessoas trans, esse valor sobe para 49.
Apesar dos obstáculos, o documento elogia avanços, como a redução do número de mortes associadas à tuberculose entre pessoas vivendo com HIV. Desde 2004, óbitos registraram uma queda de 32% em geral, mas a diminuição chega a 50% quando avaliados os países com maior incidência de casos fatais.
A pesquisa considerou “excepcional” o progresso no combate às novas infecções entre crianças – reduzidas à metade nos países que, juntos, representavam 90% de todas as novas transmissões do HIV entre o público infantil.
De acordo com o documento, a comunidade internacional tem um “estreita janela de oportunidade” para conseguir implementar a Aceleração da Resposta à epidemia de HIV/aids até 2020.
O programa prevê a redução do número de novas infecções a menos de 500 mil por ano, além de incluir a disponibilização de tratamento para todos os que precisam de terapias antirretrovirais. Para cumprir essas metas, serão necessários ao menos 26 bilhões de dólares anuais em investimentos nos países de média e baixa renda.
A Declaração Política adotada na reunião da Assembleia Geral vai orientar e monitorar a resposta à aids até 2030 – marco da nova Agenda Global que inclui o fim da epidemia entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Nas próximas semanas, os Estados-membros devem negociar e finalizar o documento.

  CNS discute desafios para garantir direito universal à Saúde em tempos de negacionismo, durante debate na UFRGS 14 de fevereiro de 2022 O ...