domingo, 27 de novembro de 2016

História em quadrinhos retrata a vida de crianças e adolescentes soropositivas


Foi lançado na manhã desta sexta-feira (25), no Hospital Giselda Trigueiro (HGT), o livro “Hivinho: uma história de vida”, que descreve a realidade de crianças e adolescentes vivendo com HIV/aids. Através do personagem Hivinho, o médico infectologista e pediatra Francisco Micussi mostra os desafios enfrentados por quem convive com a doença desde tão jovem.
Atuando no HGT há 27 anos, sendo os últimos 10 anos dedicados ao ambulatório do SAE, o serviço de atendimento especializado para pessoas vivendo com HIV/aids, Micussi encontrou na revista em quadrinhos uma forma de incentivar as famílias a aderirem ao tratamento. “Trabalhamos muito para que os pais não deixem de trazer as crianças, e com isso queremos incentivar as famílias a conversar sobre o tema, e a optar pela revelação, ou seja, explicar à criança e ao jovem a situação vivida e a necessidade de manter a rotina das medicações, por mais que haja muitas dificuldades”. 
Ele afirma que nas mais de duas décadas de trabalho nunca perdeu o encantamento. “Temos várias estratégias, gostamos de comemorar os aniversários como forma de celebrar a adesão, e achamos que o livro é uma estratégia para superar com magia os dramas do tratamento, usando a linguagem lúdica, com histórias baseadas em fatos reais que ocorrem com jovens da mesma faixa etária do público-alvo”. Atualmente o SAE do HGT acompanha 70 crianças em tratamento para HIV/aids.

Fonte : Novo Jornal

1º DE DEZEMBRO: Escultura de Cazuza será inaugurada no Dia Mundial de Luta Contra a Aids, no Rio de Janeiro


Cazuza vai receber uma baita homenagem em forma de escultura, que será inaugurada no dia 1º de dezembro. Não por acaso, no Dia Mundial de Luta Contra a Aids. O local escolhido pela família para implantar a estátua será o Baixo Leblon, Zona Sul do Rio de Janeiro, reduto muito frequentado pelo músico. A prefeitura do Rio desembolsou R$ 195 mil pela bela peça de arte que leva a assinatura da renomada artista Christina Motta.
O monumento dedicado ao cantor Cazuza, morto em 1990 em decorrência da aids, ficará definitivamente na praça que leva o seu nome. De acordo com a coluna de Ancelmo Gois, do Globo, a festa da inauguração foi marcada para o dia 1º de dezembro, às 19h, com apresentação de vários cantores e shows diversos.
Segundo a idealizadora do projeto, Christina Mota, a escultura é toda feita em bronze e contará também com vários pássaros feitos pelo Arquiteto Hélio Peregrino. A peça demorou quase três meses para ficar pronta. Christina conta ainda que vários prefeitos haviam prometido para Lucinha, mãe de Cazuza, mas nunca saiu do papel. "Essa obra demorou 11 anos para sair", diz a artista animada, ressaltando que a peça está em fase de acabamento e terá um tamanho natural.
O projeto foi proposto pela mãe do compositor, aprovado pela Secretaria de Conservação, saiu da gaveta e ganhou as ruas. No projeto original de 2014, o cantor aparece de pé, como ficam todas as esculturas, de pé ou sentadas. Mas a família idealizou algo diferente, queriam o cantor deitado com beija-flores voando sobre sua cabeça. A foto usada para a artista ter uma base é uma antiga em que Cazuza aparece descontraidamente deitado no capô de um carro. A escultora tem obras espalhadas pelo Rio homenageando vários artistas como, Tom Jobim, Brigitte Bardot e Flávia Alessandra.
De acordo com o site BlastingNews, o sonho da mãe do cantor era transformar um antigo McDonald’s que fica no bairro do Leblon, em um Centro Cultural. Lucinha conta que desejava fazer um café bem descolado onde os garçons usariam bandanas na cabeça, do jeito que Cazuza usava, mas o preço cobrado, R$ 22 milhões, acabou com seu sonho. Mas, hoje Lucinha pode ver a realização de seu sonho mais desejado: imortalizar o filho querido.

Fonte : BlastingNews

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Hospital Giselda Trigueiro suspende atendimento em Natal

Lixo está acumulado por toda parte no Hospital Giselda Trigueiro (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)

Atendimentos foram suspensos nesta sexta-feira
Falta de pagamentos de empresas terceirizadas impede o funcionamento.

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remédios, insumos e mão-de-obra fizeram com que os atendimentos no Hospital Giselda Trigueiro, referência em infectologia no Rio Grande do Norte, fossem suspensos. A diretoria da unidade hospitalar confirmou a suspensão dos atendimentos na manhã desta sexta-feira (2). Em nota, a direção afirma que as áreas mais afetadas são higienização, nutrição e lavanderia.
De acordo com a direção, 100% dos trabalhadores responsáveis pela higienização do Giselda são terceirizados. "Por falta de pagamento e término de contrato, as 39 pessoas que trabalham nesse setor estão impossibilitadas de exercerem suas atividades. Isso acarreta não apenas em má higiene das dependências hospitalares, mas também na impossibilidade de se admitir novos pacientes para internação, já que os leitos não poderão ser higienizados", diz a nota.

O atraso no pagamento da empresa que terceiriza o trabalho do setor de nutrição também impossibilita a continuidade do funcionamento do hospital, segundo a direção. Há uma semana já não é oferecida alimentação para servidores. Os funcionários da lavanderia também são terceirizados e também suspenderam as atividades por falta de pagamento.
"Além disso, materiais essenciais, como sabão, estão em falta. Soma-se a isso o fato de algumas máquinas estarem quebradas e as empresas responsáveis pela manutenção não estão fazendo-as por atrasos dos pagamentos. Sendo assim, roupas de cama, essenciais para internação dos enfermos, não estão sendo fornecidas. A somatória desses problemas acarreta em colapso", diz a nota da direção da unidade hospitalar.
Fonte AVIP associação vidas positivas 

“Valor Econômico” traz reportagem sobre como é a vida com HIV


Reportagem assinada por  Martha San Juan França, no jornal “Valor Econômico” desta sexta-feira (25), traz depoimentos de pessoas vivendo com HIV. Alguns, há mais de 20 anos, como o escritor Beto Volpe, o professor Jorge Beloqui, a artista plástica Micaela Cyrino, a consultora de HIV/aids Silvia Ameida,  todos ativistas. Outros infectados mais recentemente, como o jovem ator e bailarino Rafael Bolacha. A reportagem também ouve médicos e pesquisadores, entre eles  Artur Kalichamn, Artur Timerman e Ricardo Diaz, que fala sobre os estudos que desenvolve visando a cura, e Adele Benzalen, diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das ISTs, do HIV/Aids e das Hepatites Virais do Ministério da Saúde. Clique aqui para ler a reportagem.

Fonte : "Valor Econômico"

Globonews exibe documentário sobre 35 anos da aids e 20 de antirretrovirais


A escritora Valéria Polizzi é uma das entrevistadas de Dario Menezes
25/11/2016 - 20h15
Como vivem os soropositivos 35 anos depois dos primeiros registros de HIV/aids nos Estados Unidos? Esta e outras perguntas sobre o tema foram respondidas no documentário: “35/20: Do Pânico a Esperança”, do autor e diretor Dario Menezes, que será exibido neste sábado (26), às 21h, na Globonews. Ele refaz a história da epidemia a partir de depoimentos de pessoas que vivem com a doença no Brasil. No filme, é possível conhecer detalhes da vida dos que se infectaram nos primeiros anos da epidemia e também dos que souberam do diagnóstico recentemente. 
__O escritor Salvador Correia, da Abia, também está no documentário
"Este documentário foi criado com a ideia de alertar a geração jovem, que não viu Cazuza e outros ícones morrerem em decorrência da aids, de que a doença existe e está crescendo entre os mais novos. Os dados do governo e de órgãos internacionais comprovam isso. Muitos confundem tratamento com cura", explicou o diretor.
O tema despertou interesse no diretor quando ele mergulhou numa pesquisa sobre o movimento gay dos anos 70. O assunto foi objeto de outro documentário de Dario, o "Abrindo o Armário", que estreia no cinema em abril de 2017.
"Muitas histórias do movimento gay cruzam com a da aids, então, criei um projeto, apresentei para a Globonews e a emissora abraçou a ideia. Em dois meses, criamos o '35/20: Do Pânico a Esperança' ", contou Dario.
Segundo o cineasta, a motivação também estava ligada ao fato de que há 35 anos os Estados Unidos registravam os primeiros casos e há 20 anos chegava no Brasil o coquetel antirretroviral.
O autor teve o cuidado de selecionar diferentes personagens e histórias. Há o caso de uma mulher que se infectou na adolescência na primeira relação sexual, outro diz ter contraído o vírus ao compartilhar seringas. Há também uma mãe que fala do drama que viveu ao descobrir que infectou o filho na amamentação. Os garotos da Fundação Poder Jovem contaram como é nascer com o vírus e enfrentar a rebeldia nesta fase da vida."
Três momentos
__O jovem Gabriel Comicholi, do canal HDiário, do Youtube
O documentário foi dividido em três partes. A primeira refere-se ao passado, relembra os ídolos dos anos 80 e 90 que morreram em decorrência da aids. Aborda, também,  um momento de incertezas da doença, quando a comunidade científica não sabia direito o que era essa doença. E fala dos anos 90, especificamente 1996, quando surgiu o coquetel antirretroviral.
O segundo trecho está baseado na atual fase da epidemia. Os entrevistados falam sobre superação, dificuldades e os problemas enfrentados por eles.  Há ainda depoimentos de pacientes, médicos e especialistas sobre os efeitos colaterais que os antirretrovirais podem causar nas pessoas soropositivas.
O programa levanta ainda a questão do "supervírus",  que está se tornando resistente a vários medicamentos e criando novas perplexidades no tratamento, além de alertar que ainda se morre de aids.
Num terceiro momento, Dario traz uma reflexão sobre o futuro da doença, abordando novidades sobre tratamento.
Os depoimentos são mesclados o tempo inteiro com histórias contadas pelos infectologistas Draúzio Varella, David Uip, Márcia Rachid e Mauro Schechtter.
Prevenção
O autor e diretor do documentário contou que optou por não fazer a abordagem das novas tecnologias de prevenção, como a PrEP (profilaxia pré-exposição). “Não vi sentido, porque a PrEP ainda não está disponível no SUS”, justificou Dario.  “Mas este trabalho não para por aqui. Já estamos negociando um grande debate na Globonews sobre PEP [profilaxia pós-exposição], PrEP e outros métodos de prevenção."
Serviço
Exibição do documentário: 35/20: Do Pânico a Esperança”
26 de novembro, às 21 horas, na Globo News
Direção: Dario Menezes
Duração: 48 min
Talita Martins (talita@agenciaaids.com.br)

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Casamento gay cresce 5 vezes mais que entre homem e mulher, diz IBGE


O crescimento percentual de casamentos entre pessoas do mesmo sexo foi quase cinco vezes maior do que entre homens e mulheres em 2015, segundo dados das Estatísticas do Registro Civil 2015, divulgadas na quinta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As uniões entre cônjuges de sexos diferentes aumentaram 2,7%, enquanto as entre cônjuges do mesmo sexo aumentaram 15,7%, representando 0,5% do total de casamentos registrados.
Em 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou a Resolução 175 que determina que todos os cartórios habilitem ou celebrem casamento civil e conversão da união estável em casamento entre pessoas de mesmo sexo.
Em relação a 2013, as uniões civis entre cônjuges do mesmo sexo aumentaram 51,7%. Em números absolutos, foram 1.131.707 casamentos entre pessoas de sexos opostos e 5.614 entre pessoas do mesmo sexo em 2015.
Em 20 estados houve aumento dos registros civis de casamentos entre 2014 e 2015. Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul tiveram crescimento acima de 10%, e o Acre, de 40%. Os estados da Paraíba e Sergipe apresentaram as maiores reduções, de 7,7% e 6,3% respectivamente.
Divórcios caem
Com relação aos divórcios, em 2015, houve queda no registro de divórcios concedidos em primeira instância ou por escrituras extrajudiciais, passando de 341.181, em 2014, para 329.025 divórcios. O homem tem em média 43 anos enquanto a mulher tem 40 anos quando se divorcia no Brasil.
Guarda compartilhada aumenta
Já a guarda compartilhada cresceu de 7,5%, em 2014, para 12,9% em 2015. Esse tipo de guarda somente passou a ser a regra em 2014, com a Lei 13.058.
Mães mais tarde
Ainda segundo o estudo, as mulheres estão sendo mães mais tarde. Em 2005, quase um terço (30,9%) dos nascimentos eram de mães de 20 a 24 anos. Em 2015, esse percentual foi para 25,14%. No mesmo período, houve aumento da participação dos nascimentos de mães com 30 e 34 anos (20,3%) e 35 a 39 anos (10,5%), em 2015.

Fonte : Bem-Estar

Campanha Fique Sabendo 2016 tem parceria com universitários, em São Paulo


A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo dá início, nesta sexta-feira (25) à campanha Fique Sabendo, que oferece à população testes rápidos para a detecção de HIV e sífilis. A estimativa é de que sejam realizados cerca de 250 mil testes em quase 590 municípios paulistas até 1º de Dezembro, Dia Mundial de Luta Contra a Aids. Este ano, para incentivar mais jovens a fazer o teste, a Coordenação Estadual DST/Aids-SP fez uma parceria com integrantes da agência Urbana (7º semestre do Curso de Publicidade e Propaganda da Escola de Comunicação, Educação e Humanidades) da Universidade Metodista de São Paulo. Orientados pelos profissionais do CRT (Centro de Referência e Tratamento em DST, Aids), elaboraram uma campanha voltada a jovens gays que será lançada junto com a Fique Sabendo. 
A campanha conta com a participação do ator e produtor do projeto Uma Vida Positiva, Rafael Bolacha,  e seus parceiros Renato Plotegher, Marcell Filgueiras e Tiago Marinho, integrantes do programa "Chá dos 5", veiculado no youtube desde fevereiro de 2015. O programa conta com mais de 26 mil inscritos e mais de 1 milhão e meio de visualizações. “Ficamos felizes com o convite dos estudantes da Metodista para participar da campanha. Foi ótimo acompanhar o processo de criação, o entusiasmo e o cuidado que eles tiveram em abordar essa temática tão importante”, disse Bolacha.
Juliane Pianezzola, integrante da agência Urbana, conta como foi  produzir a campanha junto com os colegas. “Foi um projeto importante, aprendemos muito. Tivemos de pesquisar a fundo sobre o tema, nosso maior desafio e ao mesmo tempo  nosso objetivo foi  produzir um material leve, porém sem banalizar a aids. Mostramos que é melhor viver bem, sem o peso da dúvida”, comenta.
Para o coordenador do Curso de Publicidade e Propaganda, Fernando Ferreira de Almeida, a parceria que teve início no ano passado, tem rendido bons frutos. “A parceria materializa o projeto do sétimo período do Curso que tem como objetivo trabalhar  os programas de comunicação em saúde na publicidade, com fundamentação teórica e técnicas pertinentes, em benefício da sociedade”, declara.
Segundo Marco Antonio Cirillo, coordenador do projeto, a comunicação publicitária na saúde tem o propósito de promover a aplicação prática dos conhecimentos obtidos ao longo do curso.  “A parceria com o CRT DST/Aids-SP tem sido uma experiência valiosa para nossos alunos ”, diz.
Para Ivone de Paula, gerente da Prevenção do CRT,  trata-se de uma iniciativa com benefícios a todos os envolvidos. “Os alunos entram em contato com demandas da área da saúde, aprendem a pensar e trabalhar conceitos complexos. Vender um produto é teoricamente mais simples do que sensibilizar as pessoas a adotar novas atitudes em sua vida sexual”, observa. “O olhar e a linguagem dos alunos foram fundamentais para dialogar com o público jovem, alvo de nossa campanha, em linguagem e formato atuais, que envolvem redes sociais e vários tipos de tecnologia”, comenta.
As peças serão veiculadas no Facebook e estarão disponíveis no site do CRT DST/Aids-SP para serviços de saúde que queiram reproduzir e imprimir os materiais – www.crt.saude.sp.gov.br.
Sobre a ação
Criada em 2008, a campanha Fique Sabendo tem como objetivo estimular a população sexualmente ativa a realizar o teste de HIV e chamar a atenção, principalmente dos grupos mais atingidos pela aids como, por exemplo, usuários de drogas, profissionais do sexo e de homens que fazem sexo com outros homens.
A adesão ao teste rápido deve ser voluntária e pode ser realizada por meio de procedimentos simples como a retirada de uma gota de sangue com a picada no dedo ou pela coleta de fluido oral. As amostras do material são analisadas no local e o resultado sai em poucos minutos.
“É importante ressaltar que, ainda hoje, o diagnóstico tardio contribui para a morte de oito pessoas por aids, em média, todos os dias no estado de São Paulo. A realização de testes rápidos de HIV por fluido oral atrai quem teme a picadinha no dedo para retirada de uma gota de sangue", diz Maria Clara Gianna, coordenadora do Programa Estadual DST/Aids-SP.
Para obter mais informações ou para saber o endereço dos locais onde  fazer o teste rápido, os interessados podem ligar no Disque DST/Aids: 0800-16 25 50. Ou clicar aqui e acessar o site.
Dica de entrevista 
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

RFI: Na França, prefeitos retiram das ruas campanha de prevenção ao HIV


O Ministério da Saúde francês entrou na Justiça contra uma dezena de municípios que retiraram das ruas uma campanha oficial de prevenção da aids. Os prefeitos refratários alegam que as imagens dos cartazes e outdoors, exibindo casais homossexuais, são "chocantes".
Cerca de dez das 130 cidades onde a campanha é realizada decidiram boicotar a iniciativa ministerial. Os prefeitos argumentam que foram alertados por pais, preocupados com as mensagens veiculadas pela campanha.
Os cartazes mostram homens jovens, da faixa etária de 20 a 30 anos, se abraçando de maneira terna e descontraída. As imagens são acompanhadas de frases que sugerem circunstâncias em que o uso do preservativo pode ser esquecido e as pessoas se encontrarem em situação de risco.
"Se amar, se divertir, esquecer", diz um dos anúncios, evocando um encontro no qual os parceiros estão tão focados no prazer que o preservativo vai para segundo plano, quando não deveria ser esquecido. Nesse cartaz, o ministério alerta: "as situações variam e as formas de proteção também".
Outro cartaz lembra que não importa se o parceiro é estável ou ocasional − "À vida, em um fim de semana" −, a camisinha é indispensável em qualquer situação. "Seja com um amante, um amigo ou com um desconhecido" reforça a ideia de que o preservativo deve ser usado sempre.
Prefeitos alegam  “agressão aos bons costumes”
Aulnay-sous-Bois, subúrbio ao norte de Paris, é uma das cidades privadas da campanha de prevenção contra a aids. O prefeito da localidade, Bruno Beschizza, do partido conservador Os Republicanos, disse que considera os outdoors “contrários aos bons costumes e à moral". Segundo o político, as imagens de homens se abraçando "podem ser nocivas para a sensibilidade de crianças e adolescentes".
Em Angers (oeste), cidade de 150 mil habitantes, o prefeito Christophe Béchu, também de direita, disse que os cartazes foram retirados de ruas e avenidas próximas de escolas "após uma decisão unânime do secretariado municipal". Ele também afirma ter sido alertado por moradores "inconformados" com as imagens de homossexuais.
Reações
O boicote provocou reações na classe política e em associações de combate à aids. O diretor departamental de Saint-Denis, ao norte de Paris, Stéphane Troussel, tuitou que "o homossexualismo não é uma doença da qual devemos proteger as crianças, mas a homofobia mata".
Em seu perfil no Twitter, a associação Aides declara que adorou a campanha e reproduz quatro cartazes pintados com as cores do arco-íris da bandeira LGBT.
No Twitter, o secretário-geral do Partido Socialista, Jean-Christophe Cambadélis, referiu-se ao episódio como um exemplo do que vai acontecer se a direita vencer as eleições presidenciais de 2017.
A legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, em maio de 2013, é considerada a maior realização do governo de François Hollande na área do direito social. O projeto enfrentou forte resistência de uma corrente ultracatólica representada no movimento "Manif pour Tous", que até hoje pressiona pela revogação da lei.
A campanha foi lançada pelo governo socialista às vésperas do Dia Mundial de Luta Contra a Aids, em 1° de Dezembro. A ministra da Saúde, Marisol Touraine, decidiu entrar com uma queixa administrativa contra o que considera uma "censura" dos prefeitos.
Touraine ressalta a importância das campanhas de prevenção, lembrando que na França 30 mil pessoas vivem com HIV sem saber. Apesar dos esforços das autoridades e associações que atuam na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, todo ano sete mil novos casos do vírus são registrados no país.


Fonte : RFI

Globonews exibe reportagem sobre maior vulnerabilidade da população negra ao HIV


“Jornal das 10”, da Globonews, levou ao ar no domingo (20), reportagem sobre a vulnerabilidade da população negra ao vírus da aids. Mostrou dados recentes do Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo, segundo os quais a taxa de mortalidade entre os negros, em consequência da doença, é de  2,3 por 100 mil habitantes – a de branco é de 0,8%. Os dados mostram também que o número de infectados na população negra é 36,4%, enquanto o de brancos é 18%.
Aline Ferreira, 26 anos, estudante de psicologia, militante dos movimentos negro e da aids foi entrevistada. “A vulnerabilidade vem de fatores, como o difícil acesso à educação, à autonomia do corpo, a violência doméstica... Somos nós, a população negra, morrendo desde sempre. É isso o que os dados mostram”, disse Aline.
Roseli Tardelli, diretora da Agência de Notícias da Aids, também foi entrevistada. “A gente precisa tomar atitude quanto a isso. E significa prestar atenção na possibilidade de construção de políticas públicas para mudar essa situação”, disse Roseli.

Fonte : Globonews

Em São Paulo, homens terão acesso a exames de DSTs em check-up no SUS


A Secretaria de Estado da Saúde vai ampliar os serviços do programa estadual "Filho que ama leva o pai ao AME", voltado à saúde do homem. Em complemento às consultas e exames já disponíveis, também serão ofertadas testes para diagnóstico de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), a partir deste mês, marcado pela campanha de conscientização sobre o câncer de próstata denominada "Novembro Azul".
O objetivo do atendimento complementar é garantir, por meio de triagem laboratorial, a investigação de doenças como as hepatites virais, sífilis e HIV.
Estima-se que cinco mil homens serão submetidos às avaliações, além de passar pelas consultas e exames já previstos no programa. Os casos positivos serão encaminhados para unidades especializadas da região de residência do paciente, a fim de assegurar o devido tratamento.
Com início no último sábado, 19 de novembro, o atendimento estará disponível, até dezembro, nos 25 AMEs que integram  o programa (veja lista abaixo). A iniciativa conta com custeio extra de aproximadamente R$ 600 mil do governo do Estado.
"Como o programa já oferece avaliações cardiológicas e urológicas ao público masculino, decidimos aproveitar a visita dos pacientes ao médico para garantir, também, a prevenção e o diagnóstico precoce das DSTs", afirma o secretário de Estado da Saúde, David Uip.
Os exames para detecção de doenças sexualmente transmissíveis também estão disponíveis permanentemente em serviços do SUS, a exemplo dos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs). Atualmente, há 3,6 mil unidades de saúde cadastradas, em todo o Estado, que oferecem testes de HIV, sífilis e hepatites. A busca pelo serviço mais próximo pode ser feita aqui.

"Filho que ama leva o pai ao AME"
Criado pela Secretaria em 2014, o programa oferece check-up gratuito para homens a partir dos 50 anos sem necessidade de encaminhamento médico. Em mais de dois anos, já atendeu 56 mil pessoas em todo o Estado e realizou mais de 133 mil consultas.
Exames preventivos são ofertados nas áreas de enfermagem, cardiologia e urologia. O percentual de diagnósticos de câncer de próstata gira em torno de 3% dos pacientes avaliados.
Os atendimentos ocorrem aos sábados em 25 AMEs (lista abaixo). Para fazer o check-up, basta ligar para o telefone 0800-779-0000 e fornecer os dados pessoais. O agendamento deve ser feito pelo próprio paciente, por telefone, no mês de seu aniversário.
O atendimento é dividido em pelo menos dois sábados. No primeiro, engloba avaliações de peso, altura, risco cardíaco, exames laboratoriais. O retorno ocorre no sábado seguinte, para avaliação dos resultados dos exames. Caso haja alguma anormalidade, o paciente é encaminhado para mais exames, cujo acompanhamento e tratamento já estão inclusos na rotina de atividades do AME.
Os ambulatórios envolvidos no programa funcionam aos sábados das 7h até, no mínimo, 13h. O protocolo de atendimento do programa foi desenvolvido em parceria com a Sociedade Brasileira de Urologia, a Socesp (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo) e a Sociedade Brasileira de Clínica Médica.

Unidades que integram o programa:
AME Heliópolis (Capital), CRI Norte (Capital), AME Mogi das Cruzes, AME Taboão da Serra, AME Carapicuíba, AME Mauá, AME Araçatuba, AME Américo Brasiliense, AME Santos, AME Praia Grande, AME Barretos, AME Bauru, AME Promissão, AME Jundiaí, AME Franca, AME Ourinhos, AME Rio Claro, AME Presidente Prudente, AME São João da Boa Vista, AME Mogi-Guaçu, AME Votuporanga, AME São José do Rio Preto, AME Sorocaba, AME Caraguatatuba, AME Tupã.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Conceitos e preconceitos em torno do HIV são debatidos na conferência SSEX BBOX, dentro do Festival Mix Brasil


Desconstruindo o HIV em Alto e Bom Som” foi o tema de uma roda de conversa que fez parte do 24º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, na tarde de sábado (19), no Centro Cultural São Paulo. O evento também integrou a programação da 2ª Conferência Internacional SSEX BBOX. Reuniu ativistas de vários pensamentos, dos formados dentro de movimentos pioneiros de aids aos que se autodenominam dissidência, por questionarem a forma como a doença está representada, tanto no viés político/social, quanto no científico.
A roda teria como mediador o jovem Diego Calissto, assessor técnico do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais, do Ministério da Saúde. Mas ele perdeu o voo, segundo o jovem Rafael Amaral, que o substituiu. Rafael faz Ciências Sociais na Ufscar (Universidade Federal de São Carlos) e defende uma tese chamada “Dispositivos da aids”. Pretende, com uma longa pesquisa, revisar toda a trajetória da doença e os conceitos criados em torno dela.
Durante a roda, que também reuniu especialistas, houve discussões em torno de questões políticas, como a forma com que os governos se apropriam de informações e as disseminam. E também técnicas, como a eficácia dos antirretrovirais, a confiabilidade dos testes, entre outras trazidas pelo pessoal que mantém no Facebook a página Repensando a Aids.
 “Acho muito importante o debate, as novas ideias que vêm somar no ativismo. Só gostaria que essas posições não significassem negação [de tudo o que foi construído até aqui na atenção aos pacienbtes com HIV/aids]. Faço parte de um grupo de pesquisas que se preocupa muito com a possibilidade negativista”, disse Gabriela Calazans, pesquisadora do Departamento de Medicina Preventiva da USP.
Revelação do diagnóstico
Mas não foram propriamente as dissidências e sim as preocupações que perseguem as pessoas vivendo com HIV desde o início da epidemia que mais tiveram destaque. Um dos participantes se emocionou ao dizer que estava falando pela primeira vez em público sobre sua sorologia.
“Soube do diagnóstico em 2009. Estou compartilhando com vocês algo que a minha família ainda não sabe. Eu não tenho  medo de estar com HIV mas sim de como as pessoas vão me tratar”, disse ele, que está se formando em naturologia, acredita em formas alternativas de tratamento mas toma antirretrovirais e faz acompanhamento com infectologista.
O jovem contou que, recentemente, descobriu, por conta própria,  estar com sífilis. “Ou seja, eu descobri e eu que contei para a  infectologista, que nunca tinha me pedido teste desta doença.”
Dizendo-se bissexual, ele também falou de o quando dói começar um relacionamento e ter de contar que tem HIV. “Até hoje, eu tenho dificuldade de ejacular por conta disso. As meninas acolhem melhor a notícia. Os meninos aceitam no discurso mas mostram dificuldades na prática.”
Henrique Contreiras, pediatra e educador comunitário do Centro de Pesquisa do CRT (Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids-SP), falou sobre a importância de todos saberem que com a carga viral indetectável, num período de pelo menos seis meses, o risco de transmissão de HIV é muito baixo. “A eficácia é de 98%. Tanto que hoje casais sorodiscordantes engravidam sem precisarem fazer a lavagem de esperma”, disse o médico. “Mas no Brasil essa informação ainda nos é negada oficialmente.”
Questionada pela plateia, Ivone de Paula, da gerência de prevenção do CRT, explicou que  a informação já é, sim, incorporada nas políticas públicas. “Com carga viral indetectável, a segurança é a mesma da camisinha. Mas isso ainda é um desafio para os médicos, que têm medo de divulgar. O paciente precisa, também, cuidar das outras DSTs, não só da carga viral.”
O ator Flip Couto, 33 anos, também descobriu em 2009 que tinha HIV e só em maio do ano passado resolveu contar para a família e os amigos. “Foi difícil e a forma que eu encontrei de fazer isso foi produzindo um espetáculo de teatro, chamado ‘Vermelho`. Até com meu marido, com quem eu já estava casado na ocasião do diagnóstico e é soronegativo, eu tinha dificuldade de falar.”
Flip contou que sempre teve vontade de se abrir com os amigos, mas tinha medo. “Foi no ano passado que o silêncio passou a me incomodar. Falava sobre tudo com eles e não sobre HIV.”
Agora, o ator, músico de hip hop e professor de dança pretende cada vez mais se engajar nos movimentos da aids. Está preocupado, especialmente, com os dados sobre a população negra, a que mais morre em São Paulo em decorrência da doença. “É urgente começar a pensar num novo viés para falar sobre isso. Quero estar não só num lugar como esse mas também ir até essa população.”
 Também ator, Kako Arancibia disse que vive há sete anos com HIV e só em outubro, ou seja, no mês passado, contou para a família. Estava especialmente preocupado em fazer a revelação para uma sobrinha de 20 anos. “Fui até a casa dela, ela estava com a melhor amiga e aproveitei para contar. A amiga disse que o tio dela levou 30 anos para revelar que é soropositivo à família.”
Kako também contou que muito do que acredita hoje sobre viver com aids foi inspirado no Livro “Doença Como Metáfora/Aids e Suas Metáforas”, da escritora americana Susan Sontag. “Aprendi que as palavras que a gente escolhe para falar dos temas tem um peso muito grande e isso é o que faz mais sentido no meu viver atual. São usadas metáforas bélicas como ‘luta contra aids’, ‘batalha’, ‘invasor’, ‘sentença de morte’, ‘infectar’... Símbolos que fazem a pessoa se sentir culpada. E a medicina vai se apropriando deles para tratar de saúde.”
Direito ao silêncio
Artista plástica, a ativista Micaela Cyrino ponderou que não pode haver pressão para que os soropositivos se revelem como tais. “A gente coloca a responsabilidade sobre a sorologia, mas para falar dela a pessoa precisa de um lugar onde se sinta confortável. E esse é um processo que envolve religião, questões de gênero, valores morais, um monte de coisas que precisam ser desconstruídas. Para mim, a sorologia é simples. É um vírus que afeta a minha imunidade.”
O advogado e ativista Ozzy Cerqueira concordou e acrescentou  que as pessoas têm o direito de construírem sua trajetória do jeito que quiserem. “Há outras formas de contribuir que o indivíduo  pode usar sem revelar publicamente sua sorologia. Ele é quem escolhe. Nem sempre quem revela é o mais corajoso.”
Carlos Henrique de Oliveira, escritor e militante do movimento negro de São Paulo e da Rede de Jovens São Paulo Positivo,  destacou a importância de se defender o SUS (Sistema Único de Saúde). “Temos de pautar a aids como questão de direitos humanos. Não dá para tratar do tema sem os recortes raça-cor, gênero.” Carlos disse que, ainda hoje, é difícil falar de HIV/aids, por exemplo, dentro dos movimento LGBT. “Eles não querem associar seu movimento com aids.”
A 24ª edição do Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade começou no dia 9 e chegou ao fim neste domingo (20) com programação no Centro Cultural São Paulo, além do Espaço Itaú de Cinema/Augusta, CineSesc, Instituto Itaú Cultural, Spcine Olido e Circuito Spcine CEUs.


Mais de 18 milhões de pessoas recebem tratamento para HIV no mundo, diz Unaids


Mais de 18 milhões de pessoas estão recebendo tratamento para o HIV/aids na atualidade, 1,2 milhão a mais do que no final do ano passado, informou o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (Unaids) nesta segunda-feira (21).
Em um relatório sobre a pandemia de aids, que infectou 78 milhões de pessoas e matou 35 milhões desde que teve início nos anos 1980, o Unaids disse que a intensificação consistente dos tratamentos fez as mortes anuais relacionadas à aids diminuírem 45 por cento, ou para 1,1 milhão, em 2015 -- o pico foi de cerca de 2 milhões em 2005.
Mas agora que mais pessoas com o vírus vivem mais tempo, os desafios de cuidar delas à medida que envelhecem, de evitar que o vírus se dissemine e de reduzir novas infecções são duros, afirmou o Unaids, embora os remédios possam diminuir os níveis de vírus no sangue dos pacientes para quase zero e reduzir significativamente o risco de transmiti-lo.
"O progresso que fizemos é notável, particularmente nos tratamentos, mas também é incrivelmente frágil", disse o diretor-executivo do Unaids, Michel Sidibé, por ocasião da publicação do relatório.
Com dados detalhados mostrando algumas das muitas complexidades da epidemia de HIV, o documento revelou que as pessoas são especialmente vulneráveis ao vírus em certas épocas da vida. O estudo pediu uma abordagem de "ciclo de vida" para oferecer ajuda e medidas preventivas a todas as pessoas em todas as fases da vida.
À medida que as pessoas portadoras da HIV envelhecem, correm o risco de desenvolver efeitos colaterais do tratamento para HIV, criando resistências aos medicamentos e necessitando de cuidados para outras doenças, como tuberculose e hepatite C.
O relatório também citou dados da África do Sul que mostram que mulheres jovens que se infectam com o vírus com frequência o recebem de homens mais velhos, e disse que a prevenção é vital para acabar com a epidemia entre mulheres jovens e que o ciclo de infecção de HIV precisa ser interrompido.
"As mulheres jovens estão enfrentando uma ameaça tripla", disse Sidibé. "Elas têm alto risco de infecção de HIV, taxas baixas de exame de HIV e pouca adesão ao tratamento."
O documento, que afirma que o número de pessoas com HIV recebendo remédios que salvam suas vidas é de 18,2 milhões, também mostrou que o progresso rápido na obtenção de medicamentos para aids para os necessitados está tendo um impacto significativo no prolongamento de suas vidas.
Em 2015 havia 5,8 milhões de pessoas acima de 50 anos vivendo com HIV, mais do que nunca.
A Unaids disse que se as metas de tratamento forem alcançadas --a entidade pretende ter 30 milhões de pessoas em tratamento até 2020-- esse número irá disparar.

Fonte : Extra

Dobra número de pessoas em terapia antirretroviral no mundo, transmissão vertical cai 50% mas aumentam casos entre mulheres jovens, segundo Unaids


Um novo relatório do Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids) mostra que os países estão entrando no chamado fast-track  (via rápida, em português) com um milhão de pessoas a mais tendo acesso ao tratamento antirretroviral. Em junho de 2016, cerca de 18,2 milhões tiveram acesso aos medicamentos, incluindo 910 mil crianças, o dobro do número registrado cinco anos atrás. Se esses esforços forem mantidos e ampliados, o mundo estará no caminho para alcançar a meta de 30 milhões de pessoas em tratamento até 2020, segundo o Unaids.
Intitulado “Get on the Fast-Track: the life-cycle approach to HIV” (“Acelerando a resposta ao HIV com enfoque na abordagem do ciclo de vida”), o relatório foi lançado nesta segunda-feira  (21) em Windhoek, na Namíbia, pelo presidente do país, Hage Geingob, e pelo diretor executivo do Unaids,  Michel Sidibé.
"Há pouco menos de dois anos, 15 milhões de pessoas tinham acesso ao tratamento antirretroviral – hoje, mais de 18 milhões estão em tratamento e novas infecções por HIV entre crianças continuam a cair", disse o presidente Geingob. "Agora, temos de garantir que o mundo permaneça na via rápida para acabar com a epidemia de aids até 2030 na Namíbia, na África, e em todo o mundo."
Urgência com as mulheres jovens
O relatório contém dados detalhados sobre as complexidades do HIV e revela que a transição das meninas para o estágio de mulheres adultas é um período muito perigoso, particularmente na África subsaariana. "As mulheres jovens enfrentam uma ameaça tripla", disse Sidibé. "Elas correm alto risco de infecção pelo HIV, têm baixas taxas de testagem para o vírus e uma baixa adesão ao tratamento. O mundo está falhando com as mulheres jovens e precisamos fazer mais, urgentemente."
A prevenção do HIV é fundamental para acabar com a epidemia entre as mulheres jovens e o ciclo da infecção pelo HIV precisa ser quebrado. Dados recentes da África do Sul mostram que as mulheres jovens estão adquirindo HIV de homens adultos, enquanto os homens adquirem o HIV muito mais tarde, após a transição para a idade adulta, e dão continuidade ao ciclo de novas infecções.
O relatório também mostra que o impacto do tratamento no aumento da expectativa de vida está funcionando. Em 2015, havia mais pessoas acima de 50 anos vivendo com HIV do que nunca: 5,8 milhões. O relatório destaca que, se forem alcançadas as metas de tratamento, espera-se que esse número aumente para 8,5 milhões até 2020. No entanto, as pessoas idosas que vivem com HIV têm até cinco vezes mais risco de desenvolver doenças crônicas. Por isso, uma estratégia abrangente é necessária para responder ao aumento nos custos dos cuidados de saúde de longo prazo.
Em 2015, as pessoas com mais de 50 anos representavam cerca de 17% da população adulta (15 anos ou mais) vivendo com HIV. Em países de alta renda, 31% das pessoas vivendo com HIV tinham mais de 50 anos.
O documento também alerta para o risco de resistência aos medicamentos e para a necessidade de reduzir os custos dos tratamentos de segunda e terceira linhas. Também destaca a necessidade de mais sinergias com a tuberculose (TB), o papilomavírus humano (HPV) e o câncer de colo do útero, bem como programas de hepatite C, a fim de reduzir as principais causas de doença e morte entre pessoas vivendo com HIV.
Em 2015, quase metade (440 mil de 1,1 milhão) das pessoas que morreram de uma doença relacionada à aids morreram de tuberculose, incluindo 40 mil crianças.
"O progresso que fizemos é notável, particularmente em relação ao tratamento, mas ele também é incrivelmente frágil", disse Sidibé. "Novas ameaças estão surgindo e, se não agirmos agora, corremos o risco do ressurgimento [da epidemia] e da resistência [ao tratamento]. Já vimos isso com a tuberculose. Não devemos cometer os mesmos erros novamente."
O documento descreve que um grande número de pessoas em maior risco de infecção pelo HIV e as que vivem em áreas com alta incidência estão ficando sem acesso aos serviços de saúde em momentos críticos de suas vidas, abrindo a porta para novas infecções pelo vírus e aumentando o risco de morte por doenças relacionadas à aids.
O relatório examina as lacunas e abordagens necessárias nos programas de HIV ao longo do ciclo de vida das pessoas e oferece soluções adaptadas de prevenção e tratamento do HIV para todas as fases da vida.
"Só será possível acabar com a epidemia de aids se nos unirmos e se cada um fizer o que está dentro do nosso escopo, de forma criativa e abraçando fortemente as metas 90-90-90", disse Eunice Makena Henguva, diretora de Projeto de Empoderamento Econômico da Namíbia para a Rede Namibiana de Saúde para as Mulheres.
Transmissão vertical diminui 50% em cinco anos
Globalmente, o acesso a medicamentos contra o HIV para prevenir a transmissão do vírus de mãe para filho aumentou para 77% em 2015 (acima dos 50% registrados em 2010). Como resultado, as novas infecções por HIV entre crianças diminuíram 51% desde 2010.
O relatório destaca que das 150 mil novas infecções pelo HIV em crianças em 2015, cerca de metade se deu através da amamentação. O levantamento ressalta que a infecção pela amamentação pode ser evitada se as mães que vivem com HIV tiverem apoio para continuar a tomar medicamentos antirretrovirais, permitindo-lhes amamentar com segurança e garantir que seus filhos recebam os importantes benefícios protetores do leite materno.
A testagem para o HIV também continua sendo uma questão importante. O relatório mostra que apenas quatro dos 21 países prioritários na África forneceram teste de HIV a mais da metade dos bebês expostos ao vírus nas primeiras semanas de vida. Também relata que, na Nigéria, que responde por mais de um quarto de todas as novas infecções por HIV entre crianças no mundo, apenas metade das mulheres grávidas soropositivas são testadas para o vírus.
O relatório enfatiza que são necessários mais esforços para expandir a testagem de HIV entre mulheres grávidas, expandir o tratamento para crianças e melhorar e expandir o diagnóstico precoce do recém-nascido usando novas ferramentas de diagnóstico e métodos inovadores, como lembretes via SMS, a fim de garantir a adesão de mães que vivem com HIV e seus bebês ao tratamento e aos cuidados de saúde.
O documento também encoraja os países a adotarem as metas do marco Start Free, Stay Free, AIDS Free (Comece Livre, Permanaça Livre, Livre da AIDS) liderado pelo Unaids e pelo Plano de Emergência do Presidente dos Estados Unidos para o Combate à Aids (PEPFAR) com objetivo de reduzir o número de novas infecções por HIV entre crianças, adolescentes e mulheres jovens e de garantir o acesso ao tratamento antirretroviral durante toda a vida se estiverem vivendo com o HIV.
 Adolescentes e adesão
O relatório mostra que as idades entre 15 e 24 anos são uma fase muito perigosa para as mulheres jovens. Em 2015, cerca de 7.500 jovens foram infectadas pelo HIV a cada semana em todo o mundo. Dados de estudos realizados em seis locais da África oriental e austral revelam que meninas com idades entre 15 e 19 anos representavam 90% de todas as novas infecções por HIV entre as meninas de 10 a 19 anos na África austral, e mais de 74% na África oriental.
Globalmente, entre 2010 e 2015, o número de novas infecções por HIV entre mulheres jovens de 15 a 24 anos foi reduzido em apenas 6%, passando de 420 mil para 390 mil. Para atingir o objetivo de menos de 100 mil novas infecções por HIV entre meninas adolescentes e mulheres jovens até 2020, será necessária uma redução de 74% nos quatro anos entre 2016 e 2020.
Muitas crianças que nasceram com HIV e sobreviveram estão agora entrando na idade adulta. Estudos de 25 países, feitos em 2015, mostram que 40% dos jovens entre 15 e 19 anos foram infectados pela transmissão do HIV de mãe para filho. Esta transição também está ampliando outro grande desafio - um número elevado de mortes relacionadas à aids entre os adolescentes. Adolescentes vivendo com HIV têm as mais elevadas taxas de baixa adesão à medicação e de falha terapêutica.
Diversas soluções são necessárias para responder às necessidades específicas dos adolescentes, incluindo o aumento dos esforços de prevenção do HIV, mantendo as jovens meninas e rapazes na escola, aumentando a testagem para HIV e a circuncisão masculina médica voluntária, a profilaxia pré-exposição (PrEP) e o acesso imediato à terapia antirretroviral.
 Populações-chave
Estima-se que, globalmente, 45% de todas as novas infecções por HIV em 2014 estavam entre membros de populações-chave e seus parceiros sexuais. O relatório alerta que novas infecções por HIV continuam a aumentar entre as pessoas que usam drogas injetáveis (cerca de 36% de 2010 a 2015) e entre homens gays e outros homens que fazem sexo com homens (cerca de 12% de 2010 a 2015). Além disso, as novas infecções tampouco estão declinando entre profissionais do sexo ou pessoas trans.

O relatório descreve a necessidade crítica de alcançar as populações-chave com programas de prevenção e tratamento do HIV que atendam às suas necessidades específicas ao longo de suas vidas. No entanto, os níveis totais de financiamento estão muito abaixo do necessário para que os programas de HIV cheguem a essas populações, particularmente o financiamento vindo de fontes domésticas.
 Idade adulta
Em julho de 2016, no relatório sobre Lacunas na Prevenção do HIV, o Unaids alertou que os esforços de prevenção não estão funcionando para os adultos e as novas infecções por HIV entre eles  não tem apresentado queda há pelo menos cinco anos. O relatório cita as preocupações de que a África ocidental e a central estão fora da chamada Via Rápida para Acelerar a Resposta ao HIV. A região é responsável por 18% das pessoas que vivem com o HIV, mas o baixo acesso ao tratamento faz com que a região responda por 30% de todas as mortes relacionadas à aids em todo o mundo.
O relatório lança nova luz sobre a infecção pelo HIV e o tratamento entre homens adultos, mostrando que os homens são muito menos propensos a conhecer o seu estado sorológico positivo para o HIV e a ter acesso ao tratamento, em comparação com as mulheres. Um estudo realizado em KwaZulu-Natal, na África do Sul, mostrou que apenas 26% dos homens estavam cientes de que eram soropositivos, apenas 5% estavam em tratamento e que a carga viral entre os homens vivendo com HIV era extremamente alta, tornando muito mais provável a transmissão do vírus a outras pessoas.
O documento do Unaids também mostra que, a cada ano, cerca de 100 mil pessoas em países de baixa e média rendas, com idade igual ou superior a 50 anos, estão propensas a adquirir o HIV, confirmando a necessidade de incluir pessoas dessa faixa etária em diante na prevenção, no tratamento e nos programas para o HIV.
À medida que as pessoas vivendo com HIV envelhecem, elas também correm o risco de desenvolver efeitos colaterais de longo prazo, decorrentes do tratamento antirretroviral, desenvolvendo resistência aos medicamentos e exigindo tratamento de comorbidades, como tuberculose e hepatite C, que também podem interagir com terapia antirretroviral. Pesquisas e investimentos contínuos são necessários para descobrir tratamentos mais simples e mais toleráveis para o HIV e para as comorbidades, bem como para descobrir uma vacina e a cura para o vírus.
Soluções para todos, em todas as fases da vida
O relatório conclui que os investimentos devem ser feitos de forma sensata ao longo do ciclo de vida, usando uma abordagem com foco em localidade e população, para garantir que os programas de alto impacto e orientados por evidências estejam disponíveis nas áreas geográficas e entre as populações mais necessitadas.
A publicação exorta os países a continuarem no processo de aceleração da resposta para prevenção, testagem e tratamento para o HIV, a fim de pôr fim à epidemia de aids como ameaça à saúde pública até 2030 e de assegurar que as gerações futuras vivam livres do HIV.

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