sábado, 28 de outubro de 2017

HIV: pesquisadores descobrem tratamento funcional para o vírus



O estudo, publicado no Cell Reports, analisou como um novo remédio age no organismo do paciente. Segundo a pesquisa, o medicamento pode acabar com a replicação do vírus em células infectadas. Isso previne a recuperação viral — quando os níveis do vírus disparam depois de uma queda — mesmo quando a pessoa interrompe o tratamento. 
Os estudiosos nomearam a descoberta de "Bloquear e Travar", visto que a reativação do vírus dentro de células é prevenido, deixando a doença em um estado latente — ou seja, ele fica reprimido e não faz mal ao corpo. 
"Ao combinar esse remédio com o coquetel de antirretrovirais, nosso estudo achou uma drástica redução na presença do vírus RNA", disse Susana Valente, professora no TSRI e autora da pesquisa. "Nenhum outro atirretroviral usado nas clínicas autalmente é capaz de surpimir completamente a produção de vírus dentro de células infectadas."
Para o diagnóstico, os cientistas fizeram testes em ratos. Uma parte dos animais não teve reprodução de células infectadas, mesmo depois de 19 dias sem tomar o medicamento. 
Já outra parcela dos roedores ficou com o vírus indectável por 16 dias depois do término do tratamento com o remédio. 
O foco da pesquisa foi o componente chamado chamado didehydro-Cortistatin A ou dCA, na sigla em inglês. De acordo com Valente, o remédio usado bloqueia a Tat, proteína que copia o DNA para RNA e é vital para o processo de replicação do vírus. 

Fonte : Galileu

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

As estratégias dos cientistas na busca pela cura do HIV



As terapias antirretrovirais modernas mais utilizadas hoje para tratar pacientes com aids são capazes de suprimir o HIV a níveis indetectáveis, mas o vírus continua no organismo, escondido, pronto para retomar a infecção caso o tratamento seja interrompido. Sem poder ficar sem os medicamentos, pacientes precisam conviver com a toxidade dos coquetéis, que provocam uma série de efeitos colaterais. Em busca de alternativas para reduzir e controlar a presença do HIV no organismo, pesquisas internacionais testam técnicas diferentes com o mesmo objetivo, enquanto continuam perseguindo a cura da doença que afeta hoje 37 milhões de pessoas no mundo.
Um passo importante foi dado pela equipe de pesquisadores liderada por Sarah Palmer, da Universidade de Sydney, na Austrália. As terapias antirretrovirais são incapazes de eliminar o HIV porque ele incorpora o seu material genético ao DNA das células, se mantendo escondido, apenas esperando a interrupção do tratamento para reiniciar a infecção. Por anos, pesquisadores tentaram identificar onde estão os reservatórios, e a resposta acaba de ser encontrada pelos australianos.
— Nós conseguimos determinar que importantes componentes de replicação do HIV estão escondidos em células T de memória efetora — explica Sarah, coautora de um estudo publicado semana passada na revista científica “Cell Reports”. — Agora que identificamos onde o vírus se esconde, podemos desenvolver tratamentos e estratégias que mirem especificamente o vírus dentro das células ou até células não infectadas.
Os pesquisadores usaram técnicas de sequenciamento genético para analisar material coletado de seis pacientes — três que iniciaram tratamento com coquetéis durante estágio inicial da infecção e três que começaram a se tratar durante a fase crônica — com supressão viral por pelo menos três anos. E o genoma do HIV foi encontrado integrado ao DNA desse tipo específico de células. As células T de memória efetora funcionam como bibliotecas do sistema imunológico. São elas que gravam padrões de antígenos que já infectaram o organismo para uma resposta rápida à nova infecção pelo mesmo invasor.
— O HIV é muito esperto. Ele se integra ao DNA da célula que deveria atacá-lo e fica lá por anos, esperando que o tratamento seja interrompido, como uma bomba-relógio para a reinfecção — diz Palmer. — As drogas atuais fazem com que o vírus pare de se replicar, mas ainda não existe uma cura para o HIV. Os pacientes precisam de drogas ou quimioterapia para o resto da vida.
Uma droga testada por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) também mira especificamente este tipo de célula e se mostrou capaz de eliminar parte do reservatório viral em camundongos infectados. Em laboratório, o composto sintético SUW 133 ativou o HIV latente para que as células infectadas pudessem ser identificadas e destruídas pelo sistema imunológico. A estratégia conhecida como “kick and kill” (chutar e matar) consiste em induzir a expressão do vírus. Outros experimentos já alcançaram o mesmo feito, mas o SUW 133 é considerado o menos tóxico e mais eficiente composto já criado. Com apenas uma dose, entre 5% e 25% do HIV latente foi ativado e destruído em menos de 24 horas.
— É uma prova de conceito. Nós demonstramos que esse composto sintético é capaz de ativar e matar o HIV latente — destaca Matthew Marsden, coautor da pesquisa cujos resultados foram publicados no fim de setembro na revista “PLOS Pathogens”. — O objetivo é eliminar totalmente o HIV do organismo, encontrar uma cura, mas isso é difícil porque ele fica escondido no DNA do próprio paciente. Então, se pudermos destruir uma quantidade suficiente de vírus para que ele possa ser controlado pelo sistema imunológico, sem a necessidade dos coquetéis, seria ótimo.
Agora os pesquisadores irão testar o composto com outros animais, incluindo primatas, para assegurar a segurança da droga antes de ela ser administrada em testes clínicos com humanos.
— Nós queremos que o composto elimine o vírus com a menor toxicidade possível — diz Jerome Zack, que também participou das pesquisas.

Pontencial Arma no Controle da Epidemia 

No Instituto de Pesquisas Scripps, na Flórida, um estudo liderado por Susana Valente propõe outra abordagem. Em vez de tentar destruir o HIV latente no organismo, a pesquisadora propõe o uso da molécula didehidro-cortistatina A (dCA) para impedir a replicação do vírus. A ideia é que a droga substitua a terapia antirretroviral após a carga viral se tornar indetectável.
Os experimentos foram realizados com camundongos infectados com uma versão humana do HIV. Após um mês de tratamento, a reinfecção demorou até 19 dias, enquanto no grupo de controle, que não recebeu a dCA, o período foi de apenas 7 dias. Testes com culturas de células humanas mostraram resultados semelhantes.
— Eu chamo a estratégia de “block and lock” (bloquear e trancar). O vírus continua lá, não conseguimos retirá-lo do DNA da célula infectada, mas conseguimos baixar a replicação. Como se a gente tirasse a gasolina do carro — compara Susana. — Quando combinamos com os coquetéis antirretrovirais, encontramos uma redução drástica do vírus. É a prova de conceito de uma cura funcional.
Agora, a equipe se concentra na ampliação da pesquisa com outros animais, mas já busca parcerias para testes clínicos. Os pesquisadores acreditam que, com um tempo maior de tratamento, pacientes possam abandonar, ao menos temporariamente, as drogas dos coquetéis antirretrovirais, minimizando efeitos colaterais, que vão de enjoos e tonturas ao comprometimento de órgãos como rins, fígado, intestino e coração.
— Precisamos avançar para os testes clínicos para determinar quanto tempo de tratamento é preciso para alcançar um ponto em que o paciente possa se afastar um tempo do coquetel, sem que a infecção retorne — diz Susana.
A pesquisadora explica que estratégias para manter o vírus em níveis indetectáveis podem ser aliadas no combate à epidemia global da doença ou até mesmo na erradicação do HIV. No início do mês, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA revisaram suas orientações e admitiram que soropositivos com carga viral em níveis indetectáveis não transmitem o HIV em relações sexuais ou na interação entre mãe e filhos durante a gravidez, parto ou amamentação.
— Talvez a gente não encontre uma cura definitiva, mas o nosso estudo mostra que a cura funcional é possível. — diz. — Pode se tornar parecido com o vírus da herpes, que fica no organismo dormente e de vez em quando se manifesta e é controlado.

Fonte : O Globo

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Justiça social para pessoas com HIV é inegociável, diz estilista Kenneth Cole



Durante participação no Fórum Social do Conselho de Direitos Humanos da ONU, na semana passada, o estilista norte-americano Kenneth Cole criticou o preconceito que ainda marginaliza pessoas vivendo com HIV. Segundo o empresário, a epidemia de HIV é não apenas um problema de saúde, mas também uma questão de justiça social. O designer é embaixador global da Boa Vontade do Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids).
“Tem-se dito que o estigma já matou mais pessoas do que o HIV”, disse Cole. “Nas suas raízes, trata-se de intolerância e discriminação. A justiça social não é negociável.”
Para o executivo, todos os atores da sociedade, inclusive o setor privado, devem empreender esforços para responder à aids e ao HIV. “Eu acredito que as empresas trazem eficiência, economia e uma cultura de mudança”, acrescentou.
Realizado nos dias 3 e 4 de outubro, o Fórum Social de 2017 teve como tema a promoção e a proteção dos direitos humanos no contexto da epidemia de HIV e outras doenças e surtos transmissíveis. O evento é uma reunião anual de três dias convocada pelo Conselho dos Direitos Humanos da ONU.
Cole discursou no encontro em meio a uma visita de três dias a Genebra, onde encontrou-se com o diretor-executivo do Unaids, Michel Sidibé, e conheceu outros funcionários da agência da ONU, ativistas da sociedade civil e membros de outras organizações que atuam na resposta à epidemia.
Além de ser embaixador da Boa Vontade do Unaids, Kenneth Cole também é presidente da Fundação para Pesquisa da Aids (amfAR) e fundador da Coalizão pelo Fim da Aids (End Aids Coalition). Ao longo de mais de 30 anos, o empresário foi uma das vozes proeminentes nos movimentos por direitos e investimentos para as pessoas vivendo com HIV.

Fonte : ONU Brasil

Unaids: No mundo, novas infecções por HIV entre crianças diminuíram 47% desde 2010



Para além dos presentes e dos passeios, o Dia das Crianças, comemorado sempre em 12 de outubro, também serve de balanço para se avaliar como as políticas voltadas às crianças estão se desenvolvendo. Quando o assunto é aids, os dados indicam que cada vez nascem menos crianças infectadas com HIV e, claro, isso representa muitas batalhas ganhas em 35 anos de luta contra a pandemia. De acordo com o Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids), os riscos da transmissão vertical (de mãe infectada para o bebê) são minimizados quando os diagnósticos disponíveis e medicamentos antirretrovirais são utilizados no tempo correto.
Globalmente, o acesso a medicamentos contra o HIV para prevenir a transmissão do vírus de mãe para filho aumentou para 76% em 2016 (acima dos 47% registrados em 2010). Como resultado, as novas infecções por HIV entre crianças diminuíram 47% desde 2010.
No Brasil, a taxa de detecção de aids em menores de cinco anos tem sido utilizada como indicador proxy para monitoramento da transmissão vertical do HIV. Nos últimos seis anos, houve uma queda de 36% nos casos de HIV/aids em menores de 5 anos, o que indica diminuição na transmissão vertical.
Existem no mundo cerca de 2,1 milhões de crianças e adolescentes, com até 15 anos, infectados pelo vírus HIV. Em 2015, metade das novas infeções entre crianças com idades entre 0 e 14 anos ocorreu em seis países: Nigéria, Índia, Quênia, Moçambique, Tanzânia e África do Sul.
Dados do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) publicados em 2016, revelaram que a cada hora, 29 adolescentes entre 15 e 19 anos são infectados pelo vírus do HIV no mundo e a aids continua sendo a segunda causa nas pessoas entre 10 e 19 anos.
Segundo a agência da ONU, as meninas são particularmente mais vulneráveis, representando cerca de 65% das novas infecções em adolescentes em todo o mundo. Na África Subsaariana, onde há aproximadamente 70% das pessoas no mundo vivendo com HIV, três em cada quatro adolescentes infectados pelo vírus em 2015 eram meninas.
Redação da Agência de Notícias da Aids

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Correio Braziliense: DSTs, como sífilis e HIV, avançam entre os jovens de Brasília



As autoridades sanitárias perderam um grande aliado na prevenção das doenças sexualmente transmissíveis (DSTs): o medo. Por não causarem pânico, a população mais jovem banalizou esses males e abriu mão de se proteger. O preservativo, item de primeira necessidade outrora, caiu em desuso. Os efeitos começam a aparecer. Em cinco anos, a Secretaria de Saúde de Brasília registrou 29 mil novos casos de alguma DST. O alerta é para o perfil dos infectados: jovens entre 20 e 29 anos.
A perpetuação e o aumento dessas doenças preocupa especialistas. Entre 2010 e 2015 — levantamento mais recente da Secretaria de Saúde —, 3.010 novas infecções de HIV foram notificadas, 4.290 de sífilis, 6.550 de condiloma (verruga genital) e 3.063, de úlcera genital. Esses males estão cada vez mais inseridos na capital federal. Não há distinção de classe social, escolaridade ou raça, como evidenciam as estatísticas.
Apesar de o registro de casos ser confiável, há um hiato que deve ser levado em consideração. Uma parcela de doentes sequer sabe que tem uma DST. “Esse aspecto faz com que a contaminação seja em progressão geométrica, ou seja, a pessoa infectada que não sabe de seu diagnóstico transmite o vírus ou a bactéria para outras, que também ficam no ostracismo”, conclui o coordenador do Polo de Prevenção das DSTs da Universidade de Brasília (UnB), Mário Ângelo Silva.
Ele chama a atenção para outro aspecto: o da confiança. “No começo dos relacionamentos, o uso do preservativo é natural. Mas, quando a relação está estabilizada há mais tempo, isso se perde. Com os jovens, é ainda mais arriscado por eles estarem numa fase de descobertas, nas quais a vida sexual é mais ativa. Transam mais e com um número maior de pessoas”, destaca o especialista.
Prudência
O comportamento da sociedade mudou, com isso, a linguagem das políticas públicas ficou defasada. É o que pensa o sociólogo Roberto Geraldo da Silva, presidente da Associação Esperança e Vida, organização que trata e abriga pacientes com HIV/aids. “A questão envolve aspectos amorosos, sociais, religiosos e culturais. O uso do preservativo está baixo por isso. Hoje em dia, não adianta dizer: ‘Use camisinha’. E acreditar que todo mundo vai aderir”, lamenta.
Roberto explica que a saída é a informação. “É preciso trabalhar a educação sexual nas escolas com mais efetividade. Temos de falar da valorização da vida, dos resultados da camisinha, das doenças e mostrar o dano que elas causam. O uso de preservativo deve ser encarado como o do cinto de segurança e o consumo de água potável”, alerta.
Valéria Paes, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia, explica que a população mais jovem não vivenciou terrores do passado, como mortes por complicações da aids, e, por isso, tem menos prudência. “Isso enfraquece o apelo pelo uso do preservativo. Os jovens estão se arriscando mais. Por isso, é necessária a modernização na abordagem”, avalia. Ela emenda: “Precisamos disseminar as informações. As pessoas não falam de DSTs como de outras doenças”.

Juventude pouco preocupada
Apesar do grande volume de informações sobre as DSTs, a parcela mais jovem da população não se atenta à prevenção. Seja por não conhecer alguém doente, seja por não acreditar que isso possa acontecer consigo, a camisinha fica em segundo plano. Durante dois dias, o Correio fez uma enquete com 12 estudantes sobre aspectos relacionados às DSTs. Do total, oito disseram não se preocupar com o assunto quando vão ter relações sexuais.
Na porta de escola de classe média alta, na Asa Sul, alguns adolescentes saem acompanhados dos namorados. Quando perguntados sobre o uso da camisinha, admitem: o tema foi mais frequente. “No começo do namoro, sempre usávamos, mas, agora, não”, conta uma jovem de 17 anos*, na companhia do parceiro de mesma idade.
Aqueles que cultivam muitos parceiros se dizem mais temerosos. “Se eu não conheço a pessoa, não tem jeito: sexo, só com camisinha. Agora, se eu fiquei com a menina, ou sei da vida dela, fico mais tranquilo”, explica um garoto de 17 anos. Ele diz ter perdido a virgindade aos 15, e o pai, um servidor público, o alertou sobre o uso do preservativo. “Várias vezes conversamos sobre isso. Sinto que o meu pai tem mais medo do que eu.”
Uma das poucas entrevistadas que repudiou o sexo sem camisinha é outra jovem de 17 anos. Ela namora há um ano e meio e garante nunca ter transado sem proteção. “Esse é o meu único namorado e, com ele, perdi a virgindade. Mesmo se não fosse assim, não teria relações sem preservativo. Não é por medo dele, mas por nossa segurança. Conheço a família dele e ele desde a infância, mas isso não quer dizer nada”, afirma.
*A reportagem não publicará a identidade dos entrevistados em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Fonte : Correio Braziliense

Mariângela Simão: 'As pessoas precisam ter acesso aos remédios, independentemente de onde nasceram'



Vinte anos depois do início de uma campanha internacional por parte de países em desenvolvimento para que remédios cheguem às populações mais pobres a um preço justo, a batalha ainda não está vencida. Nesta semana, a brasileira Mariângela Simão assumiu o cargo de chefia na Organização Mundial da Saúde (OMS) para o acesso a remédios, um dos postos mais importantes dentro da entidade. 
Ex-diretora do programa nacional de combate à aids no Brasil, a brasileira passou a ser referência internacional em todos os debates sobre a forma de lidar com o abastecimento de remédios de ponta para as populações que não contam com recursos para arcar com a nova tecnologia. 
Ao assumir o novo cargo, Mariângela insiste que sua missão é praticamente a mesma daquela que tinha há anos no Brasil: garantir que milhões de pessoas pelo mundo tenham acesso aos medicamentos, independentemente de onde vivam ou de sua renda. Segundo ela, o maior desafio continua sendo o preço cobrado pelos remédios que salvam vidas. 
Leia a entrevista: 
Depois de anos trabalhando para garantir que tratamentos cheguem aos mais vulneráveis, a senhora assume um dos cargos mais importantes na OMS em um momento de debate justamente sobre o acesso à saúde. Qual será sua prioridade?
A prioridade total é garantir que as pessoas tenham acesso aos bens de consumo de saúde e quando sejam necessários. Esse será meu principal objetivo. As pessoas precisam ter acesso aos remédios que precisam, independentemente de onde nasceram e de sua renda. O acesso é um direito. Para isso, os preços de remédios precisam ser sustentáveis e esses produtos que salvam vidas precisam ter valores justos. Isso é nossa maior luta. Em temas como a aids e tuberculose, se avançou muito. Mas, pelo mundo afora, doenças crônicas continuam a afetar de forma dura diversos países, que lutam pelo acesso. 
Qual o maior desafio para garantir o acesso a remédios?
Parte do desafio é o de garantir a existência de uma infraestrutura nos países em desenvolvimento para que os remédios possam ser entregues. Um sistema de saúde em bom funcionamento para que haja a saída de paciente com remédios que precise. Mas o desafio maior é o preço dos remédios e quem paga por ele. 
Qual é o fator que mais tem determinado o preço hoje?
O preço está relacionado à competição. Quando se tem o monopólio de um produto, o fabricante faz o preço que quer se não tiver uma agência reguladora. É a ausência de competição que faz com que os preços aumentem. Agora, o que virou o jogo foi aparecimento de um tratamento para a hepatite C, que é um verdadeiro bem público global. O produto chegou ao mercado com um preço exorbitante e, nos Estados Unidos, cada comprimido chegou a custar US$ 1 mil. Pela primeira vez, portanto, houve uma discussão séria sobre acesso que desembarcou às portas dos países ricos. Toda essa questão da inovação e o preço que é praticado supostamente para pagar pela inovação é mesmo o grande desafio. Hoje, o custo dessa inovação não é transparente e, portanto, o preço com que o produto chega ao mercado é o grande desafio.
No Brasil, a senhora esteve envolvida em processos de licenças compulsórias. O instrumento ainda tem algum tipo de influência no mercado e para negociar acordos com o setor privado?
Certamente. As licenças compulsórias continuam tendo um impacto. Recentemente, a Malásia aplicou no caso de um medicamento contra hepatite C o sofosbuvir. O preço era de US$ 12 mil por paciente e optaram por uma produção local. No âmbito da aids, acordos de preços foram fechados com o setor privado, chegando a US$ 74 por ano. Isso mostra que é possível fazer parcerias. 
Mas a questão do acesso a remédios é apenas comercial ou política também?
Claro. Parte da questão é também a forma pela qual os países se organizam para ter acesso aos remédios. Nos últimos anos, mecanismos internacionais foram criados para dar flexibilidade para a compra de remédios. Mas eles ainda são pouco usados. São instrumentos complexos e que um governo precisa agir de forma para não desabastecer o mercado e, ao mesmo tempo, garantir que não estejam violando regras internacionais. Nessa questão, a vontade política é importante. 
Uma das metas da Organização das Nações Unidas (ONU) é a de acabar com a epidemia da aids até 2030. Isso é possível no atual cenário de acesso a remédios?
Os objetivos são visionários, mas a comunidade internacional precisa disso para empurrar o assunto adiante. O que, sim, será necessário é um grande volume de investimentos.  

Fonte : O Estado de S. Paulo

RNP+ irá tecer estratégias de ação sincronizada no VII Encontro Nacional



Encerrados os encontros regionais no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste, e as reuniões ampliadas das regiões Sul e Sudeste, Fortaleza deve receber até 100 ativistas cadastrados na RNP+ nestas cinco regiões geopolíticas brasileiras para o VII Encontro Nacional – RNP+ Brasil: 22 anos resistindo por #Nem1DireitoAMenos, entre os dias 19 e 22 de outubro, no Amuarama Hotel. Um dos objetivos do encontro é tecer estratégias de ação sincronizada.
Na agenda do sétimo encontro nacional, a RNP+ discute as pautas que têm permeado o cotidiano mais elementar das pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHA), ou seja, o teto de gastos da saúde e da educação, bem como as reformas trabalhista e da Previdência Social e o acesso ao judiciário pela garantia coletiva de direitos adquiridos.
As 100 vagas de delegado/as do VII Encontro Nacional foram divididas igualmente entre as cinco regiões brasileiras. São critérios de participação: ter preenchido o cadastro online; ter participado de encontro regional e/ou reunião ampliada da região; ter disponibilidade de recursos para chegar a Fortaleza e voltar à sua cidade.
Além da reflexão sobre a conjuntura e pela busca de estratégias sincronizadas de atuação, os encontros nacionais da RNP+ também são momento de renovação ou recondução das representações regionais e nacionais. No Sudeste, o Rio de Janeiro ocupará a titularidade (Josimar Pereira) e a suplência (a ser formalizada) da representação regional. No Nordeste, Jerônimo Duarte (Pernambuco) e Credileuda Azevedo (Ceará) estarão à frente da representação. No Sul estarão Antonio Charqueiro (Rio Grande do Sul) e Fabio Neto (Paraná). O Centro-Oeste elegeu Zenaide Maria dos Santos (Goiás) e Luiz Carlos Vieira (DF). A região Norte redefiniu a representação: Fabio Dayan (Amapá) ocupa a Articulação Política e Marco Vilhena (Pará), a Comunicação, seguindo parte do modelo nacional na RNP+.
Representações Nacionais
Para as representações nacionais, o Sudeste referenda o nome de Moysés Toniolo para continuar no Conselho Nacional de Saúde (assim como o Sul e o Nordeste) e leva para o Encontro Nacional o nome de Cleide Jane (RJ) para concorrer à Comissão de Articulação com os Movimentos Sociais (CAMS) e Jorge Beloqui (SP) para o Grupo Temático Ampliado do Unaids no Brasil (GT Unaids).
O Nordeste levará o nome de José Candido (PE) para concorrer à Comissão Nacional de IST, Aids e Hepatites Virais (CNAIDS) e apresentará a proposta de incorporação de mais um membro à Secretaria Nacional. Pela proposta, a região reconduzirá a atual Secretaria com o nome de Jair Brandão (PE) para ocupar uma nova Secretaria Nacional de Relações Internacionais.
O Sul não levará nenhuma indicação para disputar quaisquer representações e acata a proposta do Nordeste para a Secretaria Nacional. No Norte, Juliana Correa (AM) e Maria Elias da Silveira (PA) disputarão CAMS e CNAIDS, respectivamente. Assim como o Sul, o Centro-Oeste acata a proposta para a Secretaria Nacional e levará a indicação de Sandro Rosa para a CNAIDS.
Programação e financiamento
O VII Encontro Nacional – RNP+Brasil: 22 anos resistindo por #Nem1DireitoAMenos, tem financiamento do Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais (DIAHV) do Ministério da Saúde, por meio de convênio estabelecido com a RNP+Ceará. Confira abaixo a programação, ainda preliminar.
Quinta-feira, 19 de Outubro de 2017
12 h – Chegada e translado das delegações para check-in nos apartamentos
13 h – Check-in no hotel
14 h – Credenciamento das delegações regionais
16 h – Leitura e aprovação do Regimento Interno do VII Encontro Nacional – Moysés Toniolo
17h30 – Solenidade de Abertura do VII Encontro Nacional da RNP+ Brasil
Abertura e boas vindas
Vando Oliveira – Secretaria Nacional de Articulação Política da RNP+
Sr. Gil Casimiro, representando a Dra. Adele Benzaken, diretora do DIAHV
Dr. Henrique Javi – Secretaria Estadual da Saúde do Ceará
Dra. Joana Maciel – Secretaria Municipal da Saúde de Fortaleza, Ceará
Dep. Odorico Monteiro – Frente Parlamentar de Enfrentamento às DST/HIV/AIDS do Congresso Nacional
Dep. Renato Roseno – Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Ceará
Ver. Acrísio Sena – Frente Parlamentar de Enfrentamento às DST/HIV/AIDS da Câmara Mun. de Fortaleza
Representante do Fórum de ONG AIDS do Ceará
Moysés Toniolo – Conselheiro Nacional de Saúde
18 h – Palestra Magna
Retrocesso e Perda de Direitos: Por que Resistir por #Nem1direitoAmenos
Veriano Terto (ABIA / ANAIDS) – confirmado
19 h – Cerimônia de casamento
20 h – Jantar
Sexta-feira, 20 de Outubro de 2017
8h30 às 10 h – Eixo #4 – Desenvolvimento Institucional da RNP+Brasil
Carta de Princípios e Código de Ética Esdras Gurgel (Comissão de Revisão) – confirmado
Perfil de Representação Jair Brandão (GT Agenda SC 2030) – confirmado
Prestação de contas Representações Nacionais e Regionais (CAMS / CNAIDS / GT UNAIDS / 5 regionais / GT Agenda SC2030 / Secretaria Nacional).
10 h às 10h15 – Intervalo
10h15 às 11h – Eixo #4 – Desenvolvimento Institucional da RNP+Brasil
Cadastramento 2017 Paulo Giacomini (Senic RNP+) – confirmado
Sociometria RNP+: Saúde, Discriminação e Violação de Direitos RNP+2015-17 Jorge Beloqui (GIV/ABIA/RNP+) – confirmado
11 h às 12h30 – Roda de conversa propositiva Eixo #4
Facilitador: Moysés Toniolo (Conselho Nacional de Saúde)               Relatoria: a definir
12h30 às 14 h – Almoço
14 h às 15h30 – Eixo #1 – Direitos adquiridos e o retrocesso da perda de direitos (teto de gastos para saúde e educação, Reforma da Previdência e da CLT, CIT)
Reforma da Previdência Superintendência do INSS/CE
Reforma Trabalhista Delegacia Regional do Trabalho/CE
Impacto da Resolução da CIT no controle do HIV DIAHV
Financiamento do SUS Rodrigo Pinheiro (FOAESP, ex-membro da COFIN – Comissão de Financiamento do Conselho Nacional de Saúde) – confirmado
15h30 às 15h45 – Intervalo
15h45 às 18 h – Roda de conversa propositiva Eixo #1
Facilitador(a): a definir                                                                                      Relatoria: a definir
18 h às 18h30 – Apresentação e votação das propostas/moções do Eixo #4    Relator(a) Eixo #4
18h30 às 19 h – Apresentação e votação das propostas/moções do Eixo #1     Relator(a) Eixo #1
19 h – Jantar
Sábado, 21 de Outubro de 2017
8h30 às 10 h – Eixo 2 – Participação, Controle Social e acesso ao Judiciário (incidência política nos conselhos e conferências para o controle social e formas e momentos de se acessar ao judiciário pela garantia da manutenção dos direitos)
A conquista do medicamento Nair Brito – confirmada
Participação e Controle Social Moysés Toniolo (CNS) – confirmado
Acesso ao Judiciário Defensoria Pública da União/CE
10 h às 10h15 – Intervalo
10h15 às 12h30 – Roda de conversa propositiva Eixo #2
Facilitador(a): Marco Vilhena (RNP+PA)                     Relatoria: a definir
12h30 às 14 h – Almoço
14 h às 16 h – Eixo 3 – Ciência e incorporação de novas tecnologias (como se dará a incorporação de novos medicamentos e procedimentos com o teto de gastos?; como estão as pesquisas internacionais e a implementação de seus resultados no Brasil?)
Tratamento como Prevenção Jorge Beloqui (GIV) – confirmado
Prevenção de Coinfecções Jorge Beloqui (GIV) – confirmado
Propriedade intelectual e acesso a medicamentos no BR GTPI
Impacto da mudança de terapias na adesão, no vínculo e na retenção Eduardo Barbosa (CRD) – confirmado
16 h às 16h15 – Intervalo
16h15 às 18 h – Roda de conversa propositiva Eixo #3
Facilitador(a): a definir                                                 Relatoria: a definir
18 h às 18h30 – Apresentação e votação das propostas/moções do Eixo #2     Relator(a) Eixo #2
18h30 às 19 h – Apresentação e votação das propostas/moções do Eixo #3     Relator(a) Eixo #3
19 h – Jantar
20h30 – Plenária Final
Referendo das propostas e moções aprovadas para Construção do Documento Político da RNP+
Eleição de candidata(o)s aos espaços representativos da RNP+ Brasil
Referendo das cinco representações regionais eleitas nos encontros regionais / reuniões ampliadas – confirmado/as
Comissão de Articulação com os Movimentos Sociais (CAMS)
Comissão Nacional de IST/Aids e Hepatites Virais (CNAIDS)
Grupo Temático Ampliado do UNAIDS no Brasil (GT UNAIDS)
Rede Latino Americana de Pessoas Vivendo com HIV/aids (REDLA+)
Rede de Pessoas e Organizações com trabalhos em SIDA nos países de Língua Portuguesa (Rede +PLP)
Indicação para o Conselho Nacional de Saúde (CNS)
Eleição da Secretaria Nacional
Secretaria Nacional de Articulação Política (SENAP)
Secretaria Nacional Executiva (SENEX)
Secretaria Nacional de Informação e Comunicação (SENIC)
Eleição do Comitê de Ética                (uma pessoa por região)
Eleição da cidade/Estado que receberá o VIII Encontro Nacional da RNP+ Brasil (2019)
Anúncio do Colegiado Nacional da RNP+ Brasil 2017-2019
Domingo, 22 de Outubro 2017
8h30 às 12 h – Reunião do Colegiado Nacional da RNP+ Brasil 2017-2019
12 h – Saída dos apartamentos e check-out do hotel.
12h30 às 14 h – Almoço e retorno das delegações aos estados de origem.

Fonte : RNP+ Brasil

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Estigma e discriminação afastam pessoas vivendo com HIV dos sistemas de saúde, alerta ONU



O levantamento da agência da ONU aponta ainda que pessoas com HIV que já vivem estigmatizadas têm duas vezes mais chances de atrasar a procura por cuidados médicos, em comparação com indivíduos que não se sentem vítimas de preconceito.
Também a partir das estatísticas dos 19 países avaliados, a pesquisa estima que uma em cada três mulheres vivendo com HIV já passou por pelo menos uma forma de discriminação em locais de atendimento voltados para a saúde sexual e reprodutiva.
Alertando para a necessidade de reverter esse cenário, o diretor-executivo do Unaids, Michel Sidibé, afirmou que “quando as pessoas vivendo, ou em risco de viver, com HIV, são discriminadas em contextos de saúde, elas ficam invisíveis”.
“Isso fragiliza seriamente nossa habilidade de alcançar as pessoas com serviços de testagem, tratamento e prevenção”, explicou o dirigente. “O estigma e a discriminação são uma afronta aos direitos humanos e colocam as vidas das pessoas vivendo com HIV e das populações-chave em perigo.”
O relatório do Unaids é enfático — o temor quanto à discriminação associada ao HIV e o medo de ter seu estado sorológico divulgado indevidamente excluem as pessoas das redes de saúde.
A publicação elenca boas práticas que podem ser adotadas por gestores e Estados-membros da ONU para contornar e eliminar o preconceito da prestação de cuidados. Entre as recomendações, estão a formalização legal de obrigações dos profissionais de saúde, que devem ser responsabilizados e penalizados por atos discriminatórios, e a conscientização e capacitação das equipes médicas.
Outras indicações do Unaids incluem a descriminalização da prostituição, da homossexualidade (em países onde relações consentidas entre adultos do mesmo sexo são consideradas ilegais) e do uso de drogas. A ilegalidade, aponta o relatório, afasta profissionais do sexo, gays, lésbicas, pessoas trans e usuários de drogas dos sistemas de cuidados, agravando as chances de infecções sexualmente transmissíveis e retardando o início das terapias necessárias.
Portugal é um dos casos exemplares citados pela pesquisa. No país, a flexibilização de legislações antidrogas em 2000 levou, posteriormente, a um aumento no número de pessoas buscando tratamento para a dependência. Mudanças na lei foram acompanhadas pela implementação de programas de redução de danos. De 2000 a 2013, as novas infecções por HIV entre usuários caiu de 1575 por ano para 78.
A nação europeia não registrou aumentos no uso regular de drogas desde as reformas legais — e, em algumas populações, o consumo, na verdade, diminuiu.
Os 19 países que tiveram sua conjuntura nacional avaliada foram Belize, Burundi, Camarões, Costa Rica, República Democrática do Congo, Alemanha, Honduras, Malauí, Malásia, Maurício, Nepal, Nicarágua, Nigéria, Portugal, Moldávia, Senegal, Suazilândia, Uganda e Zimbábue. Juntos, eles representam 23% da população global vivendo com HIV.
Acesse o relatório clicando aqui.

Fonte : ONU

Mulheres questionam retrocesso em licitação para compra de camisinha feminina



Uma licitação aberta pelo Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais está gerando debate e preocupação entre as mulheres. O edital trata da compra de camisinhas femininas e abre a possibilidade para que empresas que produzem preservativos feitos de látex também concorram à aprovação. O que o Movimento Nacional de Cidadãs Positivas questiona é a necessidade de a camisinha feminina ser feita de outro material que não o látex, já utilizado na fabricação de preservativos masculinos, uma vez que se torna uma alternativa para as mulheres que têm alergia a essa substância. Segundo o movimento, existe uma série de razões pelas quais a camisinha feminina é feita de outro material (poliuretano e nitrílico), "o látex tabmém não é indicado para o uso, porque fica em contato direto com a mucosa e próxima ao colo do útero".
A preocupação se trata do fato de o látex ser um material mais barato, o que acarretaria na fácil aprovação deste tipo de camisinha ao invés das feitas de material mais avançado. Por isso, o movimento lançou, no 11º  Congresso de Prevenção em HIV/aids que aconteceu em Curitiba, um manifesta contestando a licitação. O Departamento emitiu nota dizendo que está impedido de restringir a compra de um dos materiais, a não ser que tenha evidências científicas para isso. 

Confira o manifesto na íntegra:

Retrocesso em curso ameaça saúde das mulheres.
Manifesto: Convidamos todas as companheiras, manas e parceiras de luta a aderirem a esse manifesto como pessoa física ou organização.
Primavera Feminista. Um manifesto!
É primavera!
Há flores por todos os lados.
Há o aroma doce dos ipês e azaleias impregnando nossas narinas.
A primavera é uma estação fêmea. Nela celebra-se a explosão das flores. Flores não apenas representam o feminino por sua beleza e vitalidade, mas também porque representam, em sua “genitália” escondida pelas pétalas, o sopro da vida, do broto e da flor que gera o fruto.
É primavera e haveria tanto a se celebrar. No entanto, o feminicídio, a violência doméstica e sexual, as ameaças a tantos direitos humanos fundamentais e o crescimento do fundamentalismo roubam a exuberância da estação mulher.
Agora há outra ameaça em curso. Mais um possível retrocesso pode afetar as mulheres desse país.
O Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais está abrindo uma nova licitação para compra de preservativos vaginais. Até aí, tudo de bom. A camisinha vaginal é um grande avanço para a proteção da vida das mulheres. Ela nos confere autonomia, nos empodera e nos dá proteção. Além disso, é uma alternativa à camisinha peniana/masculina que é feita de látex, um material extremamente alergênico.
Existem alguns motivos para o preservativo feminino ser feito de outra matéria prima que não a borracha natural (látex). O primeiro é que assim torna-se uma alternativa para as pessoas que são alérgicas a esse material. Outro motivo é que o látex é inadequado para uso interno. Não podemos nos esquecer que as camisinhas femininas podem ser utilizadas por até 6 horas, e seu uso é interno.  A borracha natural também costuma ser mais grossa e de pior qualidade na transmissão de sensação térmica. Existem inúmeras razões pelas quais a camisinha vaginal é feita com uma tecnologia mais avançada.  Ela fica dentro da mulher, em contato com sua mucosa, próxima ao colo do útero.
E o que tudo isso tem a ver com o Edital/ Termo de Referência do Departamento de IST’s, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde?
Pois bem, o item 1.1 desse edital, tem como objeto preservativo feminino de borracha natural (látex), como uma opção para o processo licitatório.
Todas sabemos que o critério número um de uma licitação é de menor valor. Logo é indiscutível que o látex é mais barato que poliuretano e nitrílico tornando desigual a concorrência licitatória deste edital. Assim, a eminência da mudança da qualidade do preservativo feminino a ser distribuído na rede pública nacional é quase certa, gerando assim uma provável redução a adesão ao uso do preservativo vaginal além de trazer desvantagens à saúde da mulher e seu direito à prevenção segura e prazerosa. 
A troca de materiais impacta diretamente na adesão ao cuidado tornando as mulheres vulneráveis as IST, HIV e Hepatites Virais, aumentando os casos de infecções onerando custos maiores, como o tratamento de infecções e agravos. 
Vocês sabiam sobre isso? Vocês foram consultadas? Como vocês se sentem sobre isso?
Nós mulheres aqui presentes, estamos falando de vida, de direito de autonomia sobre nossos corpos, estamos falando sobre respeito, sobre cuidado, amor e prazer. Quem nos escuta, cadê as nossas vozes?
Saúde não diz respeito apenas sobre sobrevivência, diz respeito sobre florescer, frutificar e amar.
Por isso, estamos aqui para “pedir” a supressão da viabilidade da aquisição de preservativos vaginais feitos de borracha natural (látex).
Todas vocês, juntem-se a nós, látex não! Assinem nosso manifesto, disponível na página do facebook do Movimento Nacional de Cidadãs Positivas, o MNCP, ou da @florescerS2.
O corpo é nosso,
Nossa escolha,
É pela vida das mulheres....


Em resposta ao manifesto, o Departamento de IST, HIV e Hepatites Virais divulgou a seguinte nota:

O DIAHV esclarece que atualmente existem 6 registros na Anvisa de empresas que fornecem preservativos femininos de diferentes materiais – látex, poliuretano e borracha nitrílica. Desse conjunto, apenas duas empresas oferecem o insumo em látex. O DIAHV sendo um órgão público, a luz da legislação vigente que ordena o processo licitatório para aquisição de produtos ou serviços, está impedido de restringir a compra apenas a um dos materiais dos quais o insumo em epígrafe é produzido, a não ser que tenha evidência científica suficiente para tal. Cabe ainda destacar que o último pregão para compra seguiu a mesma norma e ao final foi adquirido o insumo em borracha nitrílica.
Entendemos legítima a preocupação em relação às possíveis reações alérgicas ao látex e informamos que estamos fazendo uma vasta pesquisa na literatura e nas bulas registradas na Anvisa para assegurar que licitaremos e distribuiremos um produto seguro à população.
Aproveitamos para reafirmar o nosso compromisso em oferecer os melhores métodos de prevenção ao conjunto da população para a promoção da saúde.

RNP+Brasil lança revista que orienta como se prevenir e se tratar do HIV



“E agora, o que eu faço?”,  este é o título da revista produzida pela Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/aids (RNP+Brasil), que foi lançada no espaço da “Vila Social”, durante o 11º Congresso de HIV/aids e 4º Congresso de Hepatites Virais, que ocorreu em Curitiba, de 26 a 29 de setembro.
A publicação traz a visão da entidade sobre a “Prevenção PositHIVa”. É dirigida às pessoas recém diagnosticadas com HIV. Tem 28 páginas, em formato de bolso, e apresenta dicas de autocuidado, como o uso regular do preservativo, a adoção de hábitos saudáveis de alimentação e exercícios físicos, os quadros de vacinas e exames de rotina necessários ao tratamento do HIV, bem como procura ajudar os leitores a refletir sobre revelação do diagnóstico, além de trazer informações sobre direitos e deveres das pessoas que vivendo com HIV e aids (PVHA).
A criação da revista surgiu a partir de proposta apresentada em oficina de comunicação da RNP+Brasil realizada durante o encontro nacional de representantes estaduais e regionais realizado em novembro de 2017, em Fortaleza.

Toda a cartilha pode ser reproduzida (desde que citada a fonte), como também pode ser impressa.

Fonte : Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais

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